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domingo, 17 de novembro de 2024

Reflexão para o XXXIII Domingo do Tempo Comum (B)

Evangelho do domingo (Vatican News)

Se somos adeptos do Filho do Homem, ou seja, de Jesus Cristo, deveremos em nossa vida praticar a justiça e lutar pela paz e pela verdade.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

O tema da liturgia deste domingo é o senhorio de Deus sobre a História. Muitas vezes pensamos, influenciados por inúmeros acontecimentos, que a vida corre seu rumo, independentemente da ação de Deus e que o Senhor nos olha, quando olha, de modo indiferente, ou até não se importando com o que fazemos ou sofremos.

A leitura do Livro de Daniel e o Evangelho de Marcos falam-nos exatamente o contrário e com uma linguagem um pouco incomum para nós, a  linguagem apocalíptica.

A primeira leitura, a de Daniel, pretende insistir com o povo que enfrente as opressões, as resista, venham de onde vierem. Ele diz que serão salvos os que tiverem seus nomes escritos no Livro. Mas que livro é esse? Não se trata de um livro, mas a linguagem apocalíptica quer no informar que Deus é o Senhor da História, tudo é de seu conhecimento e tudo, não importa o que seja, será transformado em benefício de seus filhos.

Evidentemente, aqueles que foram seguidores do Bem, ao morrerem irão para a Vida, os demais, os que foram opressores de seus irmãos, irão para a vergonha eterna.

O Evangelho apresenta Jesus nos falando sobre discernimento, sobre como discernir o momento de Deus em nossa vida. No relato de hoje somos levados ao discernimento quando acontecem situações catastróficas em nossa vida.

Marcos também nos fala que Deus é o Senhor da História. Ele se refere ao Filho do Homem, sobre sua vinda. Seu desejo é nos animar com o poder de Deus que age na História para nos salvar e julgar aqueles que se opõe ao seu Reino de justiça, de paz e de verdade.

Se somos adeptos do Filho do Homem, ou seja, de Jesus Cristo, deveremos em nossa vida praticar a justiça e lutar pela paz e pela verdade. Enfim, nos é pedido sermos homens e mulheres que amam seus semelhantes, que os tratam como irmãos.

O texto nos fala de realidades que serão passado, como o sol, a lua, as estrelas e as forças do céu; ao mesmo tempo nos apresenta as futuras, representadas pelos ramos verdes da figueira, sinais de que o Reino de Deus já está em nosso meio, acontecendo, se realizando!

Não nos deixemos perturbar por problemas e por aflições, mas saibamos que ao vivenciarmos essas experiências difíceis e dolorosas, estamos sob o olhar carinhoso de Deus, que vela por nós, que nos dá Sua graça para superarmos tudo isso. Será dentro dessas vicissitudes, que seremos salvos, se nelas nos portarmos como Seus filhos, tratando os demais como irmãos.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O significado das letras gregas nos ícones

Mircea Moira | Shutterstock

Daniel Esparza - publicado em 15/11/24

Essas letras são essencialmente atalhos que ancoram o espectador na história divina que cada ícone apresenta. Aqui estão alguns dos mais comuns.

Na iconografia oriental, as cartas são parte integrante da narrativa teológica do próprio ícone. Os ícones ortodoxos gregos e russos geralmente apresentam letras ou abreviações, em grego ou eslavo eclesiástico, que servem como sinais espirituais e revelam camadas de significado para aqueles que entendem seu contexto.

Para aqueles menos familiarizados com essas linguagens ou convenções, aqui está um resumo das letras e abreviações mais comuns nos ícones e como interpretá-las.

Jesus

Uma das inscrições mais significativas que costumam aparecer nos ícones de Cristo é IC

Na verdade, essas são abreviações, uma prática comum nos textos gregos antigos e eslavos eclesiásticos, e geralmente são colocadas em ambos os lados da cabeça de Cristo.

Adam Jan Figel | Shutterstock

Junto com IC

Esta frase, muitas vezes numa auréola ou acima da cabeça de Cristo, enfatiza a natureza divina de Cristo como eterna e autoexistente - como diz o Credo, "gerado, não criado, da mesma natureza do Pai".

Maria

Os ícones que representam a Virgem Maria geralmente têm duas inscrições: ΜΡ ΘΥ (Μήτηρ Θεο), abreviatura grega de Mãe de Deus. Esta abreviatura, também em grego ou eslavo eclesiástico, é uma explicação do papel de Maria na história da salvação como Theotokos, ou "portadora de Deus".

Às vezes, as palavras Παναγία (Panagia), que significa "Toda Santa", acompanham imagens de Maria, sublinhando a sua pureza única e o seu papel na teologia cristã.

ArtMediaWorx | Shutterstock

Santos

Em cenas de santos, anjos ou figuras bíblicas, os nomes são frequentemente abreviados ou escritos por extenso como sinal de honra e identificação.

Por exemplo, São Jorge pode ser chamado de ΟΓΙΟC ΓΕΩΡΓΙΟC (Hagios Georgios), ou simplesmente ΓΓ como uma forma abreviada, com "Hagios" significando "Santo". Esta prática permite ao espectador reconhecer imediatamente as figuras e a sua herança espiritual, mesmo para além das barreiras linguísticas.

Eventos

Essas inscrições também se estendem às cenas narrativas. No ícone da Ressurreição, aparecem frequentemente as letras gregas ΝΑΣΤΑΣΙΣ (He Anastasis), que significa "A Ressurreição", enfatizando o evento representado, e não apenas uma figura. (Veja a imagem abaixo, que diz A Ressurreição de Cristo).

Da mesma forma, nos ícones da Natividade ou do Batismo de Cristo, as inscrições rotulam o evento, lembrando ao espectador o mistério sagrado geral que está sendo retratado, em vez de focar apenas nas pessoas envolvidas nele.

Roberto Sorin | Shutterstock

O Catecismo da Igreja Católica diz

1162 … a contemplação dos ícones sagrados, unida à meditação da Palavra de Deus e ao canto dos hinos litúrgicos, entra na harmonia dos sinais da celebração, para que o mistério celebrado fique impresso na memória do coração e seja então expressá-lo na vida nova dos fiéis.

Essas letras são essencialmente atalhos que ancoram o espectador na história divina que cada ícone apresenta. Os ícones pretendem não apenas representar, mas também comunicar o mistério da Encarnação, da Ressurreição e da vida dos santos, e estas cartas aparentemente simples contêm elementos-chave que ajudam a decifrar estas verdades teológicas.

Ao aprender a reconhecê-los, os fiéis são convidados a uma contemplação mais profunda, experimentando os ícones não como imagens estáticas, mas como uma linguagem reveladora partilhada.

Aprenda sobre os diferentes símbolos cristãos e seus significados:


Fonte: https://es.aleteia.org/2024/11/15/el-significado-de-las-letras-griegas-en-los-iconos

Francisco: confiar no Evangelho para não viver com a angústia da morte

Angelus de 17 de novembro de 2024 - Papa Francisco (Vatican News)

No Angelus, o Papa recorda que, nas tribulações, nas crises, nos fracassos, é preciso olhar para a vida e para a história sem medo de perder o que acaba, mas com alegria pelo que permanece. A dor causada por guerras, violência, desastres naturais, pode nos ensinar a não nos apegarmos às coisas do mundo que inevitavelmente são destinadas a desaparecer. Tudo morre, mas “não perderemos nada do que construímos e amamos”.

https://youtu.be/YvdodNZGp5U

Antonella Palermo - Vatican News

Na reflexão do Angelus deste domingo, 17 de novembro, o Papa Francisco se detém sobre o que passa e o que permanece. Todas as realidades deste mundo estão destinadas a passar, o que permanecerá será o amor do qual teremos sido capazes.

Não se apegar ao que passa

Francisco comenta as leituras do dia, convidando-nos a superar o apego às coisas terrenas: crises e fracassos, ou a dor causada por guerras, violência, desastres naturais, que não podem e não devem nos mergulhar na desolação. A sensação de que tudo está chegando ao fim é apenas uma sensação, parece dizer o Papa, “sentimos que até as coisas mais belas passam”.

As crises e os fracassos, no entanto, embora dolorosos, são importantes, pois nos ensinam a dar a tudo o devido peso, a não prender o coração às realidades deste mundo, porque elas passarão: estão destinadas a passar.

Tudo morre, não o que construímos e amamos

O convite do Papa é para viver de acordo com a promessa de eternidade e ressurreição do Evangelho. É isso que torna possível “não viver mais sob a angústia da morte”.

Tudo morre e nós também morreremos um dia, mas não perderemos nada do que construímos e amamos, porque a morte será o início de uma nova vida. Irmãos e irmãs, mesmo nas tribulações, nas crises, nos fracassos, o Evangelho nos convida a olhar a vida e a história sem medo de perder o que acaba, mas com alegria pelo que permanece: não nos esqueçamos que Deus prepara para nós um futuro de vida e alegria.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 16 de novembro de 2024

Da Homilia de um Autor do século segundo

A justiça (Província Agostiniana do Brasil)

Da Homilia de um Autor do século segundo

(Cap.18,1-20,5: Funk 1,167-171)

Pratiquemos a justiça para alcançarmos a salvação

Quanto a nós, sejamos daqueles que dão graças, daqueles que servem a Deus; e não, dos ímpios que serão condenados. Na verdade, eu, mesmo pecador, que não sei fugir das tentações, e ainda vivo em meio das pompas do demônio, esforço-me por seguir a justiça, a fim de, no temor do futuro juízo, poder ao menos chegar perto dela.

Portanto, irmãos e irmãs, tendo nós ouvido o Deus da Verdade, leio-vos uma exortação. Se prestardes atenção ao que está escrito, vós vos salvareis e também aquele que lê diante de vós. Peço esta paga: que de todo o coração façais penitência, dando-vos assim a salvação e a vida. Agindo desse modo, apresentaremos uma finalidade aos jovens que querem dedicar seus esforços à santidade e à bondade de Deus. Não levemos a mal nem nos indignemos, nós insensatos, se alguém nos chama a atenção e quer nos converter da injustiça para a justiça. Acontece às vezes que, procedendo mal, não o percebemos por causa da duplicidade e incredulidade que existem em nossos corações e nossa mente é obscurecida por vãs inclinações.

Cumpramos, pois, a justiça para no fim sermos salvos. Felizes os que obedecem a estes preceitos; embora por breve tempo padeçam no mundo, hão de colher o incorruptível fruto da ressurreição. Não se entristeça o cristão, se neste tempo suporta a miséria; espera-o um tempo feliz.

Ao recobrar a vida, junto com os antepassados, no Alto, alegrar-se-á para sempre, nunca mais a tristeza o perturbará.

E também não se abale nosso espírito, quando vemos ricos os injustos e em dificuldades os servos de Deus. Tenhamos fé, irmãos e irmãs: suportamos as lutas do Deus vivo e somos provados nesta vida para recebermos a coroa na futura. Nenhum justo recolhe um fruto imediato, mas aguarda-o. Porque, se Deus desse logo a recompensa aos justos, nos entregaríamos então a um negócio e não à virtude; pareceríamos querer ser justos por causa do lucro, não do serviço de Deus. Por isto, o juízo divino perturba o espírito que não é justo e torna mais pesadas as cadeias.

Ao único Deus invisível, ao Pai da verdade que nos enviou o salvador e doador da incorruptibilidade, por meio de quem nos manifestou a verdade e a vida celeste, a ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

As Sagradas Escrituras e a Tradição

Bíblia, Tradição e Magistério (A12)

As Sagradas Escrituras e a Tradição

Concílio Vaticano II descreve a Sagrada Tradição e as Sagradas Escrituras como sendo “semelhante a um espelho em que a Igreja peregrinante na terra contempla a Deus” (Constituição Dogmática Dei Verbum, sobre a Revelação Divina, nº 7). 

A palavra revelada de Deus chega até você mediante palavras faladas e escritas por seres humanos. A Escritura Sagrada é a Palavra de Deus “enquanto é redigida sob a moção do Espírito Santo”(Dei Verbum, nº 9). A sagrada Tradição é a transmissão da Palavra de Deus pelos sucessores dos apóstolos. Juntas, a Tradição e a Escritura constituem um só sagrado depósito da palavra de Deus, confiado à Igreja”(Dei Verbum, nº 10). 

A Bíblia: seus livros e sua mensagem 

A Sagrada Escritura, a Bíblia, é uma coleção de livros. Conforme o cânon da Escritura (a lista dos livros que a Igreja católica aceita como autênticos), a Bíblia contém 73 livros. Os 46 livros do Antigo Testamento foram escritos aproximadamente entre os anos 900 a.C. e 160 a.C. – isto é, antes da vinda de Cristo. Os 27 livros do Novo Testamento foram escritos aproximadamente entre os anos 50 D.C. e 140 D.C.

A coleção do Antigo Testamento é constituída de livros históricos, didáticos (que ensinam) e proféticos (que contém as palavras inspiradas dos profetas, pessoas que experimentavam a Deus de maneiras especiais e eram seus autênticos porta-vozes). Esses livros, com poucas exceções, foram escritos originalmente em hebraico.

Em síntese, os livros do Antigo Testamento são um testemunho da experiência que o povo israelita teve de Javé, “o Deus de seus pais” (veja Êx 3, 13-15). No seu conjunto, esses livros revelam a reflexão de Israel sobre a realidade pessoal do Deus único, Javé, que age na história humana, guiando-a com um plano e um objetivo. Javé, o Deus do Antigo Testamento, é o mesmo Deus que Jesus, um judeu, chamava de Pai.

Os livros do Novo Testamento, escritos originalmente em grego, são constituídos de Evangelhos (proclamações da Boa-Nova) e Epístolas (cartas). Primeiro, na ordem em que aparecem na Bíblia, estão os Evangelhos chamados sinóticos (do grego synoptikos, ver o conjunto ao mesmo tempo), porque em boa parte eles contam a mesma história da mesma maneira. O livro intitulado Atos dos Apóstolos, que vem após o Evangelho de São João (também denominado Quarto Evangelho) completa a imagem de Jesus encontrada nos três Evangelhos sinóticos.

A seguir vem as Epístolas de São Paulo – os documentos mais antigos do Novo Testamento – que foram escritas em cada caso para responder a necessidades particulares das várias comunidades cristãs locais.

Depois das Epístolas de Paulo vêm as Epístolas Católicas. Essas cartas são chamadas católicas, ou universais, porque não foram escritas em vista de determinadas necessidades das igrejas locais, mas com temas importantes para todas as comunidades cristãs.

O último livro do Novo Testamento é o Apocalipse, mensagem de esperança para os cristãos perseguidos, prometendo o triunfo final de Cristo na história.

tema fundamental do Novo Testamento é Jesus Cristo. Cada livro revela um aspecto diferente do seu mistério. Os quatro Evangelhos referem as palavras e atos de Jesus como eram recordados e transmitidos nas primeiras gerações da Igreja. Narram a história da sua Paixão e Morte, e o que esta morte significa à luz da sua Ressurreição. Em certo sentido, os Evangelhos começaram com a Ressurreição; a doutrina de Jesus e os fatos de sua vida adquiriram sentido para os primeiros cristãos só depois da Ressurreição. Os Evangelhos refletem a fé comum dos primeiros cristãos no Senhor que ressuscitou e agora habita no meio de nós.

Os escritos do Novo Testamento não relatam quem Jesus era, mas quem Ele é. Mais que meros documentos históricos, esses escritos têm o poder de mudar a sua vida. No “espelho” do Novo Testamento você pode encontrar Jesus Cristo. Se você aceita o que vê neste espelho, o sentido que Jesus tem para você, na sua situação concreta, você pode também encontrar-se consigo mesmo.

A tradição, o Vaticano II e os Santos Padres 

A Sagrada Tradição é a transmissão da Palavra de Deus. Esta transmissão é feita oficialmente pelos sucessores dos apóstolos, e não oficialmente por todos os que cultuam, ensinam e vivem a fé, tal como a Igreja a entende.

Certas ideias e costumes originam-se do processo da Tradição e se tornam meios para ela, alguns até mesmo por vários séculos. Mas um produto da Tradição constitui um elemento básico seu, apenas quando tal produto serviu para transmitir a fé numa forma invariável desde os primeiros séculos da Igreja. Exemplos de elementos básicos são a Bíblia (como um instrumento tangível usado na transmissão da fé), o Símbolo dos Apóstolos ou Credo, e as formas básicas da liturgia da Igreja.

Numa determinada época, um produto da Tradição pode exercer um papel especial na transmissão da fé. Os documentos dos concílios ecumênicos são disso os principais exemplos. Concílio Ecumênico é uma assembleia oficial de todos os bispos do mundo que estão em comunhão com o Papa, com a finalidade de tomar decisões. Os ensinamentos de um Concílio Ecumênico – produtos da Tradição no sentido estrito – desempenham uma função decisiva no processo da Tradição. Os documentos do Concílio de Trento, realizado no séc. XVI, desempenharam tal função. Assim também sucedeu com os documentos do Concílio Vaticano I, celebrado no séc. XIX.

Nos nossos dias, os documentos do Concílio Vaticano II estão exercendo o mesmo papel no processo da tradição. Conforme declarou o Papa Paulo VI numa alocução de 1966. “Devemos dar graças a Deus e ter confiança no futuro da Igreja, quando pensamos no Concílio: ele será o grande catecismo dos nossos tempos”.

O Vaticano II fez o que a Igreja docente sempre tem feito: expressou o conteúdo imutável da revelação, traduzindo-o para formas de pensamento do povo de acordo com a cultura de hoje. Mas esta “tradução do conteúdo imutável” não é como que vestir notícias velhas com linguagem nova. Como afirmou o Vaticano II: “Esta Tradição, oriunda dos Apóstolos, progride na Igreja sob a assistência do Espírito Santo. Cresce, com efeito, a compreensão tanto das coisas como das palavras transmitidas… no decorrer dos séculos, a Igreja tende continuamente para a plenitude da verdade divina, até que se cumpram nela as palavras de Deus”. (Dei Verbum, nº 8). 

Pelo Vaticano II a Igreja deu ouvidos ao Espírito, empenhou-se na sua “tarefa de perscrutar os sinais dos tempos e interpretá-los à luz do Evangelho” (Constituição Pastoral Gaudium et Spes sobre a Igreja no Mundo Moderno, nº 4). Nem sempre é claro aonde o Espírito está nos conduzindo. Mas o terreno no qual nós, a Igreja, caminhamos adiante da nossa peregrinação é firme: o Evangelho de Cristo. Nesta etapa da nossa história, um de nossos instrumentos básicos de Tradição – de transmissão da fé – são os documentos do Vaticano II.

A Tradição é um processo inteiramente pessoal. A fé é transmitida de pessoa para pessoa. Papas e Bispos, sacerdotes e religiosos, teólogos e mestres transmitem a fé. Mas as pessoas mais envolvidas nesse processo são os pais e seus filhos. Filhos de pais chineses dificilmente aprendem um dialeto irlandês. E filhos de pais não-praticantes dificilmente aprendem uma fé profunda e vivencial. Assim, com relação à Tradição, guarde bem na memória as palavras do célebre sacerdote e educador inglês, Cônego Drinkwater: “Você educa até certo ponto… pelo que você diz, mais pelo que você faz e ainda mais pelo que você é; mas acima de tudo, pelas coisas que você ama”.

Fonte: https://www.veritatis.com.br/10-as-sagradas-escrituras-e-a-tradicao/

Papa a jovens da Itália: continuem a sonhar e sejam artesãos da esperança

Papa Francisco no encontro com os membros do Conselho Nacional da Juventude da Itália (Vatican Media)

“É importante saber que os jovens saibam ser artesãos da esperança porque são capazes de sonhar. Por favor, não percam a capacidade de sonhar: quando um jovem perde essa capacidade, torna-se um “aposentado da vida”. Palavras do Papa Francisco no encontro com os membros do Conselho Nacional da Juventude neste sábado (16/11) no Vaticano.

Vatican News

Os membros do Conselho Nacional da Juventude da Itália foram recebidos neste sábado (16/11) pelo Papa Francisco no Vaticano por ocasião do aniversário de 20 anos do organismo. Os jovens foram recebidos com a aclamação do Papa: 

“A esperança não desilude! Ouçam bem isto: a esperança não desilude. Nunca.”

Capacidade de sonhar

Francisco disse “é importante saber que os jovens italianos sabem como ser artesãos da esperança porque são capazes de sonhar. Por favor, não percam a capacidade de sonhar: quando um jovem perde essa capacidade, não estou dizendo que ele se torna velho, não, porque os velhos sonham. Ele se torna um 'aposentado da vida'. Isso é muito ruim. Por favor, jovens, não sejam 'aposentados da vida' e não deixem que a esperança seja roubada de vocês! Nunca! A esperança nunca desilude!".

A voz dos que não têm voz

Ao falar sobre as responsabilidades da organização, o Papa recordou que é um órgão consultivo chamado a representar o mundo da juventude em nível local, nacional e europeu. Para isso devem promover a participação ativa dos jovens por meio de uma “rede” entre as muitas associações inspiradas em valores como solidariedade e inclusão. “Fazendo ‘rede’, mas também fazendo ‘barulho’", disse o Papa. Nessa tarefa - “de ‘trabalhar em rede’ e fazer ‘barulho’ -, continuou o Papa, "eu os convido a ser a voz de todos, especialmente dos que não têm voz”.

Desafios da juventude

“Como sabemos, há muitos desafios”, acrescentou o Pontífice aos jovens, expondo os problemas atuais: “a dignidade do trabalho, a família, a educação, o engajamento cívico, o cuidado com a criação e as novas tecnologias. O aumento dos atos de violência e automutilação, até o gesto mais extremo de tirar a própria vida, são sinais de um mal-estar preocupante e complexo”. E o Papa sugeriu a necessidade de uma “aldeia de educação” onde, “na diversidade”, afirmou, “seja compartilhado o compromisso de gerar uma rede de relacionamentos humanos e abertos. É necessário um pacto, uma aliança, entre os que desejam colocar a pessoa no centro e, ao mesmo tempo, estão dispostos a investir novas energias para a formação dos que servirão à comunidade”.

Beleza e novidade da vida

Falando sobre a beleza e a novidade da vida, tarefa à qual os jovens são chamados, Francisco lembrou: “há uma beleza que vai além das aparências: é a beleza de cada homem e mulher que vive sua vocação pessoal com amor, no serviço abnegado à comunidade, no trabalho generoso para a felicidade da família, no compromisso altruísta de fazer crescer a amizade social. Descobrir, mostrar e destacar essa beleza significa lançar as bases da solidariedade social e da cultura do encontro”.

Serviço abnegado pela verdade e liberdade

“Seu serviço abnegado pela verdade e pela liberdade, pela justiça e pela paz, pela família e pela política é a contribuição mais bela e mais necessária que vocês podem dar às instituições para a construção de uma nova sociedade”, afirmou o Papa. Concluindo esse ponto ele disse: “permitam-me, por fim, entregar-lhes a coisa mais importante, aquela verdade que, para um cristão, nunca deve ser silenciada. É um anúncio que diz respeito a todos, jovens e idosos, e que sempre precisamos ouvir novamente: ‘Deus te ama’, ‘Cristo te salva’, ‘Ele vive!’. Se Ele vive, então a esperança não é em vão. O mal, o pessimismo e o ceticismo não terão a última palavra”.

Os conflitos

Encorajando os jovens, o Papa ainda disse: “diante dos desafios e das dificuldades que vocês podem encontrar em seu trabalho, não tenham medo! Não tenham medo de passar por conflitos. Os conflitos nos fazem crescer”. “Na vida de vocês é necessário, - até mesmo para passar pelos conflitos - a paciência para transformá-los na capacidade de escuta, de reconhecimento do outro, de crescimento recíproco. A tentativa de superar os conflitos é um sinal de que estamos mirando mais alto, mais alto do que nossos próprios interesses particulares, para sair da areia movediça da inimizade social".

“Prossigam em seu serviço: busquem, valorizem e levem a voz e a esperança dos jovens italianos aos espaços institucionais para que participem juntos pelo bem comum.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Autocuidado físico para um estilo de vida saudável: atividade física

Autocuidado físico/Atividade física (Editora Cidade Nova)

Autocuidado físico para um estilo de vida saudável: atividade física

A conexão real do nosso corpo acontece quando nos movemos!

por Célia Cals e Raquel Victorelli   publicado e modificado em 31/10/2024

A ATIVIDADE física, em qualquer idade, é fundamental para a saúde em todos os seus aspectos. É considerada um remédio natural com benefícios biopsicossociais: deixa o cérebro mais inteligente racionalmente e mais equilibrado emocionalmente e promove a autoestima e um envelhecimento saudável. É um investimento em nossa qualidade de vida, presente e futura. Para manter-se ativo após os 60 anos, a recomendação é 30 minutos diários, entre exercícios aeróbicos e de força muscular, em atividades moderadas como alongamento, musculação, caminhada, hidroginástica, dança, Pilates, desde que feitas de maneira adequada, respeitando os limites do corpo, seguindo recomendações médicas, bem como as de um profissional de Educação Física. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o sedentarismo é responsável por cerca de 3,5 milhões de mortes prematuras por ano, no mundo. Pesquisas mostram que ficar inativo por 10 horas aumenta o risco cardiovascular. No cotidiano, é importante não ficar parado por longos períodos, levantar-se a cada uma hora, beber água, movimentar-se.

Benefícios da atividade física regular aliada a uma alimentação saudável:

• Aumenta a produção da proteína BDNF, espécie de “fertilizante” precioso que aumenta a oxigenação no cérebro, ajuda na criação de vários neurônios e fortalece os já existentes, aumentando também a plasticidade cerebral. Além disso, acelera o aprendizado e aumenta a capacidade de memorização, contribuindo para redução de demência. 20 a 40 minutos de atividade física aumentam em 32% a presença de BDNF no sangue

• Aumenta a produção de serotonina, que modula e melhora humor; epinefrina, que aumenta a atenção; e de dopamina, que aumenta motivação. Geralmente, quando esses três neurotransmissores estão em baixa, provocam ansiedade e depressão. Assim, a atividade física torna-se um “antidepressivo” natural que não deve deixar de ser agregado ao tratamento.

• Aumenta níveis de energia, diminuindo a fadiga e aumentando o bem-estar físico e mental.

• Contribui na prevenção e diminuição de problemas cardiovasculares.

• Auxilia no controle da diabetes e artrites, entre outras doenças.

• Auxilia no fortalecimento muscular e na manutenção da densidade óssea, ajudando a reduzir a osteopenia e a osteoporose.

• Aumenta o metabolismo, ajudando na queima de calorias e reduzindo o peso e a gordura corporais.

• Melhora o equilíbrio, a coordenação motora, a flexibilidade, a força, a postura, a funcionalidade e autonomia nas atividades da vida diária (AVDs).

• Melhora a qualidade do sono e aumenta a testosterona e a libido.

• Reduz o risco de câncer: estima-se que de 30 a 40% de tipos de câncer podem ser prevenidos pelas mudanças do estilo de vida.

• Aumenta o limiar da dor, diminuindo sua percepção.

• Aumenta a produção de antioxidantes no corpo, retardando o envelhecimento da pele.

Ter um objetivo de valor inestimável, como acompanhar o crescimento dos netos e encontrar uma modalidade prazerosa que seja adequada à própria condição física e de fácil acesso, é uma das condições importantes para manter a motivação e o comprometimento nesse estilo de vida.  

É no presente que podemos começar (ou recomeçar) a construir um futuro melhor para nós e para quem amamos!

Por Célia Cals(1) e  Raquel Victorelli(2)

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1) É médica geriatra

2) É fisioterapeuta

Fonte: https://www.cidadenova.org.br/editorial/inspira/4037-autocuidado_fisico_para_um_estilo_de_vid

Santa Gertrudes

Santa Gertrudes (A12)
16 de novembro
País: Alemanha
Santa Gertrudes

Nascida na Saxônia, em 1256, era filha de fervorosos pais cristãos. Aos cinco anos de idade foi entregue ao mosteiro cisterciense de Hefta, onde, descobrindo a vocação religiosa, permaneceu até a morte. cresceu adquirindo grande cultura cristã. Possuidora de grande carisma místico tornou-se religiosa consagrada.

Sua vida contemplativa era sinal de perseverança para as outras religiosas. Aos 25 anos de idade teve a primeira das visões que a introduziu em elevada vida mística, comparável às de Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz. Tais revelações ela as escreveu no livro "Mensageiro do Divino Amor", importante obra cristã de teologia mística e praticamente a única fonte sobre a sua vida diária.

O conteúdo das suas revelações e visões era o entendimento do amor de Cristo pelos homens. Dedicava-se à penitência corporal e, especialmente, à meditação da sagrada Paixão e Morte de Cristo, à oração diante do Sacrário, e à devoção a Nossa Senhora. O amor à humanidade de Cristo a levou a descobrir a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, antecipando-se assim às revelações dessa devoção a Santa Maria Alacoque.

 Foi eleita abadessa, cargo que exerceu até o fim de seus dias. Adoeceu e sofreu muitas dores físicas por mais de 10 anos, falecendo, como num êxtase de amor, em 1301.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Revisão e acréscimos: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A vida contemplativa foi a vocação de Santa Gertrudes. Relativamente poucos são chamados a esta vida, e menos ainda às visões e revelações divinas. Contudo, da oração devota e mais pura destes poucos, muito depende a misericórdia de Deus para com a humanidade, e mais deveriam ser reconhecidas e valorizadas tais vocações. É no silêncio e recolhimento que podemos ouvir a Deus, e onde Ele mais intensamente Se manifesta à nossa alma. Mesmo na vida comum, não podemos deixar de dedicar o tempo necessário a este encontro íntimo e transformador com Deus. Caso contrário, a nossa vida espiritual tenderá à superficialidade, rotina, e, por fim, desinteresse, pois só amamos o que conhecemos, e só bem conhecemos a Deus no recolhimento da alma.

Oração:

Ó Senhor, que amastes Santa Gertrudes com amor eterno, falando ao seu coração, dá-me ouvidos para escutar Vossa voz, e fé para responder ao Vosso chamado, com entrega comparável à desta apaixonada do Vosso Santo Coração. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

Piedade Mariana: a expressão de fé que brota do povo

Piedade Mariana (Vatican News)

“Quando rezamos a Maria, rezamos para que ela nos ensine a amar Jesus, como ela o amou", afirmou o missionário redentorista, Ir. André Luiz Oliveira, ao recordar que a piedade popular mariana é uma expressão de fé que nasce do coração devoto.

Fagner Lima – Vatican News

“Nossa Senhora nunca se indica a si mesma, Nossa Senhora indica Jesus. E esta é a piedade mariana: a Jesus pelas mãos de Nossa Senhora.”

O Papa Francisco iniciou assim a Audiência Geral da quarta-feira (13/11), dando continuidade ao ciclo de catequese sobre o Espírito Santo. O Pontífice destacou a piedade mariana como um meio particular pelo qual o Paráclito "realiza a sua obra de santificação na Igreja".

O Brasil, em sua cultura latino-americana, está fortemente ligado ao que a Evangelii Nuntiandi define como piedade popular, na qual a Virgem Maria desempenha um papel de destaque e de forte devoção, intensificando assim a piedade mariana. O missionário redentorista, Ir. André Luiz Oliveira, recorda que a piedade popular mariana é uma expressão de fé que nasce do coração devoto,"sensus fidelium", é algo natural, como uma graça infusa: "ela brota no coração daqueles que amam Nossa Senhora, é uma expressão autêntica (genuína) de fé e devoção".

Fazei tudo o que Ele vos disser

Maria não detém para si a centralidade, pelo contrário, coloca-se como serva, sendo a figura da primeira discípula do Espírito, como nos exorta Francisco ao afirmar que "ela é a esposa, mas antes ainda é a discípula do Espírito Santo". A piedade mariana nos permite chegar até Cristo, aquele que é a esperança e o centro de nossa fé, como explica o Ir. André Luiz:

“Quando rezamos a Maria, rezamos para que ela nos ensine a amar Jesus, como ela o amou. A Marialis Cultus, n.25, nos ensina: ‘Na Virgem Maria tudo se refere a Cristo e Dele depende’tudo na vida de Maria foi direcionado para o seguimento do seu filho Jesus, nada quis para si, aquela que tudo quis para Deus."

Os santuários como sinais da esperança

Os santuários marianos espalhados pelo mundo todo, especialmente na América Latina, se destacam como importantes locais de acolhimento, de experiência da fé e da piedade mariana, levando os seus peregrinos, por meio de Maria, a experimentarem a grandeza do amor de Deus, como na expressão recordada por Francisco: “Ad Iesum per Mariam”, ou seja, “a Jesus por meio de Maria”.

Para o Ir. André Luiz, os “santuários marianos são lugares da ternura e da experiência profunda do amor materno, ali aprendemos a amar Maria, assim como Jesus a amou” e conclui ainda que esses espaços sagrados “auxiliam no amadurecimento da expressão de fé”. Na bula de proclamação do Jubileu Ordinário de 2025, ‘Spes non confundit’, o próprio Papa Francisco destaca a Virgem Maria como Mãe da esperança e ao recordar dos santuários marianos, exorta:

“Neste Ano Jubilar, que os santuários sejam lugares sagrados de acolhimento e espaços privilegiados para gerar esperança.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Foucauld não sabia disso, mas inspirou milhares de pessoas a seguirem a Cristo após seu martírio

Antoine Mekary | ALETEIA

Editorial Aleteia* - publicado em 13/12/16 - atualizado em 14/11/24

São Carlos de Foucauld, ordenado sacerdote aos 43 anos, era o irmão universal e, embora não o soubesse, a sua vida inspirou milhares de pessoas a seguirem a Cristo.

São Carlos de Foucauld , falecido em 1916, conheceu Cristo tardiamente, mas tornou-se irmão universal de todos os que com ele conviveram. E se eu pudesse escrever mais de um século após sua morte, poderia ter dito algo semelhante:

Querido amigo, meu irmão:

Aos 6 anos fiquei órfão de pai e mãe. Aos 20 anos foi a minha vez de ver meu avô partir. À medida que a vida avançava, o vazio crescia ao meu redor. Mas o abandono, a rejeição e o fracasso não teriam a última palavra: eu sou a prova disso. A vida não termina aos 20 anos!

Eu tenho dinheiro, muito. Organizo grandes festas e faço o vinho fluir como uma fonte. É por isso que me chamam de "o grande". Porém, mesmo em meio a essas férias sinto um vazio imenso. Estou a um centímetro do desespero. Você gosta de festas, você diz? Você está certo! Mas procure aprofundar-se naquilo que verdadeiramente preenche o coração humano!

Sentido de transcendência

Carlos de Foucauld | © Arquivos-Zephyr/Leemage

Observar os muçulmanos orando despertou em mim o sentimento de transcendência. Não encontramos a fé só, mas ela brota da graça de Deus no contacto com os outros, através das formas mais inesperadas.

Minhas dúvidas me assombraram por muito tempo e minha angústia existencial foi duradoura. Ele me disse: “Meu Deus, se você existe, deixe-me conhecê-lo”. Queria fazer algumas perguntas a um padre, que pela primeira vez me pediu para confessar. Este foi o ponto de partida da minha conversão: é preciso usar gestos típicos da fé para encontrar a fé. Você também precisa se ajoelhar se quiser viver em pé.

Eu me converti aos 28 anos

Meu destino escorrega. Convertido aos 28 anos, pediram-me que esperasse três anos antes de me tornar religioso. Tento na abadia trapista de Ardèche , mas procuro uma vida mais radical. Parto para a Síria. Depois para a Terra Santa. Tornei-me jardineiro das Clarissas de Nazaré, mas elas me acharam pouco qualificada para esse trabalho.

Durmo em um galpão de ferramentas, em um banco com uma pedra como travesseiro. Digo a mim mesmo que faria bem em me ordenar sacerdote. Gostaria de levar Cristo a Marrocos e, finalmente, estabelecer-me na Argélia. Veja, a santidade não é linear, nem fácil... Quero ser o irmão mais velho daqueles que duvidam, hesitam, hesitam.

A minha grande intuição é assumir o último lugar, como o de Jesus de Nazaré durante os seus trinta anos de silêncio e de trabalho: “Não posso passar a vida na primeira aula quando Aquele que amo passou por isso na última aula”.

Vulnerável por escolha

Muitos dos nossos contemporâneos, em particular muitas pessoas vulneráveis, vivenciam este último lugar de forma forçada. No meu caso, à imagem do meu Mestre, eu o escolhi. Tomei a decisão maluca de ser o último da turma militar em Saint-Cyr, mas mesmo aí falhei! Descobri que esse desafio ganhava nobreza se fosse no sentido espiritual.

Apesar das minhas peregrinações à Terra Santa e ao Magreb, a abadia continua a ser uma mãe para mim, e o bispo de Viviers, um pai. Vivo totalmente concentrado na Eucaristia: “É Jesus, tudo é Jesus!” Que a vossa vida esteja unida a uma comunidade religiosa e a uma paróquia, a uma diocese, a amigos felizes com quem celebrar juntos.

Irmão universal

“Quero habituar todos estes habitantes, cristãos, muçulmanos, judeus e idólatras, a olharem para mim como seu irmão, o irmão universal”. Os nativos começam a saber que os pobres têm um irmão. Sonho com uma pequena fraternidade “de oração e de hospitalidade que irradie tanta piedade que todo o lugar se sinta iluminado e animado por ela”.

Mas não sonhe com grande sucesso. Não esperem formar um exército, mas sim buscar a transformação da noite soprando as humildes brasas, capazes de iluminar e aquecer todo o nosso vale de lágrimas.

Escrevi uma regra de fraternidade, mas não recebi nenhuma vocação. Estou ciente de que celebro missa todos os dias em Tamanrasset há 10 anos, mas nunca fiz uma única conversão. Do ponto de vista humano, é um fracasso total.

Porém, cem anos depois da minha morte vejo, do céu, centenas de religiosos, milhares de leigos em todo o mundo que vivem como eu vivi, na escola do último lugar.

Morreu por Cristo

Veja, não devemos aspirar a ser a hera impaciente ou a videira selvagem conquistadora, mas sim o carvalho tranquilo, a humilde tília e, mais ainda, o grão de trigo, que se “não cair na terra e morrer , permanece sozinho.” Mas se morrer, dá muito fruto” ( Jo 12, 24 ).

A amizade tem um preço: a vida! Eu morri assassinado. Uma realidade para a qual ele estava pronto: “Viva hoje como se fosse morrer mártir esta mesma noite”, escreveu ele. Deixo atrás de mim um pequeno forte na areia, a batina branca manchada com a cor do Sagrado Coração que eu usava, algumas cartas... Acima de tudo, deixo o meu último lugar, aquele que tanto amei. E alguns amigos ao redor do mundo. E você?

*Pierre Durieux, autor deste texto, é também autor de diversos livros da editora Artège.

Fonte: https://es.aleteia.org/2016/12/13/la-ultima-carta-de-charles-de-foucauld

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF