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sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Santa Luzia

Santa Luzia (A12)
13 de dezembro
Localização: Itália (Sicília)
Santa Luzia

Os poucos dados históricos indicam que Luzia nasceu em Siracusa, ilha da Sicília, Itália. Sua família, nobre e rica, a educou na Fé, e cedo fez ela o voto de virgindade perpétua a Deus. Tendo ficado órfã de pai, sua mãe desejou que se casasse com um jovem de distinta família, mas pagão; Luzia pediu-lhe tempo para amadurecer sua resolução de castidade.

Neste período, a mãe ficou doente, sem esperança de recuperação, e Luzia propôs que peregrinassem à cidade de Catânia, ao túmulo de Santa Águeda, já então famosa pelos milagres concedidos. Ali foi a mãe curada, e depois disso Luzia se recusou definitivamente a casar. O noivo, revoltado, a denunciou ao governador Pascácio, por não ter cumprido a palavra e por ser cristã.

No julgamento a quiseram forçar a sacrificar aos deuses, e a ameaçaram, entre outras coisas, de colocá-la num prostíbulo. Como ela não cedesse, foi cruelmente torturada e por fim decapitada, a 13 de dezembro de 303.

Santa Luzia é considerada protetora das doenças dos olhos, o que parece ser devido ao fato de que a palavra Luzia, em Latim, está associada à luz, que é percebida pelos olhos.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Chama a atenção o fato de quatro virgens, Santas Inês, Cecília, Águeda e Luzia, tivessem o privilégio de um ofício litúrgico próprio, e serem mencionadas, até hoje, no cânon da santa Missa. Todas elas foram muito veneradas na antiguidade. A pureza, de corpo e espírito, é de sumo agrado de Deus, e nos inícios do Cristianismo, em meio ao mundo pagão que desprezava a virgindade, quis a Trindade exaltar particularmente aqueles que se Lhe dedicaram de corpo e alma. São um exemplo que sempre será atual, não por acaso também nestes nossos dias, onde a sensualidade é exacerbada e leva tantos ao pecado. Não é possível querer agradar a Deus e ao mundo: ou seguimos os Mandamentos de Deus, que de fato levam à felicidade verdadeira, ou ficaremos corrompidos pelos prazeres ilegítimos, que por fim só trazem infelicidades e, pior, podem efetivamente levar as almas para o inferno.

Oração:

Deus de amor e bondade, concedei-nos, por intercessão de Vossa queridíssima filha Santa Luzia, a graça de nunca perder de vista os Vossos ensinamentos, para que, levando uma vida conforme a luz da Vossa sabedoria e vontade, cheguemos a Vos ver face a face no Paraíso que não tem fim. Por intercessão da sempre Virgem Maria, Vossa Mãe, e do castíssimo São José, Seu esposo. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Papa: o mistério guadalupano se resume no manto, na rosa e no índio. "O resto é ideologia"

Papa saúda fiéis ao final da celebração (Vatican News)

Como é tradição em 12 de dezembro, na Basílica Vaticana o Santo Padre preside à missa no dia de Nossa Senhora de Guadalupe. Em sua homilia, se concentrou no essencial dessa devoção mariana: o manto, a rosa e o índio. "O resto é ideologia."

Vatican News

Na memória litúrgica de Nossa Senhora de Guadalupe, o Papa presidiu à santa missa na Basílica de São Pedro. Concelebram com o Santo Padre centenas de sacerdotes latino-americanos, na presença de quatro mil fiéis.

A homilia foi pronunciada sem um texto prévio preparado e Francisco propôs à reflexão três elementos que acompanham a devoção guadalupana: o manto, a rosa e o índio.

“Tudo o que é dito sobre o mistério de Guadalupe além disso é uma mentira, é querer usá-lo para ideologias. O mistério guadalupano é para venerá-La e sentir em nossos ouvidos: "Acaso não estou aqui, que sou sua mãe?" E ouvir isso nos momentos da vida, nos vários momentos difíceis da vida, nos momentos felizes da vida, nos momentos cotidianos da vida... "Não tenha medo, acaso não estou aqui, que sou sua Mãe?" E esta é toda a mensagem guadalupana. O resto é ideologia.”

O Pontífice recorda que a maternidade de Maria está gravada nesse simples manto, que em espanhol chamam de "tilma": "A maternidade de Maria é mostrada na beleza das rosas que o índio encontra e leva, e a maternidade de Maria opera o milagre de levar a fé aos corações um tanto incrédulos dos prelados".  

O convite do Papa é fazer da pergunta de Maria ao índio Juan Diego uma "cantiga", uma voz repetitiva que nos diz: "Não tenham medo, acaso não estou aqui, que sou sua Mãe? Que assim seja". 

Na Solenidade da Padroeira das Américas, as cores e os cantos de Tepeyac tomam a Basílica de São Pedro, criando uma especial atmosfera, animada pelo coral dos Colégios mexicano e pio-latino. 

Ao lado do altar, foi posicionada a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, diante da qual o Santo Padre se deteve em oração ao final da missa.

Momento da celebração litúrgica (Vatican News)
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Os segredos ocultos na Imagem de Nossa Senhora de Guadalupe

Nossa Senhora de Guadalupe (Templário de Maria)

Os segredos ocultos na Imagem de Nossa Senhora de Guadalupe

É impossível, cientificamente, que sejam olhos pintados: são olhos vivos!

Todo ano, no dia 12 de dezembro, a Igreja Católica celebra a festa de Nossa Senhora de Guadalupe. Nesse dia em 1531, a Virgem Maria apareceu a um indígena de 57 anos chamado Juan Diego. A história da “tilma” em que a imagem da Virgem apareceu é conhecida, o que ainda é desconhecido para a ciência é como ela foi feita.

Em um de seus encontros, a Virgem Maria pediu a Juan Diego que recolhesse na “tilma” dele –um tecido muito singelo – rosas de Castilla que tinham florescido, apesar do inverno, para que as apresentasse ao arcebispo do México, dom Juan de Zumárraga, como prova das aparições.

Quando Juan Diego desdobrou a “tilma” com as rosas diante do bispo, sobre ela estava impressa a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe. Nos sete anos seguintes, mais de 9 milhões de astecas se converteram ao cristianismo. Juan Diego foi proclamado santo por são João Paulo II em 2002, na sua última visita ao México.

Um dos maiores milagres de Nossa Senhora de Guadalupe é a sua própria imagem, projetada sobre um tecido feito de cacto que não costuma durar mais de 20 anos. No entanto, o manto com a imagem milagrosa da Mãe de Deus existe há quase cinco séculos sem que os peritos em pintura e química tenham encontrado nele qualquer sinal de corrupção! Além de ter passado intacto por um período de 16 anos em que permaneceu sem proteção nenhuma, o tecido foi “vítima” de um grave acidente em 1971: alguns peritos deixaram cair ácido nítrico sobre toda a imagem. Nem sequer a força desse ácido altamente corrosivo, porém, conseguiu danificá-la.

A vasta quantidade de estudos científicos realizados com a imagem aponta que a Virgem de Guadalupe não foi pintada sobre o pobre tecido: ela está, de algum modo, estampada “acima” do tecido, como que “flutuando” ligeiramente sobre ele, sem tocá-lo!

Quanto à imagem propriamente dita de Maria, que é representada grávida, há nela toda uma miríade de elementos inexplicáveis. Vamos destacar aqui apenas seus olhos.

Nossa Senhora de Guadalupe (Templário de Maria)

A seguir, alguns fatos realmente impressionantes sobre a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe que ainda intrigam a ciência:

1. Ela possui qualidades que são impossíveis de replicar humanamente

Feita principalmente de fibras de cacto, a “tilma” era tipicamente de muito baixa qualidade e tinha uma superfície áspera, tornando-a muito difícil de usar, ainda mais para pintar sobre ela uma imagem que perdurasse. Entretanto, a imagem ainda se conserva intacta e os cientistas que a estudaram insistem que não se utilizou nenhuma técnica para adequar a superfície.

A superfície onde a imagem está “estampada”, no entanto, é muito suave, assemelhando-se à seda. A parte onde a imagem não está segue sendo áspera e tosca.

Mais ainda. Os peritos em fotografia infravermelha que estudaram a “tilma” no final da década de 1970 determinaram que não havia traços de pincel, dando como resultado uma imagem que foi plasmada toda ao mesmo tempo.

Isto, junto com uma qualidade iridescente de mudar ligeiramente de cores dependendo do ângulo que uma pessoa a veja e o fato de que a coloração da imagem não demonstra elementos animais ou minerais (os corantes sintéticos não existiam em 1531), o que gera ainda mais perguntas aparentemente impossíveis de responder. Isso é impressionante.

2. A ciência demonstrou que não se trata de uma pintura

Uma das primeiras coisas que dizem os céticos sobre a imagem é que de alguma forma houve uma fraude e que a imagem foi pintada com uma técnica conhecida naquela época, mas desconhecida hoje em dia. O fato é que há séculos ninguém conseguiu replicar uma imagem com as propriedades deste manto, começando pelo fato de que perdure tanto tempo, quase 500 anos, sem descolorir.

Miguel Cabrera, artista do século XVIII que produziu três das melhores cópias já conhecidas (uma para o arcebispo, uma para o Papa e uma para ele para futuras réplicas), escreveu certa vez sobre a enorme dificuldade de recriar a imagem mesmo sobre as melhores superfícies. Outro fato que impressiona.

3. O manto mostrou características surpreendentemente parecidas com as de um corpo humano

Em 1979, quando o Dr. Phillip Callahan, um biofísico da Universidade da Flórida (Estados Unidos), estava analisando a “tilma” usando tecnologia infravermelha, descobriu que a malha mantém uma temperatura constante de entre 36,6 e 37 graus Celsius, a temperatura normal de uma pessoa viva.

Quando o Dr. Carlos Fernández de Castillo, médico mexicano, examinou o tecido, encontrou uma flor de quatro pétalas sobre o ventre da Maria. Os astecas chamavam a flor de “Nahui Ollin” e era o símbolo do sol e da plenitude.

Depois de mais exames, o Dr. Fernández de Castillo concluiu que as dimensões do corpo de Nossa Senhora na imagem eram os de uma mãe por dar à luz em pouquíssimo tempo. E como se sabe, 12 de dezembro, dia da aparição está muito perto do Natal.

Finalmente, uma das atribuições mais comuns e descobertas reportadas estão dentro dos olhos da Virgem na imagem.

O Dr. José Alte Tonsmann, um oftalmologista peruano, estudou os olhos da imagem da Virgem com uma magnificação de 2.500 vezes e foi capaz de identificar até 13 indivíduos em ambos os olhos em diferentes proporções, exatamente como um olho humano refletiria uma imagem. Leia mais detalhes no vídeo no final da matéria.

Parecia ser uma captura do momento exato em que Juan Diego desdobrou a “tilma” perante o Arcebispo Zumárraga. Isso é surpreendente.

Nossa Senhora de Guadalupe (Templário de Maria)

4. Parece ser virtualmente indestrutível

Dois eventos ameaçaram o manto através dos séculos. Um deles ocorreu em 1785 e o outro em 1921.

Em 1785, um trabalhador estava limpando a proteção de vidro quando acidentalmente derramou solvente de ácido nítrico sobre uma grande parte da imagem. A imagem e o resto do manto deveria ser quase instantaneamente corroído pelo ácido, mas não foi assim. A imagem “autorrestaurou-se” após 30 dias e permanece intacta até hoje, com apenas pequenas manchas e em lugares onde a imagem não está plasmada.

Em 1921, um ativista anticlerical escondeu 29 cargas de dinamite em um vaso de rosas e o pôs diante da imagem dentro da Basílica de Guadalupe.

Quando a bomba explodiu, quase tudo, desde o piso até o genuflexório de mármore voou pelos ares. A destruição alcançou inclusive as janelas a 150 metros de distância e os candelabros de metal que estavam ao lado da Virgem ficaram retorcidos pela força do impacto.

Entretanto a imagem e o vidro ao seu redor, que não era a prova de bala, permaneceram totalmente intactos. Um pesado crucifixo de bronze, que terminou completamente dobrado para trás, evidencia a força das dinamites que deveriam ter estilhaçado o vidro e repartido o manto por completo.

Outros detalhes do manto ainda chamam a atenção de cientistas e fiéis como os seguintes:

O cabelo solto da Virgem, símbolo asteca para a virgindade.

As mãos, uma mais morena e a outra mais branca, mostram a união de duas raças.

As 46 estrelas do manto mostram exatamente as constelações vistas no céu daquela noite em 1531.

Os raios, que simbolizavam para os astecas o brilho do sol, a maior divindade desta cultura, os quais se intensificam no ventre da imagem, onde Maria carrega o menino.

A lua sob seus pés, que além de evocar a imagem do Apocalipse da Mulher vestida de sol com a lua sob seus pés, evoca o próprio nome do México, que em língua asteca significa “centro da lua”.

Finalmente, o anjo representado com asas de pássaros típicos daquela região do México simboliza a junção entre a terra e o céu.

5. Os olhos milagrosos da Virgem de Guadalupe

Assim como a figura das pessoas com as quais falamos se reflete em nossos olhos, estão refletidos nos olhos de Nossa Senhora as figuras do índio Juan Diego, do bispo da Cidade do México e do intérprete entre eles. Cientistas dos Estados Unidos estudaram as imagens refletidas e concluíram que as figuras não são pintadas, mas gravadas nos olhos de uma pessoa viva.

O diminuto tamanho das córneas na imagem, de cerca de 7mm a 8mm, descartam a possibilidade de pintura. Além disso, o rudimentar tecido de fibras do cacto maguey apresenta poros e falhas na costura que são maiores que as próprias córneas da imagem. Nem mesmo a tecnologia de hoje permite reproduzir tamanha riqueza de detalhes sobre um tecido tão inadequado.

Olhos milagrosos da Virgem de Guadalupe (Templário de Maria)

Os estudos dos olhos da Virgem de Guadalupe levaram à descoberta de 13 pequenas imagens. Mas as surpresas vão além. 1 milímetro da imagem foi ampliado 2.500 vezes e descobriu-se que, num dos seus pontinhos microscópicos, pode-se ver a pupila do bispo dom Zumárraga, que aparece por inteiro na pupila de Nossa Senhora. Acontece que, também na pupila do bispo, está refletida a imagem de Juan Diego mostrando o poncho com a imagem da Virgem de Guadalupe.

A imagem de Juan Diego, portanto, aparece duas vezes: uma nos olhos da Virgem e outra nos olhos do bispo, que, por sua vez, está refletido nos olhos da Virgem.

O papa Bento XIV, em 1754, declarou sobre a imagem: “Tudo nela é milagroso: uma imagem que provém de flores colhidas num terreno totalmente estéril, no qual só podem crescer espinheiros… Uma imagem estampada numa tela tão rala que, através dela, podem-se ver o povo e a nave da Igreja… Deus não agiu assim com nenhuma outra nação”.

Nesse vídeo podemos conhecer melhor algumas descobertas feitas por cientistas, a respeito das imagens encontradas nos olhos da Virgem de Guadalupe. O vídeo aborda uma nova descoberta, bastante atual para o tempo que vivemos de perseguição às famílias.

Fonte: https://templariodemaria.com/os-segredos-ocultos-na-imagem-de-nossa-senhora-de-guadalupe/

Sínodo e cultura digital

Igreja Sinodal: mundo digital, lugar para a missão (Vatican News)

SÍNODO E CULTURA DIGITAL

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

O “Documento Final da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos” trouxe reflexões significativas sobre a sinodalidade e seus desdobramentos na cultura digital. Os parágrafos 113 a 115 do referido Documento abordam diretamente os impactos da cultura digital na vida da Igreja e na proclamação do Evangelho. 

Conforme o “Documento Final”, a cultura digital não é apenas uma ferramenta de comunicação, mas um ambiente no qual relações humanas, valores e práticas sociais estão sendo constantemente remodelados. A Internet redefine a forma como nos conectamos, provocando em nós, ao mesmo tempo, uma sensação de proximidade e, paradoxalmente, solidão e exclusão. Nesse contexto, a Igreja é chamada a compreender essa nova realidade e a responder de maneira pastoral e missionária. 

Entre os desafios da cultura digital destacam-se: a) isolamento e exclusão digital: apesar da ampla conectividade proporcionada pelas tecnologias digitais, muitos ainda enfrentam formas de exclusão social e digital, agravando desigualdades já existentes; b) distorção de valores: a predominância de determinadas informações e narrativas nas plataformas digitais pode reforçar divisões sociais, preconceitos, disseminar desinformação e discurso de ódio, além de acirrar polarizações; c) superficialidade relacional: relações mediadas digitalmente embora conectem as pessoas, frequentemente carecem da profundidade e da autenticidade necessárias para o aperfeiçoamento moral e a construção de laços humanos e espirituais significativos. 

Entretanto, jamais podemos esquecer que a cultura digital também apresenta oportunidades valiosas, tais como: a) conexão global: a possibilidade de criar redes de solidariedade e comunhão que superam barreiras geográficas e culturais, fortalecendo vínculos entre diferentes comunidades; b) ampliação da missão: o ambiente digital apresenta-se como um novo espaço para a evangelização, onde o Evangelho pode ser proclamado de maneira criativa, acessível e envolvente; c) diálogo e inclusão: o ambiente digital pode permitir acolher uma diversidade de vozes, promovendo um testemunho concreto de unidade na diversidade e uma maior abertura ao encontro com o outro. 

O Sínodo reconhece que as comunidades digitais podem ser espaços de encontro, pertencimento e partilha de fé. Essas comunidades, quando estruturadas segundo valores cristãos, têm o potencial de se tornarem verdadeiros lares espirituais, promovendo a integração de pessoas muitas vezes marginalizadas. Por isso, a Igreja, como “lar acolhedor”, é chamada a transformar a rede digital em um lugar de comunhão sacramental e missionária, onde as relações humanas sejam reconfiguradas à luz do Evangelho. 

O modelo sinodal da Igreja, que enfatiza a comunhão, participação e missão, encontra um terreno fértil nas redes digitais. A sinodalidade pode se expressar por meio de fóruns, grupos de discussão e plataformas de colaboração que incentivam a corresponsabilidade e a partilha de dons entre os fiéis. Na “teia de relações” proporcionada pela cultura digital, a Igreja é convidada a articular sua sacramentalidade, tornando-se um testemunho visível de unidade e fraternidade no ambiente digital. 

A XVI Assembleia Sinodal convida a Igreja a discernir como viver sua missão no novo “continente digital”, transformando os desafios da cultura digital em oportunidades de evangelização. Esse compromisso profético requer coragem, criatividade e fidelidade ao Evangelho. A sinodalidade deve ser mais do que um caminho de renovação espiritual e pastoral; ela também pode ser uma resposta concreta aos desafios da cultura digital. Dessa forma, a Igreja é chamada a ser um sinal visível de esperança e inclusão no mundo conectado, irradiando o amor de Cristo de maneira consistente e eficaz por todos os meios disponíveis. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O perene presépio do Sacrário (II)

Menino Jesus e Maria (Opus Dei)

O perene presépio do Sacrário

Este é um texto sobre o Natal. Nele recordamos que os Magos levaram ouro, incenso e mirra. E nós, o que levamos para o Menino Jesus? O trabalho de todas as atividades humanas.

27/12/2017

Para amar

Quando trabalhamos, é Ele quem trabalha, quem sofre e se entrega, quem ama. Vamos à casa do Pão, eterno presépio do Sacrário onde está o Filho único do Pai, o Verbo eterno de Deus. Na patena, unindo nossa tarefa ao pão – fruto da terra e do nosso trabalho –; e no cálice, unindo ao vinho – fruto da vide e de nosso trabalho[19] – a gota de água de nossa vida.

Cuida e trabalha, diz São Josemaria. Um trabalho bem feito, cuidado, com esmero. O trabalho que corresponde ao pequeno dever de cada momento: Faz o que deves e está no que fazes[20]. Cuidado, esmero, preparação de tua oferenda. Vamos ao Sacrário que se encontra na paróquia, na igreja próxima ao local de trabalho, ou do caminho para ele; ao Sacrário de algum oratório. Vamos até aí para encurtar o tempo até a próxima Missa, preparando a oferenda da jornada com o cuidado e a impaciência dos enamorados, com o santo entusiasmo de fazer de cada dia uma Missa, para rezar por nossos familiares e amigos, para nos sentirmos amados…, e para amar![21]. De modo muito especial, à hora das provas, ou quando é preciso dar um passo novo, talvez mais custoso, visando um abandono interior maior, então chegou o momento de ir ao Sacrário e falar com o Senhor, que nos mostra as suas chagas como credenciais de seu amor; e, com fé nessas chagas, que não contemplamos fisicamente, descobriremos, com os Apóstolos, a necessidade de que Cristo padecesse e assim entrasse em sua glória; acolheremos mais claramente a Cruz como um dom divino, compreendendo assim aquela exortação do nosso Padre: empenhemo-nos em ver a glória e a felicidade ocultas na dor[22].

O Sacrário é Belém, casa do pão, sempre demasiado pobre para o Senhor. É Belém porque ali está com sua alma, com seu corpo, com seu sangue e sua divindade[23], porque se oferece, como em Belém, à nossa contemplação e à nossa adoração. Não vamos a Ele com as mãos vazias, mas com o trabalho já realizado e aquele por realizar. A visita ao Santíssimo Sacramento é uma pausa de adoração: Jesus, aqui está João, o leiteiro; ou também: Senhor, aqui está este desgraçado, que não sabe Te amar como João, o leiteiro[24].Com nosso nome, nós lhe falamos da oferenda que lhe estamos preparando: sou o médico, o operário, o juiz, o professor escolar…, que venho Te dar o que sou e o que faço; e a Te pedir perdão pelo que deixei de fazer. Vamos a Ele com os anjos, e, como no presépio, está Santa Maria e está São José. O pai e a mãe de família levam seus filhos para saudar Jesus no Tabernáculo; o profissional, o colega; o estudante, seu amigo, ensinando, com o exemplo, como a fé move a ir ao encontro do Senhor que nos espera.

Foto/Crédito: Opus Dei

Fé, pureza, vocação

Pai-Nosso, Ave Maria, Glória. Eu quisera Senhor receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que vos recebeu a vossa Santíssima Mãe, com o espírito e o fervor dos Santos[25]. Depois de adorar ao Pai nosso que está nos Céus, invocamos a Mãe de Deus e Mãe nossa, para que nos ensine a dar glória, com nossa vida, à Trindade. Ela nos deu o Corpo de Jesus; Ela nos dá Cristo na Eucaristia. Suas mãos receberam o ouro, o incenso e a mirra que os Magos ofereceram a Jesus. Em suas mãos se purificam nossas oferendas e também nossas misérias. Dá brilho ao ouro da nossa fé, acende com seu amor materno o incenso de nossa pureza e enche de aroma a mirra da nossa entrega. Santa Maria mantém vivo o fogo de nossa fidelidade e de nosso apostolado. Com Ela, daremos luz e calor. Seremos lâmpadas de fé, de caridade ardente, luz divina que ilumina o caminho até Belém.

Vamos à última e eterna epifania divina, a última revelação descrita no último livro do Novo Testamento, escrito quando, de um lado, pareciam crescer as confusões doutrinais, ameaçando a verdade dos cristãos, e, de outro, desencadeava-se a primeira perseguição universal e sistemática contra a Igreja. O imperador, uma criatura de barro, ébria de glória humana, pretendia ser adorado como Senhor e Deus. Porém, as sombras de glória vã desaparecerão com o rio de água da vida, claro como um cristal, procedente do trono de Deus e do Cordeiro. Os que verão seu rosto não necessitarão de lâmpadas porque o Senhor Deus os iluminará e reinarão pelos séculos dos séculos[26].

Menino Jesusm Maria e José (Opus Dei)

Enquanto isso, o fulgor divino se propaga como um incêndio, de coração a coração: fogo apostólico que se alimenta da fidelidade diária, com a humildade que persevera na fé, com o Pão que torna mais firme a pureza, com a vocação fortalecida na Palavra, na oração. Ouro, incenso e mirra. Fé, pureza, caminho: três pontos intocáveis, que cada semana consideramos com o Senhor, e que nos apraz comentar quando queremos acudir à ajuda da direção espiritual. Assim, recomeçaremos, cada dia, cada semana, preparando nossa oferenda para a Epifania de todos os dias.

Guillaume Derville

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[19] Cfr. Missal Romano, Liturgia Eucarística.

[20] Caminho, n. 815.

[21] Cfr. Forja, n. 837.

[22] D. J. Echevarría, Carta pastoral aos fiéis da Prelazia e cooperadores por ocasião do Ano da Eucaristia, 6-X-2004, em “Romana" 2004 (nº 39), p. 221.

[23] Cfr. Concílio de Trento, sessão XIII, Can. 1.

[24] Cfr. Guillaume Derville, Rezar 15 dias com São Josemaria Escrivá, Ciudad Nueva, Madrí 2002, págs. 71-72.

[25] Cfr. São Josemaria Escrivá de Balaguer, Caminho, edição crítico-histórica, preparada por Pedro Rodríguez, 3ª ed. Rialp, Madrí 2004, pág. 689 (comentário ao ponto 540).

[26] Cfr. Ap 22, 1-5.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/o-perene-presepio-do-sacrario/

A democracia e a manipulação das massas: as palavras proféticas de Pio XII

Papa Pio XII (Vatican News)

Uma conferência em Roma sobre a relevância da mensagem de Natal de 1944 do Papa Pacelli, divulgada em um mundo ainda abalado pela tragédia da guerra e considerada uma forma de “batismo” da democracia.

Andrea Tornielli

Oitenta anos atrás, em 24 de dezembro de 1944, Pio XII pronunciava uma mensagem radiofônica de Natal “aos povos do mundo inteiro” refletindo sobre o tema da democracia, que foi o assunto de uma conferência organizada pelo Comitê Papa Pacelli e presidida pelo cardeal Dominique Mamberti. Entre os palestrantes estava Luca Carboni, do Arquivo Apostólico do Vaticano. Aquela mensagem, transmitida em um mundo ainda abalado pela tragédia da guerra, representa a primeira formalização do personalismo cristão de Jacques Maritain aplicado à política, postulando a centralidade da responsabilidade e da participação de cada cidadão na condução dos assuntos públicos.

Há muitos pontos atuais nesse texto magisterial considerado uma forma de “batismo” da democracia: do princípio fundador da dignidade do homem à unidade de toda o gênero humano; do firme e decisivo “não” à guerra de agressão como solução legítima para controvérsias internacionais (o Papa Pacelli gritou naquela ocasião: “Guerra à guerra!”), à esperança de que um “órgão de manutenção da paz” fosse formado, investido “por consentimento comum com autoridade suprema” (as Nações Unidas).

Entre as passagens proféticas do texto de Pio XII, que estava bem ciente dos resultados nefastos do totalitarismo, há certamente a distinção entre o povo e a “massa”: “o povo vive e se move por sua própria vida; a massa é inerte por si mesma e só pode ser movida de fora. A massa... espera o impulso de fora, um brinquedo fácil nas mãos de quem explora os instintos ou as impressões, pronta a seguir, de tempos em tempos, hoje esta bandeira, amanhã aquela outra”. O Papa observava que a massa “habilmente manipulada e usada” também pode ser usada pelo Estado. A massa manipulada se torna o “inimigo capital da verdadeira democracia e do seu ideal de liberdade e de igualdade”.

O risco da manipulação do consenso é, de fato, muito atual. Hoje, mais do que no passado, às vezes parece que não é a força dos melhores argumentos e programas que prevalece nas decisões políticas, mas sim ressentimentos, rancores e instintos. O principal objetivo não é mais melhorar as condições sociais para todos, mas sim tornar as sociedades competitivas, apresentando as reformas como necessárias para não “ficar para trás”.

As aplicações da engenharia genética, o uso da inteligência artificial, a corrida armamentista - para citar apenas alguns exemplos - aparecem como uma necessidade estrutural para manter a competitividade. No entanto, como observava João Paulo II na encíclica Centesimus Annus, “uma democracia sem valores se converte facilmente em totalitarismo aberto ou desonesto, como demostra a história”.

Como não pensar, olhando para a situação atual, aos riscos associados à manipulação das informações na internet, às fake news, à criação de perfis para fins comerciais dos “consumidores individuais”? Como não pensar na falta, em suas raízes populares, do que a Doutrina Social da Igreja define como “corpos intermediários”, ou seja, associações, partidos e tudo o que surge de baixo porque as pessoas se organizam para atender às necessidades da sociedade? Para que a democracia se concretize, além da promoção dos indivíduos, o papel da sociedade é fundamental e, portanto, locais e estruturas de participação e corresponsabilidade são indispensáveis. É necessário ouvir, dialogar, confrontar-se. É preciso abrir os olhos para evitar que as democracias se transformem em oligarquias, com o poder exercido por aqueles que detêm um imenso capital.

Ao receber o Prêmio Carlos Magno em 2016, no Vaticano, o Papa Francisco lembrou uma frase iluminante de um dos pais fundadores da Europa, Konrad Adenauer: “o futuro do Ocidente não está ameaçado tanto pela tensão política quanto pelo perigo da massificação, da uniformidade de pensamento e sentimento; em suma, por todo o sistema de vida, pela fuga da responsabilidade, com a única preocupação pelo próprio eu”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Vicelino, Bispo de Oldenburg

São Vicelino (A12)
12 de dezembro
Localização: Alemanha (Saxônia)
São Vicelino

São Vicelino nasceu no início do século XII, na região da Saxônia, Alemanha. Desde jovem, dedicou-se à vida religiosa, recebendo formação em teologia e espiritualidade. Com um coração missionário, ele sentiu-se chamado a evangelizar povos pagãos e dedicou-se a essa missão com grande fervor.

Como bispo de Oldenburg, na atual Alemanha, São Vicelino enfrentou grandes desafios. Ele evangelizou na região da Holsácia, onde a resistência ao cristianismo era intensa. Mesmo com perseguições e ameaças, ele continuou sua missão com coragem e zelo, sempre levando o Evangelho aos que ainda não conheciam Cristo.

Vicelino fundou igrejas e escolas para promover a fé e a educação dos novos cristãos. Ele acreditava que a formação religiosa e intelectual era fundamental para o crescimento espiritual e social das comunidades.

Sua dedicação fez com que muitos se convertessem ao cristianismo, e ele conseguiu estabelecer uma forte base para a Igreja na região. Sua humildade e paciência conquistaram o respeito e a admiração de muitos, até mesmo de adversários que reconheceram sua dedicação.

No final de sua vida, São Vicelino enfrentou problemas de saúde, mas isso não o impediu de continuar servindo a Deus e ao povo. Ele faleceu em 1154, deixando um exemplo de dedicação missionária e fé inabalável.

Vicelino é lembrado como um apóstolo incansável da fé, que deu sua vida para levar a mensagem de Cristo a terras distantes.

Reflexão:

A vida de São Vicelino nos inspira a ter um coração missionário e a enfrentar as dificuldades com coragem. Ele nos mostra que, com amor e dedicação, podemos transformar vidas e levar a esperança do Evangelho a quem precisa. Sua espiritualidade é marcada pela paciência e pelo zelo pastoral. Que possamos aprender com ele a perseverar em nossa fé e a ter um espírito de serviço, sempre prontos a ajudar aqueles que estão longe de Deus.

Oração:

São Vicelino, apóstolo dedicado, ajuda-nos a ter o mesmo fervor missionário e a levar a palavra de Deus aos que precisam. Amém. Intercede por nós para que sejamos instrumentos de paz e amor, construindo o Reino de Deus com fé e humildade. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

LIVROS: Santos com estrelas

Giulio Cerchietti, O rosto dos amigos. Testemunhas militares de Cristo , San Paolo, Cinisello Balsamo (Milão) 2007, 408 pp.

Santos com estrelas

Arquivo 30Giorni da edição nº. 12 - 2007

Padre Cerchietti, oficial da Congregação para os Bispos, fala das figuras dos soldados que ao longo dos séculos foram elevados à honra dos altares.

por Gaetano Bonicelli

Em 1999, a Congregação para os Bispos, através do seu Gabinete de Coordenação Pastoral dos Ordinariatos Militares, organizou em Roma o IV Congresso Internacional dos Ordinários Militares: «Os militares chamados à perfeição da caridade». Não faltaram reações de espanto a um tema que parecia verdadeiramente fora de sintonia ou puramente acadêmico. Ok, em 1999 completaram-se trinta e cinco anos desde a constituição do Concílio Vaticano I: a Lumen gentium dedicou um capítulo inteiro para ilustrar o chamado universal à santidade. E se esta vocação está simplesmente ligada ao batismo, não poderíamos excluir aqueles que foram batizados e se viram vestindo uniforme militar.

Do ponto de vista dos princípios, já não pode existir dúvida: «Nas várias espécies de vida e nos vários ofícios, uma única santidade é cultivada por aqueles que são movidos pelo Espírito de Deus e, obedientes à voz do Pai , sigam Cristo pobre, humilde e sobrecarregado com a cruz para merecerem ser participantes da sua glória. Cada um, segundo os seus dons e ofícios, deve avançar sem demora pelo caminho da fé viva, que acende a esperança e opera pela caridade» ( Lg , n. 40). O que parece causar dificuldade são os fatos. De que valem os mais nobres e santos princípios se não encontram aplicação concreta? O Padre Giulio Cerchietti, franciscano, que acompanha de perto a pastoral militar há muitos anos, quis questionar a história e o resultado foi um pequeno volume encantador com um título convidativo: O Rosto dos Amigos. Testemunhas militares de Cristo .

Padre Giulio não ignora os princípios da fé, sem os quais mover-se seria gritar. Mas ele prefere a pesquisa de campo sobre os acontecimentos: houve soldados sagrados? E os santos por que são militares? Vejamos um pouco aqueles que são a personificação dos princípios mais elevados. As coordenadas são muito amplas, para não falar originais. Isto é, leva em conta todos os períodos de experiência eclesial e, o que é ainda mais característico, todas as confissões cristãs. Há o milénio da Igreja indivisa, mas também os séculos do segundo milénio. Direi, com efeito, que se existe uma lacuna, é provavelmente intencional para criar a expectativa dos testemunhos mais recentes e mais próximos de nós: o Papa João XXIII, os capelães das tropas alpinas, o Beato Secondo Pollo e Dom Carlo Gnocchi, Salvo d'Acquisto e outros que realmente merecem a atenção daqueles que buscam o reino de Deus por todos os caminhos possíveis.

Paremos por enquanto na primeira edição do volume. Não é brincadeira pela abundância de dados e pela forma como o assunto é apresentado. Se bem contei, são mencionados 131 assuntos, alguns dos quais se referem a grupos de mártires militares, como os membros da famosa Legião Tebana ou os seis irmãos de Satala (Armênia), emuladores dos Macabeus. A disposição é alfabética, começando por Agácio de Bizâncio até Witikindo de Enger. A principal característica da pesquisa do Padre Cerchietti é, como já mencionado, sua atenção ecumênica ante litram . Não creio que algo semelhante possa ser encontrado no mercado de livros. Tendo feito há pouco tempo uma viagem à Síria para descobrir monumentos cristãos, não é sem emoção que lemos algumas notícias sobre os mártires Sérgio e Baco, santos mais distantes de nós, mas que têm um culto difundido em muitos lugares do Oriente. Sabe-se que muitas “histórias” também são compiladas com imaginação e a partir de pistas mal mencionadas. O mérito do estudo é que examinou criticamente toda a literatura existente, tanto eclesiástica como civil, para obter dados mais confiáveis.

O título escolhido é sugestivo: A cara dos amigos . Quem é melhor amigo do que os santos? Torna-se quase instintivo pensar que durante boa parte do ano, a leitura de uma das biografias oferecidas, além de enriquecer a mente com um panorama pouco conhecido, reserva a surpresa de encontrar nomes conhecidos sob aparências talvez insuspeitadas. Há também um papa, o Beato Inocêncio XI, que diante da batina branca vestiu o uniforme de comandante da milícia urbana de Como. Não falamos de outros papas guerreiros, talvez porque lhes faltasse o carisma da santidade. Mas é bonito ver em São João Maria Vianney a prova da sua aprendizagem no exército napoleónico que lhe abriu o caminho para o seminário e o sacerdócio. Reis, soldados e santos são abundantes. Pode ser interessante notar os nomes, talvez discutidos, de Constantino e Carlos Magno juntamente com Luís IX de França.

Papas, imperadores e reis, altos funcionários e simples soldados, capelães militares aos quais se pode dedicar um capítulo inteiro no plano da obra. Mas o Padre Cerchietti também quis incluir na sua lista um general algo especial, nomeadamente o arcanjo Miguel, cuja vocação “militar” está perfeitamente ligada à Bíblia. Em muitos países orientais, até à Etiópia, ele é um dos santos padroeiros mais invocados para a defesa de cada país. Na Sérvia foi reconhecido como "grande voivoda e arquiestrategista".

A sensibilidade do nosso tempo talvez possa fazer-nos desaprovar figuras famosas mas controversas. Mas esta teoria dos guerreiros sagrados tem sugestões. Verdadeiramente, em Deus tudo adquire um valor novo que, à imitação do Senhor Jesus, é o amor. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 13). Desejo um segundo volume em que se possa criar um capítulo separado para os capelães militares, cuja tarefa principal é precisamente propor e promover o plano de Deus, que quer que todos sejam santos. No volume de Cerchietti destaca-se São João de Capestrano, padroeiro dos capelães em todo o mundo. Será prestada cordial atenção ao Beato Marco d'Aviano, intrépido líder da defesa de Viena. Mais perto de nós, os queridos rostos do Beato Secondo Pollo e do Padre Carlo Gnocchi, capelães das tropas alpinas na última guerra mundial, devem ser considerados forasteiros do Reino e a sua glorificação torna-se uma sempre nova lembrança de santidade.

Fonte: https://www.30giorni.it/

'Fui trocar lâmpada e fiquei' (II)

Rodrigo relata sofrimento ao ter acompanhado os últimos dias de vida de Carlos e conta que procurou ajuda para lidar com sintomas como ansiedade e depressão (Crédito: Getty Images)

A crescente demanda por cuidadores de idosos em um Brasil cada vez mais velho: 'Fui trocar lâmpada e fiquei'

Por Mônica Vasconcelos

Da BBC News Brasil em Londres

9 dezembro 2024

'Você vai demorar para voltar?'

Rodrigo conta como a relação com Carlos, além de se tornar cada vez mais íntima, também ficava cada vez mais intensa e ganhava novos contornos conforme o idoso requisitava cada vez mais sua presença.

“Às vezes, eu tinha de ir à farmácia, e ele falava, ‘você não vai demorar não, né?’ Às vezes, eu levava ele e ele ficava dentro do carro, pra ficar me olhando. Ele queria ficar próximo. E quando eu ia embora, ele perguntava: ‘você vai demorar pra voltar?’”

“Mais especial foi nos últimos dias da vida dele. Deixa eu dar uma respirada. (Pausa) Ele falava que me tinha como um filho. É que ele teve só filhas mulheres. Quando ele estava internado, as meninas (vendo que eu estava sofrendo), arrumaram enfermeiras para ficar com ele. Eu não me sinto muito bem em hospital, e vendo a forma como ele estava, eu sofria muito. Então eu só ia nas visitas. Eu chegava lá, ele sentia muita falta. Ele falava, ‘por que você me abandonou?’”

“O dia que ficou mais marcado foi o dia que eu levei ele para o hospital. Ele tava em casa, tava passando mal. Eu perguntei, ‘seu Carlos, tá tudo bem? O que o senhor tá sentindo?’ Ele falou, ‘ah, minha vista está diferente’. Eu falei, ‘a gente vai para o hospital’. Ele falou, ‘não, não precisa. O filme está acabando’. ‘Mas que filme?’ 'O filme tá acabando. O filme acabando, acaba tudo.' Foi onde começou", relata Rodrigo, em meio às lágrimas.

"Ele foi pro hospital, ficou internado. Pouco depois, veio a falecer."

Ao lembrar dos seus últimos momentos juntos, Rodrigo explica emocionado que teve de procurar um médico para lidar com ansiedade e depressão.

É preciso pensar no envelhecimento precoce do profissional cuidador, sobretudo quando a pessoa de quem ela está cuidando morre, diz o gerontólogo Jorge Félix.

Ele vai além: “Isso deveria ser pensado inclusive em termos da previdência social [do cuidador]”.

Félix compara o desgaste do cuidador ao de uma enfermeira, por exemplo.

“A enfermeira tem um amplo preparo, inclusive psicológico, para lidar com essas situações. Ela tem um treinamento para tratar de forma humana, mas não ter um envolvimento”, diz o pesquisador.

Sem esse escudo psicológico, o luto do cuidador acelera seu envelhecimento, diz Félix.

“É como se ele tivesse perdido a razão de viver. São situações com as quais eles deveriam aprender a lidar no curso de formação.”

Formação profissional

Nesse sentido, uma formação profissional adequada seria fundamental para a proteção e benefício tanto do cuidador quanto da pessoa cuidada, segundo os especialistas.

Por iniciativa de ONGs como a Abraz (Associação Brasileira de Alzheimer e Outras Demências), um curso técnico profissionalizante de Cuidadores de Pessoas Idosas foi inserido no catálogo nacional do Ministério da Educação.

No entanto, sem uma regulamentação da profissão e sem uma padronização no tipo de formação necessária para o exercício da atividade, o relato é de que a demanda por cursos desse tipo acaba sendo baixa.

O professor e pesquisador Daniel Groisman, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), diz que a entidade oferecia um curso de qualificação profissional (com menos horas do que o curso técnico) para cuidadores, mas hoje opta por oferecer cursos de formação para formadores de cuidadores.

Ainda assim, uma pesquisa longitudinal da Fiocruz com ex-alunas do curso de qualificação trouxe resultados bastante encorajadores, comenta Groisman, coordenador do projeto Cuidando de Quem Cuida.

“Um primeiro resultado foi que o acesso à formação teve um impacto positivo para a empregabilidade”, diz Groisman.

“Comparando o que as pessoas estavam fazendo na época em que procuraram o curso e o que estavam fazendo quando foram entrevistadas, houve um aumento significativo no número de pessoas atuando como cuidadoras e uma diminuição no número de pessoas que estavam desempregadas.”

As ex-alunas também falaram da melhoria na qualidade do seu trabalho como cuidadoras, prossegue Groisman.

“É um resultado importante, elas saberem trabalhar com melhor qualidade tanto em relação às práticas do cuidado como também com uma consciência para se protegerem de situações de sobrecarga de trabalho e violações de direitos.”

O estudo também concluiu que as cuidadoras com formação são mais aptas a prevenir acidentes domésticos com idosos, já que entendem como criar um ambiente mais seguro para a pessoa idosa em casa.

Finalmente, lembra Groisman, em uma profissão que pode ser tão solitária, as cuidadoras e cuidadores que fazem o curso podem encontrar solidariedade no convívio com outros profissionais.

Com ou sem qualificação profissional, Rodrigo parece estar certo de que cuidar é sua verdadeira vocação e conta como a profissão o transformou.

"Eu trabalhava no condomínio [como vigia]. Você vê muito ódio e você acaba mudando a sua personalidade. Um exemplo pra você: Eu ia atender uma ocorrência. Chegava em uma casa, o vizinho tinha ligado na portaria para reclamar do barulho. Você ia conversar, explicar a lei, a pessoa muitas vezes te humilhava. 'Você não é nada, eu sou tal coisa.'

"Então você vai mudando a sua personalidade. Tem de ser mais grosso, mais rígido. Mas quando eu vim trabalhar com eles, vi que é mais amor. Voltei a ter um sentimento novamente. Percebi que aquele trabalho não era bom pra mim, porque eu não sou uma pessoa daquele jeito. Eu sou uma pessoa atenciosa, uma pessoa carinhosa. Foi muito bom para eu entender que estava na área errada."

Semanas depois da entrevista à BBC News Brasil, Rodrigo contou que foi desligado do trabalho por corte de custos e passou a trabalhar como cuidador de outro idoso: "Mas não quero me apegar muito, porque a gente sofre".

Profissão do futuro?

Em um Brasil que envelhece, uma atividade tão antiga pode também ser uma profissão do futuro.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), entre 2019 e 2023 houve um aumento de 15% no número de cuidadores remunerados no Brasil. A pesquisa estima que eles somavam, em 2023, cerca de 840 mil.

Para compreender o tamanho do mercado em potencial, é importante olhar para o cuidado não remunerado feito no país hoje.

O número de familiares que se dedicavam a cuidados de pessoas de 60 anos ou mais saltou de 3,7 milhões em 2016 para 5,1 milhões em 2019, segundo o IBGE.

São pessoas — na maioria, mulheres — que trabalham muitas vezes na invisibilidade, sem remuneração, fazendo grandes sacrifícios pessoais (por exemplo, abandonando suas profissões, colocando em risco sua saúde e sua própria sobrevivência financeira na velhice), segundo especialistas.

Olhando para essa realidade, Groisman e Félix respondem que cuidar já é uma profissão crítica para o Brasil do presente.

Se vai ser uma profissão do futuro, isso vai depender, em grande parte, do governo brasileiro, diz Jorge Félix.

Ele cita o projeto de lei que estabelece a Política Nacional de Cuidado, enviado pelo governo federal ao Congresso.

“Primeiro, o Congresso vai discutir essa política. E isso vai formar a base para depois você definir e regulamentar a profissão de cuidadora”, diz Félix.

“É a primeira vez que o Executivo tenta tomar uma iniciativa sobre a questão do cuidado, principalmente, estabelecendo o direito ao cuidado.”

Félix considera que se trata de um avanço muito grande, mas diz que, por enquanto, o que existe são promessas.

“Durante a campanha presidencial, Lula faz essa promessa de criar um serviço de cuidadora de idosos domiciliar. No meu entendimento, seria um serviço semelhante ao dos agentes comunitários de saúde que já existe no SUS", diz o pesquisador.

"Então, você teria uma pessoa do serviço público que vai à sua casa, te dá banho, ajuda sua família a fazer a gestão dos medicamentos, verifica se a pessoa está bem cuidada com visitas periódicas. São promessas, não é? Promessas.”

Félix acompanha atento os desdobramentos no Congresso. Ele diz que “a profissão de cuidador pode ser uma profissão do futuro caso o Estado ofereça, abrace esse serviço, como ocorre em alguns países ricos”.

Mas, se a promessa não for cumprida, o cenário pintado é preocupante, diz o especialista.

Se o custo do cuidado recair somente sobre a família, o envelhecimento populacional trará um aumento na demanda, mas essas famílias não terão como pagar, diz.

“Somente 20% da população brasileira paga por esse serviço”, diz.

“Se continuar assim, você continua a ter muitas pessoas sem cuidado. Que ficam sozinhas em casa, e morrem em casa sem ninguém saber.”

Procurado pela BBC News Brasil em outubro, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) não ofereceu previsão para a conclusão da tramitação da Política Nacional de Cuidado, mas informou que além de avançar na garantia do direito ao cuidado, a política deve “diminuir a sobrecarga de trabalho de cuidados que hoje recai sobre as famílias e dentro delas sobre as mulheres”.

O ministério disse ainda reconhecer a importância da regulamentação da profissão de cuidador e cuidadora.

Enquanto ela é debatida no Legislativo, a pasta disse trabalhar para “atender às demandas das(os) profissionais que atuam neste setor, tais como oferta de formação profissional, elevação de escolaridade da categoria, promoção de trabalho decente (acesso a direitos trabalhistas, fiscalização do trabalho, adequação às normas de segurança e saúde), entre outras”.

Em 2019, o Congresso Nacional manteve veto do então presidente Jair Bolsonaro a um projeto de lei que regulamentava a profissão de cuidador. Na ocasião, o governo justificou o veto dizendo que o texto criava regulamentações “com a imposição de requisitos e condicionantes, ofendendo o direito fundamental de livre exercício profissional”.

Na resposta à BBC Brasil, ao mencionar esse veto, o ministério disse que ele “indica que os termos da regulamentação ainda estão sendo debatidos e disputados no âmbito do legislativo nacional”.

Também em resposta à BBC News Brasil, o Ministério da Saúde informou que, além do atendimento oferecido pelos agentes comunitários de saúde (mencionados por Félix), a pasta oferece “atendimento multiprofissional e domiciliar por meio das equipes de Estratégia de Saúde da Família, voltado para demandas de saúde de rotina, especialmente para idosos”.

O Ministério da Saúde não mencionou quantas pessoas recebem atendimento por meio desse serviço.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/ckg0l28v8d3o

O Papa: o cristão deve irradiar esperança, ser semeador de esperança

Audiência Geral - 11 de dezembro de 2024 - Papa Francisco (Vatican News)

O cristão não pode contentar-se em ter esperança; deve também irradiar esperança, ser semeador de esperança. É o dom mais belo que a Igreja pode dar a toda a humanidade, sobretudo nos momentos em que tudo parece levar-nos a baixar as velas: disse o Papa na audiência geral desta quarta-feira (11/04), em que concluiu a série de catequeses sobre o Espírito Santo e a Igreja. Francisco pediu ao Espírito que nos ajude sempre a “abundar em esperança pela virtude do Espírito Santo”!

Raimundo de Lima – Vatican News

Na audiência geral desta quarta-feira (11/12), o Santo Padre encerrou a série de catequeses sobre o Espírito Santo e a Igreja, dedicando a última reflexão ao título dado a todo o ciclo: “O Espírito e a Esposa. O Espírito Santo guia o Povo de Deus ao encontro de Jesus, nossa esperança”.

O Pontífice explicou que este título refere-se a um dos últimos versículos da Bíblia, no livro do Apocalipse, que diz: “O Espírito e a Esposa dizem: Vem!” (Ap 22,17). A quem se dirige esta invocação? – perguntou. Ao Cristo ressuscitado. Com efeito, tanto São Paulo (1Cor 16,22) como a Didaqué, um escrito dos tempos apostólicos, atestam que nas reuniões litúrgicas dos primeiros cristãos ressoava em voz alta o grito “Maranata!”, que significa “Senhor, vem!” em aramaico. Uma oração a Cristo para que venha, acrescentou Francisco:

Naquela fase mais antiga a invocação tinha um fundo a que hoje diríamos escatológico. Com efeito, exprimia a ardente expetativa do regresso glorioso do Senhor. E este grito e a expetativa que ele exprime nunca morreram na Igreja. Ainda hoje, na Missa, imediatamente após a consagração, ela proclama a morte e ressurreição de Cristo “Vinde, Senhor Jesus!”. A Igreja está à espera da vinda do Senhor.

O Papa Francisco na audiência geral desta quarta-feira (11/12) na Sala Paulo Vi, no Vaticano (Vatican Media)

Cristo e o Espírito são inseparáveis

Mas a expectativa da vinda final de Cristo, observou o Papa, não permaneceu a única. A ela juntou-se também a expetativa da sua vinda contínua na situação presente e peregrinante da Igreja. E é nesta vinda que a Igreja pensa sobretudo quando, animada pelo Espírito Santo, clama a Jesus: “Vinde!”

Ocorreu uma mudança – ou melhor, digamos, um desenvolvimento – pleno de significado em relação ao grito “Vinde!”, “Vinde Senhor!” Geralmente não é dirigido apenas a Cristo, mas também ao próprio Espírito Santo! Aquele que grita agora é também Aquele a quem se grita. “Vinde!” é a invocação com que começam quase todos os hinos e orações da Igreja dirigidos ao Espírito Santo:

“Vinde, Espírito Santo”, dizemos no Veni Creator, e “Vinde, Santo Espírito”, “Veni Sancte Spiritus”, na sequência do Pentecostes; e assim em muitas outras orações. É certo que assim seja, porque, depois da Ressurreição, o Espírito Santo é o verdadeiro “alter ego” de Cristo, Aquele que toma o seu lugar, que o torna presente e atuante na Igreja. É Ele que “anunciar-vos-á as coisas que virão” (ver Jo 16,13) e nos faz desejá-las e esperá-las. É por isso que Cristo e o Espírito são inseparáveis, mesmo na economia da salvação.

O Papa Francisco na audiência geral desta quarta-feira (11/12) na Sala Paulo Vi, no Vaticano (Vatican Media)

A esperança não é uma palavra vã

O Papa acrescentou que o Espírito Santo é a fonte sempre jorrante da esperança cristã. São Paulo deixou-nos estas preciosas palavras, assim diz São Paulo: “O Deus da esperança vos encha de toda a alegria e de toda a paz na vossa fé, para que pela virtude do Espírito Santo transbordeis de esperança!”. Se a Igreja é um barco, o Espírito Santo é a vela que o empurra e o faz avançar no mar da história, hoje como no passado!

A esperança não é uma palavra vã, nem o nosso vago desejo de que tudo corra bem: a esperança é uma certeza, porque assenta na fidelidade de Deus às suas promessas. E por isso se chama virtude teologal: porque é infundida por Deus e tem Deus como garante. Não é uma virtude passiva, que simplesmente espera que as coisas aconteçam. É uma virtude supremamente ativa que ajuda a fazê-las acontecer. Alguém que lutou pela libertação dos pobres escreveu estas palavras: “O Espírito Santo está na origem do grito dos pobres. É a força dada àqueles que não têm forças. Ele lidera a luta pela emancipação e pela plena realização do povo dos oprimidos”.

Papa Francisco: audiência geral desta quarta-feira (11/12) na Sala Paulo VI, no Vaticano (Vatican Media)

Esperança, dom mais belo que a Igreja pode dar à humanidade

O cristão não pode contentar-se em ter esperança; deve também irradiar esperança, ser semeador de esperança. É o dom mais belo que a Igreja pode dar a toda a humanidade, sobretudo nos momentos em que tudo parece levar-nos a baixar as velas.

Queridos irmãos e irmãs, concluiu o Pontífice, o Espírito ajude-nos sempre a “abundar em esperança pela virtude do Espírito Santo”!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF