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domingo, 10 de novembro de 2024

Papa: que a COP29 possa contribuir para a proteção de nossa casa comum

Um participante passa pelo banner de boas-vindas do lado de fora do local da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP29, em Baku, Azerbaijão.  (ANSA)

Após rezar o Angelus, os apelos do Papa Francisco por situações vividas populações em vários países atingidas por guerras e catástrofes naturais e as esperanças em relação à COP29 que inicia nesta segunda-feira, no Azerbaijão.

Vatican News

Após rezar a oração mariana do Angelus com os milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro, o Papa voltou seu olhar a diversos acontecimentos ao redor do mundo, a começar pela beatificação em Sevilha, no sábado, de sacerdote espanhol:

Ontem, em Sevilha, foi proclamado Beato padre José Torres Padilla, cofundador da Congregação das Irmãs da Companhia da Cruz. Tendo vivido na Espanha do século XIX, distinguiu-se como sacerdote, confessor e guia espiritual, demonstrando grande caridade para com os necessitados. Que o seu exemplo apoie especialmente os sacerdotes no seu ministério. Uma salva de palmas para o novo Beato!

COP 29 no Azerbaijão e catástrofes naturais

O Papa continuou então com suas esperanças em relação à COP29, que tem início nesta segunda-feira em Baku, Azerbaijão:

Há três anos era lançada a Plataforma de Ação Laudato Si'. Agradeço a quem trabalha em favor desta iniciativa. A este propósito, faço votos que a Conferência sobre as Alterações Climáticas COP 29, que começa amanhã em Baku, dê uma contribuição eficaz para a proteção da nossa casa comum.

A erupção do vulcão Lewotobi Laki-Laki, na Indonésia, e as enchentes na Espanha também receberam a atenção do Santo Padre: 

Estou próximo da população da ilha de Flores, na Indonésia, atingida pela erupção de um vulcão; rezo pelas vítimas, por suas famílias e pelos deslocados. E renovo a minha recordação pelos habitantes de Valência e de outras partes de Espanha que enfrentam as consequências das inundações. Faço-lhes uma pergunta: vocês rezaram por Valência? Já pensaram em dar alguma contribuição para ajudar essas pessoas? É apenas uma pergunta.

Do povoado de Tithena, residentes olham a erupção do Monte Lewotobi Laki (Vatican News)

Oração pela paz

O pedido de oração pelos países em guerra foi renovado por Francisco neste domingo:

E, por favor, continuem a rezar pela martirizada Ucrânia, onde hospitais e outros edifícios civis também estão sendo atingidos; e rezemos também pela Palestina, Israel, Líbano, Mianmar, Sudão; e rezemos pela paz em todo o mundo.

Dia de Ação de Graças

O Papa recordou ainda o Dia de Ação de Graças celebrado pela Igreja italiana:

Hoje a Igreja italiana celebra o Dia de Ação de Graças. Expresso a minha gratidão ao mundo agrícola e encorajo a cultivar a terra, a fim de preservar a sua fertilidade para as gerações futuras.

Antes da despedir-se, o Papa saudou os peregrinos e grupos presentes, em particular aqueles provenientes de Beja e do Algarve em Portugal.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Leão Magno

São Leão Magno (A12)
10 de novembro
Localização: Itália (Roma)
São Leão Magno

Leão nasceu por volta do ano 400, perto da cidade de Roma. Tornou-se sacerdote muito jovem e em 430 já era arcediácono e conselheiro dos Papas Celestino I e Xisto III. Após a morte deste último, em 440, Leão assumiu o governo da Igreja.

Eram tempos difíceis. Internamente, a Igreja enfrentou divisões por causa de várias heresias, sendo o monofisitismo aquela que Leão teve que combater mais diretamente. Propalada pelo monge Êutiques, afirmava haver apenas uma natureza em Jesus, a divina, que teria absorvida a Sua natureza humana: negava, assim, o valor salvífico da Cruz, uma vez que não teria sido um verdadeiro homem a pagar pelos pecados, nem a ter verdadeira ressurreição.

Leão escreveu ao patriarca de Constantinopla a célebre Carta dogmática a Flaviano, onde expunha a verdadeira doutrina sobre as duas naturezas, divina e humana, na única Pessoa de Cristo. Esta carta foi fundamental no Concílio de Calcedônia, em 451, quando o monofisitismo foi condenado pela Igreja.

Também na Doutrina, na conservação da ortodoxia da Fé, no culto litúrgico, agiu Leão com invulgar sabedoria e oportunidade, ensinando e edificando a cristandade. Deixou escritos mais de 100 sermões e 143 cartas, documentos preciosos para a dogmática, história e ensinamentos da fé cristã.

Externamente, São Leão, por seu prestígio e eloquência, por duas vezes salvou Roma da destruição: em 452, convenceu o rei dos hunos, Átila, “o flagelo de Deus”, a preservar a cidade e a Itália, e em 455 conseguiu de outro invasor, Genserico rei dos vândalos, que poupasse a vida dos romanos e não incendiasse a cidade.

O Papa Leão teve um longo pontificado, pouco mais de 21 anos. Faleceu no dia 10 de novembro de 461 e foi sepultado na basílica de São Pedro em Roma. Recebeu da posteridade o título de “Magno”, isto é, magnífico, por ter sido o Papa mais insigne no período anterior à queda do Império Romano Ocidental.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Revisão e acréscimos: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

São Leão Magno orientou sua profunda sabedoria, suas extraordinárias virtudes e sua brilhante capacidade de direção no serviço a Cristo e à Igreja, em cuidado amoroso pela integridade da Fé e da vida dos irmãos. Deus sempre dá algum dom específico a cada ser humano, ainda que não especialmente chamativo, e a própria humildade em reconhecer as próprias limitações está entre os dons mais elevados. Reconheçamos os nossos defeitos e qualidades, pedindo o necessário auxílio do Pai para vencer os primeiros e bem utilizar as segundas, pois em qualquer grau será sempre este o caminho particular de salvação de cada um, conforme a sabedoria de Deus.

Oração:

Deus Eterno e Todo-Poderoso, quiseste que São Leão Magno governasse todo o Vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de Vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação, através do bom uso dos dons que lhes foram concedidos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

Papa exorta a fazermos o bem sem aparecer

Angelus de 10 de outubro de 2024 - Papa Francisco (Vatican News)

Ao alertar para a tentação da hipocrisia, Papa exorta a fazermos o bem sem aparecer

Que a Virgem Maria nos ajude a combater a tentação da hipocrisia dentro de nós mesmos – Jesus diz a eles: “Hipócritas”, é uma grande tentação a hipocrisia -, e nos ajude a fazer o bem sem aparecer e a fazê-lo com simplicidade.

https://youtu.be/fZVQp5_iaD8

Vatican News

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!

Hoje o Evangelho da liturgia (cf. Mc 12,38-44) fala-nos de Jesus que, no templo de Jerusalém, denuncia perante o povo a atitude hipócrita de alguns escribas (cfr. vs. 38-40).

A estes últimos era confiado um papel importante na comunidade de Israel: liam, transcreviam e interpretavam as Escrituras. Por isso eram muito considerados e as pessoas lhes prestavam reverência.

Para além das aparências, no entanto, seu comportamento muitas vezes não correspondia ao que ensinavam. Alguns, de fato, fortes pelo prestígio e poder de que gozavam, olhavam os outros “de cima para baixo”, faziam pose e, escondendo-se por detrás de uma fachada de falsa respeitabilidade e de legalismo, arrogavam-se privilégios e chegavam até mesmo a cometer verdadeiros furtos em detrimento dos mais fracos, como as viúvas (cfr. v. 40). Em vez de usarem o seu papel para servir os outros, faziam dele um instrumento de prepotência e de manipulação. E acontecia que também a oração, para eles, corria o risco de não ser mais um momento de encontro com o Senhor, mas uma ocasião para ostentar respeitabilidade e falsa piedade, útil para atrair a atenção das pessoas e obter consensos (cf. ibid.).

Comportavam-se como pessoas corruptas, alimentando um sistema social e religioso em que era normal tirar vantagem às custas dos outros, especialmente dos mais indefesos, cometendo injustiças e garantindo a impunidade.

Destas pessoas Jesus recomenda tomar distância, “ter cuidado” (ver versículo 38) de não imitá-las. Pelo contrário, com a sua palavra e o seu exemplo, como sabemos, ensina coisas muito diferentes sobre a autoridade. Ele fala dela em termos de abnegação e de serviço humilde (cf. Mc 10,42-45), de ternura materna e paterna para com as pessoas (cf. Lc 11,11-13), especialmente em relação às necessitadas (Lc 10,25-37). Convida a quem tem autoridade a olhar para os outros, a partir da sua própria posição de poder, não para humilhá-los, mas para elevá-los, dando-lhes esperança e ajuda.

Então podemos nos perguntar: eu, como me comporto nos meus âmbitos de responsabilidade? Ajo com humildade ou tiro vantagens da minha posição? Sou generoso e respeitoso com as pessoas ou as trato de forma rude e autoritária? E com os irmãos e as irmãs mais frágeis, estou próximo deles, sei inclinar-me para ajudá-los a se levantarem?

Que a Virgem Maria nos ajude a combater a tentação da hipocrisia dentro de nós mesmos, a fazer o bem sem aparecer e com simplicidade.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 9 de novembro de 2024

O segredo para ter um lar feliz, segundo Chesterton

Zoteva | Obturador

Karen Hutch - postado em 07/11/24

A casa é o refúgio mais importante para cada família, por isso vamos ensinar-lhe como tornar a sua casa feliz com a ajuda do conhecido filósofo Chesterton.

A casa, sua estrutura e decoração não fazem o lar, mas sim quem nela mora. A família é quem transmite e mantém o calor para fazer de um lugar um espaço seguro e melhor do mundo, criando um clima caseiro que satisfaz. 

GK Chesterton dedicou vários de seus escritos a falar sobre família, amor, trabalho e lar. Em uma de suas anedotas ele compartilhou que não há lugar melhor no mundo do que o lar, acrescentando este ponto muito atual:

“De todas as ideias modernas geradas pela riqueza, a pior de todas é a ideia de que a vida doméstica é monótona e pacífica.”

Nisto ele nos conta como a era moderna nos fez acreditar que a casa é chata e não vale a pena, pois pode ser cansativo fazer um esforço e até monótono, então essa ideia moderna faz com que as casas sejam destruídas, buscando soluções mais fáceis e formas mais estimulantes fora da família e de casa. 

Casa é um lugar seguro

PeopleImages.com - Yuri A

O diabo se encarregou de destruir o que há de mais valioso, que é a família. Astuciosamente, ele tenta desmoronar casas e depois destruí-las completamente; Por isso devemos fortalecer o nosso lar com a ajuda de Deus, restabelecendo a paz e fortalecendo os laços familiares, cada um assumindo a sua posição. 

Chesterton acrescenta que o lar “é um paradoxo, pois é maior por dentro do que por fora. E a tarefa nele realizada é nada menos que a formação dos corpos e das almas da humanidade”.

Não há nada melhor do que o lar para nos nutrir, confortar e formar a nossa própria identidade, sem cair nas armadilhas do mundo que no final das contas nos transformam em escravos. Aqui estão os segredos para tornar sua casa um lar feliz.

1 - Ouça e veja para seus filhos

A Chesterton se propõe a estar presente no desenvolvimento e no cuidado das crianças, pois atualmente muitas crianças e jovens crescem sozinhos e sem um guia que lhes indique o caminho certo. 

2 - Equilíbrio entre trabalho e família

Todos os esforços no trabalho e no que fazemos fora de casa devem ser direcionados para o bem da família, por isso é importante estabelecer um equilíbrio, dar maior atenção ao que realmente importa. 

3 - Supere o ódio com amor

O lar deve ser visto como um lugar especial onde devemos evitar gritos, repreensões e raiva de toda a família, desta forma estaremos evitando que o maligno cause feridas na família. Tenha cuidado ao falar com seus irmãos, pais e filhos.

4 - Oração familiar

Foto Pixel | Obturador

“Família que reza unida permanece unida”. Se quisermos manter a unidade familiar, é importante combinarmos um momento de oração juntos, para que possam fortalecer a alma de cada membro e enfrentar as tribulações. 

5 - Ajuda comum

Cuidar e colocar-se a serviço do próximo significa cuidar de cada membro da família, o que significa que todos podem ajudar a partir de sua posição e papel familiar. Isso manterá a casa em ordem.

6 - Façam atividades juntos

O tempo de qualidade em família é de extrema importância, desde reunir-se para conversar, jogar um jogo de tabuleiro, fazer uma noite de cinema ou fazer um piquenique no parque, entre muitas outras atividades que irão aproximar vocês.

Fonte: https://es.aleteia.org/2024/11/07/el-secreto-para-tener-un-hogar-feliz-segun-chesterton

O exame de consciência diário (2)

Foto: Pixabay

O exame de consciência diário

São Josemaria recomendava fazer um breve exame de consciência no final de cada dia, para crescer sempre no amor a Deus e evitar tudo o que possa constituir um obstáculo a esse amor.

07/09/2021

2. Conhecimento de Deus e conhecimento próprio

O exame de consciência foi tradicionalmente considerado como meio de conhecimento próprio, e este, por sua vez, como caminho necessário para a união com Deus (Delchard, 1961, cols. 1831 – 1838). São Josemaria também o indica, quando afirma que “o conhecimento próprio leva-nos como que pela mão à humildade” (Caminho 609). E, com ela, à confiança e ao amor de Deus em reconhecimento de sua Bondade infinita: “Não esqueças que és...a lata do lixo. – Por isso, se porventura o Jardineiro divino lança mão de ti, e te esfrega e te limpa...e te enche de magníficas flores... nem o aroma e nem a cor que embelezam a tua fealdade devem envaidecer-te” (Caminho 592).

É, no entanto, notável que São Josemaria anteponha o conhecimento de Deus ao conhecimento de si próprio: “Invoca o Espírito Santo no exame de consciência, para conheceres mais a Deus, para te conheceres a ti mesmo, e assim poderes converter-te em cada dia” (Forja, 326; cfr. É Cristo que Passa 58, 164; Sulco 177; Forja, 184).

Não se trata de uma novidade, mas de um modo de propor a finalidade do exame de consciência que leva a destacar a primazia do Amor de Deus por nós (cfr. 1 Jo 4, 19). Para viver vida sobrenatural, é necessário conhecer a própria realidade do ser cristão: tanto a própria humanidade, com a sua limitação e a sua miséria, como – e de modo mais fundamental – a participação na vida divina que recebemos com a graça: “Saber que saímos das mãos de Deus, que somos objeto da predileção da Trindade Beatíssima, que somos filhos de tão grande Pai. Eu peço ao meu Senhor que nos decidamos a tomar consciência disso, a saboreá-lo dia a dia” (Amigos de Deus, 26).

O cristão deve olhar para si mesmo no exame de consciência à luz destas verdades; se não, alcançará uma visão parcial e com frequência pouco positiva de si mesmo e da sua atuação, em contraste com a realidade querida por Deus: “Lança para longe de ti essa desesperança que te produz o conhecimento de tua miséria. – É verdade: por teu prestígio econômico, és um zero..., por teu prestígio social outro zero..., e outro por tuas virtudes, e outro por teu talento... Mas, à esquerda dessas negações está Cristo... E que cifra incomensurável não resulta!” (Caminho 473). Daí o conselho de São Josemaria “Medite cada um o que Deus fez por ele e no modo como correspondeu” (Amigos de Deus, 312). Tendo presentes as graças recebidas por Deus – a vida, a filiação divina, a redenção – nesse colóquio de amor com Deus que deve ser o exame, a alma fica sem nada escondido, com dor de amor pelas culpas, agradecida pelos dons recebidos, esperançada pela ajuda divina, e se enche de desejos de corresponder melhor, daí para a frente (cfr. Amigos de Deus, 215).

3. Exame geral e exame particular

São Josemaria conhece e torna própria – como já dissemos – a distinção entre exame geral e exame particular, distinção clássica e bem conhecida na ascética católica (cfr. Liuima – Derville, 1961, cols. 1838-1849). Com uma comparação que remete à consideração da vida cristã como luta – “guerra de paz”, “contenda de amor”, “combate espiritual”, “torneio de amor” (cfr. É Cristo que Passa 73-77) – apresenta expressivamente a natureza e a finalidade de ambos os modos do exame de consciência: “O exame geral assemelha-se à defesa. – O particular ao ataque. – O primeiro é a armadura. O segundo, espada toledana” (Caminho, 238).

O exame geral, comparado à armadura que protege e defende quem a usa, tem como objeto o combate diário em seu conjunto. Seu exercício oferece ao cristão a possibilidade de lutar com continuidade, sem baixar a guarda nem abandonar a batalha, de “começar e recomeçar” (Forja, 384; cfr. Caminho 292), de modo que a vida espiritual seja ativa e forte e, por isso, fique protegida das ciladas do inimigo: “Esse modo sobrenatural de proceder é uma verdadeira tática militar. – Sustentas a guerra – as lutas diárias da tua vida interior – em posições que colocas longe dos redutos da tua fortaleza. E o inimigo acode aí: à tua pequena mortificação, à tua oração habitual, ao teu trabalho metódico, ao teu plano de vida; e é difícil que chegue a aproximar-se dos torreões, fracos para o assalto, do teu castelo. E, se chega, chega sem eficácia” (Caminho, 307).

O exame particular se centraliza em um ponto concreto em que se quer melhorar: “Com o exame particular tens de procurar diretamente adquirir uma virtude determinada ou arrancar o defeito que te domina” (Caminho 241). É a “arma de combate” (Caminho 240), que mantém vivo o espírito de luta ao longo da jornada, concentrando as forças em uma frente concreta. Não se trata, porém, de qualquer frente de batalha, mas sim que o objeto do exame particular seja bem definido para a situação da alma hoje e agora. O cristão deve pedir ajuda a Deus e na direção espiritual para determinar o que é mais conveniente para a sua alma: “Pede luz. Insiste. – Até dares com a raiz, para lhe aplicares essa arma de combate que é o exame particular” (Caminho 240). E depois, uma vez fixado o ponto, determinar também os meios para conseguir esse objetivo: assim poderá “ir diretamente” adquirir a virtude ou arrancar o defeito.

São Josemaria acentua o aspecto positivo da luta ascética, apresentando como objetivo ou finalidade, em primeiro lugar, “adquirir uma virtude determinada” (Caminho 241). Mesmo quando às vezes se aspire a “arrancar um defeito”, será, normalmente, mais atraente e eficaz dirigir a atenção não a esse defeito e sim à virtude contrária a ele e esforçar-se por adquiri-la. “O movimento da alma para o bem – escrevia São Tomás de Aquino – é mais forte que o destinado a afastar-se do mal” (S.Th., 1-2, q. 29, a. 3) e São Josemaria em seu ensinamento sobre o exame está de acordo com essa observação antropológica.

Bibliografia: *CECH - “Camino. Edición crítico-histórica”, pp. 423-431; Agostino Cappelletti, “Examem de consciência”, em Ermanno Ancilli (dir. ), Diccionario de Espiritualidad, II, Barcelona, Herder, 1983, pp 68-73; Antoine Delchard et al. , “Examem de conscience”, em DSp, IV, 1961, cols. 1789-1838; Francisco Fernández Carvajal, Hablar con Dios. Meditaciones para cada día del año, Madri, Palabra, 2004; Antanas Liuima – André Derville, “Examem particulier”, em DSp, IV, 1961, cols. 1839-1849.

Juan Ramón AREITIO

“Exame de Consciência”, do Diccionario de San Josemaria Escrivá de Balaguer

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/o-exame-de-consciencia-diario/

A mediação universal de Maria

A Mediação de Maria (oespiritosanto)

A MEDIAÇÃO UNIVERSAL DE MARIA

Dom Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)

A Igreja aprovou, sob o pontificado de Bento XV, em 21 de janeiro de 1921, o Ofício e a Missa própria de Maria Medianeira de Todas as Graças. Desde então, cresceu entre os fiéis a devoção à Nossa Senhora Medianeira.  

Todos sabemos, pela Sagrada Escritura, que somente Cristo é o perfeito Mediador entre Deus e a humanidade, mas, segundo Santo Tomás de Aquino, nada impede que existam entre Deus e os homens, abaixo de Cristo, mediadores secundários que cooperam para essa união em modo ministerial, isto é, favorecendo aos homens receber a influência do mediador principal ou transmitindo-a sempre na dependência dos méritos de Cristo. 

Nesse sentido, de forma subordinada e dependente de Cristo, Maria é Medianeira Universal para a obtenção e a distribuição de todas as graças em geral e também particulares. Ela permanece, de fato, como criatura, sempre inferior a Deus e a Cristo, mas está elevada acima de todos os homens pela graça da maternidade divina. Se trata, portanto, de uma mediação subordinada e não coordenada àquela do Salvador, da qual depende inteiramente. Se trata de uma mediação não necessária, porque a de Jesus não depende de nenhum complemento, mas foi querida pela Divina Providência, como um reflexo da Mediação do Salvador, e entre todos os reflexos, o mais excelente. Enfim, trata-se de uma mediação perpétua que se estende a todos os seres humanos e todas as graças. 

Desde o século IV, e sobretudo no V século, os Santos Padres afirmam com veemência que Maria intercede por nós, que todos os benefícios e auxílios para a salvação nos chegam por meio dela e por sua intervenção e sua especial proteção. A partir dessa época, ela é chamada Medianeira entre Deus e os homens, ou entre Cristo e nós. Santo André de Creta chama Maria Medianeira da Graça, dispensadora e causa da vida. São Germano de Constantinopla diz que ninguém é resgatado sem a cooperação da Mãe de Deus.  

São João Damasceno confere a Maria o título de Medianeira e sustenta que dela recebemos todos os bens que recebemos de Jesus Cristo. Maria merece o nome de Medianeira Universal subordinada ao Salvador porque apresenta as orações dos seus filhos a Deus e obtém para eles os benefícios do seu Filho. Assim como o fruto de uma árvore é, de modos diversos, inteiramente de Deus autor da natureza, e inteiramente da árvore e do ramo que o produz, não há uma parte do fruto da árvore e outra do ramo. Assim Maria e Deus interagem entre si para a realização da Redenção. 

A mediação de Maria supera àquela dos santos, porque somente ela nos deu o Salvador, somente ela esteve unida de coração de Mãe ao sacrifício da cruz, somente ela é a medianeira universal para toda a humanidade. 

A cooperação de Maria na obra da salvação é evidente, porque ela foi a Mãe do Salvador. Sua fecundidade foi plenamente humana, ao mesmo tempo carnal e espiritual. A sua maternidade foi plenamente ativa desde a manjedoura até a cruz. E esta maternidade ela exerceu como um serviço: “eis a serva do Senhor” (Lc 1,38). Esse serviço é como um múnus, um verdadeiro ministério. Maria se colocou a serviço da redenção humana. Na ordem da graça, cooperar é sempre responder. Maria foi a primeira redimida, a primeira que foi salva, e junto aos que serão salvos é convidada a cooperar na obra da salvação. O ato redentor realizado pelo Verbo feito carne é evidentemente obra de um só: Cristo. Maria não compartilha em nada a obra da redenção, que somente Cristo pode realizar. Jesus é a fonte da graça, Maria a acolhe. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Santo Orestes

Santo Orestes (A12)
09 de novembro
Localização: Turquia (Capadócia)
Santo Orestes

Existe uma narração milenar vinda da Capadócia (Turquia) que apresenta Orestes como um médico, provavelmente martirizado na última perseguição do Império Romano aos cristãos, no século IV. Foi denunciado como cristão e pregador da nova fé, e acusado de incitar o povo contra a idolatria.

Sem dúvida um médico tem grande influência sobre os seus doentes, em situação de fragilidade, insegurança e aflição, carentes de auxílio material e, também, de apoio emocional e espiritual; não à toa o Médico dos Médicos é Jesus, o único que pode nos curar de todos os males, tanto do corpo quanto do espírito; e também não é mera coincidência o dito que proclama ser a vocação médica um “sacerdócio”.

Orestes não negou as acusações, preferindo corajosamente permanecer com o seu divino Médico e Salvador a negar o próprio remédio da sua vida eterna. Durante o julgamento público, clamou que o céu lhe concedesse um prodígio capaz de cair sobre o povo, que queria trair a verdade do Cristianismo.

Foi imediatamente atendido, e com um sopro seu as imagens e as colunas dos templos pagãos ruíram. Por isso foi torturado com pregos e arrastado por um cavalo, até a morte. O seu corpo, desfigurado, foi atirado num rio, que o devolveu totalmente recuperado e coberto com uma magnífica túnica. Suas relíquias foram enterradas no mosteiro que levava o seu nome.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Revisão e acréscimos: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A cura para todas as nossas doenças, do corpo e da alma, está na fidelidade a Cristo: por Ele, venceremos as dificuldades, os sofrimentos, as tristezas, até a mesmo a morte, já que foi prometida, para os que permanecerem com Ele, a ressurreição na vida infinita e perfeita no Céu; também os condenados, os que se afastam consciente e definitivamente de Deus, terão os corpos ressuscitados, mas para sofrer infinitamente. Se mal podemos suportar as dores deste mundo, quanto mais as penas espirituais e físicas sem fim. Vale a pena dar a vida para e por Cristo, resistindo às forças contrárias e comodismos nesta vida passageira.

Oração:

Santo Orestes, amigo fiel de Cristo e defensor da fé, velai por nós, fracos e necessitados da medicina divina, para que tenhamos a coragem e firmeza de nunca ceder às tentações, enganos e pressões que, nesta nossa passagem pela vida terrestre, querem nos afastar da felicidade plena e infinda, no coração da Trindade. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

Padre Pasolini OFMCap é o novo pregador da Casa Pontifícia

Frade capuchinho sucede o cardeal Raniero Cantalamessa (Vatican Media)

Frade capuchinho, biblista e professor, envolvido na atividade acadêmica, mas também na pastoral entre os pobres, pessoas con deficiência e presos, foi nomeado por |Francisco neste sábado, 9 de novembro. Caberá a ele as pregações das catequeses do Advento e da Quaresma ao Papa e à Cúria Romana. Ele sucede ao renomado franciscano que ocupou este cargo desde 1980, servindo três Papas, e que foi criado cardeal em 2020.

Salvatore Cernuzio – Cidade do Vaticano

Quarenta e quatro anos de pregações, em cada Quaresma e em cada Advento, diante de três Papas e da Cúria Romana. Provavelmente uma das funções mais duradouras no Vaticano foi aquela desempenhada como pregador da Casa Pontifícia pelo padre Raniero Cantalamessa, o conhecido capuchinho de 90 anos que se tornou um ponto de referência espiritual não apenas dentro dos Muros Leoninos, mas também para milhões de italianos com os seus livros, as suas lições e os seus programas de televisão. Neste sábado, 9 de novembro, Cantalamessa termina o mandato que lhe foi confiado por João Paulo II em 1980 e renovado por Bento XVI e por Francisco, o Papa que em 2020 também quis conceder-lhe a púrpura (que Cantalamessa aceitou, mas pedindo para manter o hábito franciscano).

O novo pregador

Um legado certamente importante é aquele herdado pelo sucessor nomeado por Francisco, o capuchinho Roberto Pasolini. Mas para um frade que fazia a catequese em Navigli, no meio da movimentada vida noturna milanesa, também envolvido por anos em refeitórios sociais, no trabalho pastoral entre prisões e pessoas com deficiência, e na distribuição de alimentos aos sem-teto, os desafios certamente não são novidade. A partir deste sábado, será o padre Pasolini, biblista e professor de Exegese Bíblica, quem conduzirá a catequese perante o Papa e a Cúria Romana durante o Advento e a Quaresma.

Entre a atividade acadêmica e pastoral

Com 53 anos completados no dia 5 de novembro, nascido em Milão, Pasolini está na Ordem Franciscana dos Frades Menores Capuchinhos desde 7 de setembro de 2002, tendo sido ordenado sacerdote em 2006. Foi professor de Línguas bíblicas e de Sagrada Escritura na Studio Theologico Laurentianum Interprovinciale dos Frades Menores Capuchinhos de Milão e Veneza. Hoje ensina Exegese bíblica na Faculdade Teológica da Itália Setentrional, em Milão, colaborando com a Arquidiocese ambrosiana na formação de professores de religião e com a Conferência Italiana dos Superiores Maiores. Uma atividade, a acadêmica, que o novo pregador conjuga com uma intensa atividade pastoral: encontros de formação, pregações de retiros e exercícios espirituais, acompanhamento espiritual e também iniciativas de caridade junto dos grupos mais frágeis da sociedade que realiza ao lado dos noviços dos quais é formador. É também autor de vários artigos e livros sobre espiritualidade bíblica e olha com interesse para as novas tecnologias, novos meios de comunicação como podcasts e as oportunidades da Inteligência Artificial. Talvez alguma reminiscência de quando era um jovem envolvido com a computação, bem como na política, antes de descobrir - como revelou numa entrevista ao programa Soul da TV2000 - que as ideologias não tornam o homem mais livre. A única liberdade vem de Deus porque “a verdadeira liberdade é libertar-se do sentimento de culpa, porque a redenção de Cristo restaurou o vínculo do bem com Deus”, afirmava.

Entrevista em italiano com Fra Pasolini no programa "Soul" da TV2000.

https://youtu.be/i5NCwV7_SaQ

Agradecimentos ao padre Cantalamessa

A pregação do padre Pasolini é um tipo de pregação que aborda os temas mais profundos da existência humana e da fé, sempre ligados aos acontecimentos atuais e às novas tendências. Uma característica que o une ao seu antecessor Cantalamessa, que agora continuará a sua vida de estudo, leitura e oração na Ermida do Amor Misericordioso de Cittaducale, território da Diocese de Rieti, ao lado de algumas monjas clarissas a quem serve, em um em certo sentido, como capelão.

Uma verdadeira instituição para muitos fiéis, os mais avançados que o acompanham desde os tempos do famoso programa Rai “Os motivos da esperança” com a inesquecível saudação “Paz e Bem”, mas também para os mais jovens que se tornaram seguidores via redes sociais relançando suas reflexões, nunca previsíveis, sempre fascinantes e originais. Um ponto de referência, portanto, também na web, com uma vida de eremita, atrás de quatro décadas de serviço a três Papas e quatro anos como membro do Colégio Cardinalício.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

O exame de consciência diário (1)

Foto: Pixabay

O exame de consciência diário

São Josemaria recomendava fazer um breve exame de consciência no final de cada dia, para crescer sempre no amor a Deus e evitar tudo o que possa constituir um obstáculo a esse amor.

07/09/2021

No âmbito da conversão interior a Deus, o exame de consciência costuma ser considerado sob dois aspectos, muito relacionados entre si: como parte da preparação – identificação diligente dos pecados cometidos – para receber com fruto o sacramento da Penitência (cfr. CCE, n. 1454), e como prática ascética necessária para o progresso na vida espiritual. Vamos cingir-nos ao segundo aspecto, cuja finalidade está bem focada nestas palavras de São Josemaria, que põem em conexão a chamada e o seguimento de Cristo com a necessidade de examinar o coração no amor de Deus: “Quando o Senhor os chamou, os primeiros Apóstolos estavam junto à barca velha e junto às redes furadas, remendando-as. O Senhor disse-lhes que O seguissem; e eles, "statim" - imediatamente -, "relictis omnibus" - abandonando todas as coisas, tudo! -, O seguiram... E acontece algumas vezes que nós - que desejamos imitá-los - não acabamos de abandonar tudo, e fica-nos um apego no coração, um erro em nossa vida, que não queremos cortar para oferecê-lo ao Senhor. - Examinarás o teu coração bem a fundo? - Não há de ficar nada aí que não seja dEle; caso contrário, não O amamos bem, nem tu nem eu” (Forja, 356).

Nesta última frase está refletido o ponto para o qual se dirigem todas as considerações que São Josemaria faz sobre o exame de consciência: a necessidade que o cristão tem de crescer sempre no amor a Deus e evitar tudo o que possa constituir um obstáculo a esse amor.

1. O exame de consciência no contexto do diálogo entre o homem e Deus

O cristão, mediante o exame de consciência, situa-se diante de si mesmo na presença de Deus, para descobrir o que há nele e em suas obras que não corresponda à sua vocação de filho de Deus em Cristo, chamado à santidade. O conhecimento que alcança dispõe-no à contrição – à dor por suas faltas e ao propósito de corrigir-se – a pedir perdão a Deus, a valorizar os bens que dele recebeu, a agradecer e a procurar os meios adequados para melhorar nas circunstâncias em que se encontra: “Observa a tua conduta com vagar. Verás que estás cheio de erros, que te prejudicam a ti e talvez também aos que te rodeiam. (...) Precisas de um bom exame de consciência diário, que te leve a propósitos concretos de melhora, por sentires verdadeira dor das tuas faltas, das tuas omissões e pecados” (Forja, 481).

O exame é uma necessidade para o cristão que quer corresponder à chamada divina: “Se lutas de verdade, precisas fazer exame de consciência. – Cuida do exame diário: Vê se sentes dor de Amor, porque não tratas Nosso Senhor como deverias” (Sulco, 142). São Josemaria destaca a finalidade fundamental do exame: a dor pela falta de correspondência ao Amor de Deus, e adverte que o verdadeiro exame de consciência deve terminar na contrição. Por isso aconselha: “Acaba sempre o teu exame com um ato de Amor – dor de Amor – por ti, por todos os pecados dos homens... e considera o cuidado paternal de Deus, que afastou de ti os obstáculos para que não tropeçasses” (Caminho 246). O exame não acaba em si mesmo, mas na dor de amor e, precisamente por que é de amor, no pesar pelos pecados próprios e alheios. É inspirado pelo amor a Deus e leva, perante o Amor de Deus, à dor pelas faltas e ao agradecimento. E daí, à retificação da conduta: “’Quanto não devo a Deus, como cristão! A minha falta de correspondência, perante essa dívida, tem-me feito chorar de dor: de dor de Amor. ‘Mea culpa!’” – Bom é que vás reconhecendo as tuas dívidas. Mas não te esqueças de como se pagam: com lágrimas... e com obras” (Caminho 242).

Esse diálogo, fruto da amorosa relação pessoal entre o cristão e Deus, é o lugar próprio do exame de consciência (CECH*, p. 431). Para São Josemaria, o exame não é simples introspecção, uma espécie de monólogo interior que versa sobre si mesmo e suas obras, para verificar, até o exagero, inclusive, se se vai bem ou mal, pois “o cristão não é um maníaco colecionador de uma folha de serviços imaculada” (É Cristo que Passa, 75). O exame é uma forma de oração, na qual o homem considera sua própria vida na presença de Deus, em diálogo com o Senhor e com a ajuda de sua graça: “Jesus, se há em mim alguma coisa que te desagrade, dize-o, para que a arranquemos” (Forja, 108). Neste contexto de trato amoroso com Deus fica fora o perigo da rigidez ou de uma estima excessiva do esforço humano no progresso espiritual: a alma confia-se a Deus em seu caminhar pois dele recebe a luz para saber onde lutar e a força para fazê-lo.

O exame de consciência é tarefa que requer empenho sério, pois o bem que está em jogo é o mais alto. Para ilustrar esta realidade, São Josemaria recorre à comparação com a gestão dos negócios humanos: “Exame. – Tarefa diária. – Contabilidade que nunca descura quem tem um negócio. E há negócio que renda mais que o negócio da vida eterna?” (Caminho 235). A comparação, já usada há tempos na Igreja (cfr, CECH, pp. 423-424), é simples e ilustrativa: a gestão de um negócio requer a contabilidade das despesas e receitas, detectar o que e como se pode melhorar, remediar as falhas, etc. Alcançar a vida eterna é a finalidade do grande negócio do cristão, que se concretiza na luta diária por corresponder à graça divina. Passo prévio e ponto de partida para essa luta é o exame de consciência. Descuidá-lo constitui sério perigo: “Há um inimigo da vida interior, pequeno, bobo; mas muito eficaz, infelizmente: o pouco empenho no exame de consciência” (Forja, 109). Nada importa tanto para o cristão como aproximar-se cada vez mais de Deus, pelo que procurará sempre “fazer com consciência o exame de consciência” (Del Portillo, Carta 8/12/1976, n. 8: Fernández Carvajal, 2004, III, p. 391).

O exame é tarefa diária “Não me deixes todos os dias de noite, o exame: é questão de três minutos” (CECH, p 422), recomendava São Josemaria a um de seus filhos, sugerindo o momento e o tempo para fazê-lo: no fim do dia e brevemente. Para um exame mais detalhado, “mais profundo e mais extenso” (Caminho 245), há os dias de recolhimento mensal e de retiro anual: “Dias de retiro. Recolhimento para conhecer a Deus, para te conheceres e assim progredir. Um tempo necessário para descobrir em que coisas e de que modo é preciso reforma-se: que tenho que fazer? O que devo evitar?” (Sulco 177). Na quietude e recolhimento dos dias de retiro, a sós com Deus, nessa “bendita solidão que tanta falta te faz para teres em andamento a vida interior” (Caminho 304), o cristão, longe das fadigas de cada dia, tem a oportunidade de considerar com mais vagar e amplitude sua vida espiritual, e procurar a conversão: “Há alguma coisa na tua vida que não corresponda à tua condição de cristão e que te leve a não quereres purificar-te? Examina-te e muda. (Forja, 480).

São Josemaria insiste também na importância de estar vigilante a todo momento: “Acostumai-vos a ver Deus por trás de todas as coisas, a saber que Ele nos espera sempre, que nos contempla e pede precisamente que o sigamos com lealdade, sem abandonar o lugar que nos cabe neste mundo. Devemos caminhar com vigilância afetuosa, com uma preocupação sincera de lutar, para não perdermos a sua divina companhia” (Amigos de Deus, 218). Com essa atitude de ‘vigilância’, ele não se refere a um hábito de autocontrole permanente e sim a uma atitude do espírito, a uma disposição de ânimo própria da alma enamorada, pois “quando se ama deveras..., sempre se encontram detalhes para amar ainda mais” (Forja, 420). Trata-se de uma vigilância serena que procede do amor a Deus, que procura amá-lo mais e melhor a todo momento, e que se concretiza na amorosa resolução de “começar e recomeçar [a luta] em cada momento, se for preciso” (Amigos de Deus, 219; cfr. Amigos de Deus, 214). O caminho para formar na alma esse espírito de exame é fazer bem todos os dias o exame de consciência e crescer no amor de Deus.

São Josemaria aceita – como depois comentaremos com mais detalhes – a distinção clássica entre exame geral, que implica um olhar dirigido ao conjunto do dia, e exame particular, que dirige a atenção para um ponto concreto em que se deseja melhorar. Faz ocasionalmente diversas sugestões, e entre os vários métodos que foram propostos para fazer o exame de consciência, ele não outorga primazia a nenhum deles em concreto, nem direta nem indiretamente e tampouco indica um próprio. “Não se podem dar regras fixas. O exame que vai bem para uma pessoa não vai bem para outra; e mesmo para uma pessoa vai bem apenas durante uma temporada. Isso depende das circunstâncias de cada um. Cada um deve combinar com o seu diretor espiritual” (Del Portillo, Carta 8/12/1976, n. 14, em Cartas de família, II; AGP, Biblioteca, P17).

Seja qual for o modo de fazer o exame de consciência, São Josemaria previne sobre um perigo sempre presente neste exercício espiritual: “À hora do exame, vai prevenido contra o demônio mudo” (Caminho 236). Trata-se do demônio – “do qual nos fala o Evangelho” (Forja, 127; cfr. Mt 9, 32-33, Mc 9, 24) – que impede o cristão de ser sincero tanto consigo mesmo no exame de consciência como na direção espiritual e no sacramento da Penitência (cfr. Amigos de Deus, 188-189; CECH, pp 416-417). Se faltar a sinceridade, não se reconhecem as faltas e pecados e a alma se fecha para a dor, para a petição de perdão e para a graça divina. Daí a recomendação taxativa: “Tem sinceridade ‘selvagem’ no exame de consciência; quer dizer, coragem: a mesma com que olhas ao espelho, para saber onde te feriste ou te manchaste, ou onde estão os teus defeitos, que tens de eliminar” (Sulco 148).

Trata-se da valentia que procede de uma esperança firme no amor de Deus: “As nossas misérias não nos deverão levar nunca a esquivar-nos do Amor de Deus, mas a acolher-nos a esse Amor (...). Não devemos afastar-nos de Deus por termos descoberto as nossas fragilidades; temos de atacar as misérias, precisamente porque Deus confia em nós”. (AD, 187)

Bibliografia: *CECH - “Camino. Edición crítico-histórica”, pp. 423-431; Agostino Cappelletti, “Examem de consciência”, em Ermanno Ancilli (dir. ), Diccionario de Espiritualidad, II, Barcelona, Herder, 1983, pp 68-73; Antoine Delchard et al. , “Examem de conscience”, em DSp, IV, 1961, cols. 1789-1838; Francisco Fernández Carvajal, Hablar con Dios. Meditaciones para cada día del año, Madri, Palabra, 2004; Antanas Liuima – André Derville, “Examem particulier”, em DSp, IV, 1961, cols. 1839-1849.

Juan Ramón AREITIO

“Exame de Consciência”, do Diccionario de San Josemaria Escrivá de Balaguer

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/o-exame-de-consciencia-diario/

Dos Sermões de São Gregório de Nazianzo, bispo

É resolução santa rezar pelos defuntos (Nova Aliança)

Dos Sermões de São Gregório de Nazianzo, bispo

(Or. 7,in laudem Caesari fratris, 23-24: PG 35,786-787)        (Séc. IV)

É resolução santa rezar pelos defuntos

Que é o homem para que te lembres dele? (Sl 8,5). Que novo mistério é este a meu respeito? Sou pequenino e grande, humilde e excelso, mortal e imortal, terreno e celeste. Faz-se mister ser eu sepultado com Cristo, ressurgir com Cristo, ser co-herdeiro de Cristo, tornar-me filho de Deus e até Deus mesmo.

Tudo isto nos indica o grande mistério: é Deus que por nossa causa assumiu a humanidade e se tornou pobre, a fim de erguer a criatura prostrada, trazer a salvação à imagem e renovar o homem. Para sermos todos um só no Cristo, que, perfeitamente em todos nós, se fez tudo aquilo que ele próprio é. Que não sejamos mais homem e mulher, bárbaro e cita, escravo e livre (cf. Cl 3,11), discriminações e sinais vindos da carne, mas tenhamos unicamente o sinete de Deus, por quem e para quem fomos criados, somente por ele, e formados e gravados, a fim de sermos só por ele reconhecidos.

Oxalá sejamos aquilo que esperamos, segundo a grande benignidade do Deus generoso. Pedindo pouco, dá o máximo aos que o amam com sincero afeto do coração, desde agora e no futuro. Por causa de nosso amor para com ele e da esperança, que tudo desculpa, tudo suporta. Por tudo dando graças (coisa que muitíssimas vezes é instrumento de salvação, a Palavra o sabe) e recomendando-lhe nossas almas e as daqueles que pela estrada comum, mais bem preparadas, chegaram primeiro à morada.

Ó Senhor e Criador de tudo e, mais que tudo, desta imagem! Ó Deus de teus homens, Pai e Chefe, ó Árbitro da vida e da morte, ó Guarda e Benfeitor nosso! Ó tu, que tudo fazes a seu tempo e, pelo Verbo Artífice, transformas da maneira como em tua sabedoria e desígnio profundos bem sabes, agora então, rogo-te, recebe Cesário, primícias de nossa separação.

A nós, quando chegar a hora, mantidos em nossa vida mortal por tanto tempo quanto parecer bom, recebe-nos também. E recebe-nos, sim, preparados e não perturbados por temor a ti. Sem voltar as costas ao dia derradeiro e de má vontade, como costumam proceder aqueles que se apegam ao mundo e à carne, arrancados à força. Mas com prontidão e ardor, partindo para aquela feliz e intérmina vida que está em Cristo Jesus, nosso Senhor, a quem a glória pelos séculos dos séculos. Amém. 

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF