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sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

São Nicolau

São Nicolau (A12)

06 de dezembro

Localização: Turquia

São Nicolau

Nicolau nasceu de pais ricos e piedosos, por volta do ano 275, na Lícia, atual Turquia. Sacerdote da diocese de Mitra, dedicou-se à evangelização e conversão dos pagãos, num período de perseguição religiosa.

Extremamente caridoso, distribuiu sua herança aos pobres. Eleito bispo de Mira, foi preso na perseguição de Dioclesiano, por volta de 310; antes de ser condenado à morte, publicou-se o Edito de Milão (313), que concedia a liberdade religiosa, o que lhe salvou a vida. Participou do Concílio de Nicéia, em 235, ocasião onde Constantino Magno, imperador de Roma, ajoelhou-se para beijar as cicatrizes de Nicolau e outros varões torturados na última perseguição. Nicolau recebeu de Deus o poder dos milagres, especialmente em favor dos doentes.

Sua extraordinária caridade, porém, é que o tornou um dos santos mais conhecidos e amados, no Oriente e no Ocidente. Um caso particular ilustra mais a sua fama: sabendo que um pai pobre tencionava entregar suas três filhas à prostituição, por não ter como pagar o dote dos seus casamentos, Nicolau jogou pela janela da casa três bolsas com o dinheiro necessário. Este fato, e a tradição que menciona suas doações, sempre anônimas, de moedas de ouro, comida e roupas para os pobres e viúvas, e presentes para as crianças, deu origem à lenda natalina de “Papai Noel”.

Nicolau é padroeiro da Rússia e outros lugares, bem como dos marinheiros e moças solteiras. Antes da revolução comunista, muitos czares adotaram o seu nome, e em Bári, Itália, onde estão seus restos mortais (para lá transladados pela ameaça muçulmana de profanação do seu túmulo), havia hospedaria exclusiva para os peregrinos russos que iam venerar suas relíquias.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

É motivo de alegria que a caridade de tão grande Santo seja a base de uma figura simpática como Papai Noel, mas nem por isso devemos deixar que a fantasia moderna, cada vez mais desvirtuada pelo interesse material, relegue a segundo plano o verdadeiro valor do amor desinteressado ao próximo. Devemos associar ao Natal a maior das caridades, a Encarnação de Jesus, para a nossa salvação; e comemorá-la com o presente do amor ao próximo, que não se manifesta principalmente em presentes materiais (embora estes não sejam, claro, condenáveis), mas na doação de nós mesmos. A demasiada preocupação, que pode chegar à ideia de “obrigação”, de presentes materiais no Natal afastam nosso coração da contemplação do nascimento de Cristo, este sim o presente máximo que Deus nos dá e que devemos repassar aos irmãos.

Oração:

Ó Jesus, que quisestes assumir a nossa natureza humana como meio de Redenção, concedei-nos, por intercessão de São Nicolau, a caridade operosa aos necessitados, e a defesa da pureza e virgindade. Que não seja em vão para as almas a grandeza do Vosso amor, que nos enriquece com o Vosso rebaixamento à condição de criatura, para elevar o servo à condição de Filho. Pelas mãos amorosas de Nossa Senhora e São José. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

A sinodalidade impulsiona a missão da Igreja sob a orientação do Espírito Santo

Por uma Igreja sinodal (CNBB Oeste 1)

A SINODALIDADE IMPULSIONA A MISSÃO DA IGREJA SOB A ORIENTAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO 

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

O Documento Final da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos lança a todos os batizados um chamado à missão (Doc. Final, 57-67; 75-87; 140-153). “Evangelizar é ‘a missão essencial da Igreja […] é a graça e a vocação próprias da Igreja, sua identidade profunda’ (EN 14)” (Doc. Final, 32). 

O processo sinodal revelou que todos os batizados, independentemente de seu estado de vida ou função, são chamados a ser protagonistas da missão evangelizadora (Doc. Final, 57-59). “A sinodalidade não é um fim em si mesma, mas visa à missão que Cristo confiou à Igreja no Espírito” (Doc. Final, 32). Intimamente conectadas, a missão ilumina a sinodalidade, enquanto esta, por sua vez, conduz à missão. “Na Igreja sinodal, toda a comunidade, na livre e rica diversidade de seus membros, é convocada a orar, ouvir, analisar, dialogar, discernir e aconselhar na tomada de decisões” (CTI, nº 68) para a missão (Doc. Final, 87). 

Como instrumento de renovação contínua, a sinodalidade permite que a Igreja responda ao seu chamado missionário, escutando os clamores dos pobres, promovendo a inclusão e anunciando o Evangelho com alegria e autenticidade. Não sendo um fim em si, a sinodalidade estimula o compromisso de “sair ao encontro das periferias existenciais”, marcadas pela pobreza, exclusão, injustiça e falta de sentido. Esse movimento, além de ser um ato de amor ao próximo, transforma a Igreja em um sinal de unidade e esperança para toda a humanidade. 

A missão não é exclusiva do clero, mas um empreendimento coletivo enriquecido pelos dons e carismas de todos os fiéis. “Os Padres da Igreja refletem sobre a natureza comunitária da missão do Povo de Deus por meio de um tríplice nihil sine: ‘nada sem o bispo’ (Santo Inácio de Antioquia, Carta aos Trallesianos, 2.2), ‘nada sem o conselho dos presbíteros, nada sem o consentimento do Povo’ (São Cipriano de Cartago, Carta 14.4). Quando essa lógica do nihil sine é quebrada, a identidade da Igreja é obscurecida e sua missão é inibida” (Doc. Final, 88). 

Por ser uma obra coletiva, a missão exige a valorização do papel dos leigos, o protagonismo das mulheres e a inclusão de jovens e grupos marginalizados como agentes essenciais na vida eclesial. Para que a missão alcance sua eficácia plena, é indispensável uma verdadeira conversão relacional dentro da Igreja. Isso requer a promoção de relações baseadas no diálogo, na escuta e no respeito mútuo (Doc. Final, 50-54). Além disso, a missão convoca à superação de divisões internas e à erradicação de atitudes clericais que comprometem a sinodalidade e dificultam a participação plena de todos os fiéis. 

A renovação missionária da Igreja exige discernimento, mudanças estruturais e uma formação contínua de discípulos missionários, capacitados a testemunhar o Evangelho. Por sua vez, o discernimento comunitário, que valoriza todas as vozes, é um elemento essencial para concretizar a missão de maneira viva e eficaz. Por isso, o Documento Final enfatiza a necessidade de reformar os conselhos, assembleias e outros órgãos participativos, tornando-os mais eficazes, transparentes e comprometidos com a missão (Doc. Final, 103-108). Isso reflete o esforço para alinhar as práticas pastorais com as demandas contemporâneas e criar um ambiente verdadeiramente sinodal e missionário. 

Longe de ser uma escolha opcional, a missão é uma resposta imprescindível ao Evangelho e aos desafios do tempo presente. Essa tarefa demanda conversão, coragem e corresponsabilidade de todos os batizados, permitindo que o Espírito Santo continue a guiar a Igreja em sua vocação. Dessa forma, a missão torna-se uma expressão prática, viva e concreta de uma Igreja sinodal no coração do mundo. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Primeira Pregação do Advento 2024

1ª Pregação do Advento 2024 - 06/12/2024 - Vatican Media)

Na manhã desta sexta-feira, teve lugar na Sala Paulo VI a primeira de três meditações do Advento ao Papa e à Cúria a cargo do novo pregador da Casa Pontifícia, sobre o tema “A porta do estupor”. A escuta das vozes dos profetas e o exemplo de Maria e Isabel, para reconhecer “aquelas sementes do Evangelho” já presentes na realidade e para levar esperança ao mundo.

https://youtu.be/fs9wNQcwZLg

Alessandro Di Bussolo e Isabella Piro – Cidade do Vaticano

O estupor perante a novidade de Deus, perante o mistério da Encarnação é “o primeiro movimento do coração a despertar” para encaminhar-nos rumo ao Nascimento do Senhor “e atravessar a porta do Jubileu com viva esperança”.

Estupor como aquele de Maria, após o anúncio do anjo Gabriel, que “se deixa atrair com extrema naturalidade” pelo desígnio de Deus e quer “tornar-se dele participante livre e consciente”. Para fazer isso, porém, é necessário primeiro desfazer a rigidez do coração, dizendo “não” a tudo o que leva ao risco de nos fechar e de nos oprimir: o medo, a resignação, o cinismo. Somente assim “saberemos olhar tudo com novos olhos, reconhecendo aquelas sementes do Evangelho já presentes na realidade”, prontos para levar ao mundo a esperança de Deus.

Palavras da primeira meditação de Advento do padre Roberto Pasolini, franciscano capuchinho, novo pregador da Casa Pontifícia, propostas na manhã desta sexta-feira, 6, ao Papa e aos seus colaboradores da Cúria Romana na Sala Paulo VI. O tema escolhido para as três reflexões é “As portas da esperança. Rumo à abertura do Ano Santo através da profecia do Natal”.

As pregações ao Papa e à Cúria terão lugar na Sala Paulo VI nas três sextas-feiras que precedem o Natal: 6, 13 e 20 de dezembro, com o novo pregador da Casa Pontifícia, Pe. Roberto ...

Abrir a porta do estupor

Depois de algumas sinceras palavras de agradecimento ao seu antecessor, padre Raniero Cantalamessa, pregador “da alegria e da luz do Evangelho” na Casa Pontifícia durante 44 anos, padre Pasolini convida a abrir “A porta do estupor”, tema escolhido para a sua primeira meditação, primeiro diante da voz dos profetas, depois à “coragem de divergir” de Isabel e, por fim, à “humildade de aderir” de Maria.

Os profetas, aqueles que “sabem compreender profundamente o significado dos acontecimentos da história”, indicam-nos, para o pregador, o desafio a ser enfrentado no tempo do Advento: “perceber a presença e a ação de Deus na história e despertar o estupor diante daquilo que Ele não só pode, mas sobretudo ainda deseja realizar em nossas vidas e na história do mundo”.

As vozes dos profetas, alertar para então abrir à esperança

Sublinhando que neste tempo a liturgia nos faz escutar muitos textos proféticos, o pregador sublinha que a sua voz nunca nos pode deixar indiferentes, porque, como afirma Jeremias, produz em nós dois efeitos: alertar para depois abrir à esperança, porque “Deus reafirma a fidelidade do seu amor e oferece ao povo uma nova oportunidade”.

A dificuldade de acreditar em novos raios de luz

São palavras que temos dificuldade em ouvir, especialmente "quando a voz de Deus procura reabrir os canais da esperança", porque "acolher boas notícias não é fácil, especialmente quando a realidade foi por muito marcada por sofrimentos, desilusões e incertezas. A tentação de acreditar que nada de novo pode acontecer muitas vezes invade nossos corações”.

No entanto, vozes como a de Isaías: “Porque eis que vou fazer obra nova, a qual já surge: não a vedes??” alcança-nos precisamente aqui, "onde somos tentados a acreditar que a realidade já não nos pode oferecer novos raios de luz". O desafio é então reavivar o “estupor” diante daquilo que Deus ainda deseja “realizar na nossa vida e na história do mundo”.

Momento da I Pregação do Advento na Sala Paulo VI (Vatican Media)

O exemplo de Isabel e Maria

Para nos preparar para a escuta destas vozes proféticas, padre Pasolini indica o exemplo de duas figuras femininas, Isabel e a Virgem Maria, nas quais se condensam as duas atitudes fundamentais para gerar em nós um dinamismo de salvação: Isabel soube dizer 'não ' à aparente continuidade das coisas e dos vínculos, enquanto em Maria de Nazaré vemos a necessidade de "saber dizer 'sim' à novidade de Deus, formulando um assentimento livre e alegre à sua vontade".

Isabel, a coragem de divergir

Na sua meditação, o pregador da Casa Pontifícia repassa a história de Isabel e do seu marido Zacarias, como descrita pelo evangelista Lucas, com o idoso sacerdote "incrédulo em acolher com confiança o anúncio de um acontecimento há muito desejado, mas talvez não considerado como possível”: o nascimento de um filho.

Por sua falta de fé, permanecerá mudo até a circuncisão de João, nome indicado pelo anjo. Quando os parentes pedem que à criança seja dado o nome do pai, Zacarias, intercede a mãe Isabel: “Não, ele se chamará João”. Zacarias, sublinha padre Pasolini, significa “Deus se lembra”, enquanto João significa “Deus usa a misericórdia”. Um nome, explica, que “desloca a atenção para o hoje”, e “sugere que a história, embora influenciada pelos seus legados, é sempre capaz de se superar e de se abrir a novas possibilidades, se houver a ação de Deus”. Zacarias escreve seu consentimento ao nome João em uma tábua e recupera a voz.

Papa Francisco presente na Sala Paulo VI para a I Pregação do Advento (Vatican Media)

Descobrir que o melhor ainda está por vir

Para o pregador, a reação de Isabel sugere “que, às vezes, é necessário interromper o fluxo das coisas para se abrir à novidade de Deus”. “Hoje, mais do que nunca, em um tempo extraordinário da história da humanidade - explica -, temos necessidade de recuperar este tipo de olhar espiritual sobre a realidade”, na qual “ao lado de graves injustiças, guerras e violências que afligem todos os cantos do mundo, emergem novas descobertas e caminhos promissores de libertação".

Concentrados como estamos no presente, de fato, "temos dificuldade em investir no futuro e tendemos a imaginar o amanhã como uma fotocópia de hoje". O 'não' de Isabel, porém, que coloca o destino de João nas mãos de Deus, "nos recorda que nada nem ninguém é condicionado apenas pela própria história e raízes, mas também continuamente recondicionado pela graça de Deus".

Dizer não ao hábito para se deixar renovar por Deus

“Há tantos não à espera de serem pronunciados – continua o pregador – não somente aqueles contra o mal explícito, mas também aqueles contra o mal sutil que é o hábito de levar as coisas adiante sem nunca ter a coragem de repensá-las seriamente e de fazê-lo juntos” . Mas para pronunciar estes “corajosos não” é preciso acreditar que “Deus age na história e que o melhor ainda está por vir”.

Maria, a humildade de aderir

Por fim, para falar da resposta de Maria ao chamado do Senhor, padre Pasolini relê o Evangelho da Anunciação, nas passagens “que podem nos ajudar a recuperar um pouco de estupor diante do mistério da Encarnação”.

Explica que em São Lucas a missão do anjo Gabriel parece ser aquela de “entrar no coração de Maria, sem de forma alguma forçar as portas da sua disponibilidade, porque o diálogo entre eles deve realizar-se em plena liberdade” e “em um clima de confiança."

À Virgem é ordenado alegrar-se, isto é, "perceber algo que já existe: o Senhor está com ela". E esta, explica o pregador, é "a graça do tempo do Advento", isto é, a de "perceber que há mais motivos para se alegrar do que aqueles para se entristecer, não porque as coisas sejam simples, mas porque o Senhor está conosco e tudo ainda pode acontecer."

Panorama de um momento da pregação (Vatican Media)

A perturbação da Virgem

Ao ouvir as palavras do anjo, porém, “Maria fica muito perturbada”. Por pelo menos dois motivos, segundo padre Pasolini. O primeiro é “que quando alguém nos demonstra o seu amor é sempre uma surpresa. O amor não é um acontecimento óbvio” e “temos necessidade de nos sentir reconhecidos e acolhidos por aquilo que somos”.

A segunda razão do temor de Maria é "porque o seu coração intui que chegou o momento de se deixar redefinir plenamente pela palavra de Deus". É como se, explica, “a palavra de Deus tivesse que ser escrita em uma folha de papel onde muitas outras declarações já se acumularam e se organizaram ao longo do tempo, deixando pouco espaço para outras afirmações”. Mas no Advento, a espera e a escuta servem-nos precisamente "para permitir que a voz de Deus entre em nós para dizer novamente o que somos e podemos ser diante da sua face".

O chamado para uma nova vida

Por fim, o chamado a uma gravidez impossível segundo critérios humanos expõe Maria ao risco de não ser compreendida por ninguém, ou mesmo de ser julgada por todos como adúltera, segundo as prescrições da Lei de Moisés.

Fora da metáfora, para padre Pasolini isto significa que “cada anúncio de Deus expõe necessariamente à morte, porque contém a promessa de uma vida plena, inteiramente oferecida a Deus e ao mundo”. E o medo “perante este tipo de responsabilidade” só pode ser superado “considerando a beleza e a grandiosidade do que nos espera”.

Mas para abrir-se a tudo isto, sublinha o pregador, “não podemos limitar-nos a dizer aqueles ‘sim’ que não nos custam nada e que nunca nos privam de nada”. Cada “decisão autêntica segundo o Evangelho”, de fato, “custa uma vida inteira e expõe-nos ao risco de perder privilégios e certezas”.

Dizer “sim” a Deus, recorda o padre Pasolini, expõe-nos ao risco de “morrer nos equilíbrios que alcançamos e nos quais tentamos permanecer”. Mas este é precisamente "o caminho que nos faz encontrar a nós mesmos".

Eis a serva do Senhor

Ao anjo a Virgem responde com o seu “santo estupor”, perguntando “como acontecerá isso, se não conheço homem?”. “Ela não quer compreender nos detalhes o plano de Deus”, mas “simplesmente torna-se partícipe dele de forma livre e consciente”.

E o anjo não lhe explica em que modo poderá gerar a carne do Filho de Deus: apenas anuncia que o Espírito Santo será o seu fiel guardião. Com o seu: “Eis a serva do Senhor: faça-se em mim segundo a tua palavra”, por fim, Maria “declara todo o seu entusiasmo pelo chamado que acaba de receber”. É como se dissesse ao anjo, explica o pregador: “O que me propuseste aceitar, na realidade, agora sou eu quem o quer e o escolhe”.

Os anúncios que recebemos na nossa vida

Não podem que acabar deste modo - para padre Pasolini -, “todos os anúncios que recebemos no caminho da vida”. Quando a luz de Deus consegue nos mostrar que dentro do medo do que nos espera está a fidelidade de uma promessa eterna, surge em nós o encanto e nos descobrimos capazes de finalmente pronunciar o nosso ‘eis-me aqui'”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Papa: volte sempre ao seu primeiro encontro com o amor de Deus

Isabella H. de Carvalho - publicado em 04/12/24

“Nada há de mais sólido, mais profundo, mais seguro, mais consistente e mais sábio” do que o anúncio de que Deus te ama, disse o Papa durante a audiência geral.

Deixar que o Espírito Santo guie nossas vidas significa “não querermos pregar a nós mesmos, mas a Jesus Senhor,” afirmou o Papa Francisco durante a audiência geral na Praça São Pedro no dia 4 de dezembro de 2024. Continuando seu ciclo de catequeses sobre o Espírito Santo, o Pontífice destacou como, para anunciar o Evangelho e a ressurreição de Cristo aos outros, é necessário sempre se inspirar no nosso primeiro encontro com o amor de Deus.

O Papa Francisco explicou que "a pregação de Jesus e, posteriormente, a dos Apóstolos, contém também todos os deveres morais que decorrem do Evangelho, desde os dez mandamentos até ao “novo” mandamento do amor. Mas se não quisermos cair no erro denunciado pelo apóstolo Paulo de colocar a lei antes da graça e as obras antes da fé, é necessário recomeçar sempre a partir do anúncio daquilo que Cristo fez por nós.”

Esse anúncio é chamado de “querigma,” ou seja, é a mensagem de que “Jesus Cristo ama-te, deu a sua vida para te salvar, e agora vive contigo todos os dias para te iluminar, fortalecer, libertar,” explica o Pontífice em sua exortação apostólica, Evangelii Gaudium, publicada em 2013.

Esse é “o anúncio principal” que os catequistas e cristãos devem sempre “voltar a ouvir de diferentes maneiras” e que devem “voltar a anunciar, duma forma ou doutra, durante a catequese, em todas as suas etapas e momentos,” explicou o Papa durante a audiência geral, enfatizando que esse anúncio é “o centro da atividade evangelizadora.” O Papa insistiu que o anúncio do amor de Deus deve ser feito falando das coisas que Ele realizou em nossas vidas.

“Nada há de mais sólido, mais profundo, mais seguro, mais consistente e mais sábio que esse anúncio,” insistiu o Pontífice.

Não colocar-se em primeiro lugar, mas deixar que o Espírito Santo opere

Dito isso, é preciso também ter cuidado para “não pregar a si mesmo,” mas deixar que seja o Espírito Santo a guiar a evangelização, ressaltou o Papa. “A pregação deve ser uma ideia, um afeto e uma proposta de ação. E não ultrapassar os 10 minutos, nunca, isso é muito importante,” explicou. E “ai de quem pregar sem rezar!” acrescentou.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2024/12/04/papa-volte-sempre-ao-seu-primeiro-encontro-com-o-amor-de-deus

Papa: a linguagem universal da caridade não precisa de tradutor, todos a entendem

Papa com os membros da Cáritas da Diocese de Toledo (Vatican Media)

Nesta quinta-feira (05/12), Francisco recebeu, no Vaticano, a Caritas diocesana de Toledo, Espanha, em audiência por ocasião do 60º aniversário da instituição. Durante o encontro, o Pontífice destacou a caridade como um motor de transformação social e um instrumento de evangelização: "Encorajo-os a seguir em frente neste esforço, aprendendo sempre de Cristo".

Thulio Fonseca - Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira, 05 de dezembro, no Vaticano, uma delegação da Caritas da Diocese de Toledo, na Espanha, por ocasião do 60º aniversário da instituição. Em seu discurso, o Pontífice destacou a importância do trabalho realizado ao longo dessas seis décadas, enfatizando o papel da caridade como motor de transformação social. Francisco sublinhou que o compromisso da Caritas vai além do auxílio concreto, assumindo o desafio de promover mudanças na sociedade por meio da difusão do espírito de caridade e justiça. 

"Através do testemunho e esforço de seus agentes, a Caritas manifesta seu compromisso com Jesus Cristo e seu Evangelho, transformando-se em exemplo não apenas de filantropia, mas de verdadeiro serviço cristão."

A linguagem da caridade

Ao recordar que "nossa fraternidade às vezes 'adormece' ou não cresce", Francisco sublinhou que é preciso fomentar uma consciência mais fraterna, para despertar e fazê-la crescer, e lembrou que a instituição se torna um "instrumento de evangelização" ao utilizar a linguagem universal das obras de caridade, compreensível por todos:

“É curioso, as obras de caridade não precisam de tradutor, não há um dicionário para traduzir, é uma linguagem universal, a linguagem universal das obras de caridade, todos a entendem.”

Formação e sinodalidade como pilares

O Papa ressaltou a importância da formação humana e espiritual para os agentes da Caritas. "É necessário enfrentar os problemas sociais, sempre em mudança, à luz da Doutrina Social da Igreja", destacando também o espírito de colaboração e sinodalidade com todas as realidades pastorais da Igreja diocesana. O Santo Padre incentivou ainda os presentes a continuarem aprendendo de Cristo por meio da oração, da leitura da Palavra, da vivência dos sacramentos e da presença de Jesus na Eucaristia e nos irmãos necessitados. "Sejam mestres da sabedoria que o mundo tanto necessita", acrescentou Francisco, ao sublinhar que hoje é impressionante a obstinação da sociedade pela compra e venda, "e os preços não são de liquidação, nem de oferta, são preços caros".

Ao concluir seu discurso, o Pontífice desejou que "Jesus, presente em cada pessoa desamparada, os abençoe e que a Virgem Maria acompanhe seu trabalho".

Papa com os membros da Cáritas da Diocese de Toledo (Vatican Media)
Papa com os membros da Cáritas da Diocese de Toledo (Vatican Media)
Papa com os membros da Cáritas da Diocese de Toledo (Vatican Media)
Papa com os membros da Cáritas da Diocese de Toledo (Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

CRISTANDADE: A oração, os milagres, a virgindade de Maria, a humanidade de Jesus (I)

O nascimento de Jesus , painel de madeira policromada da igreja de San Martino, Zillis, Suíça | 30Giorni

Arquivo 30Giorni nº. 12 - 2011

A oração, os milagres, a virgindade de Maria, a humanidade de Jesus.

Bento XVI no Advento e no Natal

Público geral

Quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Os pequenos

Perguntemo-nos agora: a quem o Filho quer revelar os mistérios de Deus? No início do hino, Jesus expressa a sua alegria porque a vontade do Pai é manter estas coisas escondidas dos instruídos e sábios e revelá-las aos pequenos (cf. Lc 10,21). Nesta expressão da sua oração, Jesus manifesta a sua comunhão com a decisão do Pai que abre os seus mistérios a quem tem um coração simples: a vontade do Filho é uma só com a do Pai.

A revelação divina não ocorre segundo a lógica terrena, segundo a qual são os homens cultos e poderosos que possuem conhecimentos importantes e os transmitem às pessoas mais simples, aos mais pequenos. Deus usou um estilo completamente diferente: os destinatários da sua comunicação eram precisamente os “pequenos”. Esta é a vontade do Pai e o Filho a partilha com alegria.

Mas o que significa “ser pequeno”, simples? Qual é a “pequenez” que abre o homem à intimidade filial com Deus e à aceitação da sua vontade? Qual deve ser a atitude básica da nossa oração? Vejamos o “Sermão da Montanha”, onde Jesus afirma: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” ( Mt 5,8). É a pureza do coração que nos permite reconhecer o rosto de Deus em Jesus Cristo; é ter um coração simples como o das crianças, sem a presunção de quem se fecha, pensando que não precisa de ninguém, nem mesmo de Deus.

No Evangelho de Mateus, depois do Hino de Júbilo, encontramos um dos apelos mais sinceros de Jesus: “Vinde a mim, todos os que estais cansados ​​e sobrecarregados, e eu vos aliviarei ( Mt 11, 28). Jesus pede-nos que nos dirijamos Àquele que é a verdadeira sabedoria, Àquele que é “manso e humilde de coração”; propõe «o seu jugo», o caminho da sabedoria do Evangelho que não é uma doutrina a aprender nem uma proposta ética, mas uma Pessoa a seguir: Ele mesmo, o Filho Unigênito em perfeita comunhão com o Pai.

Queridos irmãos e irmãs, desfrutamos por um momento da riqueza desta oração de Jesus. Também nós, com o dom do seu Espírito, podemos dirigir-nos a Deus, na oração, com a confiança dos filhos, invocando-o com o nome de Pai. , «Aba». Mas devemos ter o coração dos pequenos, dos “pobres de espírito” ( Mt 5,3), para reconhecer que não somos autossuficientes, que não podemos construir a nossa vida sozinhos, mas precisamos de Deus, precisamos de conhecê-lo, ouvi-lo, falar com ele. A oração nos abre para receber o dom de Deus, a sua sabedoria, que é o próprio Jesus, para cumprir a vontade do Pai para as nossas vidas e assim encontrar refrigério nas dificuldades do nosso caminho.

Obrigado.

Fonte: https://www.30giorni.it/

São Sabas

São Sabas (A12)
05 de dezembro
Localização: Turquia (Capadócia)
São Sabas

Sabas nasceu na Capadócia (hoje Turquia), por volta de 440. Teve uma infância difícil e, com a morte do pai, foi morar com um tio. Parece ter havido disputas familiares pela sua herança, o que o levou a procurar abrigo no convento de Flabiana, onde iniciou sua busca de vida monástica. Com 20 anos, aproximadamente, viajou para a Terra Santa, onde conheceu e entrou para o mosteiro de Santo Eutímio. A partir de então teve várias experiências nas diferentes formas de vida consagrada: eremítica, em que cada monge vivia em total solidão, cenobítica, na qual os monges viviam em celas vizinhas mas isoladas, e monástica, com a vida comunitária numa construção maior e sob a obediência a um abade.

Com o tempo, a sua santidade pessoal ganhou fama e muitos jovens quiseram tê-lo como mestre de espiritualidade. Foi assim obrigado a construir um mosteiro cada vez mais vasto, que chegou a abrigar 150 religiosos, numa região árida e deserta da estrada entre Jerusalém e Jericó.

Como ótimo organizador e sábio mestre, Sabas adquiriu grande prestígio. Quando o imperador Anastácio passou a perseguir os católicos no Oriente, ele foi, a pedido do Patriarca de Jerusalém, pedir clemência ao monarca, em Constantinopla. Foi muito bem recebido e conseguiu benevolência. De novo, já com 89 anos de idade, voltou a Constantinopla para pedir a proteção de Justiniano, sucessor de Anastácio, contra os ataques que os samaritanos faziam aos católicos da Palestina. E, novamente, obteve sucesso e foi aclamado como salvador do seu povo em Jerusalém.

Faleceu em 531, aos 93 anos, depois de ter fundado e organizado vários mosteiros, defendido a ortodoxia da fé contra as heresias da época, e ficar conhecido como protetor dos pobres e mestre de ciência e santidade.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A sabedoria de São Sabas começa pela sua fuga às heranças deste mundo, e a busca da verdadeira riqueza escondida em Cristo. Esta riqueza se mostra indiferentemente numa vida de maior solidão, de parcial sociabilidade, ou de vida comunitária, dentro ou fora dos mosteiros: para cada um Deus tem uma vocação, mas todas elas vivenciam o amor a Deus e ao próximo, na oração e no serviço. São Sabas tanto viveu isolado, como argumentou com reis; fez sempre o que Deus lhe pedia para o bem dos irmãos. Nossa vida pode também ter diferentes etapas e características, mas em todas elas o Pai está presente, nos orienta e nos ajuda.

Oração:

Deus de Amor e infinita ternura, cuja Providência conduz a história humana, concedei-nos, pela intercessão de São Sabas, fundar e sempre expandir na alma o edifício da íntima comunhão Convosco, onde possamos conhecer a Vossa vontade e vivê-la em missão de caridade aos irmãos, vencendo a aridez dos desertos desta vida. Pelas mãos de Nossa Senhora, Vossa Mãe. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

Dom Vital: Os padres da Igreja e a esperança

Dom Vital: Os padres da Igreja e a esperança | Vatican News

A esperança foi um dos temas fundamentais dos santos padres, os primeiros autores cristãos. Eles a percebiam como doutrina bíblica, sobretudo presente no Apóstolo Paulo (Rm 12,12).

Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.

A igreja iniciará o um ano jubilar ao final de dezembro de 2024 que terá como tema: Peregrinos de esperança e o seu lema: A esperança não engana (Rm 5,6). O Papa Francisco elaborou uma Bula que é um documento selado, tendo valor como lei onde o Sumo Pontífice concede indulgencia que é o perdão dos pecados, e graças seguindo as normas da Igreja que é a participação da vida da comunidade pela missa, confissão dos pecados, eucaristia, rezar pelo Papa e realizar obras de caridade[1]. A palavra esperança vem do latim; Speransa cujo significado é esperar, sentimento de expectativa confiante na realização presente[2]. A esperança é a mensagem central do ano jubilar. Ainda que as pessoas carreguem dúvidas, no entanto acreditam na esperança, no hoje da existência e no amanhã, na vida verdadeira, a eterna. O Papa Francisco solicita a toda a Igreja para que o ano jubilar seja ocasião para reanimar a esperança, deixarmo-nos guiar pela esperança em Jesus Cristo, porque a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,1-2, 5). Vejamos a seguir a esperança nos santos padres, os primeiros escritores cristãos.

A esperança nos padres da Igreja

A esperança foi um dos temas fundamentais dos santos padres, os primeiros autores cristãos. Eles a percebiam como doutrina bíblica, sobretudo presente no Apóstolo Paulo (Rm 12,12). Os padres da Igreja desenvolveram o tema da esperança segundo exigências pastorais e espirituais devido aos confrontos do cristianismo com a cultura antiga. Eles tinham presentes os Salmos e as Cartas Paulinas sobretudo a Carta aos Romanos (Rm 5-8). Havia a explicitação de que era preciso aprofundar a esperança cristã da vida além da morte, a ressurreição da carne, ponto afirmado pelos Padres como Tertuliano e Orígenes diante do confronto as vezes negado pelo paganismo, em relação à vida além da morte[3].

A consolação provinda da esperança

Santo Agostinho, bispo dos séculos IV e V em Hipona, Norte da África afirmou que o fiel, a pessoa que segue Jesus Cristo e a sua Igreja passa por muitos sofrimentos, perseguições até por viver o amor de Cristo. Existem muitas discórdias entre as pessoas, povos. No entanto a alegria é própria da pessoa cristã. A esperança é graça do Senhor na qual vive a consolação pelo dom de Deus. O amor é possível entre as pessoas na convivência, nos lares, na comunidade e no mundo. Deus caminha com as pessoas que lutam pelo bem, pela graça da esperança, para que a unidade em Cristo Jesus se realize[4].

A esperança humana em Jesus Cristo

Santo Agostinho ainda teve presentes que as tribulações vão se difundindo pelas pessoas mas Jesus vem caminhando sobre as ondas, garantindo a sua presença para as pessoas que acreditam nele num mundo melhor. Se as pessoas se espantam porque as perseguições ocorrem contra os cristãos, Jesus Cristo é a esperança pois ele caminha sobre as ondas, afastando as ambições e a soberba terrenas. Os discípulos ficaram com medo ao ver Jesus caminhando sobre as ondas do mar, mas Jesus lhes garantiu a sua presença, a esperança de uma vida melhor (cf. Mt 14,27). Jesus disse aos seus discípulos que não era para temer ninguém pois era Ele, de modo que os discípulos não teriam medo, mas a esperança de que era Ele, o Salvador da humanidade (cf. Jo 6,20)[5]

A esperança nos bens eternos

Santo Agostinho também afirmou que a família que confia em Deus, possui a esperança nos bens eternos e não naqueles que passam, pois são caducos. É claro que a família enquanto peregrina neste mundo, usa dos bens terrenos, sabendo que estes passam e é preciso que a comunidade, a Igreja não se tornem escravas dos mesmos[6], de modo que ela utiliza-se deles, como instrumento da graça e nunca como fim.

As coisas deste mundo e as do mundo futuro

São João Crisóstomo, bispo de Constantinopla, séculos IV e V, disse que a graça de Deus não tem fim, porque ela sempre alude para o melhor em relação aos seres humanos. No futuro, as coisas de Deus são dadas pelo amor dele para cada pessoa humana, porque serão concedidas em plenitude. Por isso o Apóstolo Paulo disse que nós nos gloriamos na esperança da glória de Deus ( cf. Rm 5,2) para que assim as pessoas não se apegam demais nas coisas deste mundo, esquecendo-se daquelas do futuro dadas em sua plenitude. A esperança das realidades futuras deve superar aquelas que passam, porque a glória de Deus é o seu resultado, não por obra humana, mas pela graça de Deus que age na pessoa humana[7].

E a esperança não decepciona

São João Crisóstomo disse que a esperança é reforçada pelas tribulações que as pessoas passam neste mundo devido à vida futura. São Paulo foi bem objetivo na afirmação que a esperança não decepciona (Rm 5,5), porque ela aponta para o futuro em vista das realidades eternas. O bispo disse que as pessoas que não vivem bem caem no desespero em vista do futuro, temendo o juízo, enquanto as pessoas que levam uma vida honesta, com muito amor ao próximo e a Deus não tem medo porque estão em comunhão com o Senhor e com as pessoas. Elas possuem uma grande esperança que não decepciona das verdades futuras. As pessoas passarão pela morte, mas carrega-se a esperança da ressurreição e nada haverá que faça confundir as pessoas que acreditem no Senhor, porque elas não abraçaram uma esperança transitória, mas sim a eterna. A esperança não decepciona porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações (cf. Rm 5,5), de modo que o apóstolo afirmou que não foi dado, mas ele foi derramado, indicando a iniciativa de sua divina liberalidade[8].

O dom divino

São João Crisóstomo disse também que a esperança vem por graça do Espírito Santo. Ele fez de cada um de nós, filhos e filhas de Deus, irmãos em Cristo, por graça do Espírito Santo. A caridade com o próximo aponta para a esperança de modo que somos chamados a fazer obras de caridade. O bispo convidou os fiéis para não perder a esperança porque nós temos a caridade perante o juiz, o Senhor Deus, de modo que a esperança não decepciona (Rm 5,5), não atribuindo às nossas obras, mas ao amor de Deus pelas obras de caridade, de amor[9].

Nós somos chamados a viver bem o ano jubilar pela graça da indulgência, pela esperança que vem de Deus Uno e Trino em vista da nossa salvação e da salvação do mundo inteiro. Sejamos na família, na comunidade e na sociedade pessoas de esperança. Os Padres da Igreja ressaltaram a graça da esperança em ligação ao Espírito Santo, a Jesus Cristo e ao Pai, Deus Uno e Trino.

 Notas:

[1] Cfr> https://www.vatican.va/content/francesco/pt/bulls/documents/20240509_spes non confundit - Bula de proclamação do Jubileu Ordinário do Ano 2025 (9 de maio de 2024) | Francisco

[2] Cfr. Speranza. In: Il Vocabolario TreccaniIl Conciso.  Roma, 1998, pg. 1652.

[3] Cfr. Basil Studer. Speranza. In: Nuovo Dizionario Patristico e di Antichità Cristiane, diretto da Angelo Di Berardino. Genova, Marietti, 2008, pg. 5074

[4] Cfr. Agostino. Le Lettere, II, 130,4-5 (A. Proba). In: La teologia dos pdres, volume 3, Roma, Città Nuova Editrice. 1982,  pg. 99

[5] Cfr. Agostino, Ciommento al Vangelo di San Giovanni, 25,6-7.In: Idem, pg. 100.

[6] Cfr. Agostino. La Città di Dio, 1,29. In: Idem, pg 101,

[7] Cfr. Giovanni Crisostomo. Commento alla lettera ai Romani, 10,2. In: Idem, pg. 102.

[8] Cfr. São João Crisóstomo. Comentário às Cartas de São Paulo/1. São Paulo, Paulus, pg. 169-170.

[9] Cfr. Idem, pg. 170. 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

A Estrela do Botafogo


Símbolo do Botafogo (O Curioso do Futebol) e Imaculada Conceição (Opus Dei)

A ESTRELA DO BOTAFOGO 

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

No dia 8 de dezembro, celebramos com alegria a Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, um dos títulos mais queridos e significativos da Virgem Maria, que recorda sua pureza singular e sua especial missão no plano da salvação. Para os torcedores do Botafogo, essa data assume um significado ainda mais profundo: além de ser o dia dedicado à sua padroeira, é também o aniversário da fusão, em 1942, que deu origem ao Botafogo de Futebol e Regatas. 

A Estrela Solitária, símbolo maior do escudo alvinegro, carrega em si uma profunda ligação com Nossa Senhora. Essa estrela, que guia o clube e seus torcedores, remete àquela “Estrela Luminosíssima” mencionada na devoção à Imaculada Conceição. Não se trata apenas de um emblema esportivo, mas de um sinal de esperança e de luz que inspira fé e perseverança em momentos de desafio. 

A proclamação do dogma da Imaculada Conceição, em 1854, recorda que Maria, desde o primeiro instante de sua existência, foi preservada do pecado original, como parte do grande plano de Deus para a redenção da humanidade. Esse mistério de fé nos aponta para a importância de sua intercessão nos momentos de dificuldade, algo que também esteve presente na trajetória do Botafogo em 2024. 

Na segunda-feira, 25 de novembro, torcedores se reuniram para celebrar uma Missa no Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, aos pés da imagem que abraça a cidade do Rio de Janeiro. Esse santuário, cuja história está intimamente ligada à Basílica da Imaculada Conceição, na Praia de Botafogo, tornou-se um local de renovação da fé e da esperança em um momento decisivo para o clube. 

No dia seguinte, o Botafogo retomou sua caminhada de superação e glória. Após perder a liderança do Campeonato Brasileiro na rodada anterior, o time venceu o Palmeiras por 3 a 1, em São Paulo, reassumindo o topo da tabela. Essa vitória, celebrada com fervor pelos torcedores, foi vista como resposta às orações elevadas à padroeira. 

Poucos dias depois, o Botafogo viveu um dos capítulos mais emocionantes de sua história: a final da Copa Conmebol Libertadores. Em Buenos Aires, mesmo enfrentando adversidades e jogando com um jogador a menos, o time venceu o Atlético-MG e conquistou o título inédito. Esses momentos de triunfo revelam não apenas o esforço e a dedicação humana, mas também a força que nasce da fé e da confiança na intercessão divina. 

De maneira providencial, a última rodada do Campeonato Brasileiro será disputada no dia 8 de dezembro, coincidindo com a solenidade da Imaculada Conceição. Neste mesmo dia, há 82 anos, o Botafogo renascia como um clube unificado, sob a proteção da Mãe de Deus. Hoje, com uma campanha que resgatou o orgulho alvinegro, os torcedores renovam sua gratidão e fé em Nossa Senhora da Conceição, certos de que sua luz continuará guiando o time nos desafios futuros. 

Este dia especial também nos convida a olhar para o ano de 2025, que trará a celebração de um Jubileu  na Igreja, um tempo de graça, conversão e renovação espiritual para todos os fiéis. Nesse contexto, a figura de Maria, a Mãe da Misericórdia, se torna ainda mais significativa, pois nos aponta para Cristo, fonte de toda alegria e redenção. Que esse jubileu inspire torcedores e devotos a reforçarem sua fé, sua solidariedade e seu compromisso com os valores cristãos que nos unem como irmãos e irmãs. 

A Imaculada Conceição, padroeira de tantas comunidades de fé no Brasil, é também uma inspiração de resiliência e confiança para o Botafogo e seus torcedores. Sua presença materna, simbolizada pela Estrela Solitária, nos lembra que, com fé, podemos superar até mesmo os momentos mais difíceis. 

Que o dia 8 de dezembro seja marcado por celebrações de gratidão e renovação espiritual, não apenas para o clube, mas para todos que veem em Nossa Senhora um modelo de esperança e fortaleza. Sob sua proteção, que possamos seguir nossas trajetórias, iluminando corações e fortalecendo a certeza de que, com fé, caminhamos sempre rumo à vitória final. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa: anunciar o Evangelho com humildade e oração, não pregar sobre si mesmo

Audiência Geral - 04 de dezembro de 2024 - Papa Francisco (Vatican News)

Na catequese desta quarta-feira (04/12), Francisco ressaltou a importância da obra evangelizadora do Espírito Santo e o seu papel na pregação da Igreja. "Pregação com a unção do Espírito é transmitir vida e profunda convicção, evitando o uso de meras palavras persuasivas de sabedoria”, afirmou o Pontífice.

Thulio Fonseca – Vatican News

Na Audiência Geral desta quarta-feira, 4 de dezembro, o Papa Francisco continuou sua série de catequeses sobre o Espírito Santo e a Igreja, enfocando a obra evangelizadora do Espírito Santo, ou seja, o seu papel na pregação da Igreja. Inspirado na Primeira Carta de São Pedro, o Santo Padre destacou que os apóstolos são definidos como "aqueles que vos pregaram o Evangelho da parte do Espírito Santo" (1Pd 1,12). A partir dessa definição, o Pontífice explicou os dois pilares da pregação cristã: seu conteúdo, que é o Evangelho, e o seu meio, que é o Espírito Santo.

O conteúdo da pregação deve ser o Evangelho

Francisco recordou que, no Novo Testamento, a palavra “Evangelho” possui dois significados principais. Primeiramente, refere-se à boa nova anunciada por Jesus durante sua vida terrena, conforme descrito nos quatro Evangelhos canônicos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Após a Páscoa, o termo assume uma nova conotação: a boa nova é a mensagem central sobre Jesus Cristo, especialmente o mistério pascal de sua morte e ressurreição.

Ao citar a carta de São Paulo aos Romanos, o Papa sublinhou que o Evangelho é “uma força vinda de Deus para a salvação de todo o que crê” (Rm 1,16). Contudo, alertou que a pregação não deve colocar a lei acima da graça, nem as obras acima da fé. “Devemos sempre começar pelo anúncio do que Cristo fez por nós”, explicou o Santo Padre, reiterando a importância do querigma, o primeiro anúncio que é essencial em toda renovação eclesial, conforme ensinado em sua exortação Evangelii gaudium:

"Não se deve pensar que, na catequese, o querigma é deixado de lado em favor de uma formação supostamente mais 'sólida'. Nada há de mais sólido, mais profundo, mais seguro, mais consistente e mais sábio que esse anúncio.”

Francisco durante a Audiência Geral (Vatican Media)

O Espírito Santo como meio indispensável

O Papa enfatizou também que a eficácia da pregação não se limita a palavras ou doutrinas, mas depende do Espírito Santo, e relembrou que Jesus, no início de seu ministério, proclamou: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres” (Lc 4,18). Pregação com a unção do Espírito, explicou Francisco, é transmitir vida e profunda convicção, evitando o uso de meras “palavras persuasivas de sabedoria”. Para os que se perguntam como colocar isso em prática, o Pontífice ofereceu duas orientações fundamentais. Primeiro, a oração:

"O Espírito Santo chega a quem reza, porque o Pai celeste – está escrito – 'dará o Seu Espírito aos que lhe pedirem' (Lc 11,13), sobretudo se o pedirem para anunciar o Evangelho do seu Filho! Ai de quem pregar sem rezar! Torna-se naquilo que o Apóstolo define como 'um bronze que ressoa ou um címbalo que retine' (cf. 1Cor 13,1). Portanto, a primeira coisa que depende de nós é rezar."

Não pregar a si mesmo

A segunda orientação do Santo Padre é a humildade de não pregar a si mesmo, mas a Cristo. E neste sentido, o Papa exortou, de maneira específica, os pregadores:

"Muitas vezes há essas pregações longas, de 20 minutos, 30 minutos... Mas, por favor, os pregadores devem pregar uma ideia, um sentimento e um convite a agir. Mais de 8 minutos e a pregação se perde, não se entende. (...) Por favor, a pregação deve ser uma ideia, um sentimento e uma proposta de ação. E não deve passar de 10 minutos. Nunca! Isso é muito importante."

Colaborar com as iniciativas comunitárias

Ao concluir a catequese, o Santo Padre sublinhou que não querer pregar a si mesmo implica também não dar sempre prioridade às iniciativas pastorais promovidas por nós e ligadas ao próprio nome, mas colaborar de boa vontade, se solicitado, em iniciativas comunitárias ou que nos são confiadas por obediência, e completou:

"Que o Espírito Santo nos ajude, nos acompanhe e ensine a Igreja a pregar assim o Evangelho aos homens e mulheres deste tempo!"

Francisco com os fiéis na Praça São Pedro (Vatican Media)
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF