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domingo, 8 de dezembro de 2024

Papa: Maria salva o mundo; não há salvação sem a mulher

Solenidade da Imaculada Conceição (Vatican Media)

Na missa no Vaticano com os novos cardeais, Francisco deseja que o modo como a Virgem viveu a filiação, a esponsalidade e a maternidade “nos conquiste”, porque a Imaculada não é um mito, mas um projeto bonito e concreto. Toda presunção de autossuficiência, de fato, não gera nem amor, nem felicidade: “de que adiantam os altos níveis de crescimento econômico dos países privilegiados, se metade do mundo morre de fome e de guerra, e outros ainda observam com indiferença?”

Antonella Palermo - Vatican News

Na Solenidade da Imaculada Conceição, que este ano coincide com o segundo Domingo do Advento, o Papa Francisco preside a Santa Missa na Basílica Vaticana, onde neste sábado (07/12) criou 21 cardeais, “portadores de uma única Sabedoria com muitas faces”, que neste domingo (08/12) participam da celebração de ação de graças com o Pontífice. A homilia se concentrou na beleza de Maria, “serva” não no sentido de “subjugada”, mas de “estimada”. Uma existência, a dela, a ser tomada como critério praticável de vida, no aqui e agora, capaz de fecundar com amor autêntico tanto a esfera familiar quanto as relações sociais e entre as nações.

Não há salvação sem a mulher, a Igreja é a mulher 

A contemplação da Virgem oferecida pelo Papa a torna particularmente próxima e familiar. Maria, Francisco nos lembra, teve uma infância que não é contada nos textos sagrados. E, no entanto, nesse mesmo anonimato - que nos Evangelhos dá lugar à sugestão de uma vida rica em fé, humilde e simples, toda harmonia e candura - o reflexo do amor de Deus floresce e se irradia muito além do desconhecido vilarejo de Nazaré. É “uma flor que cresceu sem ser notada”. Uma filha de “coração puro” com o “perfume da santidade”. A vida de Maria é uma doação contínua. Como esposa, é definida como “serva do Senhor”; mas aqui o Papa faz questão de esclarecer: “serva” não no sentido de “subjugada” e “humilhada”, mas de uma pessoa “confiável”, “estimada”, a quem o Senhor confia os tesouros mais preciosos e as missões mais importantes. E mais uma ênfase, acrescentada pelo Pontífice:

O Concílio diz o seguinte: Deus escolheu Maria, escolheu uma mulher como companheira para o seu projeto de salvação. Não há salvação sem a mulher, porque a Igreja também é mulher.

A Imaculada Conceição não é uma doutrina abstrata ou um ideal impossível

A maternidade de Maria, que se tornou a característica que mais interessou aos artistas na história da Igreja, sugere uma generatividade que está totalmente atenta à exaltação do outro, o Filho. Com um coração livre de pecado, dócil à ação do Espírito Santo. A fecundidade da Imaculada, observa o Papa, é bonita precisamente porque ela sabe morrer para dar vida, “em seu esquecer-se de si mesma para cuidar daqueles que, pequenos e indefesos, a Ela se agarram”. Entretanto, é uma figura que encarna uma beleza que não é muito alta, inatingível. 

A Imaculada, portanto, não é um mito, uma doutrina abstrata ou um ideal impossível: é a proposta de um bonito e concreto projeto, o modelo plenamente realizado de nossa humanidade, por meio do qual, pela graça de Deus, todos nós podemos contribuir para mudar o nosso mundo para melhor.

A beleza de Maria salva o mundo da autossuficiência

A beleza de Maria é uma beleza “que salva o mundo” e, portanto, deve nos conquistar e nos converter, espera o Sucessor de Pedro. Uma beleza em que as famílias são um espaço de verdadeira partilha e em que os pais estão “presentes em carne e osso junto dos filhos”. Se esse estilo for internalizado, poderão surgir atitudes de abertura, solidariedade, empatia e harmonia, afetando todas as áreas da vida que, com muita frequência, são condicionadas por pretensões de autossuficiência. É essa preocupação em “ser como Deus”, diz o Papa, que continua a ferir a humanidade e não gera nem amor nem felicidade.

De que serve o dinheiro se metade do mundo morre?

Ele prossegue listando uma série de situações críticas: “quem exalta como uma conquista a rejeição de qualquer vínculo estável e duradouro, concretamente não fomenta liberdade. Aqueles que não respeitam o pai e a mãe, que não querem ter filhos, que consideram os outros como um objeto ou um incômodo, que avaliam a partilha como uma perda e a solidariedade como um empobrecimento, não espalham alegria nem futuro”. Em seguida, o Pontífice faz algumas perguntas, provocações que analisam algumas contradições óbvias nas sociedades contemporâneas:

De que serve o dinheiro no banco, o conforto nos apartamentos, as falsas “amizades” do mundo virtual, se os corações permanecem frios, vazios, fechados? De que adiantam os altos níveis de crescimento econômico dos países privilegiados, se metade do mundo morre de fome e de guerra, e outros ainda observam com indiferença? De que adianta viajar pelo mundo inteiro, se cada encontro é reduzido à emoção de um momento, a uma fotografia que, em alguns dias ou meses, ninguém se lembrará mais?

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 7 de dezembro de 2024

Papa aos novos cardeais: não ceder à competição corrosiva, mas construir a unidade

Consistório para a criação dos 21 cardeais (Vatican News)

Na Basílica de São Pedro, Francisco presidiu o Consistório para a criação dos 21 cardeais: o convite é para que não se deixem deslumbrar pelo fascínio do prestígio, pela sedução do poder e da aparência. Para animar o serviço, recomenda Francisco, que seja sempre “a aventura do caminhar, a alegria de encontrar os outros, o cuidado com os mais frágeis”.

Antonella Palermo - Vatican News

É o décimo Consistório do pontificado de Francisco. Na solenidade e no calor do tempo do Advento, na Basílica de São Pedro, repleta de 5.500 fiéis, foram criados 21 cardeais. Desde o início do rito, a palavra “unidade” é recorrente. Nós a encontramos na homilia, bem como nas palavras introdutórias de homenagem e agradecimento pronunciadas pela pessoa mais idosa a receber o cardinalato, o ex-núncio apostólico Angelo Acerbi, de 99 anos, que lembra precisamente a necessidade de “caminhar juntos”, expressa no recente Sínodo, como o caminho a ser seguido. Ele falou do desejo comum de paz em um mundo desfigurado por desigualdades, guerras e pobreza, e acrescentou que a Encíclica Dilexit nos é “uma fonte de inspiração especial para o trabalho pastoral que cada um dos novos cardeais é chamado a realizar no seu próprio âmbito”. Na homilia, o Papa reiterou um dos pilares do seu magistério: não perseguir os primeiros lugares, mas cultivar a humildade e a fraternidade. 

Não se deslumbrar pela sedução do prestígio

Nosso coração é uma “miscelânea”, lembra o Papa citando Manzoni em "Os Noivos". Ele se refere à atitude dos discípulos, não imunes a cedências, fragilidades, desorientações, infidelidades, mal-entendidos. Enquanto, de fato, Jesus está em um caminho cansativo, em subida, que o levará ao Calvário, lembra Francisco, eles pensam na estrada suave, em descida, do Messias vitorioso. Esse é um dos grandes mal-entendidos do seguimento de Cristo, do qual devemos nos tornar “humildemente conscientes”. 

Isso também pode acontecer conosco: que nosso coração se perca pelo caminho, deixando-se deslumbrar pelo fascínio do prestígio, pela sedução do poder, por um entusiasmo demasiado humano pelo Senhor. Por isso é importante olhar para o nosso interior, colocar-nos humildemente diante de Deus e honestamente diante de nós mesmos, e nos perguntar: Para onde está indo o meu coração? Em que direção ele está se movendo? Talvez esteja indo na direção errada?

Retornar ao coração, a dobradiça sendo Jesus

É o “retorno ao coração” recomendado por Santo Agostinho, também citado pelo Papa. Esse retorno ao que é essencial, profundo, verdadeiramente necessário. Porque muitas vezes acontece que confundimos os planos, considerando essencial o que não é. Com uma metáfora adequada, o Pontífice se refere à imagem da “dobradiça” de uma porta: o suporte, o centro de gravidade no qual confiar a própria vida deve permanecer Cristo.

Hoje, especialmente para vós, caros irmãos que recebeis o cardinalato, eu gostaria de dizer: tende o cuidado de caminhar na estrada de Jesus. O que isso significa? Caminhar na estrada de Jesus significa, antes de tudo, voltar para Ele e recolocá-Lo no centro de tudo. Na vida espiritual, assim como na vida pastoral, às vezes corremos o risco de nos concentrarmos naquilo que é acessório, esquecendo-nos do essencial.

Caminhar pelas ruas, encontrando o próximo

O Papa continua a declinar as formas de imitar Jesus, colocando-o em seu caminho: curando as feridas do homem, aliviando os fardos de seu coração, removendo as pedras do pecado e quebrando as correntes da escravidão. O cardinalato, insiste o Sucessor de Pedro, não é o isolamento, mas a imersão contínua na vida das pessoas, em suas lutas e feridas, em seus desencantos. O próprio Pe. Mazzolari, de quem o Papa se lembra, falou da necessidade de andar pelas ruas, de uma ação livre e sem filtros: isso ainda é necessário hoje, diz Francisco. "Não esqueçamos que o cansaço estraga o coração e a água cansada é a primeira a se corromper", acrescenta o Papa.

“A aventura do caminhar, a alegria de encontrar os outros, o cuidado com os mais frágeis: isso deve animar o vosso serviço como cardeais.”

Buscar a unidade, não os primeiros lugares

No grupo de discípulos, “a traça da competição destrói a unidade”, continua o Papa. Os cardeais são convidados a não cair nessa tentação, mas a derrubar os muros da inimizade, animados por aquele ardor na busca da unidade que era tão caro a São Paulo VI. Esse é o espírito que faz a diferença, conclui ele, em um mundo marcado pela “competição corrosiva”, em uma sociedade dominada pela obsessão das aparências e pela busca dos primeiros lugares.

Portanto, lançando seu olhar sobre vocês, que vêm de diferentes histórias e culturas e representam a catolicidade da Igreja, o Senhor os chama a serem testemunhas, testemunhas da fraternidade, os chama a serem artesãos da comunhão e construtores da unidade. E essa é a missão de vocês!

Com a criação dos novos 21 cardeais, o Colégio de Cardeais agora é composto por 253 cardeais, dos quais 140 são eleitores e 113 são não eleitores. 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Ambrósio

Santo Ambrósio (Templário de Maria)
07 de dezembro
Localização: Alemanha (Trèves)
Santo Ambrósio, Bispo e doutor da Igreja (339-397)

Conselheiro e pai espiritual de três imperadores romanos, Graciano, Valentiniano II e Teodósio I, Ambrósio é o símbolo da Igreja nascente, após os sofridos anos de perseguições e vida escondida. Foi graças à sua atuação que a Igreja de Roma conseguiu tratar com o poder público sem servilismo.

Tanto que Ambrósio chegou a repreender asperamente o imperador Teodósio I, obrigando-o a fazer uma penitência pública por ter massacrado a população da Tessalônica para conter uma revolta. A sua figura representa o ideal de bispo pastor, que se deve impor como símbolo de liberdade e de pacificação para o Povo de Deus.

Nasceu em Trèves, atual Alemanha, por volta do ano 339. Era de família cristã: seu pai era alto funcionário do Império Romano, governador de uma província do outro lado dos Alpes, no norte da Itália. Quando o pai morreu, a família foi para Roma, onde Ambrósio estudou direito, retórica e iniciou sua carreira jurídica.

Certa vez, estava em Milão quando o bispo morreu. Bom jurista e funcionário imperial, procurou evitar um conflito nas novas eleições eclesiásticas com um discurso firme e muito sensato. Foi tão sereno e equilibrado que, ao final, a assembleia o aclamou o novo bispo de Milão. Muito surpreso, recusou, dizendo que essa não era a sua intenção, até porque era um pecador, e não era ainda batizado, ainda se preparava para esse sacramento. Mas não adiantou. Logo foi batizado e consagrado.

Desde então, dedicou-se com afinco ao estudo das Sagradas Escrituras. Não era intelectual, mas suas obras litúrgicas, comentários sobre as Escrituras e tratados ascético-morais o fizeram especialista da doutrina cristã e da arte de administrar a comunidade cristã a ele confiada.

A marca do seu apostolado foi impressa pela importância que deu aos valores da virgindade de Maria e dos mártires de Cristo. Considerado o pai da liturgia ambrosiana, recebeu com mérito o título de doutor da Igreja.

Os livros de sua autoria que chegaram até nós são, quase todos, a reprodução de suas pregações e sermões. Agostinho, convertido por ele e um dos seus ouvintes frequentes, conta que o prestígio dos sermões do bispo Ambrósio de Milão era enorme, graças ao eficaz tom de voz e sua eloquência com a escolha das palavras. Por isso foi chamado de ‘o apóstolo da amizade’.

Morreu em Milão, em 4 de abril de 397, uma Sexta-Feira Santa. Santo Ambrósio é venerado no dia 7 de dezembro, data em que, no ano 374, foi aclamado pela população bispo de Milão.

Texto: Paulinas Internet

Santo Ambrósio: Destemido defensor da Igreja

Aclamado pelo povo, admirado por Santo Agostinho, este “insigne pregador e piedoso Prelado” não receou enfrentar sequer o próprio Imperador.

Aclamado pelo povo, admirado por Santo Agostinho, este “insigne pregador e piedoso Prelado” não receou enfrentar sequer o próprio Imperador.

Luiz Francisco Beccari

De importante família romana, Ambrósio nasceu em 340, na Gália, da qual seu pai era governador. Ainda jovem, viu sua irmã, Santa Marcelina, beijar a mão de um Bispo e deu-lhe a sua a beijar, dizendo: “Também eu serei Bispo um dia”.

Estudou direito e retórica em Roma, e fez brilhante carreira: Advogado Consular, Conselheiro do Imperador e Governador das províncias de Emília e Ligúria, com sede em Milão.

Uma singular eleição

No ano 374, morreu o Bispo dessa cidade. Para eleger seu sucessor, a população se dividiu em dois partidos.

Santo Ambrósio (Arautos do Evangelho)

Os católicos queriam eleger um homem fiel ao Papa, os arianos propugnavam por um sequaz de Ario. A exaltação dos ânimos ameaçava degenerar em guerra civil. O Governador Ambrósio viu-se obrigado a intervir para manter a ordem.

Dispôs suas tropas na praça e fez cessar o tumulto. Em seguida, acompanhado de uma escolta, entrou na Catedral para garantir o bom andamento da eleição. Graças à sua eficaz ação, logo se acalmaram os ânimos exaltados.

Então ele postou-se em lugar bem visível a todos os presentes, com olhar vigilante sobre a assembleia. Nesse momento, ouviram-se uns brados partidos do fundo do grandioso templo: – Ambrosius episcopus! (Ambrósio seja o Bispo!) Como surgiu essa surpreendente aclamação? Um menino, tão novo que ainda não sabia falar, foi quem deu o primeiro brado. Altamente admirada de ver o filho pronunciar suas primeiras palavras – e que palavras! – a mãe fez coro com ele, e logo se lhes juntaram outras vozes. Em pouco tempo, todos na Catedral, inclusive os arianos, bradavam em uníssono: – Ambrosius episcopus! Ambrosius episcopus! – Sou um pecador! Sou um pecador! – replicava o Governador.
– Não importa, não importa! Invocamos sobre nós os teus pecados! – gritava o povo, a uma só voz.

Ante essa inesperada manifestação, aquela autoridade do maior império do mundo não encontrou outra saída senão o recurso dos indefesos: fugiu e foi esconder-se no sítio de um amigo.  Os cristãos milaneses não desistiram.

Enviaram uma delegação para relatar a Valentiniano I o que havia acontecido e rogar-lhe autorização para o Governador Ambrósio ser sagrado Bispo.

O Imperador consentiu, reconhecendo no eleito um verdadeiro “enviado de Deus”. À vista disso, o amigo de Ambrósio indicou o lugar onde ele se encontrava. Reconduzido a Milão, o Santo acabou por reconhecer naqueles acontecimentos a vontade de Deus.

De catecúmeno a Bispo, em oito dias

O Bispo recém-eleito tinha 34 anos de idade e pertencia a uma família cristã, mas era apenas catecúmeno.

Foi batizado, recebeu a ordenação sacerdotal logo em seguida e, oito dias depois, foi sagrado Bispo, a 7 de dezembro de 374. O clero e fiéis de todo o Império acolheram com indizível júbilo a notícia dessa prodigiosa intervenção divina.

Não é difícil, sob impulso do Espírito Santo, ordenar um Bispo apenas oito dias após seu Batismo. Mas como, num curto tempo, transformar em pastor de almas um homem que, uma semana antes, era ainda catecúmeno? Pergunta interessante para se ver como a graça divina, quando bem correspondida, opera maravilhas.

Ambrósio era rico, mas não apegado à riqueza deste mundo. Doou para a Igreja as terras que herdara. Quanto aos outros bens, distribuiu parte aos pobres, dando à Igreja o restante. Altos cargos no governo imperial, posição social brilhante, vida familiar – tudo isto ele sacrificou para se ocupar somente do serviço de Deus.

Assim desembaraçado de qualquer preocupação terrena, o novo Bispo aplicou-se ao estudo das Sagradas Escrituras e dos autores eclesiásticos, sobretudo São Basílio. À medida que estudava, fazia pregações. Apenas três anos haviam decorrido, e já ele inaugurava – com a publicação dos livros “As Virgens” e “As viúvas” – a prodigiosa atividade de escritor que lhe valeu os títulos de Doutor e Padre da Igreja. Em breve tempo, ele brilhava no mundo cristão como o campeão da luta contra o arianismo, muito forte naquela época, e os restos do antigo paganismo. Triunfou sobre ambos, impondo silêncio à heresia e conquistando a Itália inteira para a Fé Católica.

Tinha sempre presente sua alta responsabilidade na escolha dos candidatos ao sacerdócio. Por seu espírito de vigilância nesta matéria, adquiriu uma aguda capacidade de discernir quem estava apto ou não a ser admitido à recepção da sagrada Ordem. Por exemplo, pelo simples modo de andar, ele podia recusar um pretendente, pois dizia estar persuadido de que os movimentos desregrados do corpo são efeito do desregramento da alma.

Confronto com o Imperador

Teodósio I, o Grande, ascendeu ao trono imperial em 379.

No ano seguinte, declarou o Cristianismo religião do Estado e proibiu os cultos pagãos. Entretanto, embora muito amigos, não deixou de haver certas divergências entre o Bispo e o Imperador, um propugnando pela inteira independência da Igreja, outro, pela do Estado.

Durante uma rebelião no ano 390, foi assassinado em Tessalônica o comandante militar local. Por excitação de um camareiro intrigante, Teodósio decretou terrível vingança contra os habitantes dessa cidade. Sem distinguir inocentes de culpados, sem mesmo tomar em consideração idade e sexo, as tropas imperiais massacraram sete mil pessoas.

Um clamor de indignação ressoou por todo o Império. Não podendo calar- se ante essa atrocidade criminosa, o Bispo – com solicitude de amigo e respeito de súdito, mas também com firmeza de representante de Deus – admoestou o Soberano de que nenhum sacerdote de sua Diocese lhe daria a absolvição. E, recordando-lhe o exemplo do Rei Davi, o exortou a fazer sincera penitência.

Como para mostrar que ninguém tinha direito de vituperar-lhe o procedimento, o Imperador se dirigiu à igreja com grande aparato, segundo o costume.

À porta do recinto sagrado, Ambrósio barrou-lhe a entrada: “Vejo que por desgraça, ó Imperador, não medes a gravidade do fato sanguinário ordenado por ti (…) Não acrescentes um novo crime ao que já te pesa. Retira-te e submete-te à penitência que Deus te impõe. Já que imitaste David no crime, imita-o também na penitência!” Com lágrimas nos olhos, o Imperador retirou-se. Oito meses se passaram sem ele se apresentar na igreja, nem o Bispo no palácio.

Por fim, porém, a Fé triunfou sobre o orgulho. Na manhã do dia de Natal, banhado em lágrimas, o Imperador disse a seu camareiro: “Não sentes minha desdita? A Igreja de Deus está aberta até para os escravos e mendigos; porém, para o Imperador está fechada e com ela a porta do Céu, pois Cristo disse: ‘O que atares na terra será atado no Céu'”.

Decidido a obter o perdão de Deus, dirigiu-se à igreja, onde o esperava Santo Ambrósio, de pé no alto da escadaria.

– Aqui estou, livra-me do meu pecado – rogou.

– Onde está tua penitência? – perguntou o Santo.

– Suplico-te que me livres desta pena, em consideração da clemência de nossa Mãe a Igreja. Não me feches a porta, dize-me o que hei de fazer.

A decisão de Ambrósio mostra o incansável esforço da Santa Igreja para abrandar os costumes pagãos. Exigiu de Teodósio a promulgação de uma lei determinando que as sentenças de morte e de confisco não seriam executadas antes de 30 dias, e deveriam ser reapresentadas ao Imperador para sua confirmação.

Teodósio fez escrever e assinou imediatamente o decreto. Ato contínuo, recebeu a absolvição.

“Agradavam-lhe mais as repreensões que as adulações”

Despojando-se dos ornamentos imperiais, Teodósio entrou na igreja e, prostrado no chão, recitou o salmo de Davi: “Minha alma está atada à terra; dai-me, Senhor, a vida, segundo a vossa palavra!” Assim orando, arrancava os cabelos, inundava de lágrimas o pavimento e implorava, cheio de dor: “Misericórdia, ó Senhor, misericórdia!” A cena não podia ser mais grandiosa.

Diante de tanta humildade, o povo suplicava e chorava com o Imperador.

Cinco anos depois, chegado o momento de comparecer perante o Tribunal de Deus, Teodósio clamou pela presença de seu amigo Ambrósio, de cujas mãos recebeu os últimos Sacramentos antes de falecer.

Em sua célebre oração fúnebre, testemunhou o santo Bispo a respeito dele: “Eu amava este varão, porque lhe agradavam mais as repreensões que as adulações. Como Imperador, não se envergonhou da penitência pública, e depois chorou seu pecado todos os dias que lhe restaram”.

A conversão de Santo Agostinho

Era tal o poder de irradiação do Bispo Ambrósio, que a rainha dos marcomanos (povo antigo da Germânia), chamada Fretigila, apenas por ter ouvido um cristão falar a respeito de sua ciência e santidade, acreditou em Jesus Cristo e enviou embaixadores a Milão, rogando ao Santo que lhe informasse por escrito o que devia crer.

Uma dama de alta estirpe insistiu com o Santo para ir celebrar Missa em sua casa. Uma mulher paralítica fez-se transportar até lá, tocou na veste episcopal e, instantaneamente curada, levantou-se e se pôs a andar, na presença de todos.

Outros milagres operou nosso Santo, ainda em vida. Porém, a mais preciosa pedra de sua coroa de glória é a conversão de Santo Agostinho, um dos homens mais inteligentes e cultos de todos os tempos, coluna da Santa Igreja.

Com cerca de 30 anos, o futuro Bispo de Hipona foi levado por Santa Mônica a relacionar-se com Santo Ambrósio. De início hostil à Fé Católica, por causa de más influências dos maniqueus, Agostinho era, entretanto, admirador da cultura e da suave eloquência do Bispo de Milão. Gostava não somente de ouvir seus sermões, mas também de passar horas inteiras em seu gabinete, em silêncio, vendo esse homem de Deus trabalhar ou estudar.

Não sem grande dose de sagacidade, Ambrósio desfez na mente de seu ouvinte os maléficos sofismas da seita maniqueísta. Quem lê as Confissões, é levado a conjeturar que o grande pregador adaptava suas palavras às dúvidas de Agostinho, quando notava sua presença na igreja. Este narra, inclusive, que ele “muitas vezes, vendo-me quando pregava, prorrompia em louvores a ela [Santa Mônica] e me chamava ditoso por ser filho de tal mãe”.

Convertido, Santo Agostinho não esconde seu entusiasmo por Santo Ambrósio. “Insigne pregador e piedoso Prelado”, homem cujas palavras eram “fonte de água que corria para a vida eterna”, “santo Bispo” – são expressões usadas por ele ao referir-se àquele que o batizou na vigília da Páscoa de 387.

Em resumo, ele considerava Santo Ambrósio o arquétipo do Bispo católico. Opinião confirmada pelo Missal Romano, onde se lê que ele “representa a figura ideal do Bispo”. Onde encontrar testemunho mais elogioso, mais credenciado e mais insuspeito?

A recompensa

Em 4 de abril de 397, o Divino Redentor chamou seu servo para receber no Céu a recompensa por sua vida de fidelidade e combates em defesa da Fé. No início desse ano, antes de ser atingido pela mortal doença, predisse que tinha pouco tempo de permanência neste mundo, pois viveria só até a Páscoa.

Estando já prostrado no leito de morte, alguns diáconos conversavam no fundo do aposento, levantando hipóteses sobre quem seria seu sucessor.

Um deles mencionou o nome de Simpliciano.

Não se sabe como, o Santo ouviu e aprovou: “É muito velho, mas é ótimo!” Pouco depois disto, enquanto ele rezava em voz baixa, apareceu-lhe Jesus Cristo com o rosto belíssimo. Após cinco horas de oração com os braços em forma de cruz, Santo Honorato, Bispo de Arles, foi chamado para dar-lhe o viático. Logo que o recebeu, entregou sua alma a Deus.

(Revista Arautos do Evangelho, Dez/2004, n. 36, p. 34 a 37)

Fonte: https://templariodemaria.com/

Notre-Dame de Paris, onde as pedras falam da beleza da fé

Notre-Dame de Paris (Vatican News)

A reabertura no dia 7 de dezembro já faz parte da história centenária da catedral parisiense. Para além da solenidade das cerimônias inaugurais que a Igreja de Paris deseja necessariamente que sejam humildes e radiantes, a restauração material permite-nos regressar à essência de Notre-Dame: à sua natureza, à sua identidade, à sua forma de existir. O filósofo das religiões Roger Pouivet: “A restauração religiosa é central”.

https://youtu.be/isdfBNWKM4k

Delphine Allaire - Città del Vaticano

“Uma verdadeira ação de graças e um ato de fé. Não olhe apenas para as pedras magníficas. Não se esqueça que este é um presente de Deus e um presente para Deus. Assim, dom Laurent Ulrich, arcebispo de Paris, comentou à Rádio Vaticano o trabalho de restauração e reconstrução da emblemática catedral de Paris, poucas semanas antes da sua reabertura.

Notre-Dame de Paris (Vatican News)

No limiar deste momento, a reflexão filosófica sobre a identidade da catedral, no necessário entrelaçamento entre cultura e patrimônio, essencial ao seu renascimento cinco anos após a tragédia do incêndio, o que permitiu a verdadeira proeza material, técnica e artística de reabrir em cinco anos a centenária catedral e realçar uma catedral de fé, vocação original e perpétua deste lugar onde cada pedra tem uma alma.

A Rádio Vaticano conversou com o filósofo e pensador Roger Pouivet, professor emérito da Universidade de Lorena, autor em março de 2022 da obra «Du mode d'existence de Notre-Dame. Philosophie de l’art, religion et restauration» (“Sobre o modo de existência de Notre-Dame. Filosofia da arte, religião e restauração”), publicado pela Editions du Cerf. Ele foi o editor francês do European Journal for Philosophy of Religion.

Conseguir manter a essência espiritual de um lugar, por meio de um sábio diálogo entre fé e arquitetura, é um desafio recorrente nos processos de restauração do patrimônio?

Uma obra de arte como Notre-Dame é caracterizada por aquilo que significa. A inteligibilidade da fé, isto é, o que podemos compreender da fé cristã, está em jogo numa visita à catedral. Para que Notre-Dame seja sempre a mesma, o visitante deve ser confrontado com o mesmo significado e a mesma espiritualidade. Uma restauração física bem feita permite isso, mas não é suficiente. Deve haver uma certa ideia do que veremos, um discurso adequado e adaptado sobre o que vemos e o que é. Fazer com que Notre-Dame funcione como o objeto que é, um lugar que pretende fazer-nos compreender algo da fé através da sua própria forma, das estátuas, das pinturas e dos vitrais que contém. Além de uma restauração material, é uma verdadeira questão ontológica.

Como conseguir conjugar a quantidade certa de patrimônio, necessário e desejável, sem que este dilua a existência espiritual do lugar?

É muito difícil, porque você tem que fazer tudo de uma vez. Por um lado, a restauração de Notre-Dame é a de uma Meca do turismo internacional parisiense, uma espécie de patrimônio nacional com o qual a França e os franceses se identificam. Mas tudo isto é um pouco externo ao que é Notre-Dame, ou melhor, é algo que se acrescenta e pode impedir que Notre-Dame seja sempre o que é, ou seja, uma catedral de fé. É necessário que se possa fazer a restauração de um monumento nacional, mas sem transformar a catedral num fac-símile ou num monumento de turismo internacional. Este é o risco de restauração, mas neste caso é amplamente evitado. Não foi uma conclusão precipitada e podemos esperar que, uma vez passadas as grandes cerimônias, teremos mais uma vez a Notre-Dame, que é algo diferente de um monumento, um elemento de patrimônio ou um objeto turístico.

Esta emoção, que diz respeito apenas ao patrimônio artístico, e o espírito de comunhão que dele derivou nos últimos cinco anos, testemunham, na sua opinião, o sinal de unidade e de união que a catedral encarna?

É claro que o entusiasmo em torno de Notre-Dame e a emoção real e internacional sentida por aqueles que a viram queimar são uma prova de algo. É natural dar grande importância à conclusão desta restauração e ao seu sucesso do ponto de vista da história da arte e do trabalho de restauração. Mas existe sempre o risco de que a restauração transforme uma catedral em um monumento. Devemos, portanto, insistir também na dimensão estritamente religiosa, na alma do prédio. Notre-Dame é diferente do Louvre e do Palácio de Versalhes.

Como podemos ver a restauração à luz de uma retomada espiritual? Muitas pessoas veem o incêndio, a restauração e a reabertura como um sinal inegável de fé. Como esta visão pode ser realizada e como pode ser perpetuada espiritualmente?

Devemos enfatizar o que Notre-Dame significa e o que a faz funcionar do ponto de vista estético. Não é simplesmente uma obra arquitetônica de sucesso, mas tem um significado religioso que os seus visitantes devem compreender. Deve ser também, de certo modo, a restauração da fé e da vida cristã. É uma arquitetura que só pode continuar a ser o que é em uma condição estritamente religiosa e até teológica.

“Notre-Dame é uma espécie de somatório teológico arquitetônico, sob a forma de um prédio. É feito de pedras em vez de palavras latinas.”

Qual é a condição teológica de Notre-Dame?

Do ponto de vista teológico, a catedral é de considerável importância. Um historiador de arte alemão do início do século XX, Erwin Panofsky, um eminente iconologista, escreveu um livro intitulado “Arquitetura Gótica e Pensamento Escolástico”. Nele ele fala de Notre-Dame e demonstra que as grandes catedrais góticas têm a mesma função do pensamento escolástico, ou seja, a forma como a teologia, a partir dos séculos XI e XII e durante dois ou três séculos subsequentes, foi constituída através da Summa e, por exemplo, a Summa Theologica de São Tomás. Num certo sentido, Notre-Dame é uma espécie de summa teológica arquitetônica em forma de prédio. É feita de pedra e não de palavras latinas. Não se dirige exatamente da mesma forma a quem o visita e a quem lê a Summa Theologica, mas tem a mesma função de tornar a fé inteligível. Esse recurso deve retornar com a restauração. A restauração de Notre-Dame será um momento importante para a fé.

Como podemos explicar a transcendência muitas vezes emanada das pedras?

A elevação espiritual não pode ser desvinculada da vida material. Ela adquire significado, para nós, nas coisas materiais. Quase poderíamos fazer uma analogia com alguém como São Tomás sobre o que somos e a catedral: somos seres materiais, mas temos algo que é razão e que é espiritual, mas que não é redutível à matéria. A catedral é uma coisa física e material, e para restaurá-la, o que temos que fazer é cortar novamente as pedras, é um assunto material, mas há algo mais a fazer reaparecer: esta espiritualidade verdadeiramente humana. Os seres humanos são corpos, mas são corpos que têm uma alma e uma alma racional, uma alma que é espiritual. A catedral funciona exatamente como um ser humano, ao mesmo tempo uma coisa material que morre, e depois como um ser que não é completamente redutível ou que não é inteiramente redutível à sua matéria. De certa forma, poderíamos dizer que Notre-Dame também tem uma alma imortal, mas que devemos conseguir fazê-la reaparecer através da restauração material.

E a evangelização por meio da beleza? A beleza da catedral pode tocar também os corações fechados à fé?

Podemos esperar que a apreciação estética de Notre-Dame seja ou possa ser a fonte de uma elevação para uma beleza espiritual e não simplesmente material. Este é o mais difícil. Evitar que Notre-Dame seja reduzida ao que podem ter sido outros monumentos arquitetônicos como as pirâmides ou o Partenon, lugares altos do turismo internacional onde o essencial se perdeu. Tudo o que resta é um testemunho de algo em que as pessoas outrora acreditaram e que levou à construção de monumentos estética e arquitetonicamente impressionantes. Existe o risco de que Notre-Dame se torne simplesmente depois da sua restauração, e já era um pouco antes, simplesmente um desses pontos altos do turismo internacional. Como podemos torná-la diferente? Restaurar a sua dimensão espiritual, ou seja, fazer com que tenha um significado para quem nele entra e algo mais do que uma simples visita durante as férias entre o Louvre e o Palácio de Versalhes. Notre-Dame é um importante lugar de fé. Nada de tudo isto depende das cerimônias de inauguração deste fim de semana. Não se trate deste momento, mas sim da forma como esta catedral restaurada continuará a ter uma verdadeira função religiosa ou se se tornará cada vez mais um monumento ou uma atração turística. Sob esta ótica, o dia 8 de dezembro não é tão decisivo como os anos vindouros. Para saber se a restauração foi bem sucedida, temos agora de esperar 50 anos. Teremos que esperar para descobrir o que acontecerá com a Notre-Dame depois que a restauração física  for realizada.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

São Nicolau

São Nicolau (A12)

06 de dezembro

Localização: Turquia

São Nicolau

Nicolau nasceu de pais ricos e piedosos, por volta do ano 275, na Lícia, atual Turquia. Sacerdote da diocese de Mitra, dedicou-se à evangelização e conversão dos pagãos, num período de perseguição religiosa.

Extremamente caridoso, distribuiu sua herança aos pobres. Eleito bispo de Mira, foi preso na perseguição de Dioclesiano, por volta de 310; antes de ser condenado à morte, publicou-se o Edito de Milão (313), que concedia a liberdade religiosa, o que lhe salvou a vida. Participou do Concílio de Nicéia, em 235, ocasião onde Constantino Magno, imperador de Roma, ajoelhou-se para beijar as cicatrizes de Nicolau e outros varões torturados na última perseguição. Nicolau recebeu de Deus o poder dos milagres, especialmente em favor dos doentes.

Sua extraordinária caridade, porém, é que o tornou um dos santos mais conhecidos e amados, no Oriente e no Ocidente. Um caso particular ilustra mais a sua fama: sabendo que um pai pobre tencionava entregar suas três filhas à prostituição, por não ter como pagar o dote dos seus casamentos, Nicolau jogou pela janela da casa três bolsas com o dinheiro necessário. Este fato, e a tradição que menciona suas doações, sempre anônimas, de moedas de ouro, comida e roupas para os pobres e viúvas, e presentes para as crianças, deu origem à lenda natalina de “Papai Noel”.

Nicolau é padroeiro da Rússia e outros lugares, bem como dos marinheiros e moças solteiras. Antes da revolução comunista, muitos czares adotaram o seu nome, e em Bári, Itália, onde estão seus restos mortais (para lá transladados pela ameaça muçulmana de profanação do seu túmulo), havia hospedaria exclusiva para os peregrinos russos que iam venerar suas relíquias.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

É motivo de alegria que a caridade de tão grande Santo seja a base de uma figura simpática como Papai Noel, mas nem por isso devemos deixar que a fantasia moderna, cada vez mais desvirtuada pelo interesse material, relegue a segundo plano o verdadeiro valor do amor desinteressado ao próximo. Devemos associar ao Natal a maior das caridades, a Encarnação de Jesus, para a nossa salvação; e comemorá-la com o presente do amor ao próximo, que não se manifesta principalmente em presentes materiais (embora estes não sejam, claro, condenáveis), mas na doação de nós mesmos. A demasiada preocupação, que pode chegar à ideia de “obrigação”, de presentes materiais no Natal afastam nosso coração da contemplação do nascimento de Cristo, este sim o presente máximo que Deus nos dá e que devemos repassar aos irmãos.

Oração:

Ó Jesus, que quisestes assumir a nossa natureza humana como meio de Redenção, concedei-nos, por intercessão de São Nicolau, a caridade operosa aos necessitados, e a defesa da pureza e virgindade. Que não seja em vão para as almas a grandeza do Vosso amor, que nos enriquece com o Vosso rebaixamento à condição de criatura, para elevar o servo à condição de Filho. Pelas mãos amorosas de Nossa Senhora e São José. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

A sinodalidade impulsiona a missão da Igreja sob a orientação do Espírito Santo

Por uma Igreja sinodal (CNBB Oeste 1)

A SINODALIDADE IMPULSIONA A MISSÃO DA IGREJA SOB A ORIENTAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO 

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

O Documento Final da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos lança a todos os batizados um chamado à missão (Doc. Final, 57-67; 75-87; 140-153). “Evangelizar é ‘a missão essencial da Igreja […] é a graça e a vocação próprias da Igreja, sua identidade profunda’ (EN 14)” (Doc. Final, 32). 

O processo sinodal revelou que todos os batizados, independentemente de seu estado de vida ou função, são chamados a ser protagonistas da missão evangelizadora (Doc. Final, 57-59). “A sinodalidade não é um fim em si mesma, mas visa à missão que Cristo confiou à Igreja no Espírito” (Doc. Final, 32). Intimamente conectadas, a missão ilumina a sinodalidade, enquanto esta, por sua vez, conduz à missão. “Na Igreja sinodal, toda a comunidade, na livre e rica diversidade de seus membros, é convocada a orar, ouvir, analisar, dialogar, discernir e aconselhar na tomada de decisões” (CTI, nº 68) para a missão (Doc. Final, 87). 

Como instrumento de renovação contínua, a sinodalidade permite que a Igreja responda ao seu chamado missionário, escutando os clamores dos pobres, promovendo a inclusão e anunciando o Evangelho com alegria e autenticidade. Não sendo um fim em si, a sinodalidade estimula o compromisso de “sair ao encontro das periferias existenciais”, marcadas pela pobreza, exclusão, injustiça e falta de sentido. Esse movimento, além de ser um ato de amor ao próximo, transforma a Igreja em um sinal de unidade e esperança para toda a humanidade. 

A missão não é exclusiva do clero, mas um empreendimento coletivo enriquecido pelos dons e carismas de todos os fiéis. “Os Padres da Igreja refletem sobre a natureza comunitária da missão do Povo de Deus por meio de um tríplice nihil sine: ‘nada sem o bispo’ (Santo Inácio de Antioquia, Carta aos Trallesianos, 2.2), ‘nada sem o conselho dos presbíteros, nada sem o consentimento do Povo’ (São Cipriano de Cartago, Carta 14.4). Quando essa lógica do nihil sine é quebrada, a identidade da Igreja é obscurecida e sua missão é inibida” (Doc. Final, 88). 

Por ser uma obra coletiva, a missão exige a valorização do papel dos leigos, o protagonismo das mulheres e a inclusão de jovens e grupos marginalizados como agentes essenciais na vida eclesial. Para que a missão alcance sua eficácia plena, é indispensável uma verdadeira conversão relacional dentro da Igreja. Isso requer a promoção de relações baseadas no diálogo, na escuta e no respeito mútuo (Doc. Final, 50-54). Além disso, a missão convoca à superação de divisões internas e à erradicação de atitudes clericais que comprometem a sinodalidade e dificultam a participação plena de todos os fiéis. 

A renovação missionária da Igreja exige discernimento, mudanças estruturais e uma formação contínua de discípulos missionários, capacitados a testemunhar o Evangelho. Por sua vez, o discernimento comunitário, que valoriza todas as vozes, é um elemento essencial para concretizar a missão de maneira viva e eficaz. Por isso, o Documento Final enfatiza a necessidade de reformar os conselhos, assembleias e outros órgãos participativos, tornando-os mais eficazes, transparentes e comprometidos com a missão (Doc. Final, 103-108). Isso reflete o esforço para alinhar as práticas pastorais com as demandas contemporâneas e criar um ambiente verdadeiramente sinodal e missionário. 

Longe de ser uma escolha opcional, a missão é uma resposta imprescindível ao Evangelho e aos desafios do tempo presente. Essa tarefa demanda conversão, coragem e corresponsabilidade de todos os batizados, permitindo que o Espírito Santo continue a guiar a Igreja em sua vocação. Dessa forma, a missão torna-se uma expressão prática, viva e concreta de uma Igreja sinodal no coração do mundo. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Primeira Pregação do Advento 2024

1ª Pregação do Advento 2024 - 06/12/2024 - Vatican Media)

Na manhã desta sexta-feira, teve lugar na Sala Paulo VI a primeira de três meditações do Advento ao Papa e à Cúria a cargo do novo pregador da Casa Pontifícia, sobre o tema “A porta do estupor”. A escuta das vozes dos profetas e o exemplo de Maria e Isabel, para reconhecer “aquelas sementes do Evangelho” já presentes na realidade e para levar esperança ao mundo.

https://youtu.be/fs9wNQcwZLg

Alessandro Di Bussolo e Isabella Piro – Cidade do Vaticano

O estupor perante a novidade de Deus, perante o mistério da Encarnação é “o primeiro movimento do coração a despertar” para encaminhar-nos rumo ao Nascimento do Senhor “e atravessar a porta do Jubileu com viva esperança”.

Estupor como aquele de Maria, após o anúncio do anjo Gabriel, que “se deixa atrair com extrema naturalidade” pelo desígnio de Deus e quer “tornar-se dele participante livre e consciente”. Para fazer isso, porém, é necessário primeiro desfazer a rigidez do coração, dizendo “não” a tudo o que leva ao risco de nos fechar e de nos oprimir: o medo, a resignação, o cinismo. Somente assim “saberemos olhar tudo com novos olhos, reconhecendo aquelas sementes do Evangelho já presentes na realidade”, prontos para levar ao mundo a esperança de Deus.

Palavras da primeira meditação de Advento do padre Roberto Pasolini, franciscano capuchinho, novo pregador da Casa Pontifícia, propostas na manhã desta sexta-feira, 6, ao Papa e aos seus colaboradores da Cúria Romana na Sala Paulo VI. O tema escolhido para as três reflexões é “As portas da esperança. Rumo à abertura do Ano Santo através da profecia do Natal”.

As pregações ao Papa e à Cúria terão lugar na Sala Paulo VI nas três sextas-feiras que precedem o Natal: 6, 13 e 20 de dezembro, com o novo pregador da Casa Pontifícia, Pe. Roberto ...

Abrir a porta do estupor

Depois de algumas sinceras palavras de agradecimento ao seu antecessor, padre Raniero Cantalamessa, pregador “da alegria e da luz do Evangelho” na Casa Pontifícia durante 44 anos, padre Pasolini convida a abrir “A porta do estupor”, tema escolhido para a sua primeira meditação, primeiro diante da voz dos profetas, depois à “coragem de divergir” de Isabel e, por fim, à “humildade de aderir” de Maria.

Os profetas, aqueles que “sabem compreender profundamente o significado dos acontecimentos da história”, indicam-nos, para o pregador, o desafio a ser enfrentado no tempo do Advento: “perceber a presença e a ação de Deus na história e despertar o estupor diante daquilo que Ele não só pode, mas sobretudo ainda deseja realizar em nossas vidas e na história do mundo”.

As vozes dos profetas, alertar para então abrir à esperança

Sublinhando que neste tempo a liturgia nos faz escutar muitos textos proféticos, o pregador sublinha que a sua voz nunca nos pode deixar indiferentes, porque, como afirma Jeremias, produz em nós dois efeitos: alertar para depois abrir à esperança, porque “Deus reafirma a fidelidade do seu amor e oferece ao povo uma nova oportunidade”.

A dificuldade de acreditar em novos raios de luz

São palavras que temos dificuldade em ouvir, especialmente "quando a voz de Deus procura reabrir os canais da esperança", porque "acolher boas notícias não é fácil, especialmente quando a realidade foi por muito marcada por sofrimentos, desilusões e incertezas. A tentação de acreditar que nada de novo pode acontecer muitas vezes invade nossos corações”.

No entanto, vozes como a de Isaías: “Porque eis que vou fazer obra nova, a qual já surge: não a vedes??” alcança-nos precisamente aqui, "onde somos tentados a acreditar que a realidade já não nos pode oferecer novos raios de luz". O desafio é então reavivar o “estupor” diante daquilo que Deus ainda deseja “realizar na nossa vida e na história do mundo”.

Momento da I Pregação do Advento na Sala Paulo VI (Vatican Media)

O exemplo de Isabel e Maria

Para nos preparar para a escuta destas vozes proféticas, padre Pasolini indica o exemplo de duas figuras femininas, Isabel e a Virgem Maria, nas quais se condensam as duas atitudes fundamentais para gerar em nós um dinamismo de salvação: Isabel soube dizer 'não ' à aparente continuidade das coisas e dos vínculos, enquanto em Maria de Nazaré vemos a necessidade de "saber dizer 'sim' à novidade de Deus, formulando um assentimento livre e alegre à sua vontade".

Isabel, a coragem de divergir

Na sua meditação, o pregador da Casa Pontifícia repassa a história de Isabel e do seu marido Zacarias, como descrita pelo evangelista Lucas, com o idoso sacerdote "incrédulo em acolher com confiança o anúncio de um acontecimento há muito desejado, mas talvez não considerado como possível”: o nascimento de um filho.

Por sua falta de fé, permanecerá mudo até a circuncisão de João, nome indicado pelo anjo. Quando os parentes pedem que à criança seja dado o nome do pai, Zacarias, intercede a mãe Isabel: “Não, ele se chamará João”. Zacarias, sublinha padre Pasolini, significa “Deus se lembra”, enquanto João significa “Deus usa a misericórdia”. Um nome, explica, que “desloca a atenção para o hoje”, e “sugere que a história, embora influenciada pelos seus legados, é sempre capaz de se superar e de se abrir a novas possibilidades, se houver a ação de Deus”. Zacarias escreve seu consentimento ao nome João em uma tábua e recupera a voz.

Papa Francisco presente na Sala Paulo VI para a I Pregação do Advento (Vatican Media)

Descobrir que o melhor ainda está por vir

Para o pregador, a reação de Isabel sugere “que, às vezes, é necessário interromper o fluxo das coisas para se abrir à novidade de Deus”. “Hoje, mais do que nunca, em um tempo extraordinário da história da humanidade - explica -, temos necessidade de recuperar este tipo de olhar espiritual sobre a realidade”, na qual “ao lado de graves injustiças, guerras e violências que afligem todos os cantos do mundo, emergem novas descobertas e caminhos promissores de libertação".

Concentrados como estamos no presente, de fato, "temos dificuldade em investir no futuro e tendemos a imaginar o amanhã como uma fotocópia de hoje". O 'não' de Isabel, porém, que coloca o destino de João nas mãos de Deus, "nos recorda que nada nem ninguém é condicionado apenas pela própria história e raízes, mas também continuamente recondicionado pela graça de Deus".

Dizer não ao hábito para se deixar renovar por Deus

“Há tantos não à espera de serem pronunciados – continua o pregador – não somente aqueles contra o mal explícito, mas também aqueles contra o mal sutil que é o hábito de levar as coisas adiante sem nunca ter a coragem de repensá-las seriamente e de fazê-lo juntos” . Mas para pronunciar estes “corajosos não” é preciso acreditar que “Deus age na história e que o melhor ainda está por vir”.

Maria, a humildade de aderir

Por fim, para falar da resposta de Maria ao chamado do Senhor, padre Pasolini relê o Evangelho da Anunciação, nas passagens “que podem nos ajudar a recuperar um pouco de estupor diante do mistério da Encarnação”.

Explica que em São Lucas a missão do anjo Gabriel parece ser aquela de “entrar no coração de Maria, sem de forma alguma forçar as portas da sua disponibilidade, porque o diálogo entre eles deve realizar-se em plena liberdade” e “em um clima de confiança."

À Virgem é ordenado alegrar-se, isto é, "perceber algo que já existe: o Senhor está com ela". E esta, explica o pregador, é "a graça do tempo do Advento", isto é, a de "perceber que há mais motivos para se alegrar do que aqueles para se entristecer, não porque as coisas sejam simples, mas porque o Senhor está conosco e tudo ainda pode acontecer."

Panorama de um momento da pregação (Vatican Media)

A perturbação da Virgem

Ao ouvir as palavras do anjo, porém, “Maria fica muito perturbada”. Por pelo menos dois motivos, segundo padre Pasolini. O primeiro é “que quando alguém nos demonstra o seu amor é sempre uma surpresa. O amor não é um acontecimento óbvio” e “temos necessidade de nos sentir reconhecidos e acolhidos por aquilo que somos”.

A segunda razão do temor de Maria é "porque o seu coração intui que chegou o momento de se deixar redefinir plenamente pela palavra de Deus". É como se, explica, “a palavra de Deus tivesse que ser escrita em uma folha de papel onde muitas outras declarações já se acumularam e se organizaram ao longo do tempo, deixando pouco espaço para outras afirmações”. Mas no Advento, a espera e a escuta servem-nos precisamente "para permitir que a voz de Deus entre em nós para dizer novamente o que somos e podemos ser diante da sua face".

O chamado para uma nova vida

Por fim, o chamado a uma gravidez impossível segundo critérios humanos expõe Maria ao risco de não ser compreendida por ninguém, ou mesmo de ser julgada por todos como adúltera, segundo as prescrições da Lei de Moisés.

Fora da metáfora, para padre Pasolini isto significa que “cada anúncio de Deus expõe necessariamente à morte, porque contém a promessa de uma vida plena, inteiramente oferecida a Deus e ao mundo”. E o medo “perante este tipo de responsabilidade” só pode ser superado “considerando a beleza e a grandiosidade do que nos espera”.

Mas para abrir-se a tudo isto, sublinha o pregador, “não podemos limitar-nos a dizer aqueles ‘sim’ que não nos custam nada e que nunca nos privam de nada”. Cada “decisão autêntica segundo o Evangelho”, de fato, “custa uma vida inteira e expõe-nos ao risco de perder privilégios e certezas”.

Dizer “sim” a Deus, recorda o padre Pasolini, expõe-nos ao risco de “morrer nos equilíbrios que alcançamos e nos quais tentamos permanecer”. Mas este é precisamente "o caminho que nos faz encontrar a nós mesmos".

Eis a serva do Senhor

Ao anjo a Virgem responde com o seu “santo estupor”, perguntando “como acontecerá isso, se não conheço homem?”. “Ela não quer compreender nos detalhes o plano de Deus”, mas “simplesmente torna-se partícipe dele de forma livre e consciente”.

E o anjo não lhe explica em que modo poderá gerar a carne do Filho de Deus: apenas anuncia que o Espírito Santo será o seu fiel guardião. Com o seu: “Eis a serva do Senhor: faça-se em mim segundo a tua palavra”, por fim, Maria “declara todo o seu entusiasmo pelo chamado que acaba de receber”. É como se dissesse ao anjo, explica o pregador: “O que me propuseste aceitar, na realidade, agora sou eu quem o quer e o escolhe”.

Os anúncios que recebemos na nossa vida

Não podem que acabar deste modo - para padre Pasolini -, “todos os anúncios que recebemos no caminho da vida”. Quando a luz de Deus consegue nos mostrar que dentro do medo do que nos espera está a fidelidade de uma promessa eterna, surge em nós o encanto e nos descobrimos capazes de finalmente pronunciar o nosso ‘eis-me aqui'”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Papa: volte sempre ao seu primeiro encontro com o amor de Deus

Isabella H. de Carvalho - publicado em 04/12/24

“Nada há de mais sólido, mais profundo, mais seguro, mais consistente e mais sábio” do que o anúncio de que Deus te ama, disse o Papa durante a audiência geral.

Deixar que o Espírito Santo guie nossas vidas significa “não querermos pregar a nós mesmos, mas a Jesus Senhor,” afirmou o Papa Francisco durante a audiência geral na Praça São Pedro no dia 4 de dezembro de 2024. Continuando seu ciclo de catequeses sobre o Espírito Santo, o Pontífice destacou como, para anunciar o Evangelho e a ressurreição de Cristo aos outros, é necessário sempre se inspirar no nosso primeiro encontro com o amor de Deus.

O Papa Francisco explicou que "a pregação de Jesus e, posteriormente, a dos Apóstolos, contém também todos os deveres morais que decorrem do Evangelho, desde os dez mandamentos até ao “novo” mandamento do amor. Mas se não quisermos cair no erro denunciado pelo apóstolo Paulo de colocar a lei antes da graça e as obras antes da fé, é necessário recomeçar sempre a partir do anúncio daquilo que Cristo fez por nós.”

Esse anúncio é chamado de “querigma,” ou seja, é a mensagem de que “Jesus Cristo ama-te, deu a sua vida para te salvar, e agora vive contigo todos os dias para te iluminar, fortalecer, libertar,” explica o Pontífice em sua exortação apostólica, Evangelii Gaudium, publicada em 2013.

Esse é “o anúncio principal” que os catequistas e cristãos devem sempre “voltar a ouvir de diferentes maneiras” e que devem “voltar a anunciar, duma forma ou doutra, durante a catequese, em todas as suas etapas e momentos,” explicou o Papa durante a audiência geral, enfatizando que esse anúncio é “o centro da atividade evangelizadora.” O Papa insistiu que o anúncio do amor de Deus deve ser feito falando das coisas que Ele realizou em nossas vidas.

“Nada há de mais sólido, mais profundo, mais seguro, mais consistente e mais sábio que esse anúncio,” insistiu o Pontífice.

Não colocar-se em primeiro lugar, mas deixar que o Espírito Santo opere

Dito isso, é preciso também ter cuidado para “não pregar a si mesmo,” mas deixar que seja o Espírito Santo a guiar a evangelização, ressaltou o Papa. “A pregação deve ser uma ideia, um afeto e uma proposta de ação. E não ultrapassar os 10 minutos, nunca, isso é muito importante,” explicou. E “ai de quem pregar sem rezar!” acrescentou.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2024/12/04/papa-volte-sempre-ao-seu-primeiro-encontro-com-o-amor-de-deus

Papa: a linguagem universal da caridade não precisa de tradutor, todos a entendem

Papa com os membros da Cáritas da Diocese de Toledo (Vatican Media)

Nesta quinta-feira (05/12), Francisco recebeu, no Vaticano, a Caritas diocesana de Toledo, Espanha, em audiência por ocasião do 60º aniversário da instituição. Durante o encontro, o Pontífice destacou a caridade como um motor de transformação social e um instrumento de evangelização: "Encorajo-os a seguir em frente neste esforço, aprendendo sempre de Cristo".

Thulio Fonseca - Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira, 05 de dezembro, no Vaticano, uma delegação da Caritas da Diocese de Toledo, na Espanha, por ocasião do 60º aniversário da instituição. Em seu discurso, o Pontífice destacou a importância do trabalho realizado ao longo dessas seis décadas, enfatizando o papel da caridade como motor de transformação social. Francisco sublinhou que o compromisso da Caritas vai além do auxílio concreto, assumindo o desafio de promover mudanças na sociedade por meio da difusão do espírito de caridade e justiça. 

"Através do testemunho e esforço de seus agentes, a Caritas manifesta seu compromisso com Jesus Cristo e seu Evangelho, transformando-se em exemplo não apenas de filantropia, mas de verdadeiro serviço cristão."

A linguagem da caridade

Ao recordar que "nossa fraternidade às vezes 'adormece' ou não cresce", Francisco sublinhou que é preciso fomentar uma consciência mais fraterna, para despertar e fazê-la crescer, e lembrou que a instituição se torna um "instrumento de evangelização" ao utilizar a linguagem universal das obras de caridade, compreensível por todos:

“É curioso, as obras de caridade não precisam de tradutor, não há um dicionário para traduzir, é uma linguagem universal, a linguagem universal das obras de caridade, todos a entendem.”

Formação e sinodalidade como pilares

O Papa ressaltou a importância da formação humana e espiritual para os agentes da Caritas. "É necessário enfrentar os problemas sociais, sempre em mudança, à luz da Doutrina Social da Igreja", destacando também o espírito de colaboração e sinodalidade com todas as realidades pastorais da Igreja diocesana. O Santo Padre incentivou ainda os presentes a continuarem aprendendo de Cristo por meio da oração, da leitura da Palavra, da vivência dos sacramentos e da presença de Jesus na Eucaristia e nos irmãos necessitados. "Sejam mestres da sabedoria que o mundo tanto necessita", acrescentou Francisco, ao sublinhar que hoje é impressionante a obstinação da sociedade pela compra e venda, "e os preços não são de liquidação, nem de oferta, são preços caros".

Ao concluir seu discurso, o Pontífice desejou que "Jesus, presente em cada pessoa desamparada, os abençoe e que a Virgem Maria acompanhe seu trabalho".

Papa com os membros da Cáritas da Diocese de Toledo (Vatican Media)
Papa com os membros da Cáritas da Diocese de Toledo (Vatican Media)
Papa com os membros da Cáritas da Diocese de Toledo (Vatican Media)
Papa com os membros da Cáritas da Diocese de Toledo (Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

CRISTANDADE: A oração, os milagres, a virgindade de Maria, a humanidade de Jesus (I)

O nascimento de Jesus , painel de madeira policromada da igreja de San Martino, Zillis, Suíça | 30Giorni

Arquivo 30Giorni nº. 12 - 2011

A oração, os milagres, a virgindade de Maria, a humanidade de Jesus.

Bento XVI no Advento e no Natal

Público geral

Quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Os pequenos

Perguntemo-nos agora: a quem o Filho quer revelar os mistérios de Deus? No início do hino, Jesus expressa a sua alegria porque a vontade do Pai é manter estas coisas escondidas dos instruídos e sábios e revelá-las aos pequenos (cf. Lc 10,21). Nesta expressão da sua oração, Jesus manifesta a sua comunhão com a decisão do Pai que abre os seus mistérios a quem tem um coração simples: a vontade do Filho é uma só com a do Pai.

A revelação divina não ocorre segundo a lógica terrena, segundo a qual são os homens cultos e poderosos que possuem conhecimentos importantes e os transmitem às pessoas mais simples, aos mais pequenos. Deus usou um estilo completamente diferente: os destinatários da sua comunicação eram precisamente os “pequenos”. Esta é a vontade do Pai e o Filho a partilha com alegria.

Mas o que significa “ser pequeno”, simples? Qual é a “pequenez” que abre o homem à intimidade filial com Deus e à aceitação da sua vontade? Qual deve ser a atitude básica da nossa oração? Vejamos o “Sermão da Montanha”, onde Jesus afirma: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” ( Mt 5,8). É a pureza do coração que nos permite reconhecer o rosto de Deus em Jesus Cristo; é ter um coração simples como o das crianças, sem a presunção de quem se fecha, pensando que não precisa de ninguém, nem mesmo de Deus.

No Evangelho de Mateus, depois do Hino de Júbilo, encontramos um dos apelos mais sinceros de Jesus: “Vinde a mim, todos os que estais cansados ​​e sobrecarregados, e eu vos aliviarei ( Mt 11, 28). Jesus pede-nos que nos dirijamos Àquele que é a verdadeira sabedoria, Àquele que é “manso e humilde de coração”; propõe «o seu jugo», o caminho da sabedoria do Evangelho que não é uma doutrina a aprender nem uma proposta ética, mas uma Pessoa a seguir: Ele mesmo, o Filho Unigênito em perfeita comunhão com o Pai.

Queridos irmãos e irmãs, desfrutamos por um momento da riqueza desta oração de Jesus. Também nós, com o dom do seu Espírito, podemos dirigir-nos a Deus, na oração, com a confiança dos filhos, invocando-o com o nome de Pai. , «Aba». Mas devemos ter o coração dos pequenos, dos “pobres de espírito” ( Mt 5,3), para reconhecer que não somos autossuficientes, que não podemos construir a nossa vida sozinhos, mas precisamos de Deus, precisamos de conhecê-lo, ouvi-lo, falar com ele. A oração nos abre para receber o dom de Deus, a sua sabedoria, que é o próprio Jesus, para cumprir a vontade do Pai para as nossas vidas e assim encontrar refrigério nas dificuldades do nosso caminho.

Obrigado.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF