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quarta-feira, 6 de novembro de 2024

São Leonardo de Noblac

São Leonardo de Noblac (A12)
06 de novembro
País: França (Gália)
São Leonardo de Noblac

Leonardo nasceu no ano 491 na província da Gália, hoje França. Era afilhado do rei Clodoveu, a quem, ainda jovem, e próximo ao bispo São Remígio, pediu e obteve o privilégio (exclusivo do bispado) de dar liberdade aos prisioneiros que encontrasse. Ingressou mais tarde na vida monástica, tendo sido posteriormente ordenado sacerdote. Como presbítero, em Berry, o exemplo de sua vida de santidade converteu muitos pagãos à fé católica.

Mais tarde buscou o isolamento para meditar e viver sua fé na oração. Encontrou o lugar certo para isso num bosque afastado. Lá havia apenas uma casa tosca e simples que lhe servia de morada. Mas seu sossego durou pouco pois a cada dia crescia o número de pessoas que vinham atrás de seus conselhos, orações e consolo.

Certa vez o rei Clóvis e seus súditos ali foram, participando de uma caçada. A rainha Clotilde, esposa do rei, também estava presente e, grávida, começou os trabalhos de parto. São Leonardo rezou por ela e a ajudou, e tudo correu bem; como recompensa o rei doou parte daquelas terras a Leonardo, que ergueu um altar à Nossa Senhora, construindo-se depois uma capela e finalmente um mosteiro, chamado “de Noblac”, com uma intensa e fervorosa comunidade religiosa.

Diz a tradição que o monge Leonardo só deixava o mosteiro quando alguma missão o exigia, especialmente quando se tratava de resgatar e converter os pagãos encarcerados. Ele teria sido, inclusive, visto a libertar franceses de cadeias muçulmanas no ano 1000, vários séculos depois da sua morte. O culto de Santo Leonardo de Noblac, uma das devoções mais antigas dos fiéis franceses, propagou-se em todo o mundo cristão e foi reconhecido pela Igreja.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, C.Ss.R.

Revisão e acréscimos: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

São Leonardo de Noblac é dos santos mais populares na Europa central. Diz um estudioso que em sua honra foram erigidas nada menos que seiscentas Igrejas e capelas. De nobre ascendência, dando exemplo igualmente da nobreza do espírito, abraçou a vida solitária e distinguiu-se pela sua santidade e milagres. Manifestava uma virtude toda particular na libertação de cativos e prisioneiros.

Oração:

Ó Senhor Deus, fazei que a exemplo dos santos saibamos apresentar-nos diante de Vós como uma oferenda agradável e pura, agora e na hora de nossa morte. Amém. São Leonardo de Noblac, rogai por nós.

Fonte: https://www.a12.com/

Francisco: somos peregrinos, caminhar nos aproxima de Deus e da vida dos outros

Fiéis em peregrinação (ANSA)

Publicamos o texto integral do prefácio de Francisco ao livro “A fé é uma viagem”, antologia das meditações do Pontífice para viajantes e peregrinos publicada pela Livraria Editora Vaticana em vista do Jubileu.

Papa Francisco

Quando eu era padre em Buenos Aires, e mantive esse hábito mesmo como bispo em minha cidade de origem, amava ir a pé aos vários bairros para visitar os confrades sacerdotes, visitar uma comunidade religiosa ou conversar com amigos. Caminhar faz bem: nos coloca em relação com o que está acontecendo ao nosso redor, nos faz descobrir sons, cheiros, ruídos da realidade que nos circunda, enfim, nos aproxima da vida dos outros.

Caminhar é não ficar parado: crer significa ter dentro de si uma inquietação que nos leva a um “mais”, a mais um passo a frente, a uma altura a alcançar hoje, sabendo que amanhã o caminho nos levará mais longe - ou mais em profundidade, na nossa relação com Deus, que é exatamente como a relação com a pessoa amada da nossa vida, ou entre amigos: nunca terminado, nunca dado como certo, nunca satisfeito, sempre em busca, ainda não satisfatório. É impossível dizer com Deus: “Está feito, está tudo bem, basta”.

Por esta razão, o Jubileu de 2025, junto com a dimensão essencial da esperança, deve levar-nos a uma consciência cada vez maior de que a fé é uma peregrinação e que nós, nesta terra, somos peregrinos. Não turistas ou andarilhos: não nos movemos ao acaso, existencialmente falando. Somos peregrinos. O peregrino vive o seu caminho sob a bandeira de três palavras-chave: risco, esforço e meta.

A capa do livro da LEV "A fé é uma viagem" | Vatican News

O risco. Hoje em dia, achamos difícil entender o que significava para os cristãos do passado fazer uma peregrinação, acostumados como estamos com a rapidez e a comodidade de nossas viagens de avião ou trem. No entanto, sair para a estrada mil anos atrás significava correr o risco de nunca mais voltar para casa por causa dos muitos perigos que se poderia encontrar nas várias rotas. A fé de quem decidia partir era mais forte do que qualquer medo: os peregrinos de antigamente nos ensinam essa confiança no Deus que os chamou para colocar-se a caminho em direção ao túmulo dos Apóstolos, à Terra Santa ou a um santuário. Nós também pedimos ao Senhor para ter uma pequena porção dessa fé, para aceitar o risco de nos abandonarmos à sua vontade, sabendo que ela é a de um bom Pai que deseja dar a seus filhos somente o que lhes convém.

Esforço. Caminhar, na verdade, significa esforço. Isso é bem conhecido pelos muitos peregrinos que hoje voltaram a frequentar as antigas rotas de peregrinação: penso na rota de Santiago de Compostela, na Via Francigena e nos vários Caminhos que surgiram na Itália, que lembram alguns dos santos ou testemunhas mais conhecidas (São Francisco, Santo Tomás, mas também pe. Tonino Bello) graças a uma sinergia positiva entre instituições públicas e organismos religiosos. Caminhar envolve o esforço de acordar cedo, preparar uma mochila com o essencial, comer algo frugal. E depois os pés que doem, a sede que se torna pungente, especialmente nos dias ensolarados de verão. Mas esse esforço é recompensado pelos muitos dons que o caminhante encontra ao longo do caminho: a beleza da criação, a doçura da arte, a hospitalidade das pessoas. Quem faz uma peregrinação a pé - e muitos podem testemunhar isso - recebe muito mais do que o esforço realizado: estabelece belos vínculos com as pessoas que encontra ao longo do caminho, vive momentos de autêntico silêncio e de fecunda interioridade que a vida frenética de nosso tempo muitas vezes torna impossível, compreende o valor do essencial em vez do brilho de ter tudo o que é supérfluo, mas faltar o necessário.

A meta. Caminhar como peregrinos significa que temos um ponto de chegada, que o nosso movimento tem uma direção, um objetivo. Caminhar é ter uma meta, não estar à mercê do acaso: quem caminha tem uma direção, não gira em círculos, sabe para onde ir, não perde tempo vagueando de um lado para o outro. Por isso recordei várias vezes quão semelhantes são o ato de caminhar e o de ser fiel: quem tem Deus no coração recebeu o dom de uma estrela polar para a qual seguir - o amor que recebemos de Deus é a razão do amor que temos para oferecer às outras pessoas.

Deus é a nossa meta: mas não podemos alcançá-lo como chegamos a um santuário ou a uma basílica. E de fato, como bem sabe quem já fez peregrinações a pé, chegar finalmente à meta almejada - penso na Catedral de Chartres, que há muito é alvo de um renascimento em termos de peregrinações graças à iniciativa, que remonta a um século atrás, do poeta Charles Péguy – não significa sentir-se satisfeito: ou melhor, se externamente se sabe bem que chegou, internamente existe a consciência de que o caminho não acabou. Porque Deus é exatamente assim: uma meta que nos empurra mais longe, uma meta que nos chama continuamente a prosseguir, porque é sempre maior do que a ideia que temos dele. O próprio Deus nos explicou isso através do profeta Isaías: «Tanto quanto o céu está acima da terra, assim os meus caminhos estão acima dos caminhos de vocês, e os meus projetos estão acima dos seus projetos» (Is 55,9). Com Deus nunca podemos dizer que alcançamos, a Deus nunca chegamos: estamos sempre em movimento, permanecemos sempre em busca dele. Este caminhar rumo a Deus oferece-nos a certeza inebriante de que Ele nos espera para nos doar a sua consolação e a sua graça.

Cidade do Vaticano, 2 de outubro de 2024

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Da Constituição Pastoral Gaudium et spes sobre a Igreja no mundo de hoje, do Concílio Vaticano II

Missão do cristão: construir a paz (Comunidade Arca da Aliança)

Da Constituição Pastoral Gaudium et spes sobre a Igreja no mundo de hoje, do Concílio Vaticano II

(Nn.89-90) (Séc. XX)

A missão dos cristãos na construção da paz

De bom grado e de todo o coração, cooperem os cristãos na construção de uma ordem internacional em que sejam realmente observadas as liberdades legítimas e a amizade fraterna de todos. Tanto mais porque a maior parte do mundo ainda se debate em tão grande penúria que o próprio Cristo, nos pobres, como que em alta voz, clama pela caridade de seus discípulos. Evite-se, pois, de dar este escândalo aos homens: algumas nações, cujos cidadãos na maioria se gloriam do nome de cristãos, nadam na abundância de bens, enquanto outras se veem despojadas do necessário à vida e são torturadas pela fome, doenças e toda espécie de misérias. Pois o espírito de pobreza e caridade é a glória e o testemunho da Igreja de Cristo. 

Merecem, portanto, louvor e apoio os cristãos, sobretudo os jovens, que se oferecem espontaneamente para prestar auxílio a outros homens e povos. Mais ainda. É obrigação de todo o Povo de Deus, arrastado pela palavra e pelo exemplo dos bispos, aliviar na medida de suas forças a miséria dos tempos atuais e isto, como era costume antigo da Igreja, não só com o supérfluo, mas também com o essencial. 

Não há necessidade de se observar uma linha rígida e uniforme no sistema de arrecadar e de distribuir os subsídios. Mas seja bem organizado nas dioceses, nas nações e no plano mundial, em ação conjugada, sempre que pareça oportuno, de católicos com os outros irmãos cristãos. Pois o espírito de caridade, longe de proibir o exercício previdente e ordenado da ação social e caritativa, antes o impõe. Por isso mesmo é necessário que sejam devidamente preparados em institutos idôneos, os que pretendem dedicar-se ao serviço das nações em vias de desenvolvimento. 

A Igreja deve, por conseguinte, estar bem presente à comunidade internacional para cooperar com os homens e estimulá-los, seja pelas instituições públicas, seja pela sincera e total colaboração de todos os cristãos, unicamente inspirada pelo desejo de servir. 

Sua eficácia será tanto maior, se os próprios fiéis, cônscios de suas responsabilidades humana e cristã, já se esforçarem, no próprio âmbito de sua vida, por despertar a vontade de cooperar com a comunidade internacional. Empregue-se a respeito cuidado especial na formação dos jovens, tanto na educação religiosa quanto na civil. 

É de desejar, enfim, que os católicos, para bem cumprir sua missão na comunidade internacional, queiram ativa e positivamente colaborar com os irmãos separados que professam juntos a mesma caridade evangélica, bem como com os homens sedentos de paz verdadeira.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

O papel dos homens na queda da fertilidade no mundo

Pesquisa mostra que os homens, sobretudo os de baixa renda, são mais suscetíveis ao que os sociólogos chamam de 'infertilidade social 'Article information’ (Crédito: Getty Images)

O papel dos homens na queda da fertilidade no mundo

  • Author: Stephanie Hegarty
  • Role: BBC World Service
  • 1 novembro 2024

As taxas de fecundidade estão despencando em todo o mundo, ainda mais rápido do que o previsto. A China está registrando mínimas recordes nas taxas de natalidade. E na América Latina, as estatísticas oficiais de nascimentos estão ficando muito aquém das previsões em vários países.

Até mesmo no Oriente Médio e no norte da África, as taxas de natalidade estão caindo de forma mais drástica do que o esperado. Isso é resultado do fato de as pessoas terem menos filhos, mas também porque, em quase todos os países do mundo, mais pessoas simplesmente não estão tendo filhos.

Isabel criou o grupo Nunca Madres depois que o término de um relacionamento desagradável, aos trinta e poucos anos, a levou à conclusão de que não queria ter filhos.

Ela enfrenta críticas por essa escolha todos os dias, e não apenas na Colômbia, onde mora.

"O que mais ouço é: ‘Você vai se arrepender, você é egoísta. Quem vai cuidar de você quando você ficar velha?", relata.

Para Isabel, não ter filhos é uma escolha. Para outros, é resultado da infertilidade biológica. E, para muito mais gente, é uma confluência de fatores que faz com que uma pessoa não tenha o filho que desejava — o que os sociólogos chamam de "infertilidade social".

Uma pesquisa recente mostrou que é mais provável que sejam os homens que não conseguem ter filhos, mesmo que queiram — sobretudo, homens de baixa renda.

Um estudo realizado em 2021 na Noruega constatou que a taxa de ausência de filhos entre os homens era de 72% entre os 5% com renda mais baixa, mas de apenas 11% entre os que ganhavam mais — uma disparidade que aumentou em quase 20 pontos percentuais nos últimos 30 anos.

Há evidências de que cuidar de um filho faz bem à saúde dos homens (Crédito: Getty Images)

Quando Robin Hadley estava na faixa dos 30 anos, ele estava desesperado para ser pai. Ele não tinha cursado universidade, mas trabalhava como fotógrafo técnico em um laboratório universitário no norte da Inglaterra.

Antes disso, ele havia se casado e tentado ter um filho com a esposa, mas acabaram se divorciando.

Ele estava sobrecarregado com um financiamento imobiliário, que lutava para pagar — e não podia se dar ao luxo de sair muito. Por isso, namorar era um desafio. Quando seus amigos e colegas se tornaram pais, ele teve uma sensação de perda.

"Cartões de aniversário para crianças ou chás de bebê, tudo isso te lembra do que você não é — e do que se espera que você seja. Há uma dor associada a isso", diz ele.

Sua própria experiência o inspirou a escrever um livro sobre homens sem filhos. Ao escrevê-lo, percebeu que havia sido afetado por "todos os fatores que impactam os resultados da fertilidade — econômicos, biológicos, de momento dos acontecimentos e escolhas de relacionamento".

E ele percebeu que na maior parte dos estudos sobre envelhecimento e reprodução que leu, faltavam os homens sem filhos — eles também estavam quase completamente ausentes das estatísticas nacionais da maioria dos países.

A ascensão da 'infertilidade social'

Há uma série de motivos para a infertilidade social, como a falta de recursos para ter um filho ou o fato de não encontrar a pessoa certa na hora certa.

Mas na raiz disso está outra questão, argumenta Anna Rotkirch, socióloga e demógrafa do Instituto de Pesquisa Populacional da Finlândia, que estuda as intenções de fertilidade na Europa e na Finlândia há mais de 20 anos. Ela observou uma mudança profunda na forma como vemos os filhos.

Fora da Ásia, a Finlândia tem uma das taxas mais altas de pessoas sem filhos no mundo. No entanto, na década de 1990 e no início dos anos 2000, o país foi celebrado por combater o declínio da fecundidade com políticas voltadas para crianças reconhecidas a nível mundial. A licença parental é generosa, as creches são mais acessíveis, e homens e mulheres têm uma participação mais igualitária no trabalho doméstico.

Desde 2010, no entanto, as taxas de fecundidade no país diminuíram em quase um terço.

Rotkirch explica que, assim como o casamento, ter um filho já foi visto como um evento fundamental, algo que os jovens faziam ao iniciar a vida adulta. Agora é visto como um evento culminante — o que você faz quando seus outros objetivos são alcançados.

"Pessoas de todas as classes parecem achar que ter um filho aumenta a incerteza em suas vidas", observa Rotkirch.

Na Finlândia, ela descobriu que as mulheres mais ricas são as menos propensas a não ter filhos involuntariamente. Por outro lado, os homens de baixa renda são os mais propensos a não ter os filhos que desejavam.

Essa é uma grande mudança em relação ao passado: anteriormente, as pessoas de famílias mais pobres tendiam a fazer a transição para a vida adulta mais cedo — elas abandonavam os estudos, conseguiam empregos e constituíam família em uma idade mais jovem.

Em 70% dos países, as meninas estão superando os meninos em termos de escolaridade (Crédito: Getty Images)

Uma crise de masculinidade

Para os homens, a incerteza financeira tem um impacto agravante que diminui ainda mais a probabilidade de terem filhos. Isso foi chamado pelos sociólogos de "efeito de seleção", em que as mulheres tendem a procurar alguém da mesma classe social ou superior quando escolhem um parceiro.

"Consigo enxergar que estava fora do meu alcance intelectualmente, e em termos de confiança", diz Robin Hadley sobre o relacionamento que terminou quando era mais jovem.

"Acho que, pensando bem, o efeito de seleção pode ter sido um fator."

Quando ele tinha quase 40 anos, conheceu a atual esposa, que o apoiou para que fosse para a universidade e fizesse um doutorado. "Eu não estaria onde estou agora se não fosse por ela". Quando pensaram em ter filhos, já estavam na faixa dos 40 anos, e era tarde demais.

Em 70% dos países do mundo, as mulheres estão superando os homens em termos de escolaridade, o que levou ao que a socióloga da Universidade de Yale, Marcia Inhorn, chama de mating gap ("disparidade amorosa"). Na Europa, isso fez com que os homens sem diploma universitário se tornassem o grupo com maior probabilidade de não ter filhos.

Homens invisíveis

A maioria dos países não dispõe de bons dados sobre a fertilidade masculina porque só consideram o histórico de fertilidade da mãe ao registrar um nascimento. Isso significa que os homens sem filhos não existem como uma "categoria" reconhecida

Alguns países nórdicos, no entanto, consideram ambos. O estudo norueguês, que identificou a enorme disparidade na procriação entre homens ricos e pobres, afirmou que inúmeros homens estavam sendo "deixados para trás".

O papel dos homens no declínio das taxas de natalidade é frequentemente ignorado, diz Vincent Straub, que estuda a saúde e a fertilidade masculina na Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Ele está interessado no papel do "mal-estar masculino" no declínio da fertilidade — a desorientação sentida por homens jovens à medida que as mulheres ganham poder na sociedade e suas expectativas de virilidade e masculinidade mudam.

Isso também tem sido chamado de "crise da masculinidade", representada pela popularidade de antifeministas de direita, como o controverso influenciador Andrew Tate.

"Os homens com escolaridade mais baixa estão em situação muito pior do que nas décadas anteriores", afirma Straub à BBC.

Em muitos países de alta e média renda, os avanços tecnológicos tornaram os trabalhos manuais menos valorizados e mais inseguros, o que aumentou a disparidade entre os que têm diploma universitário e os que não têm.

Também aumentou a "disparidade amorosa" — e tem um impacto significativo na saúde dos homens.

"O uso abusivo de substâncias está aumentando globalmente, e é maior entre os homens em idade reprodutiva, seja na África ou na América do Sul e Central."

Tudo isso tem um impacto na fertilidade social e biológica. "Sinto que há um elo perdido que não está sendo estabelecido entre a fertilidade e esses tipos de mudanças sociais e culturais", afirma.

E isso pode ter um impacto fundamental na saúde física e mental dos homens. "Os homens solteiros costumam ter uma saúde pior do que a dos homens que estão em uma relação", observa Straub.

'Apenas um em cada 100 homens na União Europeia interrompe sua carreira para cuidar de um filho; no caso das mulheres, uma em cada três faz isso', diz especialista (Crédito: Getty Images)

Straub e Hadley descobriram que o debate sobre fertilidade se concentra quase que totalmente nas mulheres. E todas as políticas criadas para lidar com isso estão perdendo metade do cenário.

Straub acredita que devemos nos concentrar na fertilidade como uma questão de saúde masculina (também?) — e discutir os benefícios que cuidar de um filho oferece aos pais.

"Apenas um em cada 100 homens na União Europeia interrompe sua carreira para cuidar de um filho; no caso das mulheres, uma em cada três faz isso", diz ele. Isso acontece apesar das inúmeras evidências de que cuidar de um filho faz bem à saúde dos homens.

Por meio de sua organização Nunca Madres, Isabel se reuniu com alguns representantes de um grande banco internacional no México. Eles disseram a ela que, apesar de oferecerem seis semanas de licença paternidade, nenhum homem havia tirado a licença.

"Eles acham que esse é um trabalho da mulher, e é assim que os homens da América Latina se sentem", diz ela.

"Também precisamos de dados melhores", afirma Robin Hadley. Enquanto não registrarmos a fertilidade dos homens, não seremos capazes de entendê-la completamente — nem o efeito que ela tem sobre a saúde física e mental deles.

E a invisibilidade dos homens nos debates sobre fertilidade vai além dos registros. Embora hoje haja mais conscientização de que as mulheres jovens precisam pensar sobre o declínio da fertilidade, essa não é uma conversa que existe entre os homens jovens.

Os homens também têm um relógio biológico, diz Hadley, citando pesquisas que mostram que a eficácia do esperma diminui após os 35 anos.

Tornar esse grupo invisível visível é uma maneira de lidar com a infertilidade social. Outra poderia ser a ampliação da definição de paternidade.

Todos os pesquisadores que comentaram sobre a questão da ausência de filhos fizeram questão de destacar que as pessoas sem filhos ainda têm um papel vital a desempenhar na criação deles.

Isso é chamado de aloparentalidade pelos ecologistas comportamentais, explica Anna Rotkirch. Durante grande parte da evolução humana, um bebê tinha mais de uma dúzia de cuidadores.

Um dos homens sem filhos com quem Hadley conversou para sua pesquisa, comentou sobre uma família que ele encontrava regularmente no clube de futebol local. Para um projeto escolar, os dois meninos precisavam de um avô. Mas eles não tinham nenhum.

Ele assumiu o papel de avô postiço deles e, por muitos anos, quando o viam no futebol, diziam: "Oi, vovô". Foi uma sensação maravilhosa ser reconhecido dessa forma, segundo ele.

"Acho que a maioria das pessoas sem filhos está, na verdade, envolvida nesse tipo de cuidado, só é invisível", afirma Rotkirch.

"Isso não aparece nas certidões de nascimento, mas é muito importante."

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cd9n2jvg1qyo

Onde é o Norte?

Onde é o Norte? (Go Outside)

Onde é o Norte?

Um norte para viver a fraternidade em seu aspecto mais concreto.

por Pedro José de Sousa Paula Silva - publicado e modificado em 04/10/2024.

Professores parecem ter uma capacidade natural em surpreender seus alunos: por meio de uma prova mil vezes mais difícil que o esperado, sendo amigável ou trazendo um conhecimento que lhe faça repensar aquilo que já estava estabelecido na sua cabeça há muito tempo. Sejamos honestos, esse último exemplo não acontece sempre. Digamos que a teoria dos conjuntos não possui essa magia. Mas quando acontece, bate forte, e você recorda do momento como uma pequena centelha de conhecimento em meio ao caos que é a vida. 

    Encontrei uma dessas centelhas enquanto estava na faculdade. Discutíamos sobre pessoas com deficiência visual e deficiências em geral, quando a professora disse: “Se você pegar a palavra ‘deficiente’, e tirar o ‘de’, o que sobra?”. Eficiente

Nas aulas seguintes, o significado foi melhor explicado: todos nós somos capazes de feitos incríveis; não ter um membro ou um dos sentidos pode ser um dificultador, mas não nos transforma em pessoas incompetentes. Não devemos tratar os outros como inferiores, muito menos como coitados, incapazes. Precisamos reconhecer que eles são tão capazes quanto nós, têm dificuldades, mas são igualmente capacitados. 

Pode parecer uma conclusão “nichada”, apenas para pessoas com deficiência, mas tem total conexão com outros temas, como a fraternidade. Fraternidade é uma coisa bonita: criar laços de união e respeito com pessoas de outros povos, culturas, religiões e formas de pensar. Mas, quantas vezes não acontece de, lá no fundo, tratarmos o outro como se fosse um coitado, inferior? Isso nos leva a exercitar uma fraternidade “doente”, até mesmo falsa, uma soberba disfarçada. 

    Nessa situação, enquanto chamamos um grupo de inferior, estamos nos colocando também como superiores. Pior: isso pode acontecer quando nem percebemos. Não é preciso ser de forma óbvia; muitas vezes, é sutil. Quando encaramos de forma torta uma cultura inteira devido a um único elemento, ao pensarmos que o outro é “cego” por seguir determinada fé, ou até quando sentimos dó de alguém. Nem sempre paramos para pensar, mas, às vezes, sentir dó pode ser uma forma de expressar superioridade.

Um cenário assim nos leva a atos dignos de pena. Destratamos os outros e nos sentimos desencorajados a ajudar e, quando ajudamos, não passa de uma ação esnobe, como se fossemos misericordiosos, detentores de grande virtude. Mas é óbvio, nesse ponto a capacidade de enxergar os próprios erros já se perdeu.

Para sermos fraternos, antes de pensarmos nos outros, precisamos trabalhar o que se passa na nossa cabeça; assumir que somos falhos, que estamos dentro de uma cultura igualmente defeituosa, com aspectos belos e outros terríveis; e principalmente, encarar que não somos guardiões de verdade absoluta! 

Vale dizer ainda: a maior ferramenta à disposição para não inferiorizarmos os outros é o espelho. Se você assumir que é repleto de falhas, igual a quem está à sua frente, vai passar a entender que estamos todos juntos. Estamos todos perdidos, sem uma certeza absoluta de nada nesta existência. Mesmo a pessoa de fé mais resiliente tem seus momentos de insegurança. 

Mas, isso não é motivo de vergonha ou desespero. Pelo contrário, é motivo de alegria, porque podemos começar a nos ajudar da forma correta. Não vamos ajudar porque acreditamos ter a fórmula para o sucesso e felicidade, mas sim por entender que todos nós temos algo de errado, e precisamos desse auxílio. É assim que passamos a exercer a fraternidade: quando assumimos que todos estão neste mesmo nível. 

Uma forma cômica de resumir o tema (e eu amo momentos assim), já aconteceu há muito tempo, com um adesivo de carro: “Não me segue porque tô perdido”. Ou ainda: imagine que estamos todos no oceano, cada um em seu barco, navegando para onde acreditamos ser o Norte. Se seu colega estiver indo para a direção oposta à sua, não fique com raiva, nem você mesmo tem certeza de estar indo para o norte verdadeiro. 

Reconheço que esse pensamento pode nos impactar um pouco. Desde os primeiros anos na escola, estamos sempre procurando bases, portos seguros em que podemos atracar sem medo. Quando aparece alguém gritando que você é falho, que alguma dessas bases precisam ser repensadas porque podem estar erradas, tendemos a entrar em crise. É meio impactante mesmo. Mas não é preciso se desesperar, porque a vida adulta saudável é essa constante mudança.

É claro que tem alguns pontos que não vão mudar, não estou aqui para dizer que você deve questionar, por exemplo, se a terra é plana. Meu objetivo é mostrar que não devemos ser arrogantes ou soberbos, e é preciso deixar a mente aberta para receber críticas construtivas. Do contrário, nos colocamos em um pedestal e começamos a diminuir quem está em volta. Tenha um senso de autocrítica, sempre lembrando que você é falho e não é guardião de uma verdade absoluta ou cultura e fé superiores.

Mas isso tudo tem lógica, afinal? Acredito sinceramente que sim. Pode acontecer daqui alguns anos eu olhar estas linhas e criticá-las, o que seria absolutamente possível. Contudo, se não mantivermos nossa mente aberta, assumindo as falhas, dificilmente vamos conseguir exercer uma fraternidade honesta, respeitar os outros e aquilo que os faz diferentes, bem como suas escolhas. 

A fraternidade não vai acontecer em um ambiente de soberba. Em lugares assim, o que temos são pessoas a todo instante tentando convencer as outras de que elas estão certas e seus interlocutores errados e que, por isso, aqueles deveriam mudar de lado. Um eterno confronto para descobrir quem sabe mais do que o outro, quando na verdade, não sabem nada ou quase nada.

Fonte: https://www.cidadenova.org.br/editorial/inova/4033-onde_e_o_norte

São Zacarias e Santa Isabel

São Zacarias e Santa Isabel (A12)
05 de novembro
Localização: Ain Karim
São Zacarias e Santa Isabel

O Martirológio Romano faz hoje memória da veneração aos pais de São João Batista, elogiados no próprio Evangelho: “Ambos eram justos diante de Deus e caminhavam irrepreensíveis em todos os mandamentos e ordens do Senhor” (Lc 1,6).

O Evangelho de São Lucas relata que havia no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias; a sua mulher pertencia à descendência de Aarão e se chamava Isabel. Eles viviam na aldeia de Ain-Karim e tinham parentesco com a Sagrada Família de Nazaré.

Foram escolhidos por Deus por sua fé inabalável, pureza de coração e o grande amor que dedicavam ao próximo. Zacarias e Isabel eram um casal de idosos e infelizmente Isabel era estéril. Mas, como tudo nesta vida, a divina Providência permitiu esta limitação – vista como castigo de Deus na cultura judaica – para dela tirar um bem muito maior, e com ele o reconhecimento de Isabel: o anjo do Senhor apareceu ao velho sacerdote Zacarias no templo e lhe disse que sua mulher teria um filho, o qual seria chamado de João. Zacarias inicialmente se manteve incrédulo e para que pudesse crer precisou de um sinal: ele ficou mudo até o nascimento do filho.

 O casal recebeu ainda a graça da visita de Nossa Senhora, que “com pressa” foi auxiliar Isabel durante a sua gravidez. Desta santa visita vieram as inspirações para as palavras de Santa Isabel à Virgem, nas quais está incluído um trecho da oração universal Ave Maria (“…bendita és Tu entre as mulheres, e bendito é o Fruto do Teu seio…”) e a resposta de Maria, o hino Magnificat (“Minha alma engrandece o Senhor…”), oração especialíssima utilizada na Liturgia e fonte de meditação profunda e necessária para os católicos (cf. Lc 1,39-56).

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, C. Ss. R.

Revisão e acréscimos: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Inimagináveis e sempre superando qualquer expectativa humana são os frutos da obediência e amor a Deus, o correto cumprimento da própria vocação e trabalho, e a aceitação das dificuldades que o Senhor permite a cada um, bem como a fé e abandono Naquele que tudo pode e que tudo de melhor nos quer dar. Zacarias e Isabel, idosos, sofriam a humilhação, para o entendimento religioso da época, de não ter filhos. Contudo, limitações e defeitos humanos (reais ou imaginários) servem a Deus para mostrar o Seu amor, poder e glória, na vida daqueles que Nele confiam e seguem amorosamente. Não apena o idoso casal concebeu milagrosamente um filho, como este foi São João Batista, o primo e Precursor de Jesus; das circunstâncias veio o exemplo de caridade de Nossa Senhora no auxílio a Isabel, inspirador da nossa atenção às necessidades do próximo; as palavras da oração da Igreja à Santíssima Virgem Nossa Mãe, e as Suas palavras inspiradas por Deus no Magnificat, fonte perene de reflexão para nós e toda a cristandade. E, por fim, a santificação de Zacarias e Isabel, recompensados no Céu e merecedores de veneração na Terra. Aprendamos a entender com fé, amor e paciência as contrariedades da vida, na certeza de que servem aos planos de Deus para a nossa santificação e salvação, e evitemos assim a murmuração, a desobediência e a desconfiança aos justos planos de Deus para as nossas vidas.

Oração:

Que Deus conceda aos pais de família imitar Zacarias e Isabel, levando-os a viver uma vida santa, sendo justos diante do Senhor e observando com exatidão Seus mandamentos. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

De não católica à fundadora do primeiro convento católico da Etiópia

Emahoy Haregeweine com o cardeal Berhaneyesus durante a bênção da Capela em Holeta, Etiópia | Vatican News

Com uma visão plasmada pela experiência internacional e um profundo desejo de rezar na língua local enquanto servia a comunidade, Emahoy Haregeweine pensava que a sua vocação se estendesse para além da vida religiosa pessoal. Ela estava determinada a criar um convento que não só abraçasse as tradições locais, mas que respondesse ao apelo de servir aos pobres e necessitados, tornando-se pioneira na história da Etiópia católica.

Bezawit Bogale

“Quero ser uma freira católica etíope”. Com essa declaração audaz, Emahoy Haregeweine, uma religiosa pioneira na Etiópia, fundou o primeiro convento local no interior da Igreja católica do país: o convento beneditino da Santíssima Trindade. Aos membros é dado o título “Emahoy”, uma palavra amárica que significa “Minha Mãe” e reflete a convicção de que todas as mulheres são mães: algumas tornam-se mães biológicas, enquanto outras, como as religiosas, dedicam a sua vida para se tornar mães espirituais de todos.

Da inspiração litúrgica à líder monástica

Emahoy, nascida em Addis Abeba, na Etiópia, estudou na Lycée Gebremariam French School, onde conheceu diversas culturas e línguas. Aos 16 anos, depois de ter participado da sua primeira missa na Paróquia de São Francisco com um amigo católico, ficou profundamente comovida com a liturgia, que suscitou nela o desejo de reforçar a sua relação com Cristo.

Apesar do seu background ortodoxo, sentia-se atraída pelo catolicismo, começou a ir regularmente à missa e aspirava tornar-se uma religiosa. A sua fé fortaleceu-se depois de ver uma imagem de São Francisco, que consolidou o compromisso pela sua vocação.

Guiada pela oração e pelo acompanhamento espiritual, Emahoy Haregeweine superou os desafios e uniu-se às Pequenas Irmãs de Jesus (fundadas por São Carlos de Foucauld). Fez formação religiosa em diversos países, entre os quais Nigéria, Quênia, Egito, França e Itália, enquanto procurava continuamente respostas para as suas questões espirituais.

Em 2007, enquanto frequentava um seminário sobre as tradições monásticas etíopes, sentiu ter encontrado as respostas que procurava. Esse momento marcou o início da sua missão de fundar um convento católico que refletisse a identidade espiritual e cultural única da Etiópia.

Emahoy Haregeweine | Vatican News

O convento beneditino da Santíssima Trindade

Em 2018, concretizou o seu sonho ao fundar o primeiro convento católico da Etiópia, o “convento beneditino da Santíssima Trindade”. Durante a sua estadia na França, com o apoio dos beneditinos, utilizou o seu tempo livre para angariar fundos vendendo lembranças feitas à mão. Com isso, conseguiu comprar uma pequena casa em Addis Abeba.

Mais tarde, com o apoio dos beneditinos franceses, comprou um terreno em Holeta, a 40 km da capital. Com a bênção e a aprovação do cardeal Berhaneyesus Souraphiel, arcebispo de Addis Abeba e presidente da Conferência Episcopal Católica da Etiópia, foi-lhe concedido o privilégio de fundar o convento. Vestida com o seu novo hábito monástico e oferecendo orações na língua local, sentiu que tinha finalmente descoberto as respostas para as lacunas do seu percurso religioso.

O convento beneditino da Santíssima Trindade em Holeta, Etiópia | Vatican News

Uma missão em sintonia com as iniciativas agrícolas

Emahoy Haregeweine apoia a integração da fé na cultura local, promovendo simultaneamente a autossuficiência financeira no seu convento. Lançou iniciativas agrícolas, como a criação de galinhas para a produção de ovos, e a de bovinos para garantir a sustentabilidade a longo prazo.

Inspirada no apelo do Papa Francisco para o cuidado do ambiente, adotou práticas eco-compatíveis, entre as quais, a agricultura biológica, em benefício quer do convento quer da comunidade.

A sua visão vai para além do convento e iniciou um programa de jardim de infância que liga a sua comunidade aos habitantes das aldeias locais. Através dos seus projetos educativos e agrícolas, Emahoy promove laços fortes com os habitantes das aldeias, fornecendo orientação sobre parentalidade e sobre a preparação de alimentos biológicos. Considera esse programa uma oportunidade divina para abrir caminho a futuras escolas na área e salienta a importância da autossuficiência local, encorajando as comunidades a financiar autonomamente as atividades pastorais em vez de dependerem exclusivamente do apoio externo.

Os primeiros diplomados do Jardim de Infância | Vatican News

A vida monástica e o chamado à santidade

Emahoy vê o convento como um santuário pacífico onde os fiéis podem se unir às religiosas em oração, em reflexão e para consultas espirituais nas suas línguas locais. Visa criar um espaço onde a fé e a comunidade floresçam em conjunto, promovendo uma ligação profunda com Deus e entre eles.

Encoraja os casais a terem mais filhos e a cultivar famílias orantes, exortando os que discernem as suas vocações a passar tempo em oração e a ouvir as indicações de Deus.

À luz da evangelização mediática, espera instituir um website para o convento para difundir mensagens vocacionais. Para ela, a santidade não está confinada à vida religiosa, mas é um apelo universal, sublinhando que a Igreja só subsistirá se estivermos dispostos a nos sacrificar por amor a Jesus Cristo.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Como combater os ataques do diabo ao seu casamento?

KieferPix | Obturador

Cecilia Pigg - publicada em 03/11/24

Reze a São Miguel Arcanjo, faça sacrifícios, seja cortês... Descubra como trazer paz e harmonia ao seu relacionamento quando você está passando por um período difícil.

O casamento enfrenta provas e tensões que podem alterar a harmonia do casal. Mesmo depois de passarem dias felizes juntos, um simples acontecimento pode virar tudo de cabeça para baixo, dificultando as interações e reavivando antigas desavenças.

Em um piscar de olhos, alguém pode se sentir completamente desconectado e em desacordo com o cônjuge. Estas tensões são muitas vezes o resultado de ataques espirituais contra os cônjuges porque o diabo odeia o casamento.

Nesses momentos críticos, é útil pegar o “kit de primeiros socorros para o casamento” e trabalhar juntos para se tornarem novamente uma equipe amorosa, em vez de colegas de quarto tempestuosos e mal-humorados. Aqui estão algumas estratégias que você pode implementar para encontrar serenidade, em vez de ficar preso na amargura e no ressentimento:

1 - ORE A SÃO MIGUEL ARCANJO

Pré-arrastar Lukic | Obturador

Peça  ajuda ao Arcanjo São Miguel  para protegê-lo dos ataques do Maligno. Esta oração é muito poderosa quando recitada internamente durante uma discussão, mas é ainda mais eficaz quando ambos os cônjuges param para orar juntos em voz alta: 

São Miguel Arcanjo, defende-nos na batalha,
sê o nosso auxílio contra as malícias e ciladas do diabo.
Que Deus exerça seu domínio sobre ele, te pedimos em súplica.
E você, príncipe da Milícia Celestial, empurre Satanás
e os demais espíritos malignos que vagam pelo mundo com o objetivo de destruir as almas para o inferno com a força divina.
Assim seja.

2 - COMPARTILHE UMA LISTA DE QUALIDADES

Quando você vê apenas as falhas do seu ente querido e a sua própria dor, é muito útil fazer uma lista de todas as suas boas qualidades e das coisas pelas quais você é grato. Anote-os em seu telefone ou em um pedaço de papel, até mesmo anotando gestos simples, como “obrigado por fazer café esta manhã”, “Agradeço seu senso de humor com as crianças”. Então compartilhe esta lista com seu cônjuge.

3 - Seja PARTICULARMENTE cortês

Lembre-se das palavras simples e gentis “por favor” e “obrigado”. Agradeça ao seu cônjuge por cada gesto, não importa quão grande ou pequeno seja. Use um tom de voz amoroso (ou pelo menos opte por um tom neutro!) ao conversar com seu cônjuge. Faça o possível para ser gentil e cortês quando sentir necessidade de criticar ou atacar.  

4 - RENOVE SEUS VOTOS DE CASAMENTO

PeopleImages.com - Yuri A | Obturador

Por que não dizer seus votos em voz alta juntos? É um rápido lembrete das promessas solenes que trocaram e do seu compromisso. Não hesite em fazer contato físico, mesmo quando preferir: segurando a mão dele enquanto caminha ou tocando seu ombro ao passar. Quando você prefere não falar com seu parceiro e muito menos tocá-lo, o contato físico ajuda a quebrar o gelo e a criar um clima de ternura.

5 - FAÇAM SACRIFÍCIOS JUNTOS

Os cônjuges sempre têm intenções de oração comuns, seja por um amigo em apuros ou por um membro da família que precisa de cura. Por exemplo, se vocês dois desistirem do café ou chá da manhã por alguém que está passando por um momento difícil, isso fará maravilhas em seu próprio relacionamento. Sacrificarmo-nos juntos por uma intenção comum permite-nos aproximar-nos instantaneamente uns dos outros.

6 - PEÇA AS GRAÇAS DO SEU SACRAMENTO

Quando sentires que é hora de mudar alguma coisa na tua relação, lembra-te que o sacramento do matrimónio é fonte de graça para os cônjuges e de verdadeiro apoio em todas as suas provações. Este pedido de ajuda pode colocá-lo de volta no caminho certo rapidamente!

Como é um casamento sagrado? Descubra aqui:

https://es.aleteia.org/slideshow/caracteristicas-de-los-matrimonios-santos

Fonte: https://es.aleteia.org/2024/11/03/como-luchar-contra-los-ataques-del-diablo-a-tu-matrimonio

Padre cria memorial dos santos e beatos brasileiros em paróquia do Tocantins

Padre Márcio Ferdinando em frente ao memorial dos santos e beatos brasileiros | Arquivo pessoal/Padre Márcio Ferdinando | ACI Digital

Por Monasa Narjara*

1 de nov de 2024

Com o desejo de que as crianças, adolescentes e famílias de sua paróquia conheçam o testemunho e a vida dos santos brasileiros, um sacerdote de Palmas (TO) teve a ideia de criar um memorial dos santos e beatos brasileiros, mostrando “que santos não são só aqueles europeus, que vieram de longe”, mas que há também “santidade nas nossas terras”.

O padre Márcio Ferdinando, pároco da paróquia Imaculado Coração, em Palmas, contou a ACI Digital que a ideia de criar um memorial com os santos e beatos brasileiros começou durante a pandemia de covid-19, quando ele resolveu “fazer um podcast sobre os santos brasileiros” que aconteceu em agosto, “no mês de santa Dulce” e também em outubro, mês “de santo Antônio Sant’Anna Galvão”.

“Aquela pesquisa que fizemos naquele momento me despertou muito interesse pelos nossos santos e me fez perceber que o povo brasileiro em geral não conhece a história da santidade nas nossas terras. Então isso ficou guardado no coração, e em vários momentos, seja em homilia na missa, em conversa com amigos, naqueles momentos em que o sacerdote vai evangelizando, eu fui pouco a pouco comentando sobre os santos nossos, falando da beleza do testemunho deles”, relatou o sacerdote.

Depois disso, “esse desejo foi se nutrindo” no padre Márcio Ferdinando, que começou a se questionar: “O que fazer para ajudar as nossas crianças, ajudar os nossos adolescentes e em consequência também suas famílias a pelo menos perceberem que santos não são só aqueles europeus, que vieram de longe?”.

“Por mais que seja valorosa a vida de um santo Antônio de Pádua, a vida de um padre Pio, por mais que seja significativo testemunho desses grandes santos da história da igreja, nós temos testemunhos bonitos em terra brasileira. Então, esse desejo foi sendo nutrido dentro do meu coração e aí nasceu essa intenção, nasceu esse desejo de fazer ali uma espécie de memorial” e esta ideia “foi acolhida pela catequese e pelas irmãs missionárias dos Sagrados Corações de Jesus e Maria” que “ajudam na catequese na paróquia”, contou.

Segundo padre Márcio, o memorial é “algo bem simples” com um “resuminho” da “vida dos santos e beatos” brasileiros e suas respectivas fotos em “quadros dispostos” na parede do corredor das salas de catequese da igreja. No centro do memorial está uma cruz e a lista com os nomes dos santos e beatos brasileiros.

Quadros do memorial com alguns santos que viveram ou nasceram no Brasil. Arquivo pessoal/Padre Márcio Ferdinando | ACI Digital

Ele contou que “a cada sábado, os catequistas param” em frente ao memorial "com as crianças e comentam a vida de um santo ou comentam a vida de um beato, rezam com elas e depois vão para os encontros de catequese”. Ele também disse que o memorial “tem despertado interesse” em várias pessoas que passam “no corredor”, especialmente “aos pais quando vão buscar as crianças na catequese”. Eles “acabam parando e olhando um pouco”, destacou.

Para o sacerdote de Palmas, este memorial é “uma forma de dar destaque à santidade e trazer a consciência da nossa história brasileira da fé”, pois “muitos trabalharam para o Evangelho frutificar no Brasil”.

Quadros do memorial com os beatos que viveram ou nasceram no Brasil. Arquivo pessoal/Padre Márcio Ferdinando | ACI Digital

Santos e beatos brasileiros

A Igreja já canonizou 37 santos que viveram ou nasceram no Brasil e beatificou 54 beatos, segundo o site Santos do Brasil.

Os santos brasileiros são: santo Antônio de Sant'Anna Galvão; santa Dulce dos Pobres; e os 30 protomártires do Brasil, que são os santos André de Soveral, Ambrósio Francisco, Mateus Moreira e 27 leigos mártires de Natal (RN). Os santos que nasceram em outro país e viveram no Brasil são: são José de Anchieta; são Roque González de Santa Cruz, Santo Afonso Rodrigues e São João de Castilho, missionários martirizados no Sul do Brasil; e santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus

Os beatos brasileiros são: beata Albertina Berkenbrock; beato Adílio Daronch; beata Lindalva Justo de Oliveira; beata Francisca de Paula de Jesus, conhecida como Nhá Chica; beato Francisco de Paula Victor, conhecido como padre Victor; beato padre Donizetti Tavares de Lima; beata Benigna Cardoso da Silva; e beata Isabel Cristina Mrad Campos. Os beatos que nasceram em outro país e viveram no Brasil são: beato Inácio Azevedo e 39 companheiros; beata Bárbara Maixbeato Manuel González; beato Eustáquio van Lieshout; beata Assunta Marchetti; beato João Schiavo; e beato Mariano de la Mata.

*Monasa Narjara é jornalista da ACI Digital desde 2022 e foi jornalista na Arquidiocese de Brasília entre 2014 a 2015.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/59885/padre-cria-memorial-dos-santos-e-beatos-brasileiros-em-paroquia-do-tocantins

São Carlos Borromeu

São Carlos Borromeu (scalabrinianos)
04 de novembro
Localização: Itália (Arona)

São Carlos Borromeu: conheça a história do patrono dos Scalabrinianos

São Carlos Borromeu foi um cardeal, bispo e sacerdote italiano do século XVI, exemplo de missionário e cristão caridoso. Assim, a sua vida foi inspiração para muitos cristãos, inclusive para  São João Batista Scalabrini.

Comemorado dia 04 de novembro no calendário litúrgico, São Carlos dizia:

“Somos todos fracos, confesso, mas o Senhor Deus nos entregou meios com que, se quisermos, poderemos ser fortalecidos com facilidade.”

Realmente, ele experimentou bem a força de Deus diante de todas as tempestades que enfrentou na sua missão de defensor dos pobres e da Igreja.

Conheça mais sua história neste post que preparamos.

Nasce São Carlos Borromeu

Carlos, o segundo filho de Gilberto e Margarida, nasceu em 2 de outubro de 1538, em Arona - Itália. Membro de uma família nobre, aos 12 anos já recebeu um título importante de uma abadia beneditina que lhe proporcionou rendimento e riquezas.

Mas o seu coração se encontrava com Deus desde criança. Quando pequeno, ele brincava de celebrar Missa, construir altares e imitar os padres junto com os irmãos e os amigos. E aos poucos, o santo se deixou conduzir pela vontade de Deus e descobriu sua vocação.

Logo, aos 24 anos, ordenou-se sacerdote da Igreja. E a história mostra o quanto Deus tinha pressa na vida de Carlos, porque com apenas 27 anos ele tomou posse como arcebispo da arquidiocese de Milão - Itália.

Então, pôde participar e contribuir com o Concílio de Trento, na época em que seu tio era o Papa Pio IV. Nesta época a Igreja sofria as consequências da contra reforma e havia grandes ataques à fé e uma necessidade urgente de renovação e para isso Deus contava com santos homens.

"Almas devem ser conquistadas de joelhos" - São Carlos Borromeu

Bispo aos 27 anos, São Carlos dedicou sua vida à missão de defender a Igreja e cuidar dos pobres e para isso não mediu esforços: realizou três visitas pastorais em todo o território de sua arquidiocese, fundou Seminários para ajudar a formação dos sacerdotes.

Além de construir igrejas, escolas, colégios, hospitais; fundar a Congregação dos Oblatos, sacerdotes seculares e colocar em prática as reformas do Concílio de Trento em favor da reorganização da Igreja.

Mas sua alma, profundamente ferida pelo amor de Deus, tinha zelo pelas almas e sua maior obra foi a caridade para com os pobres. Ele enfrentou duas epidemias em sua região que causaram pobreza e a morte de muitas pessoas, inclusive sacerdotes.

Para isso, colocou seus bens à disposição para matar a fome do povo, até chegou a pedir esmolas quando não tinha mais o que oferecer. Sua vida e dedicação ao seu povo comprovaram o seu lema “Humilitas” (humildade) e São Carlos foi sinal de consolo para seu rebanho. 

“Eis Senhor, eu venho, vou já”

Assim como sua missão foi fecunda, aconteceu também de forma rápida.  Após entregar sua vida totalmente pela causa do Reino de Deus, aos 46 anos, faleceu, em 03 de novembro de 1584, e suas últimas palavras foram: “Eis Senhor, eu venho, vou já”.

Mas suas virtudes foram logo reconhecidas e assim ele foi beatificado em 1602, por Clemente VIII e, depois, canonizado em 1610, por Paulo V,  que fixou a festa do santo para o dia 4 de novembro. 

São Carlos Borromeu foi um bispo incansável na evangelização e defesa da Igreja. Sua influência como cardeal serviu de exemplo para que a reforma da Igreja acontecesse em muitos outros países, no espírito do Concílio de Trento.

Além disso, ainda deixou uma imensa herança moral e espiritual a ponto de inspirar outros ao mesmo caminho de santidade. Hoje, seus restos mortais descansam na Cripta da Catedral de Milão, coberto com painéis de prata, que descrevem a sua vida.

Santos inspiram outros santos

A história de São Carlos Borromeu beneficiou toda a Igreja, principalmente seu empenho em colocar o Concílio de Trento em prática. Por isso sua fama espelhou-se como o bispo da reforma católica.

O seu ministério foi tão fecundo que João Batista Scalabrini, bispo de Piacenza - Itália, quando recebeu a inspiração de fundar uma ordem religiosa, em 1887, colocou-a aos cuidados de São Carlos. Por isso, até hoje os Scalabrinianos são chamados de Carlistas.

Scalabrini tinha uma profunda devoção por São Carlos Borromeu. Em 1863, ele foi ordenado sacerdote e, em 1870, foi nomeado pároco da Paróquia São Bartolomeu, em Como - Itália. E quando fundou a ordem disse:

 “Honrar-vos-ei de chamar-vos de agora em diante, os Missionários de São Carlos”.

São João Batista Scalabrini fundou uma ordem com uma missão muito particular: cuidar dos migrantes. Por isso o carisma deles se apoia na Palavra de Deus:

“Eu era estrangeiro e me acolheste” (Mt 25, 35).

De fato, onde a caridade é semeada, brota santidade: assim se deu na vida de São Carlos Borromeu até chegar à vida de São João Batista Scalabrini - dois santos apaixonados pela causa do reino de Deus.

Saiba mais: Scalabrinianos: missionários para os migrantes

Fonte: https://scalabrinianos.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF