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sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Papai Noel e a gratuidade cristã

DGLimages | Shutterstock

Francisco Borba Ribeiro Neto - publicado em 24/12/23

Papai Noel não é só a degradação consumista do espírito natalino. Ele é a confirmação que nossa cultura, por mais consumista e interesseira que seja, não consegue apagar em nosso coração o desejo de gratuidade e bondade sem limites.

Existe um curioso ponto de convergência entre as “análises críticas marxistas” mais ortodoxas e as reflexões cristãs mais sinceras: a veemente condenação da mercantilização das festas, em particular a do Natal. Todos nós já ouvimos, e já falamos, como o consumismo desvirtua o verdadeiro espírito do Natal, como as pessoas esquecem-se do mais importante neste período.

As tais análises críticas marxistas costumam mostrar a mercantilização de todas as esferas da vida humana, a transformação da festa em mais uma ocasião para incentivar o consumo que só visa o lucro, para sujeitar-nos ao mercado. Os católicos (entre os quais eu mesmo) criticam a transformação de uma festa religiosa numa festa de consumo. A abjeta troca do anúncio maravilhoso de um Deus que se fez homem para sofrer conosco e por nós, por um fictício bom velhinho com ridículas roupas vermelhas e presentes materiais que nunca chegariam aos pés do sentido da vida doado pelo Deus feito homem.

Marxistas e cristãos, obviamente, irão discordar totalmente nas motivações para a crítica, mas se encontrarão na condenação a esse comportamento… Mas, como resistir aos olhos deslumbrados e às risadas felizes das crianças diante de seus presentes? Creio que marxistas e católicos estão cheios de razão. Mas sempre me pareceu faltar alguma coisa nestas críticas. Algo como um delicado sopro de verdade e a fraca luz de uma vela que pudessem refrescar e iluminar nosso caminho neste mundo, algo que nos ajudasse a nos comover com a alegria dos pequenos de modo que a obrigatória distinção entre Papai Noel e Cristo não se tornasse um exercício moralista, mas sim o natural desenvolvimento do entendimento do que são o mundo e a vida.

Defendendo Papai Noel

Com o passar dos anos, descobri o que me parecia faltar. Papai Noel não é só a degradação consumista do espírito natalino. Ele é a confirmação que nossa cultura, por mais consumista e interesseira que seja, não consegue apagar em nosso coração o desejo de gratuidade e bondade sem limites. No mundo real, só a lógica do próprio interesse, do poder e da ganância parecem mover os atos humanos. Mas, com Papai Noel, o desejo de bondade e de gratuidade retorna a nosso coração e nosso horizonte, mesmo que vindo das terras da fantasia, da irrealidade.

No fundo, sonhamos com velhos bons e sábios, cuja felicidade venha não de seus êxitos, sua fortuna ou seus poderes, mas de sua capacidade de levar alegria a todos nós. Por mais que nos digam que isso é tolice, continuamos a ansiar por encontrar pessoas boas e sermos, nós mesmos, também bons.

Sim, Papa Noel é realmente uma figura com conotações claramente consumistas. Sim, é verdade que – no imaginário de nossas crianças – ele pode tomar o lugar do Menino Jesus. Mas também é verdade que ele representa o desejo mais puro de bondade e dom de si que existe em nosso coração. O verdadeiro segredo de Papai Noel é que esse desejo pode se realizar – melhor, já se realizou na história do mundo e continua se realizando cotidianamente em nossa vida. Mas, para que isso aconteça, precisamos reconhecer nosso desejo infinito de gratuidade e de bondade, precisamos tirá-lo da fantasia imaginária do “bom velhinho” inexistente para encontrá-lo no Deus que existe.

Quando fazemos essa transição, a mercantilização e o consumismo deixam de ser as palavras mais fortes – e o Papai Noel ganha, inclusive para as crianças, o justo papel de um símbolo de algo maior, que elas algumas vezes conseguem nomear, outras vezes não, mas que com certeza encontrarão ao longo de suas vidas.

E se Papai Noel for um fdp?

Na década de 1980, uma banda de rock punk paulista, os Ratos de Porão, cantava que “Papai Noel fdp rejeita os miseráveis […] presenteia os ricos e cospe nos pobres”. A linguagem grosseira chocava muita gente, aliás, era usada exatamente com esta intenção, mas também este outro lado da moeda exige uma reflexão. O tempo de Natal também é uma daquelas ocasiões nas quais a dor pelas nossas injustiças sociais deveria ser mais evidente para todos nós, uma época de um retomado compromisso de transformação social.

Não se trata aqui de apenas participar de obras assistenciais para dar presentes e ceias aos necessitados, nesse período. Isso é bom, mas insuficiente… Também não se trata de um novo moralismo, agora de cunho político. A questão não é o que fazemos em dezembro ou qual discurso ideológico abraçamos ao longo do ano. Deus é infinitamente bom para conosco, para com cada ser humano… Mas delegou-nos a função de sermos bons para com nossos irmãos mais necessitados.

Quando não procuramos amar gratuitamente nosso irmão mais necessitado, quando ao longo da vida não nos comprometemos com o bem desse irmão (inclusive nos aspectos políticos), não conseguimos também descobrir o amor gratuito de Deus para conosco.

Não se trata de querer, nesta época, fazer o que não se fez ao longo do ano, isto pode dar a muitos que sofrem um consolo bem-vindo, mas ainda longe do compromisso evangélico ao qual somos convidados. Papai Noel parecerá um “velhinho fdp” sempre que aquela bondade que vemos nele parecer uma ilusão impossível ao longo do ano. Papai Noel será um símbolo alegre e simpático sempre que ele recordar uma bondade que, mesmo de forma imperfeita, experimentamos e praticamos no cotidiano.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2023/12/24/papai-noel-e-a-gratuidade-crista

Mulheres e sinodalidade na missão da Igreja no Golfo

Bahrein. Vicariato do Norte da Arábia: dom Berardi, mulheres “essenciais” para a “prosperidade da missão”

O Vicariato do Norte da Arábia promoveu um evento de dois dias sobre o tema, com a participação de personalidades vaticanas e religiosas da Ásia. Irmã Milagros Sandoval: uma experiência “estimulante” e cheia de “desafios”. Dom Berardi: mulheres “essenciais” para a “prosperidade da missão”. Em tempos “de escuridão”, este encontro se torna “luz de esperança”

Vatican News

Uma experiência “estimulante” e, ao mesmo tempo, cheia de “desafios” para delinear o papel das mulheres em uma Igreja cada vez mais sinodal e no contexto da sociedade árabe e do Golfo. Foi o que enfatizou a irmã Milagros Sandoval, uma religiosa filipina da Congregação das Irmãs Servas do Espírito Santo (SSpS), falando no encontro de dois dias promovido pelo Vicariato do Norte da Arábia sob o slogan: “Discipulado e participação das mulheres em uma Igreja Sinodal em Missão”.

Tratou-se de uma reflexão durante a qual aprofundou o tema a partir de uma perspectiva missionária e espiritual, com foco nas “possibilidades e oportunidades abertas às mulheres” no Bahrein e sua “contribuição” para a “vida” e “missão” da Igreja local.

Valorização da presença da mulher na Igreja

“Em conversas informais e no compartilhamento de trabalho com as mulheres do Bahrein, percebe-se que um grande número delas - prossegue a religiosa - está ativamente envolvido em seus vários ministérios”. Em particular, “como catequistas, em celebrações eucarísticas (como ministras da Eucaristia e leitoras) e visitando pessoas em prisões e centros de detenção”.

“Nestes tempos de escuridão, divisão e conflito em todas as formas de sociedade, o programa para mulheres no Vicariato Norte (Avona) - conclui ela - é luz e esperança para as pessoas”, bem como um meio de valorizar sua presença.

Participação de personalidades vaticanas

O evento foi realizado no final de novembro no Bahrein por iniciativa do vigário apostólico do Norte da Arábia, dom Aldo Berardi, da Ordem da Santíssima Trindade e dos Escravos, que está à frente há quase dois anos em um território que também inclui o Kuwait, o Catar e a Arábia Saudita.

Com o prelado e a religiosa, falaram também Pascale Debbane, oficial da seção de migrantes e refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, e o padre Joseph Savarimuthu, do mesmo dicastério vaticano.

Garantir a participação ativa das mulheres na Igreja

Os dois dias de encontros e discussões foram realizados na Paróquia do Sagrado Coração e na Catedral de Nossa Senhora da Arábia, com o objetivo de capacitar as mulheres dentro da Igreja e inspirar sua participação ativa nas missões da Igreja.

Em seu pronunciamento, o vigário da Arábia, que primeiro apoiou a iniciativa, lembrou que “as mulheres não são apenas parte integrante de nossas comunidades de fé, mas também são essenciais para a prosperidade da missão de nossa Igreja. E este encontro - continuou dom Berardi - é um testemunho de nosso compromisso de garantir a plena participação delas”.

Integrar as mulheres nos processos de tomada de decisão

Pascale Debbane aprofundou o tema de uma visão “mais ampla” da sinodalidade e do papel “significativo” que as mulheres podem desempenhar para “moldar a missão e a direção” da Igreja. O programa teve uma participação entusiasmada e gerou discussões animadas sobre maneiras de integrar ainda mais as mulheres nos processos de tomada de decisão e melhorar sua visibilidade nas doutrinas e práticas da Igreja.

Na conclusão do evento, foi enfatizado o compromisso das mulheres do Vicariato Apostólico do Norte da Arábia de “se empenharem em fomentar o diálogo, promover a educação e apoiar iniciativas que elevem o papel das mulheres na Igreja”. “O sucesso desse programa - concluíram os promotores - marca um passo significativo no sentido de responsabilizar as mulheres em seu caminho espiritual e missionário”.

(com AsiaNews)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Do livro sobre a virgindade, de Santo Ambrósio, bispo

Santa Luzia (Liturgia das Horas Online)

Do livro sobre a virgindade, de Santo Ambrósio, bispo

(Cap. 12,68.74-75; 13,77-78: PL 16 [Edit. 1845], 281.283.285-286                (Sec. IV)

Com o esplendor da alma, iluminas a graça do teu corpo

Tu, uma dentre o povo, uma da plebe, sem dúvida, uma das virgens que com o esplendor da alma iluminas a graça do teu corpo, – e por isso és uma imagem fiel da Igreja! – em teu leito, durante a noite, medita sempre em Cristo e aguarda sua chegada a todo o momento.

Eis o que  Cristo deseja de ti, eis por que te escolheu. Ele entra, já que a  porta está aberta; não pode faltar, pois prometeu que viria. Abraça aquele que procuravas; aproxima-te dele e serás iluminada; segura-o, roga-lhe que não parta logo, suplica-lhe que não se afaste. Porque o Verbo de Deus corre, não se deixa deter pelo tédio ou por negligência. Que tua alma vá encontrá-lo em sua palavra; segue atentamente a doutrina celeste, porque ele passa depressa.

Que diz a esposa do Cântico dos Cânticos? Procurei-o e não o encontrei; chamei-o e não me respondeu (Ct 5,6). Se partiu tão depressa aquele que chamaste, a quem suplicaste e a quem abriste a porta, jaó julgues ter-lhe desagradado. Muitas vezes ele permite que sejamos postos à prova. Afinal, o que disse no Evangelho às multidões que lhe pediam para não se afastar? Eu devo anunciar a palavra também a outras cidades, porque para isso é que fui enviado (Lc 4,43). Mas, se te parece que se afastou de ti, sai e procura-o novamente.

Quem deve te ensinar como reter o Cristo, senão a santa Igreja? Ou melhor, já ensinou, se compreenderes o que lês: Mal eu passei pelos guardas, diz, encontrei aquele que meu coração ama; retive-o e não o deixarei partir (Ct 3,4).

Com que laços se retém o Cristo? Não é com laços de injustiça nem com nós de corda, mas com laços da caridade, com as rédeas do espírito e pelo afeto da alma.

Se queres também reter o Cristo, tenta fazê-lo e não tenhas medo dos sofrimentos. Pois, não raro, é no meio dos suplícios do corpo, nas mãos dos perseguidores, que o encontramos mais facilmente.

Mal eu passei pelos guardas, diz. De fato, num breve espaço de tempo, num instante, ao te livrares das mãos dos algozes, sem sucumbir aos poderosos do mundo, Cristo virá ao teu encontro e não mais permitirá que se prolongue o teu sofrimento.

Aquela que assim busca a Cristo e o encontra pode dizer: Retive-o e não o deixarei partir, até que tenha introduzido na casa de minha mãe, no quarto daquela que me concebeu (Ct 3,4). Qual é a casa de tua mãe e o quarto senão a intimidade mais profunda do teu ser?

Guarda bem esta casa, limpa todos os seus recantos. Assim, quando ela não tiver nenhuma mancha, se erguerá como morada espiritual, fundada sobra a pedra angular, para ser um sacerdócio santo, e o Espírito Santo nela habitará.

Aquela que assim busca a Cristo, que assim lhe suplica, não será por ele abandonada; ao contrário, será visitada por ele com frequência, pois está conosco até o fim do mundo.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Segunda Pregação do Advento 2024

O Papa e a Cúria Romana durante a Segunda Pregação do Advento   (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Na manhã desta sexta-feira (13/12), na Sala Paulo VI, a segunda das três meditações para o Natal do pregador da Casa Pontifícia, sobre o tema “A porta da confiança”. Escolha corajosa, e não mero otimismo, a confiança mantém viva a esperança mesmo nas provações e é um antídoto contra o egoísmo. O exemplo de São José, testemunha luminosa da gratuidade.

Isabella Piro - Vatican News

Em uma época marcada por uma tendência coletiva ao egoísmo, podemos falar de confiança? E nos momentos difíceis da vida, naquelas passagens cruciais em que tememos perder algo imensamente importante, será que ainda podemos confiar em algo e em alguém? Essas são as perguntas subjacentes colocadas no centro da segunda meditação de Advento do Padre Roberto Pasolini, franciscano capuchinho e pregador da Casa Pontifícia, proposta ao Papa e a seus colaboradores na Cúria Romana na manhã desta sexta-feira, 13 de dezembro, na Sala Paulo VI. O tema escolhido para as três reflexões é “As portas da esperança. Rumo à abertura do Ano Santo através da profecia do Natal”.

A segunda Pregação do Advento (em italiano)

https://youtu.be/atf2e01ULqA

A confiança, fundamento das relações humanas

Depois da primeira meditação do dia 6 de dezembro, dedicada à “Porta do estupor”, nesta sexta-feira (13/12) o Padre Pasolini nos convida a atravessar “a porta da confiança”, aquela atitude fundamental que sustenta as relações humanas, alimenta a coragem de enfrentar os desafios cotidianos e abre o nosso olhar para o futuro. A confiança não é um otimismo ingênuo, enfatiza o pregador, "mas uma escolha corajosa que nasce de uma visão profunda da realidade, mantendo viva a esperança mesmo nos momentos difíceis".

O rei de Judá, Acaz

Para testemunhar isso, o Padre Pasolini cita três figuras: o rei de Judá, Acaz; um centurião romano anônimo e São José. O primeiro é o monarca que, durante a guerra sírio-efraimita, não confia no Senhor e, em vez de permanecer firmemente em Jerusalém, conforme instruído pelo profeta Isaías, prefere aliar-se à Assíria, tornando-se seu vassalo. Acaz, em essência, não acredita na providência de Deus, mas, apesar disso, Deus não desvia seu olhar dele, pelo contrário: o momento de desconfiança do monarca abre a profecia de Emanuel: “a virgem conceberá e dará à luz um filho que chamará Emanuel” (Isaías 7:9).

Um momento da pregação na Sala Paulo VI (Vatican Media)

O olhar de Deus nos coloca em caminho

Essa confiança na qual Deus permanece perto de nós mesmo quando nos mostramos pouco confiáveis, explica o frade capuchinho, vai além do simples otimismo, porque o Senhor está convencido de que sua voz é “como a chuva e a neve” que não descem do céu sem produzir efeitos na terra. Não somente: sendo desde o início Amor e tendo nos criado livres, Deus está persuadido de que a confiança é sempre o olhar a ser preferido e assumido, porque “somente a confiança nos liberta”. E é justamente o seu olhar que, nos momentos de provação e desânimo, nos permite sair das dificuldades e retomar o caminho. “Deus respeita a nossa liberdade e fica feliz quando a usamos para nos tornarmos semelhantes a Ele”, acrescenta o padre Pasolini, ”Ele respeita essa liberdade mesmo quando escolhemos nos fechar em nós mesmos e no egoísmo. No entanto, se nos afastarmos de seu olhar, Deus não pode desviar seu olhar de nós. Ele continua a nos reconhecer como filhos amados, demonstrando confiança em nossa capacidade de retornar a Ele e a nós mesmos”.

O centurião romano

A segunda figura citada pelo Padre Pasolini é o centurião anônimo do exército romano descrito no Evangelho de Lucas: embora pagão, esse homem decide confiar em Jesus e pede que ele cure seu servo doente. Atento à vida e às necessidades dos outros, o centurião também tenta não colocar o Salvador em apuros, evitando-o, sabendo que um judeu observador como o Salvador se contaminaria ao entrar na casa de um pagão. De fato, ele se dirige a Jesus com uma “frase maravilhosa” que mais tarde foi incorporada à liturgia cristã: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dize uma palavra e eu serei salvo”. Essas palavras, explicou o pregador, expressam uma grande confiança no Senhor Jesus e no fato de ele ser a Palavra definitiva de salvação de Deus.

O Papa Francisco escutando a meditação (Vatican Media)

A ligação entre fé em Deus e cuidado com o próximo

O frade capuchinho também destaca outro aspecto: o centurião romano mostra que a fé em Deus e a atenção ao próximo não são “separáveis” ou “assimétricas”. Pelo contrário: “nossa fé em Deus é autêntica na medida em que acreditamos que a confiança e a bondade nunca são supérfluas nos relacionamentos que vivemos”. Não se trata simplesmente de demonstrar alguma cordialidade, mas de“ sempre encontrar o tempo e a maneira de nos colocarmos no lugar do outro”, de seguir o Senhor que nunca nos deixa desconfortáveis, “nem mesmo quando escorregamos no pecado”, porque “é o amor que se aproxima do outro, a luz que sempre brilha, mesmo na escuridão”.

Ser crente significa expandir nossa humanidade

O centurião que confia em tudo e em todos, mesmo em um contexto em que não faltam dificuldades, é a manifestação de uma humanidade “límpida, aberta, saudável, visível”, é “um forte chamado para nós e para nossas jornadas de fé”, nas quais muitas vezes nos encontramos fechados, desconfiados e egoístas”. Ser crente, reitera o Padre Pasolini, significa expandir e aumentar nossa humanidade e bondade amorosa, caso contrário, nos iludimos pensando que estamos “nos refugiando na sombra de Deus para nos permitir ter um pouco menos de confiança” Nele, em nosso próximo e em nós mesmos.

Na manhã desta sexta-feira, teve lugar na Sala Paulo VI a primeira de três meditações do Advento ao Papa e à Cúria a cargo do novo pregador da Casa Pontifícia, sobre o tema “A ...

São José, ícone de confiança

O frade capuchinho então se detém em São José - a quem o Papa Francisco dedicou a Carta Apostólica Patris corde - descrevendo-o como “um ícone de confiança” na medida em que ele está disposto a “redefinir-se não a partir de si mesmo, mas a partir das circunstâncias”. Não é coincidência que, em uma sociedade em que as mulheres eram definidas pelos homens, José seja chamado de “o esposo de Maria”. Embora perplexo com a gravidez inconcebível de Maria, ele não reage com raiva, não foge, mas fica e se mantém ao lado dos mais fracos: a Virgem e a criança. José não pede e não faz justiça a si mesmo, reitera o padre Pasolini, mas se ajusta à situação em que se encontra. Longe de qualquer atitude passiva ou renunciatória, ele é, portanto, um exemplo de “protagonismo corajoso”.

Exceder-se no amor

Ao confiar no Senhor, José percebeu algo importante: é necessário amar mais do que ele imaginava. Um ensinamento que também é válido para nós: quando nos encontramos em situações complicadas, observa o frade capuchinho, tomados pelo pânico ou pela raiva, não paramos para pensar, mas apenas tentamos evitar o problema, com medo de “olhar a realidade de frente, porque não gostaríamos de ser forçados a reconhecer nela um chamado para nos envolvermos mais com a vida dos outros”. Colocados nas cordas, “tendemos a querer mudar as circunstâncias”.

A luz de Deus brilha mesmo nos momentos mais sombrios

No entanto, lembra o Padre Pasolini, “o ato mais autêntico de justiça nunca consiste em consertar o que nos incomoda ou o que não gostamos, mas em tentar mudar a nós mesmos, reformulando nossas expectativas de acordo com as necessidades ou dificuldades daqueles que nos rodeiam”. Assim, como São José, nas passagens cruciais e mais sombrias de nossas vidas, quando parece que estamos perdendo algo imensamente importante, Deus sempre ilumina, estimulando nossa criatividade e nos ensinando a não desistir de nossos sonhos, mas a vivê-los de forma diferente.

A castidade, abstenção do egoísmo

Padre Pasolini continua enfatizando um outro ponto: a prontidão encarnada por São José para aceitar a realidade não é outra coisa senão a castidade, entendida não no sentido estritamente físico, mas, em um sentido mais amplo, como abstenção do egoísmo e “a capacidade de permanecer em relação com o outro respeitando seus ritmos e tempos”, “em uma troca de cuidado e atenção mútuos”. “Em uma época marcada por uma maior atenção a nós mesmos, evitando sacrifícios inúteis e prejudiciais à nossa humanidade”, acrescenta o pregador, ”o risco coletivo pode ser o de cair em um egoísmo no qual o outro fica em segundo plano. Isso explica por que tantos caminhos de amor e consagração são facilmente interrompidos”. No entanto, precisamente neste momento da história, todos nós sentimos um profundo desejo de “relações autênticas, enraizadas em um coração livre, como o de José”, que é “uma testemunha luminosa da gratuidade”.

Abraçar a realidade confiando no Senhor

No tempo do Advento, conclui o pregador, o convite é, portanto, para atravessar aquela “porta da confiança” indicada pelos profetas, pelo centurião romano e por São José, porque somente dirigindo o nosso olhar para Deus e encontrando a confiança Nele, em nós mesmos e nos outros, saberemos “ver o bem ao nosso redor” e “abraçar a realidade mesmo quando ela é incômoda e quase repulsiva, tentando não buscar a justiça, mas ajustar o nosso coração”, entendendo como ela pode ser “um espaço de felicidade, porque é o lugar onde o Senhor escolheu estar conosco, para sempre”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Luzia

Santa Luzia (A12)
13 de dezembro
Localização: Itália (Sicília)
Santa Luzia

Os poucos dados históricos indicam que Luzia nasceu em Siracusa, ilha da Sicília, Itália. Sua família, nobre e rica, a educou na Fé, e cedo fez ela o voto de virgindade perpétua a Deus. Tendo ficado órfã de pai, sua mãe desejou que se casasse com um jovem de distinta família, mas pagão; Luzia pediu-lhe tempo para amadurecer sua resolução de castidade.

Neste período, a mãe ficou doente, sem esperança de recuperação, e Luzia propôs que peregrinassem à cidade de Catânia, ao túmulo de Santa Águeda, já então famosa pelos milagres concedidos. Ali foi a mãe curada, e depois disso Luzia se recusou definitivamente a casar. O noivo, revoltado, a denunciou ao governador Pascácio, por não ter cumprido a palavra e por ser cristã.

No julgamento a quiseram forçar a sacrificar aos deuses, e a ameaçaram, entre outras coisas, de colocá-la num prostíbulo. Como ela não cedesse, foi cruelmente torturada e por fim decapitada, a 13 de dezembro de 303.

Santa Luzia é considerada protetora das doenças dos olhos, o que parece ser devido ao fato de que a palavra Luzia, em Latim, está associada à luz, que é percebida pelos olhos.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Chama a atenção o fato de quatro virgens, Santas Inês, Cecília, Águeda e Luzia, tivessem o privilégio de um ofício litúrgico próprio, e serem mencionadas, até hoje, no cânon da santa Missa. Todas elas foram muito veneradas na antiguidade. A pureza, de corpo e espírito, é de sumo agrado de Deus, e nos inícios do Cristianismo, em meio ao mundo pagão que desprezava a virgindade, quis a Trindade exaltar particularmente aqueles que se Lhe dedicaram de corpo e alma. São um exemplo que sempre será atual, não por acaso também nestes nossos dias, onde a sensualidade é exacerbada e leva tantos ao pecado. Não é possível querer agradar a Deus e ao mundo: ou seguimos os Mandamentos de Deus, que de fato levam à felicidade verdadeira, ou ficaremos corrompidos pelos prazeres ilegítimos, que por fim só trazem infelicidades e, pior, podem efetivamente levar as almas para o inferno.

Oração:

Deus de amor e bondade, concedei-nos, por intercessão de Vossa queridíssima filha Santa Luzia, a graça de nunca perder de vista os Vossos ensinamentos, para que, levando uma vida conforme a luz da Vossa sabedoria e vontade, cheguemos a Vos ver face a face no Paraíso que não tem fim. Por intercessão da sempre Virgem Maria, Vossa Mãe, e do castíssimo São José, Seu esposo. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Papa: o mistério guadalupano se resume no manto, na rosa e no índio. "O resto é ideologia"

Papa saúda fiéis ao final da celebração (Vatican News)

Como é tradição em 12 de dezembro, na Basílica Vaticana o Santo Padre preside à missa no dia de Nossa Senhora de Guadalupe. Em sua homilia, se concentrou no essencial dessa devoção mariana: o manto, a rosa e o índio. "O resto é ideologia."

Vatican News

Na memória litúrgica de Nossa Senhora de Guadalupe, o Papa presidiu à santa missa na Basílica de São Pedro. Concelebram com o Santo Padre centenas de sacerdotes latino-americanos, na presença de quatro mil fiéis.

A homilia foi pronunciada sem um texto prévio preparado e Francisco propôs à reflexão três elementos que acompanham a devoção guadalupana: o manto, a rosa e o índio.

“Tudo o que é dito sobre o mistério de Guadalupe além disso é uma mentira, é querer usá-lo para ideologias. O mistério guadalupano é para venerá-La e sentir em nossos ouvidos: "Acaso não estou aqui, que sou sua mãe?" E ouvir isso nos momentos da vida, nos vários momentos difíceis da vida, nos momentos felizes da vida, nos momentos cotidianos da vida... "Não tenha medo, acaso não estou aqui, que sou sua Mãe?" E esta é toda a mensagem guadalupana. O resto é ideologia.”

O Pontífice recorda que a maternidade de Maria está gravada nesse simples manto, que em espanhol chamam de "tilma": "A maternidade de Maria é mostrada na beleza das rosas que o índio encontra e leva, e a maternidade de Maria opera o milagre de levar a fé aos corações um tanto incrédulos dos prelados".  

O convite do Papa é fazer da pergunta de Maria ao índio Juan Diego uma "cantiga", uma voz repetitiva que nos diz: "Não tenham medo, acaso não estou aqui, que sou sua Mãe? Que assim seja". 

Na Solenidade da Padroeira das Américas, as cores e os cantos de Tepeyac tomam a Basílica de São Pedro, criando uma especial atmosfera, animada pelo coral dos Colégios mexicano e pio-latino. 

Ao lado do altar, foi posicionada a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, diante da qual o Santo Padre se deteve em oração ao final da missa.

Momento da celebração litúrgica (Vatican News)
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Os segredos ocultos na Imagem de Nossa Senhora de Guadalupe

Nossa Senhora de Guadalupe (Templário de Maria)

Os segredos ocultos na Imagem de Nossa Senhora de Guadalupe

É impossível, cientificamente, que sejam olhos pintados: são olhos vivos!

Todo ano, no dia 12 de dezembro, a Igreja Católica celebra a festa de Nossa Senhora de Guadalupe. Nesse dia em 1531, a Virgem Maria apareceu a um indígena de 57 anos chamado Juan Diego. A história da “tilma” em que a imagem da Virgem apareceu é conhecida, o que ainda é desconhecido para a ciência é como ela foi feita.

Em um de seus encontros, a Virgem Maria pediu a Juan Diego que recolhesse na “tilma” dele –um tecido muito singelo – rosas de Castilla que tinham florescido, apesar do inverno, para que as apresentasse ao arcebispo do México, dom Juan de Zumárraga, como prova das aparições.

Quando Juan Diego desdobrou a “tilma” com as rosas diante do bispo, sobre ela estava impressa a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe. Nos sete anos seguintes, mais de 9 milhões de astecas se converteram ao cristianismo. Juan Diego foi proclamado santo por são João Paulo II em 2002, na sua última visita ao México.

Um dos maiores milagres de Nossa Senhora de Guadalupe é a sua própria imagem, projetada sobre um tecido feito de cacto que não costuma durar mais de 20 anos. No entanto, o manto com a imagem milagrosa da Mãe de Deus existe há quase cinco séculos sem que os peritos em pintura e química tenham encontrado nele qualquer sinal de corrupção! Além de ter passado intacto por um período de 16 anos em que permaneceu sem proteção nenhuma, o tecido foi “vítima” de um grave acidente em 1971: alguns peritos deixaram cair ácido nítrico sobre toda a imagem. Nem sequer a força desse ácido altamente corrosivo, porém, conseguiu danificá-la.

A vasta quantidade de estudos científicos realizados com a imagem aponta que a Virgem de Guadalupe não foi pintada sobre o pobre tecido: ela está, de algum modo, estampada “acima” do tecido, como que “flutuando” ligeiramente sobre ele, sem tocá-lo!

Quanto à imagem propriamente dita de Maria, que é representada grávida, há nela toda uma miríade de elementos inexplicáveis. Vamos destacar aqui apenas seus olhos.

Nossa Senhora de Guadalupe (Templário de Maria)

A seguir, alguns fatos realmente impressionantes sobre a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe que ainda intrigam a ciência:

1. Ela possui qualidades que são impossíveis de replicar humanamente

Feita principalmente de fibras de cacto, a “tilma” era tipicamente de muito baixa qualidade e tinha uma superfície áspera, tornando-a muito difícil de usar, ainda mais para pintar sobre ela uma imagem que perdurasse. Entretanto, a imagem ainda se conserva intacta e os cientistas que a estudaram insistem que não se utilizou nenhuma técnica para adequar a superfície.

A superfície onde a imagem está “estampada”, no entanto, é muito suave, assemelhando-se à seda. A parte onde a imagem não está segue sendo áspera e tosca.

Mais ainda. Os peritos em fotografia infravermelha que estudaram a “tilma” no final da década de 1970 determinaram que não havia traços de pincel, dando como resultado uma imagem que foi plasmada toda ao mesmo tempo.

Isto, junto com uma qualidade iridescente de mudar ligeiramente de cores dependendo do ângulo que uma pessoa a veja e o fato de que a coloração da imagem não demonstra elementos animais ou minerais (os corantes sintéticos não existiam em 1531), o que gera ainda mais perguntas aparentemente impossíveis de responder. Isso é impressionante.

2. A ciência demonstrou que não se trata de uma pintura

Uma das primeiras coisas que dizem os céticos sobre a imagem é que de alguma forma houve uma fraude e que a imagem foi pintada com uma técnica conhecida naquela época, mas desconhecida hoje em dia. O fato é que há séculos ninguém conseguiu replicar uma imagem com as propriedades deste manto, começando pelo fato de que perdure tanto tempo, quase 500 anos, sem descolorir.

Miguel Cabrera, artista do século XVIII que produziu três das melhores cópias já conhecidas (uma para o arcebispo, uma para o Papa e uma para ele para futuras réplicas), escreveu certa vez sobre a enorme dificuldade de recriar a imagem mesmo sobre as melhores superfícies. Outro fato que impressiona.

3. O manto mostrou características surpreendentemente parecidas com as de um corpo humano

Em 1979, quando o Dr. Phillip Callahan, um biofísico da Universidade da Flórida (Estados Unidos), estava analisando a “tilma” usando tecnologia infravermelha, descobriu que a malha mantém uma temperatura constante de entre 36,6 e 37 graus Celsius, a temperatura normal de uma pessoa viva.

Quando o Dr. Carlos Fernández de Castillo, médico mexicano, examinou o tecido, encontrou uma flor de quatro pétalas sobre o ventre da Maria. Os astecas chamavam a flor de “Nahui Ollin” e era o símbolo do sol e da plenitude.

Depois de mais exames, o Dr. Fernández de Castillo concluiu que as dimensões do corpo de Nossa Senhora na imagem eram os de uma mãe por dar à luz em pouquíssimo tempo. E como se sabe, 12 de dezembro, dia da aparição está muito perto do Natal.

Finalmente, uma das atribuições mais comuns e descobertas reportadas estão dentro dos olhos da Virgem na imagem.

O Dr. José Alte Tonsmann, um oftalmologista peruano, estudou os olhos da imagem da Virgem com uma magnificação de 2.500 vezes e foi capaz de identificar até 13 indivíduos em ambos os olhos em diferentes proporções, exatamente como um olho humano refletiria uma imagem. Leia mais detalhes no vídeo no final da matéria.

Parecia ser uma captura do momento exato em que Juan Diego desdobrou a “tilma” perante o Arcebispo Zumárraga. Isso é surpreendente.

Nossa Senhora de Guadalupe (Templário de Maria)

4. Parece ser virtualmente indestrutível

Dois eventos ameaçaram o manto através dos séculos. Um deles ocorreu em 1785 e o outro em 1921.

Em 1785, um trabalhador estava limpando a proteção de vidro quando acidentalmente derramou solvente de ácido nítrico sobre uma grande parte da imagem. A imagem e o resto do manto deveria ser quase instantaneamente corroído pelo ácido, mas não foi assim. A imagem “autorrestaurou-se” após 30 dias e permanece intacta até hoje, com apenas pequenas manchas e em lugares onde a imagem não está plasmada.

Em 1921, um ativista anticlerical escondeu 29 cargas de dinamite em um vaso de rosas e o pôs diante da imagem dentro da Basílica de Guadalupe.

Quando a bomba explodiu, quase tudo, desde o piso até o genuflexório de mármore voou pelos ares. A destruição alcançou inclusive as janelas a 150 metros de distância e os candelabros de metal que estavam ao lado da Virgem ficaram retorcidos pela força do impacto.

Entretanto a imagem e o vidro ao seu redor, que não era a prova de bala, permaneceram totalmente intactos. Um pesado crucifixo de bronze, que terminou completamente dobrado para trás, evidencia a força das dinamites que deveriam ter estilhaçado o vidro e repartido o manto por completo.

Outros detalhes do manto ainda chamam a atenção de cientistas e fiéis como os seguintes:

O cabelo solto da Virgem, símbolo asteca para a virgindade.

As mãos, uma mais morena e a outra mais branca, mostram a união de duas raças.

As 46 estrelas do manto mostram exatamente as constelações vistas no céu daquela noite em 1531.

Os raios, que simbolizavam para os astecas o brilho do sol, a maior divindade desta cultura, os quais se intensificam no ventre da imagem, onde Maria carrega o menino.

A lua sob seus pés, que além de evocar a imagem do Apocalipse da Mulher vestida de sol com a lua sob seus pés, evoca o próprio nome do México, que em língua asteca significa “centro da lua”.

Finalmente, o anjo representado com asas de pássaros típicos daquela região do México simboliza a junção entre a terra e o céu.

5. Os olhos milagrosos da Virgem de Guadalupe

Assim como a figura das pessoas com as quais falamos se reflete em nossos olhos, estão refletidos nos olhos de Nossa Senhora as figuras do índio Juan Diego, do bispo da Cidade do México e do intérprete entre eles. Cientistas dos Estados Unidos estudaram as imagens refletidas e concluíram que as figuras não são pintadas, mas gravadas nos olhos de uma pessoa viva.

O diminuto tamanho das córneas na imagem, de cerca de 7mm a 8mm, descartam a possibilidade de pintura. Além disso, o rudimentar tecido de fibras do cacto maguey apresenta poros e falhas na costura que são maiores que as próprias córneas da imagem. Nem mesmo a tecnologia de hoje permite reproduzir tamanha riqueza de detalhes sobre um tecido tão inadequado.

Olhos milagrosos da Virgem de Guadalupe (Templário de Maria)

Os estudos dos olhos da Virgem de Guadalupe levaram à descoberta de 13 pequenas imagens. Mas as surpresas vão além. 1 milímetro da imagem foi ampliado 2.500 vezes e descobriu-se que, num dos seus pontinhos microscópicos, pode-se ver a pupila do bispo dom Zumárraga, que aparece por inteiro na pupila de Nossa Senhora. Acontece que, também na pupila do bispo, está refletida a imagem de Juan Diego mostrando o poncho com a imagem da Virgem de Guadalupe.

A imagem de Juan Diego, portanto, aparece duas vezes: uma nos olhos da Virgem e outra nos olhos do bispo, que, por sua vez, está refletido nos olhos da Virgem.

O papa Bento XIV, em 1754, declarou sobre a imagem: “Tudo nela é milagroso: uma imagem que provém de flores colhidas num terreno totalmente estéril, no qual só podem crescer espinheiros… Uma imagem estampada numa tela tão rala que, através dela, podem-se ver o povo e a nave da Igreja… Deus não agiu assim com nenhuma outra nação”.

Nesse vídeo podemos conhecer melhor algumas descobertas feitas por cientistas, a respeito das imagens encontradas nos olhos da Virgem de Guadalupe. O vídeo aborda uma nova descoberta, bastante atual para o tempo que vivemos de perseguição às famílias.

Fonte: https://templariodemaria.com/os-segredos-ocultos-na-imagem-de-nossa-senhora-de-guadalupe/

Sínodo e cultura digital

Igreja Sinodal: mundo digital, lugar para a missão (Vatican News)

SÍNODO E CULTURA DIGITAL

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

O “Documento Final da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos” trouxe reflexões significativas sobre a sinodalidade e seus desdobramentos na cultura digital. Os parágrafos 113 a 115 do referido Documento abordam diretamente os impactos da cultura digital na vida da Igreja e na proclamação do Evangelho. 

Conforme o “Documento Final”, a cultura digital não é apenas uma ferramenta de comunicação, mas um ambiente no qual relações humanas, valores e práticas sociais estão sendo constantemente remodelados. A Internet redefine a forma como nos conectamos, provocando em nós, ao mesmo tempo, uma sensação de proximidade e, paradoxalmente, solidão e exclusão. Nesse contexto, a Igreja é chamada a compreender essa nova realidade e a responder de maneira pastoral e missionária. 

Entre os desafios da cultura digital destacam-se: a) isolamento e exclusão digital: apesar da ampla conectividade proporcionada pelas tecnologias digitais, muitos ainda enfrentam formas de exclusão social e digital, agravando desigualdades já existentes; b) distorção de valores: a predominância de determinadas informações e narrativas nas plataformas digitais pode reforçar divisões sociais, preconceitos, disseminar desinformação e discurso de ódio, além de acirrar polarizações; c) superficialidade relacional: relações mediadas digitalmente embora conectem as pessoas, frequentemente carecem da profundidade e da autenticidade necessárias para o aperfeiçoamento moral e a construção de laços humanos e espirituais significativos. 

Entretanto, jamais podemos esquecer que a cultura digital também apresenta oportunidades valiosas, tais como: a) conexão global: a possibilidade de criar redes de solidariedade e comunhão que superam barreiras geográficas e culturais, fortalecendo vínculos entre diferentes comunidades; b) ampliação da missão: o ambiente digital apresenta-se como um novo espaço para a evangelização, onde o Evangelho pode ser proclamado de maneira criativa, acessível e envolvente; c) diálogo e inclusão: o ambiente digital pode permitir acolher uma diversidade de vozes, promovendo um testemunho concreto de unidade na diversidade e uma maior abertura ao encontro com o outro. 

O Sínodo reconhece que as comunidades digitais podem ser espaços de encontro, pertencimento e partilha de fé. Essas comunidades, quando estruturadas segundo valores cristãos, têm o potencial de se tornarem verdadeiros lares espirituais, promovendo a integração de pessoas muitas vezes marginalizadas. Por isso, a Igreja, como “lar acolhedor”, é chamada a transformar a rede digital em um lugar de comunhão sacramental e missionária, onde as relações humanas sejam reconfiguradas à luz do Evangelho. 

O modelo sinodal da Igreja, que enfatiza a comunhão, participação e missão, encontra um terreno fértil nas redes digitais. A sinodalidade pode se expressar por meio de fóruns, grupos de discussão e plataformas de colaboração que incentivam a corresponsabilidade e a partilha de dons entre os fiéis. Na “teia de relações” proporcionada pela cultura digital, a Igreja é convidada a articular sua sacramentalidade, tornando-se um testemunho visível de unidade e fraternidade no ambiente digital. 

A XVI Assembleia Sinodal convida a Igreja a discernir como viver sua missão no novo “continente digital”, transformando os desafios da cultura digital em oportunidades de evangelização. Esse compromisso profético requer coragem, criatividade e fidelidade ao Evangelho. A sinodalidade deve ser mais do que um caminho de renovação espiritual e pastoral; ela também pode ser uma resposta concreta aos desafios da cultura digital. Dessa forma, a Igreja é chamada a ser um sinal visível de esperança e inclusão no mundo conectado, irradiando o amor de Cristo de maneira consistente e eficaz por todos os meios disponíveis. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O perene presépio do Sacrário (II)

Menino Jesus e Maria (Opus Dei)

O perene presépio do Sacrário

Este é um texto sobre o Natal. Nele recordamos que os Magos levaram ouro, incenso e mirra. E nós, o que levamos para o Menino Jesus? O trabalho de todas as atividades humanas.

27/12/2017

Para amar

Quando trabalhamos, é Ele quem trabalha, quem sofre e se entrega, quem ama. Vamos à casa do Pão, eterno presépio do Sacrário onde está o Filho único do Pai, o Verbo eterno de Deus. Na patena, unindo nossa tarefa ao pão – fruto da terra e do nosso trabalho –; e no cálice, unindo ao vinho – fruto da vide e de nosso trabalho[19] – a gota de água de nossa vida.

Cuida e trabalha, diz São Josemaria. Um trabalho bem feito, cuidado, com esmero. O trabalho que corresponde ao pequeno dever de cada momento: Faz o que deves e está no que fazes[20]. Cuidado, esmero, preparação de tua oferenda. Vamos ao Sacrário que se encontra na paróquia, na igreja próxima ao local de trabalho, ou do caminho para ele; ao Sacrário de algum oratório. Vamos até aí para encurtar o tempo até a próxima Missa, preparando a oferenda da jornada com o cuidado e a impaciência dos enamorados, com o santo entusiasmo de fazer de cada dia uma Missa, para rezar por nossos familiares e amigos, para nos sentirmos amados…, e para amar![21]. De modo muito especial, à hora das provas, ou quando é preciso dar um passo novo, talvez mais custoso, visando um abandono interior maior, então chegou o momento de ir ao Sacrário e falar com o Senhor, que nos mostra as suas chagas como credenciais de seu amor; e, com fé nessas chagas, que não contemplamos fisicamente, descobriremos, com os Apóstolos, a necessidade de que Cristo padecesse e assim entrasse em sua glória; acolheremos mais claramente a Cruz como um dom divino, compreendendo assim aquela exortação do nosso Padre: empenhemo-nos em ver a glória e a felicidade ocultas na dor[22].

O Sacrário é Belém, casa do pão, sempre demasiado pobre para o Senhor. É Belém porque ali está com sua alma, com seu corpo, com seu sangue e sua divindade[23], porque se oferece, como em Belém, à nossa contemplação e à nossa adoração. Não vamos a Ele com as mãos vazias, mas com o trabalho já realizado e aquele por realizar. A visita ao Santíssimo Sacramento é uma pausa de adoração: Jesus, aqui está João, o leiteiro; ou também: Senhor, aqui está este desgraçado, que não sabe Te amar como João, o leiteiro[24].Com nosso nome, nós lhe falamos da oferenda que lhe estamos preparando: sou o médico, o operário, o juiz, o professor escolar…, que venho Te dar o que sou e o que faço; e a Te pedir perdão pelo que deixei de fazer. Vamos a Ele com os anjos, e, como no presépio, está Santa Maria e está São José. O pai e a mãe de família levam seus filhos para saudar Jesus no Tabernáculo; o profissional, o colega; o estudante, seu amigo, ensinando, com o exemplo, como a fé move a ir ao encontro do Senhor que nos espera.

Foto/Crédito: Opus Dei

Fé, pureza, vocação

Pai-Nosso, Ave Maria, Glória. Eu quisera Senhor receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que vos recebeu a vossa Santíssima Mãe, com o espírito e o fervor dos Santos[25]. Depois de adorar ao Pai nosso que está nos Céus, invocamos a Mãe de Deus e Mãe nossa, para que nos ensine a dar glória, com nossa vida, à Trindade. Ela nos deu o Corpo de Jesus; Ela nos dá Cristo na Eucaristia. Suas mãos receberam o ouro, o incenso e a mirra que os Magos ofereceram a Jesus. Em suas mãos se purificam nossas oferendas e também nossas misérias. Dá brilho ao ouro da nossa fé, acende com seu amor materno o incenso de nossa pureza e enche de aroma a mirra da nossa entrega. Santa Maria mantém vivo o fogo de nossa fidelidade e de nosso apostolado. Com Ela, daremos luz e calor. Seremos lâmpadas de fé, de caridade ardente, luz divina que ilumina o caminho até Belém.

Vamos à última e eterna epifania divina, a última revelação descrita no último livro do Novo Testamento, escrito quando, de um lado, pareciam crescer as confusões doutrinais, ameaçando a verdade dos cristãos, e, de outro, desencadeava-se a primeira perseguição universal e sistemática contra a Igreja. O imperador, uma criatura de barro, ébria de glória humana, pretendia ser adorado como Senhor e Deus. Porém, as sombras de glória vã desaparecerão com o rio de água da vida, claro como um cristal, procedente do trono de Deus e do Cordeiro. Os que verão seu rosto não necessitarão de lâmpadas porque o Senhor Deus os iluminará e reinarão pelos séculos dos séculos[26].

Menino Jesusm Maria e José (Opus Dei)

Enquanto isso, o fulgor divino se propaga como um incêndio, de coração a coração: fogo apostólico que se alimenta da fidelidade diária, com a humildade que persevera na fé, com o Pão que torna mais firme a pureza, com a vocação fortalecida na Palavra, na oração. Ouro, incenso e mirra. Fé, pureza, caminho: três pontos intocáveis, que cada semana consideramos com o Senhor, e que nos apraz comentar quando queremos acudir à ajuda da direção espiritual. Assim, recomeçaremos, cada dia, cada semana, preparando nossa oferenda para a Epifania de todos os dias.

Guillaume Derville

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[19] Cfr. Missal Romano, Liturgia Eucarística.

[20] Caminho, n. 815.

[21] Cfr. Forja, n. 837.

[22] D. J. Echevarría, Carta pastoral aos fiéis da Prelazia e cooperadores por ocasião do Ano da Eucaristia, 6-X-2004, em “Romana" 2004 (nº 39), p. 221.

[23] Cfr. Concílio de Trento, sessão XIII, Can. 1.

[24] Cfr. Guillaume Derville, Rezar 15 dias com São Josemaria Escrivá, Ciudad Nueva, Madrí 2002, págs. 71-72.

[25] Cfr. São Josemaria Escrivá de Balaguer, Caminho, edição crítico-histórica, preparada por Pedro Rodríguez, 3ª ed. Rialp, Madrí 2004, pág. 689 (comentário ao ponto 540).

[26] Cfr. Ap 22, 1-5.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/o-perene-presepio-do-sacrario/

A democracia e a manipulação das massas: as palavras proféticas de Pio XII

Papa Pio XII (Vatican News)

Uma conferência em Roma sobre a relevância da mensagem de Natal de 1944 do Papa Pacelli, divulgada em um mundo ainda abalado pela tragédia da guerra e considerada uma forma de “batismo” da democracia.

Andrea Tornielli

Oitenta anos atrás, em 24 de dezembro de 1944, Pio XII pronunciava uma mensagem radiofônica de Natal “aos povos do mundo inteiro” refletindo sobre o tema da democracia, que foi o assunto de uma conferência organizada pelo Comitê Papa Pacelli e presidida pelo cardeal Dominique Mamberti. Entre os palestrantes estava Luca Carboni, do Arquivo Apostólico do Vaticano. Aquela mensagem, transmitida em um mundo ainda abalado pela tragédia da guerra, representa a primeira formalização do personalismo cristão de Jacques Maritain aplicado à política, postulando a centralidade da responsabilidade e da participação de cada cidadão na condução dos assuntos públicos.

Há muitos pontos atuais nesse texto magisterial considerado uma forma de “batismo” da democracia: do princípio fundador da dignidade do homem à unidade de toda o gênero humano; do firme e decisivo “não” à guerra de agressão como solução legítima para controvérsias internacionais (o Papa Pacelli gritou naquela ocasião: “Guerra à guerra!”), à esperança de que um “órgão de manutenção da paz” fosse formado, investido “por consentimento comum com autoridade suprema” (as Nações Unidas).

Entre as passagens proféticas do texto de Pio XII, que estava bem ciente dos resultados nefastos do totalitarismo, há certamente a distinção entre o povo e a “massa”: “o povo vive e se move por sua própria vida; a massa é inerte por si mesma e só pode ser movida de fora. A massa... espera o impulso de fora, um brinquedo fácil nas mãos de quem explora os instintos ou as impressões, pronta a seguir, de tempos em tempos, hoje esta bandeira, amanhã aquela outra”. O Papa observava que a massa “habilmente manipulada e usada” também pode ser usada pelo Estado. A massa manipulada se torna o “inimigo capital da verdadeira democracia e do seu ideal de liberdade e de igualdade”.

O risco da manipulação do consenso é, de fato, muito atual. Hoje, mais do que no passado, às vezes parece que não é a força dos melhores argumentos e programas que prevalece nas decisões políticas, mas sim ressentimentos, rancores e instintos. O principal objetivo não é mais melhorar as condições sociais para todos, mas sim tornar as sociedades competitivas, apresentando as reformas como necessárias para não “ficar para trás”.

As aplicações da engenharia genética, o uso da inteligência artificial, a corrida armamentista - para citar apenas alguns exemplos - aparecem como uma necessidade estrutural para manter a competitividade. No entanto, como observava João Paulo II na encíclica Centesimus Annus, “uma democracia sem valores se converte facilmente em totalitarismo aberto ou desonesto, como demostra a história”.

Como não pensar, olhando para a situação atual, aos riscos associados à manipulação das informações na internet, às fake news, à criação de perfis para fins comerciais dos “consumidores individuais”? Como não pensar na falta, em suas raízes populares, do que a Doutrina Social da Igreja define como “corpos intermediários”, ou seja, associações, partidos e tudo o que surge de baixo porque as pessoas se organizam para atender às necessidades da sociedade? Para que a democracia se concretize, além da promoção dos indivíduos, o papel da sociedade é fundamental e, portanto, locais e estruturas de participação e corresponsabilidade são indispensáveis. É necessário ouvir, dialogar, confrontar-se. É preciso abrir os olhos para evitar que as democracias se transformem em oligarquias, com o poder exercido por aqueles que detêm um imenso capital.

Ao receber o Prêmio Carlos Magno em 2016, no Vaticano, o Papa Francisco lembrou uma frase iluminante de um dos pais fundadores da Europa, Konrad Adenauer: “o futuro do Ocidente não está ameaçado tanto pela tensão política quanto pelo perigo da massificação, da uniformidade de pensamento e sentimento; em suma, por todo o sistema de vida, pela fuga da responsabilidade, com a única preocupação pelo próprio eu”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF