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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Maria, a escolhida de Deus, no Alcorão (I)

Bento XVI com Ali Akbar Naseri, embaixador da República Islâmica do Irã junto à Santa Sé, por ocasião da apresentação das cartas credenciais, 29 de outubro de 2009 [© Osservatore Romano]

Arquivo 30Giorni nº. 12 - 2009

A VISÃO CORÂNICA DE MARIA

Maria, a escolhida de Deus, no Alcorão

Por ocasião da solenidade da Imaculada Conceição, recebemos do Embaixador da República Islâmica do Irão junto da Santa Sé o texto do discurso que proferiu na Universidade de Catânia sobre a visão corânica de Maria, que temos o prazer de comunicar. Publicar.

por Ali Akbar Naseri

«E quando os anjos disseram a Maria:
“Ó Maria! Verdadeiramente Deus te escolheu
e te purificou e te escolheu
entre todas as mulheres da criação"
(Sagrado Alcorão: III, 42)

É uma grande honra para mim estar presente neste encontro científico e espiritual onde se reuniram professores, alunos e pessoas interessadas no tema da minha palestra. Agradeço sinceramente ao muito claro professor Enrico Iachello, reitor da Faculdade de Letras e Filosofia, que tornou possível o nosso encontro.

No meu discurso explicarei a visão corânica de Maria e, nesta ocasião, tenho o prazer de recordar o próximo aniversário de 8 de Dezembro, em que os católicos celebram a Imaculada Conceição. O Islão e o Alcorão, por sua vez, atribuem a Maria santidade e uma dignidade particularmente elevada.

A sociedade humana ao longo da história sempre constituiu uma comunidade única, dotada de uma natureza que anseia pela busca de Deus e de uma razão que a guia. Também é direcionado para a felicidade neste mundo e no próximo através do envio de profetas e da descida de livros revelados. As religiões e as leis divinas que se sucederam nas diversas épocas históricas têm a mesma, única e verdadeira essência e objetivos comuns. Se forem corretamente observados, está garantido o crescimento do homem em todos os aspectos, uma existência inspirada na justiça neste mundo e na vida eterna no além.

O Alcorão diz: «De fato, enviamos Profetas com sentenças e verdades muito claras e enviamos-lhes o Livro e a Balança para que a humanidade possa ascender em direção à equidade e à justiça» (Alcorão Sagrado: LVII, 25).

O Alcorão é o último livro revelado e Maomé (que a paz esteja com ele) o último Profeta de Deus, continuador do Caminho sagrado dos Profetas que o precederam.

Os muçulmanos, de acordo com os versículos do Alcorão, acreditam em todos os profetas, de Abraão a Moisés, a Jesus, e nos livros revelados, como o Antigo e o Novo Testamento.

O Alcorão Sagrado dá a Maria uma posição particular: em numerosos versículos e suratas, Maria e Jesus Cristo (que a paz esteja com eles) são mencionados extensivamente. No Alcorão há até uma sura com o nome de Maria (sura XIX), na qual são descritas suas virtudes e qualidades (deixe-me dizer-lhe que uma de minhas filhas, para minha grande honra, se chama Mariam).

De acordo com outra sura, Anna, esposa de Emran, pediu a Deus um filho para dedicar ao serviço do templo em Jerusalém. Pouco depois ela engravidou e jurou renunciar à tutela do filho esperado e dedicá-lo ao serviço do templo. Passado o tempo, ela deu à luz, contrariamente às expectativas, uma filha, que se chamava Maria, ou seja, dedicada ao culto e ao templo (Sagrado Alcorão: III, 35-36). Isto aconteceu quando o seu marido Emran, antes do nascimento da sua filha, alcançou a paz eterna.

A mãe então entregou o recém-nascido ao templo, onde o profeta Zacarias cuidou dela (III, 37) e onde Maria passou parte de sua vida em adoração a Deus. Cada vez que Zacarias entrava em sua casa ele encontrava frutas frescas prontas e pedia-lhe. : «De onde vem tudo isto?». Maria respondeu: “Vem de Deus para mim”.

A citada sura de Maria, a partir do versículo 16, narra a história de Maria, de como ela, longe de sua família, enquanto estava no templo, protegida por um véu, empenhada na adoração divina, viu o anjo de Deus, Gabriel , apareça, em forma humana. Antes dele, Maria refugiou-se em Deus, mas o anjo lhe disse: “Fui enviada pelo teu Criador para te dar um filho puro”. Maria disse com espanto: “Como é possível se nunca tive relações com um homem e nunca fui uma mulher corrupta?”. O anjo respondeu: "É a vontade certa de Deus, pois é fácil para Ele dar à luz sem a ajuda de um pai a um filho que é um sinal divino e fonte de clemência para a humanidade" (Alcorão Sagrado: XIX, 16-21).

Maria concebeu Jesus Cristo (que a paz esteja com ele) e na hora de dar à luz foi para um lugar distante. Ela sentou-se ao pé de uma árvore seca e disse: “Ah, se eu já estivesse morta e esquecida”. Naquele momento ela ouviu uma voz dizendo: “Não fique triste”, e um riacho correu na sua frente e uma tâmara fresca caiu da árvore a seus pés.

A voz dizia: «Beba a água, coma a tâmara e alegre-se com o recém-nascido e quando encontrar o povo diga: “Jurei calar”». Seu povo a viu segurando o bebê recém-nascido e com espanto e protesto se voltou para ela, dizendo que seu pai não era um homem mau nem sua mãe uma pecadora. E ela apontou para eles o bebê recém-nascido, e eles disseram: “Como pode um bebê recém-nascido falar?” O recém-nascido (Jesus) falou e disse: “Eu sou o Servo de Deus, que me deu o Livro e me fez Profeta e me fez fonte de bênção onde quer que eu estivesse e prescreveu a Oração na minha relação com Deus e a Esmola a serviço de o povo de Deus e a bondade para com minha mãe. Que a paz esteja comigo no dia em que nasci, no dia em que morro e no dia em que ressuscitou” (XIX, 22-33).

Fonte: https://www.30giorni.it/

São João Evangelista

São João Batista (cancaonova)

SÃO JOÃO EVANGELISTA 

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
 

A partir do dia 25 de dezembro entramos no período litúrgico denominado como Oitava do Natal, que são oito dias como se fosse um só. Ou seja, o Natal é tão importante que não pode ser celebrado em um dia só, mas se estende por oito dias. É como se a cada dia desses oito dias fosse Natal, e podemos desejar uns aos outros um Santo e Abençoado Natal. É um período de grande alegria, pois o Emanuel, o Deus conosco, o Príncipe da Paz, está no meio de nós. Após a Oitava do Natal, que se encerra no dia 1º de janeiro, continua o tempo do Natal, que segue até a festa do Batismo do Senhor. 

O período da Oitava do Natal é especial, pois, conforme dissemos, celebramos em primeiro lugar o nascimento de Jesus, o grande mistério da Encarnação, mas praticamente em todos os dias da Oitava celebramos a festa de um santo. No dia 26 de dezembro celebramos a festa litúrgica de Santo Estevão; no dia 27, celebramos São João Evangelista; no dia 28, os Santos Inocentes; neste ano, no domingo dia 29, a Festa da Sagrada Família; e, por fim, no dia 1º de janeiro, a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus. 

Seria enriquecedor se pudéssemos participar da Santa Missa todos os dias do período da Oitava do Natal, pois, afinal de contas, conforme dissemos, cada dia é Natal. E, em cada dia, a celebração de um santo em especial. Cada um desses santos tem uma particularidade com a vida de Jesus. Santo Estevão foi o primeiro mártir; São João foi apóstolo e evangelista; os Santos Inocentes não puderam se defender e morreram ainda recém-nascidos, em sua maioria, por maldade de Herodes; na Sagrada Família recordamos que o Messias teve uma família aqui na terra e nasceu pelo seio de Maria; e, no dia 1º de janeiro, recordamos Nossa Senhora como a Mãe de Jesus e Mãe de Deus, quando comemoramos também o Dia Mundial da Paz, neste ano o 58º. 

São João Evangelista foi um dos doze apóstolos de Jesus, considerado o discípulo amado, um dos mais jovens entre os doze. Foi a João Evangelista que Jesus, na agonia da Cruz, entregou a sua Mãe para que João cuidasse. João e Maria estavam aos pés da cruz, e Jesus, ao entregar sua Mãe a João, entrega-a a todos nós. João acolhe Maria consigo e cuida dela até ela subir ao céu. 

João segundo algumas tradições, morreu de velhice, uma morte natural, quando tinha noventa e quatro anos. João, além de ser o autor do quarto Evangelho, escreveu também três cartas. Nesses escritos, João revela, sobretudo, o amor de Deus por nós, manifestado em Jesus Cristo. Um dos escritos mais famosos de João, além de seu Evangelho, é o livro do Apocalipse de São João. 

Não podemos confundir João Evangelista com João Batista, pois são diferentes. Ambos viveram em tempos um pouco distintos. João Batista é o primo de Jesus, o precursor, que preparou o caminho para a chegada de Jesus. Já João Evangelista foi o discípulo amado de Jesus e o autor do Evangelho e das cartas. A festa de São João Batista comemora-se duas vezes: no dia 24 de junho, o nascimento, e no dia 29 de agosto, o martírio. Já João Evangelista veio posteriormente, escolhido como apóstolo de Jesus, e celebra-se a sua festa litúrgica no dia 27 de dezembro. Os dois têm uma grande importância na história da salvação, mas aparecem em momentos diferentes dessa história. 

João seria o mais novo dos doze apóstolos, com provavelmente cerca de vinte e quatro anos de idade quando foi chamado por Jesus. Consta que seria solteiro e vivia com os seus pais em Betsaida. Nasceu em Betsaida e ocupou um lugar de primeiro plano entre os apóstolos. Era pescador de profissão, consertava as redes de pesca. Trabalhava junto com seu irmão Tiago Maior e em provável sociedade com André e Pedro, todos apóstolos. 

O nome de João significa “Deus misericordioso”. Trata-se de uma profecia que foi se cumprindo na vida do mais jovem dos apóstolos. João, sobretudo, anunciava a face desse Deus misericordioso, que nos revelou o seu Filho, Jesus Cristo, a fim de nos salvar e resgatar aqueles que andavam nas trevas do pecado. 

João esteve presente em momentos marcantes da vida de Jesus, por isso era considerado o discípulo amado. No episódio da transfiguração no Monte Tabor, Jesus chama Pedro, Tiago e João. Na Santa Ceia, quem reclina a cabeça no peito de Jesus é João. E, no momento da agonia de Jesus na Cruz, foi o apóstolo que esteve presente até os últimos momentos de Jesus, ao lado da Virgem Maria, enquanto os outros fugiram. João é sempre o homem da elevação espiritual, tanto que Jesus chamou a ele e a seu irmão Tiago de Boanerges, que significa “filhos do trovão”. 

O Apocalipse e as três cartas de João testemunham igualmente que o autor vivia na Ásia e lá gozava de extraordinária autoridade. E não era para menos: em nenhuma outra parte do mundo, nem sequer em Roma, havia apóstolos que sobrevivessem. É de imaginar a veneração que tinham os cristãos dos fins do século I por aquele ancião de mais de 90 anos, que tinha ouvido falar o Senhor Jesus, o tinha visto com os próprios olhos, o tinha tocado com as próprias mãos, o tinha contemplado na sua vida terrena e depois de ressuscitado, e presenciara a sua ascensão aos céus. Por isso, o valor dos seus ensinamentos e o peso das suas afirmações não podiam deixar de ser excepcionais e mesmo únicos. 

São João, já no auge de sua velhice, se deparou com uma perseguição por parte do Império Romano à Igreja de Cristo e aos cristãos. Alguns desses fatos são até relatados no livro do Apocalipse. Além dessas perseguições, ainda havia muitas heresias que desencadearam o movimento religioso gnóstico, nascido e propagado fora e dentro da Igreja, procurando corroer a essência mesma do Cristianismo. São João só não foi assassinado ou preso pelo Império, primeiro por graça de Deus e, segundo, porque soube se refugiar e ficar recluso na Ásia. 

Completada a sua jornada aqui na terra, o santo evangelista morreu quase centenário, sem sabermos uma data exata. Foi no fim do primeiro século ou no início do segundo século, no tempo do imperador Trajano (98–117 d.C.). 

Portanto, celebremos com alegria a festa de São João Evangelista nesse dia 27 e peçamos a Deus que, por intercessão desse grande santo da Igreja, possamos defender até o fim nossa Igreja Católica e, da mesma forma, defender a nossa fé. Aprendamos do apóstolo a nutrir o amor a Jesus e à Virgem Maria, e que eles nos guiem no caminho do bem. 

Que o Espírito Santo, que sempre faz novas todas as coisas, nos faça seguir os passos de Jesus e ouvir a sua voz, tornando-nos fiéis à sua missão. Amém. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Dom Anuar: Jesus nasce sempre para nos salvar!

Menino Jesus  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Os Anjos anunciaram aos pastores: “Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é Cristo Senhor” (Lc 2,11). Esta mensagem é um anúncio de alegria para todos os povos, pois Jesus veio para salvar toda a humanidade.

Dom Anuar Battisti - Arcebispo Emérito de Maringá (PR)

Amados irmãos e irmãs em Cristo,

Hoje celebramos o nascimento de Jesus, o Filho de Deus, o Salvador da humanidade. Este é o dia em que a luz de Deus brilha sobre um mundo marcado pelas trevas do pecado e da dor. Como nos diz o profeta Isaías: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu” (Is 9,1). Essa luz é Cristo, o Emanuel, Deus conosco, que vem trazer esperança, paz e salvação.

No Evangelho de hoje, São Lucas nos narra o nascimento de Jesus de maneira simples e profunda. Ele nasceu em Belém, em um estábulo, e foi colocado em uma manjedoura, “porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2,7). O Filho de Deus, o Rei do Universo, escolheu a humildade como seu berço. Essa escolha nos ensina que Deus não se revela no poder ou na riqueza, mas na simplicidade e na humildade.

Os Anjos anunciaram aos pastores: “Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é Cristo Senhor” (Lc 2,11). Esta mensagem é um anúncio de alegria para todos os povos, pois Jesus veio para salvar toda a humanidade. Ele é a graça de Deus manifestada, como nos recorda São Paulo: “Manifestou-se a graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens” (Tt 2,11).

O que o Natal nos ensina?

         1.       A humildade de Deus: Jesus, sendo Deus, escolheu se fazer pequeno e frágil, mostrando-nos que a verdadeira grandeza está na simplicidade. Como podemos, em nossa vida, buscar essa mesma humildade?

         2.       A paz que vem de Cristo: Ele é chamado de “Príncipe da Paz” (Is 9,6). Essa paz não é apenas ausência de conflitos, mas uma reconciliação profunda com Deus e com os outros. Estamos dispostos a ser instrumentos dessa paz em nossas famílias e comunidades?

         3.       O amor incondicional de Deus: O Natal é a prova do amor infinito de Deus por nós. Ele nos convida a viver esse amor, especialmente com os que mais sofrem.

Ao celebrarmos o Natal, somos chamados a olhar para o presépio e refletir: Temos dado espaço para Jesus nascer em nossos corações? Muitas vezes, como a hospedaria de Belém, nosso coração está cheio, sem lugar para o Salvador. Precisamos esvaziar-nos de nossos egoísmos, preocupações excessivas e medos, para que Ele possa habitar em nós.

São Leão Magno, em uma de suas homilias natalinas, nos exorta: “Reconhece, ó cristão, a tua dignidade. Tornaste-te participante da natureza divina. Não voltes ao pecado, mas vive como filho de Deus.” Que este Natal seja um momento de renovação de nossa fé e de nosso compromisso de viver como filhos e filhas de Deus.

Que Maria, a Mãe do Salvador, nos ensine a acolher Jesus com o mesmo amor e entrega com que o recebeu. E que, assim como os pastores, possamos também nós anunciar com alegria: “Hoje nasceu para nós o Salvador, que é Cristo Senhor!”

A todos os que evangelizam comigo pelas mídias sociais quero deixar consignado meu afetuoso abraço e votos de que este dia santíssimo seja de renascimento com Cristo, de luz e de paz. Por isso cantemos: Glória a Deus nos mais altos do céu e paz na terra aos homens de boa vontade!

Feliz Natal! Amém.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Santo Estevão, protomártir

Santo Estevão (A12)
26 de dezembro
Santo Estevão

Estevão é intitulado protomártir por ter sido o primeiro a dar a sua vida pela fidelidade a Cristo. O relato histórico e inquestionável do seu martírio está escrito no livro dos Atos dos Apóstolos (cf. capítulos 6 e 7). Era jovem e foi eleito diácono, com a missão de ajudar na alimentação dos pobres e das viúvas. É descrito como homem “cheio de fé e do Espírito Santo”, e “cheio de graça e poder”, de modo que “fazia prodígios e milagres notáveis entre o povo”. Isto chamou a atenção de pessoas da Sinagoga que vieram discutir com ele, mas “não eram capazes de resistir à sua sabedoria e ao Espírito com que falava”.

Então, como haviam feito contra Jesus, aquelas pessoas subornaram alguns homens para que, mentindo, o acusassem de blasfêmias que não fizera, contra Moisés e contra Deus. (Não deixa de ser curioso como o texto sagrado relata este fato: blasfêmias contra Moisés são citadas antes que blasfêmias a Deus… e de fato os que condenaram o Cristo deram mais importância à lei Mosaica, já deturpada na época de Cristo, do que ao próprio Deus Encarnado(!). A inversão de valores, colocando perspectivas humanas preferencialmente às de Deus, sempre levam ao pecado, isto é, à morte de Deus na alma).

Com isso amotinaram o povo, os anciãos e os escribas contra Estevão, de modo que o agarraram e levaram ao Sinédrio. Novamente, apresentaram testemunhas falsas que o acusavam de falar contra o Templo, a Lei e Moisés. Mas o jovem, inspirado pelo Espírito Santo, relembrou, explicando, toda a história da salvação, deixando claro que em nada havia blasfemado, seja contra Deus, seja contra Lei. Ao final, chamou-lhes a atenção, por resistirem ao Espírito Santo, e, olhando para o céu, declarou estar vendo Jesus à direita do Pai.

Neste momento, gritando e tapando os ouvidos, os acusadores o empurraram para fora da cidade e o apedrejaram. Antes de morrer, Estevão gritou: “Senhor, não os responsabilizes por este pecado!” Seu corpo foi recolhido por cristãos piedosos que o sepultaram.

Os Santos Padres enaltecem a fé, o heroísmo, a firmeza, o zelo apostólico e a caridade de Santo Estêvão, sobretudo ao pedir o perdão dos próprios assassinos. Sua oração, sem dúvida, serviu à conversão de Saulo, que estava presente, guardando as roupas dos que o apedrejavam: este tornou-se ninguém menos do que São Paulo, o apóstolo dos Gentios e um dos pilares da Igreja.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

O nome Estevão em grego significa “coroa”, evocando a ideia de martírio, pois a coroa foi seu símbolo nos séculos seguintes, tornando-se popular a expressão “coroa do martírio” referente a muitos santos. A fidelidade a Cristo implica sempre em algum tipo de martírio: cruento nos casos extremos, mas também todas as formas de perseguição moral, social, civil, cultural, religiosa e espiritual… todas elas presentes no mundo de hoje, na história da Igreja e certamente até o fim dos tempos. Importa é que não deixem os fiéis de permanecerem dignos deste nome, pois o prêmio da vida eterna vale – de modo literal – infinitamente mais do que esta vida passageira.

Oração:

Deus Pai de amor eterno e providencial, que não expões Vossos filhos a provas que não podem vencer, dai-nos por intercessão de Santo Estevão, que teve a glória de ser o primeiro a derramar o sangue por fidelidade a Vós, a graça da firmeza na Fé, da humildade de pedir o Vosso socorro, e a caridade de corajosamente servir aos irmãos em quaisquer circunstâncias, para como ele chegarmos à glória que reservastes a quem Vos ama mais do que ao mundo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, coroado de espinhos, e do Imaculado Coração de Maria, trespassado pelas espadas dos nossos pecados. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

Jubileu 2025

O Papa anuncia o Jubileu de 2025 Vatican News)

JUBILEU 2025 

Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)

Na última noite de Natal, o Papa Francisco abriu a “Porta Santa” da Basílica de São Pedro, no Vaticano, dando início o Jubileu Ordinário de 2025. A cada 25 anos a Igreja celebra um Jubileu Ordinário para festejar o Mistério da Encarnação, isto é, a presença humana e divina de Jesus Cristo no mundo. Esta tradição começou no ano de 1300 e a iniciativa foi da espiritualidade popular. Como foi uma iniciativa frutuosa, ela se tornou uma tradição que conta com 725 anos.  

A inspiração de celebrar jubileus vem do mundo bíblico. Lá está prescrito que deveria ser celebrado a cada 50 anos. Era um tempo propício para recordar o sonho cultivado durante o Êxodo, isto é, ter uma terra e construir uma sociedade com igualdade social, justiça econômica, fraternidade e de paz. Enfim, deveria ser um ano propício para provocar mudanças restabelecendo o bem comum, a justa convivência das pessoas e a comunhão com Deus.  

Os ideias e sonhos de todo Antigo Testamento foram vividos e confirmados nos ensinamentos de Jesus Cristo. O Ano Jubilar reafirma, com mais intensidade, que todos os que creem em Cristo nunca podem esquecer ou relativizar este grandioso plano de Deus de construir uma sociedade a partir do amor a Deus e ao próximo, pois o “amor é o vínculo da perfeição” (Colossenses 3,14). Todas as mudanças espirituais e sociais causam alegria e devem ser motivo de júbilo. Pois, jubileu significa extrema alegria, grande sensação de felicidade. Jubileu sempre se refere à alegria que brota a partir do bem feito por causa de Jesus Cristo. 

Normalmente, o Ano Jubilar tem um lema. O lema escolhido foi Peregrinos de Esperança. Na Bula de proclamação do Jubileu, o Papa Francisco explica porque foi escolhido o tema da esperança. No coração de cada pessoa está presente o desejo e a expectativa do bem, mesmo diante de um futuro imprevisível. Quando olhamos para o mundo brotam sentimentos contrapostos: “desde a confiança até o medo, da serenidade ao desânimo, da certeza à dúvida […] há pessoas desanimadas que olham para o futuro com ceticismo e pessimismo, como se nada lhes pudesse proporcionar felicidade” (n.1). Considerando a realidade mundial, a Igreja propõe uma palavra de esperança fundamentada na Carta ao Romanos 5,1-2.5, que afirma que “a esperança não decepciona”. Ela “nasce do amor e funda-se no amor que brota do coração de Jesus trespassado na Cruz” (n.3). 

O Papa também deseja que o Jubileu “possa ser, para todos, um momento de encontro vivo e pessoal com o Senhor Jesus, “porta” de salvação (cf. Jo 10,7.9); com Ele, que a Igreja tem por missão anunciar sempre, em toda a parte e a todos, como sendo a “nossa esperança” (1 Tm 1,1) (n.1). 

Na Arquidiocese de Passo Fundo a abertura do Ano Jubilar será no dia 29/12/2024, às 9h, na Catedral, com a celebração eucarística. Uma atitude fundamental no Ano Jubilar é a peregrinação, é o desejo de caminhar conduzidos por Jesus. O Rito de Abertura começa com uma procissão que iniciará no pátio da Gare indo até a Catedral, após esta oração inicial. “Ó Pai, esperança que não decepciona, princípio e fim de todas as coisas, abençoai o início da nossa peregrinação atrás da cruz gloriosa do vosso Filho neste tempo de graça; curai as feridas dos corações dilacerados, soltai as correntes que nos mantêm escravos do pecado e prisioneiros do ódio e concedei ao vosso povo a alegria do Espírito, para que caminhe com renovada esperança em direção à meta desejada, Cristo, vosso Filho e nosso Senhor. Ele que vive e reina pelos séculos dos séculos”.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Dom Vital: A vinda do Senhor Jesus pelo Natal

Presépio (Vatican News)

Pela encarnação, Deus faz parte da humanidade na sua integridade. Nós somos chamados a viver o espírito natalino, que aponta para a paz e o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo.

Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.

Deus se tornou carne (cf. Jo 1,14), gente igual a nós em tudo menos o pecado (cf. Hb 4,15). Esta é a grande notícia do Natal para o ser humano, necessitado da graça da redenção. Pela encarnação, Deus faz parte da humanidade na sua integridade. Nós somos chamados a viver o espírito natalino, que aponta para a paz e o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. O mundo necessita de paz: Jesus é o Príncipe da Paz (cf. Is 9,6). Vejamos estes dados nos santos padres, os primeiros escritores cristãos que elaboraram uma doutrina sobre a encarnação do Verbo, a entrada de Deus na história humana para reconciliá-la com Deus Pai.

Os últimos tempos

Santo Ireneu de Lião, bispo no século II afirmou que Deus por quem criou todas as coisas pelo seu Verbo, Senhor Jesus Cristo, nos últimos tempos se fez ser humano entre as pessoas, para unir o fim ao princípio, isto é, o ser humano a Deus. Os profetas receberam da mesma Palavra o carisma profético, anunciaram a vinda do Salvador segundo a carne, realizando-se desta forma a união de Deus e do ser humano, conforme a vontade do Pai[1].

Os seres humanos viram a Deus

Segundo Santo Ireneu havia na vinda do Salvador na terra, a ideia de que Deus seria visto pelos seres humanos, o Verbo de Deus conversaria com os homens e com as mulheres. Ele viveria e conversaria com as pessoas na terra, estaria presente à sua criação, para salvá-la, ser percebida por ela, livrando-a do pecado, fazendo-a servi-la na santidade e na justiça todos os dias (cfr. Lc 1,71,74-75) para que, unido ao Espírito de Deus, o ser humano tenha acesso à glória do Pai[2].

O significado da encanação do Verbo de Deus

Santo Agostinho, bispo de Hipona, séculos IV e V aprofundou o significado da encarnação do Verbo divino, dizendo que a carne, próprio para não perecer, se uniu ao Verbo em modo que como o ser humano consiste de alma e de carne, assim Cristo Jesus fosse Deus e homem. Ele uniu em si mesmo, na única Pessoa do Verbo a humanidade e a divindade em vista da salvação humana. Ele, Filho de Deus co-eterno a quem o gerou, é sempre do Pai; é o mesmo Filho do homem que começou a existir pela Virgem Maria. Desta forma, à divindade do Filho uniu-se a humanidade, e não teve uma quaternidade de pessoas, mas permaneceu uma única Trindade[3].

É o nascimento dos nascimentos

Santo Efrém, o Sírio, Confessor, século IV disse que o nascimento de Jesus na carne foi o nascimento dos nascimentos, O seu nascimento tornou-se por sua vez, a mãe das criaturas, Maria concebeu e deu à luz a humanidade que deu para ela na luz. A mãe o gerou corporalmente, enquanto o Senhor a gerou espiritualmente. Desta forma o Senhor nasceu para fazer nascer os seres humanos a sua imagem. Eis o nascimento que fez nascer a todos. É necessário louvar Aquele que se fez carne, e deu razão para todos[4].

O seu nascimento é fonte de esperança

Nós vamos celebrar o ano jubilar cujo tema é: Peregrinos da esperança em 2025. Santo Efrém ainda disse que o nascimento de Jesus é fonte de esperança. Quando a esperança dos seres humanos estava desaparecendo, foi o nascimento do Senhor que a fez reflorescer, pois à alegre esperança anunciaram as fileiras celestes aos seres humanos. O espírito do mal, Satanás que destruiu a nossa esperança, o Senhor destruiu-o com as suas mesmas mãos quando Ele apareceu novamente para todas as pessoas. É louvável a esperança, que nos conduziu à alegre notícia da vinda do Messias na terra[5].

A vivência no Verbo de Deus e humano

O Natal é o amor de Deus pela assunção da realidade humana. São Clemente de Alexandria, Padre dos séculos II e III disse que o Verbo, isto é o Cristo, foi a causa do nosso existir antigo. No entanto, Ele é também a causa do nosso viver bem porque Ele se mostrou aos seres humanos, o Verbo, o único que uniu a si as duas naturezas: a divina e a humana. Deus e homem, Ele que é a causa de todos os nossos bens. Dele nós tomamos o viver bem e por isso somos convidados à vida eterna. Ele como Criador, nos doou ao início o viver, enquanto nos criava, revelando-se a nós como Mestre nos ensinou a viver bem; Ele nos procurará como Deus, o viver eternamente[6].

O Natal é a presença de Jesus na humanidade. Ele a assumiu de uma forma total para a redenção humana. Nós somos felizes pela presença animadora, vivificadora de Jesus que nos convida a amar a Deus, ao próximo como a si mesmo. O nascimento de Jesus é dado entre os pobres, de modo que Ele nos ensina a amar a todas as pessoas, sobretudo as mais necessitadas.

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[1] Cfr. Ireneu de Lião, IV,20,4. São Paulo, Paulus, 1995, pgs. 429-430.

[2] Cfr. Idem, pg. 430.

[3] Cfr. Agostino d`Ippona, Sermone 186,1. In: Ogni giorno con i Padri della Chiesa. Milano, Paoline, 1996, pg. 384.

[4] Cfr. Efrem Siro. Inno sulla natività 23,5.  In: Idem, pg. 385.

[5] Cfr. Efrem Siro, Inno sula natività, 23,6.  In: idem, pg. 386.

[6] Cfr. Clemente di Alessandria. Protreptico 1,7. In: Idem, pg. 389. 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

CRISTANDADE: A oração, os milagres, a virgindade de Maria, a humanidade de Jesus (VI)

Bento XVI durante a Santa Missa da véspera de Natal de 2011 [© Osservatore Romano]

Arquivo 30Giorni nº. 12 - 2011

A oração, os milagres, a virgindade de Maria, a humanidade de Jesus

Bento XVI no Advento e no Natal

Santa Missa
sábado, 24 de dezembro de 2011

A humanidade de Jesus

No menino do estábulo de Belém pode-se, por assim dizer, tocar em Deus e acariciá-lo

A leitura retirada da Carta do Apóstolo São Paulo a Tito, que acabamos de ouvir, começa solenemente com a palavra “ apparuit ”, que depois retorna também na leitura da Missa da Madrugada: apparuit – “ele tem apareceu”. Esta é uma palavra programática com a qual a Igreja, de forma sumária, quer expressar a essência do Natal. Anteriormente, os humanos falavam e criavam imagens humanas de Deus de diversas maneiras. O próprio Deus falou aos homens de várias maneiras (ver Hb 1,1: leitura na missa do dia ). Mas agora algo mais aconteceu: Ele apareceu. Isso mostrou. Ele saiu da luz inacessível em que habita. Ele mesmo veio entre nós. Esta foi a grande alegria do Natal para a Igreja antiga: Deus apareceu. Não é mais apenas uma ideia, não é apenas algo a ser entendido a partir de palavras. Ele “apareceu”

Mas agora nos perguntamos: como isso apareceu? Quem é Ele realmente? A leitura da Missa da Madrugada diz a este respeito: “Apareceu a bondade de Deus... e o seu amor pelos homens” ( Tito 3,4). Para os homens dos tempos pré-cristãos, que diante dos horrores e das contradições do mundo temiam que até Deus não fosse inteiramente bom, mas certamente também pudesse ser cruel e arbitrário, esta foi uma verdadeira "epifania", a grande luz que nos apareceu: Deus é pura bondade. Ainda hoje, as pessoas que não são mais capazes de reconhecer Deus na fé se perguntam se o poder último que estabelece e sustenta o mundo é verdadeiramente bom, ou se o mal não é tão poderoso e original quanto o bem e o belo, que em momentos brilhantes luzes que encontramos em nosso cosmos. “Apareceu a bondade de Deus... e o seu amor pelos homens”: esta é uma certeza nova e consoladora que nos é dada no Natal.

Deus apareceu – como uma criança. Precisamente assim Ele se opõe a toda violência e traz uma mensagem que é a paz. Neste momento, em que o mundo está continuamente ameaçado pela violência em muitos lugares e de muitas formas; em que há repetidamente bastões de tortura e capas encharcadas de sangue, clamamos ao Senhor: Tu, o Deus poderoso, apareceste como uma criança e mostraste-te a nós como Aquele que nos ama e por quem o amor vencerá. E você nos fez entender que, junto com você, devemos ser pacificadores. Amamos o Teu ser criança, a Tua não-violência, mas sofremos com a persistência da violência no mundo, por isso também Te pedimos: demonstra o Teu poder, ó Deus.

O Natal é epifania – a manifestação de Deus e do seu . grande luz num menino que nasceu para nós. Nasceu no estábulo de Belém, não nos palácios dos reis. Quando, em 1223, São Francisco de Assis celebrou o Natal em Greccio com um boi e um burro e uma manjedoura cheia de feno, tornou-se visível uma nova dimensão do mistério do Natal. Francisco de Assis chamou o Natal de “festa das festas” – mais do que todas as outras solenidades – e celebrou-o com “inefável cuidado” ( 2 Celano 199: Fontes Franciscanas 787 ). Beijou as imagens da criança com grande devoção e balbuciou palavras doces à maneira das crianças, diz-nos Tommaso da Celano ( ibid. ).

Para a Igreja antiga, a festa das festas era a Páscoa: na ressurreição, Cristo derrubou as portas da morte e assim mudou radicalmente o mundo: criou um lugar para o homem no próprio Deus. Pois bem, Francisco não mudou, não quis mudar esta hierarquia objetiva das festas, a estrutura interna da fé com centro no mistério pascal. Contudo, através dele e da sua maneira de acreditar, algo novo aconteceu: Francisco descobriu a humanidade de Jesus numa profundidade completamente nova. Este ser homem por parte de Deus tornou-se mais evidente para ele no momento em que nasceu o Filho de Deus. da Virgem Maria, foi envolto em panos e colocado numa manjedoura. A ressurreição pressupõe a encarnação. O Filho de Deus como criança, como verdadeiro filho do homem – isto tocou profundamente o coração do Santo de Assis, transformando a fé em amor. “Apareceu a bondade de Deus e o seu amor pelos homens”: esta frase de São Paulo adquiriu assim uma profundidade totalmente nova. No menino do estábulo de Belém pode-se, por assim dizer, tocar em Deus e acariciá-lo.

Quem quiser entrar hoje na Igreja da Natividade de Jesus, em Belém, descobre que o portal, que já teve cinco metros e meio de altura e por onde entravam os imperadores e califas, está em grande parte emparedado. Restava apenas uma abertura baixa de um metro e meio. A intenção era provavelmente proteger melhor a igreja contra possíveis ataques, mas sobretudo impedir que as pessoas entrassem na casa de Deus a cavalo. Quem quiser entrar no local do nascimento de Jesus deve curvar-se. Parece-me que nisto se manifesta uma verdade mais profunda, pela qual nos queremos deixar tocar nesta Noite Santa: se queremos encontrar o Deus que apareceu quando criança, então devemos descer do cavalo do nosso " razão esclarecida". Devemos abandonar as nossas falsas certezas, o nosso orgulho intelectual, que nos impede de perceber a proximidade de Deus. Devemos seguir o caminho interior de São Francisco - o caminho rumo àquela extrema simplicidade externa e interna que torna o coração capaz de ver. Devemos curvar-nos, caminhar espiritualmente, por assim dizer, a pé, para entrar pelo portal da fé e encontrar o Deus que é diferente dos nossos preconceitos e opiniões: o Deus que se esconde na humildade de um recém-nascido .

Mensagem Urbi et orbi
domingo, 25 de dezembro de 2011

Venha nos salvar!

Deus é o Salvador, somos nós que estamos em perigo. Ele é o médico, nós somos os pacientes

O Filho da Virgem Maria nasceu para todos, é o Salvador de todos.
Assim o invoca uma antiga antífona litúrgica: “Ó Emanuel, nosso rei e legislador, esperança e salvação do povo: vinde salvar-nos, ó Senhor nosso Deus”. Venha nos salvar ! Venha nos salvar!

Sim, isto significa o nome daquele Menino, o nome que, por vontade de Deus, Maria e José lhe deram: o seu nome é Jesus, que significa “Salvador” (cf. Mt 1, 21; Lc 1, 31). Ele foi enviado por Deus Pai para nos salvar sobretudo do mal profundo, enraizado no homem e na história: aquele mal que é a separação de Deus, o orgulho presunçoso de fazer-se, de competir com Deus e substituí-lo, para decidir. o que é bom e o que é mau, ser dono da vida e da morte (cf. Gn 3, 1-7). Este é o grande mal, o grande pecado, do qual nós, homens, não podemos salvar-nos se não nos confiarmos à ajuda de Deus, se não clamarmos a Ele: " Veni ad salvandum nos !" - Venha e nos salve!

O próprio facto de elevar esta invocação ao Céu já nos coloca na boa condição, coloca-nos na verdade de nós mesmos: de facto somos aqueles que clamaram a Deus e foram salvos (cf. Est [Grego] 10, 3f). Deus é o Salvador, somos nós que estamos em perigo. Ele é o médico, nós somos os pacientes. Reconhecê-lo é o primeiro passo para a salvação, para sair do labirinto em que nos fechamos com o nosso orgulho. Elevar os olhos ao Céu, estender as mãos e pedir ajuda é a saída, desde que haja Alguém que ouça e que possa vir em nosso socorro.

Por isso, queridos irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro, neste Natal de 2011, dirijamo-nos ao Menino de Belém, ao Filho da Virgem Maria, e digamos: “Vinde salvar-nos!”.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Angelus: o martírio não é fraqueza ou defesa de ideologias, é dom de salvação

Angelus, 26 de dezembro de 2024 - Papa Francisco (Vatican News)

“Infelizmente, ainda hoje, há em várias partes do mundo muitos homens e mulheres perseguidos, às vezes até à morte, por causa do Evangelho”, recordou Francisco no Angelus de hoje, 26 de dezembro, festa do mártir Santo Estevão.

https://youtu.be/SNcptM-Rjxs

Thulio Fonseca - Vatican News

Nesta quinta-feira, 26 de dezembro, data em que a Igreja celebra Santo Estêvão, o primeiro mártir cristão, o Santo Padre reuniu-se com os fiéis na Praça São Pedro, para a oração do Angelus, e destacou o profundo significado dessa memória litúrgica.

“Ainda que à primeira vista Estêvão pareça sofrer impotentemente uma violência, na realidade, como um homem verdadeiramente livre, ele continua a amar até mesmo os seus assassinos e a oferecer sua vida por eles, como Jesus, oferece sua vida para que se arrependam e, perdoados, possam receber o dom da vida eterna.”

Sinais vivos do amor

O Pontífice sublinhou que Estêvão é testemunha de um Deus que deseja “que todos os homens sejam salvos”, e seu exemplo reflete a vontade divina de acolher e perdoar, sempre buscando o bem de todos:

“Infelizmente, ainda hoje, há em várias partes do mundo muitos homens e mulheres perseguidos, às vezes até à morte, por causa do Evangelho. Também para eles vale o que dissemos sobre Estêvão. Eles não se deixam executar por fraqueza, nem para defender uma ideologia, mas para tornar todos participantes do dom da salvação. E fazem isso, em primeiro lugar, precisamente para o bem dos seus algozes, dos seus assassinos, e rezam por eles."

Fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro (Vatican Media)

Testemunhas corajosas do Evangelho

Ao concluir, o Papa convidou os fiéis a se perguntarem: “Sinto o desejo de que todos conheçam a Deus e sejam salvos? Sei querer o bem até mesmo daqueles que me fazem sofrer? Interesso-me e rezo por tantos irmãos e irmãs perseguidos por causa da fé?”.

Que Maria, Rainha dos Mártires, finalizou Francisco, "nos ajude a sermos testemunhas corajosas do Evangelho para a salvação do mundo".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Este santo morreu no dia de Natal e num abrigo para os sem-teto

Public domain

Philip Kosloski - publicado em 27/12/23 - atualizado em 12/12/24

Santo Alberto Chmielowski teve grande influência na vida de São João Paulo II. Ele foi um pintor e também dedicou sua vida ao serviço dos pobres.

Um dos santos mais influentes na vida de São João Paulo II foi Santo Alberto Chmielowski, um defensor dos pobres e sofredores de Cracóvia, Polônia.

Além de pintor, Santo Alberto também se sentiu chamado por Deus para servir os desafortunados de sua comunidade local.

São João Paulo II elogiou seu coração caridoso quando o canonizou em 12 de novembro de 1989:

"Neste serviço incansável e heroico em favor dos desfavorecidos, ele finalmente encontrou o seu caminho. Ele encontrou Cristo. Ele tomou sobre si o seu jugo e a sua carga; e não foi apenas “aquele que faz caridade”, mas tornou-se irmão daqueles a quem servia. O irmão deles."

Santo Alberto foi um verdadeiro irmão dos pobres e desabrigados; viveu com eles em um abrigo que ele fundou.

Ele até morreu naquele abrigo no dia de Natal de 1916, passando seus últimos momentos com seus irmãos, os pobres.

Nosso Irmão de Deus

Seu exemplo inspirou muito São João Paulo II, que até escreveu um artigo sobre ele, como explica Filip Mazurczak no National Catholic Register:

Em 1949, o jovem padre Karol Wojtyła escreveu um artigo sobre ele intitulado Nosso Irmão de Deus. Uma lenda cracoviana conta que o irmão Albert conheceu Vladimir Lenin (que viveu em Cracóvia depois de ter sido expulso da Rússia) e debateu com ele sobre a melhor forma de aliviar a pobreza. O artigo apresenta diálogos imaginários entre o santo e o revolucionário comunista, mostrando poderosamente a diferença entre a abordagem cristã e a marxista: a primeira argumenta que a pobreza pode ser superada vendo a imagem de Deus no indivíduo, enquanto a última reduz tudo à luta de classes e argumenta que os ricos devem ser violentamente derrubados."

É justo que ele tenha morrido no dia de Natal, dia que recorda a humildade e a pobreza de Jesus Cristo, nascido num estábulo.

Santo Alberto nasceu para uma nova vida enquanto estava em um abrigo para moradores de rua.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2023/12/27/este-santo-morreu-no-dia-de-natal-e-num-abrigo-para-os-sem-teto

Lumen Fidei: sobre a fé

Lumen Fidei (ACN)

CARTA ENCÍCLICA
LUMEN FIDEI
DO SUMO PONTÍFICE
FRANCISCO

SOBRE A FÉ

1. A luz da fé é a expressão com que a tradição da Igreja designou o grande dom trazido por Jesus. Eis como Ele Se nos apresenta, no Evangelho de João: « Eu vim ao mundo como luz, para que todo o que crê em Mim não fique nas trevas » (Jo 12, 46). E São Paulo exprime-se nestes termos: « Porque o Deus que disse: "das trevas brilhe a luz", foi quem brilhou nos nossos corações » (2 Cor 4, 6). No mundo pagão, com fome de luz, tinha-se desenvolvido o culto do deus Sol, Sol invictus, invocado na sua aurora. Embora o sol renascesse cada dia, facilmente se percebia que era incapaz de irradiar a sua luz sobre toda a existência do homem. De fato, o sol não ilumina toda a realidade, sendo os seus raios incapazes de chegar até às sombras da morte, onde a vista humana se fecha para a sua luz. Aliás « nunca se viu ninguém — afirma o mártir São Justino — pronto a morrer pela sua fé no sol ».[1] Conscientes do amplo horizonte que a fé lhes abria, os cristãos chamaram a Cristo o verdadeiro Sol, « cujos raios dão a vida ».[2] A Marta, em lágrimas pela morte do irmão Lázaro, Jesus diz-lhe: « Eu não te disse que, se acreditares, verás a glória de Deus? » (Jo 11, 40). Quem acredita, vê; vê com uma luz que ilumina todo o percurso da estrada, porque nos vem de Cristo ressuscitado, estrela da manhã que não tem ocaso.

Uma luz ilusória?

2. E contudo podemos ouvir a objeção que se levanta de muitos dos nossos contemporâneos, quando se lhes fala desta luz da fé. Nos tempos modernos, pensou-se que tal luz poderia ter sido suficiente para as sociedades antigas, mas não servia para os novos tempos, para o homem tornado adulto, orgulhoso da sua razão, desejoso de explorar de forma nova o futuro. Nesta perspectiva, a fé aparecia como uma luz ilusória, que impedia o homem de cultivar a ousadia do saber. O jovem Nietzsche convidava a irmã Elisabeth a arriscar, percorrendo vias novas (…), na incerteza de proceder de forma autónoma ». E acrescentava: « Neste ponto, separam-se os caminhos da humanidade: se queres alcançar a paz da alma e a felicidade, contenta-te com a fé; mas, se queres ser uma discípula da verdade, então investiga ». [3] O crer opor-se-ia ao indagar. Partindo daqui, Nietzsche desenvolverá a sua crítica ao cristianismo por ter diminuído o alcance da existência humana, espoliando a vida de novidade e aventura. Neste caso, a fé seria uma espécie de ilusão de luz, que impede o nosso caminho de homens livres rumo ao amanhã.

3. Por este caminho, a fé acabou por ser associada com a escuridão. E, a fim de conviver com a luz da razão, pensou-se na possibilidade de a conservar, de lhe encontrar um espaço: o espaço para a fé abria-se onde a razão não podia iluminar, onde o homem já não podia ter certezas. Deste modo, a fé foi entendida como um salto no vazio, que fazemos por falta de luz e impelidos por um sentimento cego, ou como uma luz subjectiva, talvez capaz de aquecer o coração e consolar pessoalmente, mas impossível de ser proposta aos outros como luz objetiva e comum para iluminar o caminho. Entretanto, pouco a pouco, foi-se vendo que a luz da razão autónoma não consegue iluminar suficientemente o futuro; este, no fim de contas, permanece na sua obscuridade e deixa o homem no temor do desconhecido. E, assim, o homem renunciou à busca de uma luz grande, de uma verdade grande, para se contentar com pequenas luzes que iluminam por breves instantes, mas são incapazes de desvendar a estrada. Quando falta a luz, tudo se torna confuso: é impossível distinguir o bem do mal, diferenciar a estrada que conduz à meta daquela que nos faz girar repetidamente em círculo, sem direção.

Uma luz a redescobrir

4. Por isso, urge recuperar o carácter de luz que é próprio da fé, pois, quando a sua chama se apaga, todas as outras luzes acabam também por perder o seu vigor. De fato, a luz da fé possui um carácter singular, sendo capaz de iluminar toda a existência do homem. Ora, para que uma luz seja tão poderosa, não pode dimanar de nós mesmos; tem de vir de uma fonte mais originária, deve porvir em última análise de Deus. A fé nasce no encontro com o Deus vivo, que nos chama e revela o seu amor: um amor que nos precede e sobre o qual podemos apoiar-nos para construir solidamente a vida. Transformados por este amor, recebemos olhos novos e experimentamos que há nele uma grande promessa de plenitude e se nos abre a visão do futuro. A fé, que recebemos de Deus como dom sobrenatural, aparece-nos como luz para a estrada orientando os nossos passos no tempo. Por um lado, provém do passado: é a luz duma memória basilar — a da vida de Jesus –, onde o seu amor se manifestou plenamente fiável, capaz de vencer a morte. Mas, por outro lado e ao mesmo tempo, dado que Cristo ressuscitou e nos atrai de além da morte, a fé é luz que vem do futuro, que descerra diante de nós horizontes grandes e nos leva a ultrapassar o nosso « eu » isolado abrindo-o à amplitude da comunhão. Deste modo, compreendemos que a fé não mora na escuridão, mas é uma luz para as nossas trevas. Dante, na Divina Comédia, depois de ter confessado diante de São Pedro a sua fé, descreve-a como uma « centelha / que se expande depois em viva chama / e, como estrela no céu, em mim cintila ». [4] É precisamente desta luz da fé que quero falar, desejando que cresça a fim de iluminar o presente até se tornar estrela que mostra os horizontes do nosso caminho, num tempo em que o homem vive particularmente carecido de luz.

5. Antes da sua paixão, o Senhor assegurava a Pedro: « Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça » (Lc 22, 32). Depois pediu-lhe para « confirmar os irmãos » na mesma fé. Consciente da tarefa confiada ao Sucessor de Pedro, Bento XVI quis proclamar este Ano da Fé, um tempo de graça que nos tem ajudado a sentir a grande alegria de crer, a reavivar a percepção da amplitude de horizontes que a fé descerra, para a confessar na sua unidade e integridade, fiéis à memória do Senhor, sustentados pela sua presença e pela ação do Espírito Santo. A convicção duma fé que faz grande e plena a vida, centrada em Cristo e na força da sua graça, animava a missão dos primeiros cristãos. Nas Atas dos Mártires, lemos este diálogo entre o prefeito romano Rústico e o cristão Hierax: « Onde estão os teus pais? » — perguntava o juiz ao mártir; este respondeu: « O nosso verdadeiro pai é Cristo, e nossa mãe a fé n’Ele ».[5] Para aqueles cristãos, a fé, enquanto encontro com o Deus vivo que Se manifestou em Cristo, era uma « mãe », porque os fazia vir à luz, gerava neles a vida divina, uma nova experiência, uma visão luminosa da existência, pela qual estavam prontos a dar testemunho público até ao fim.

6. O Ano da Fé teve início no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II. Esta coincidência permite-nos ver que o mesmo foi um Concílio sobre a fé, [6] por nos ter convidado a repor, no centro da nossa vida eclesial e pessoal, o primado de Deus em Cristo. Na verdade, a Igreja nunca dá por descontada a fé, pois sabe que este dom de Deus deve ser nutrido e revigorado sem cessar para continuar a orientar o caminho dela. O Concílio Vaticano II fez brilhar a fé no âmbito da experiência humana, percorrendo assim os caminhos do homem contemporâneo. Desta forma, se viu como a fé enriquece a existência humana em todas as suas dimensões.

7. Estas considerações sobre a fé — em continuidade com tudo o que o magistério da Igreja pronunciou acerca desta virtude teologal [7] — pretendem juntar-se a tudo aquilo que Bento XVI escreveu nas cartas encíclicas sobre a caridade e a esperança. Ele já tinha quase concluído um primeiro esboço desta carta encíclica sobre a fé. Estou-lhe profundamente agradecido e, na fraternidade de Cristo, assumo o seu precioso trabalho, limitando-me a acrescentar ao texto qualquer nova contribuição. De fato, o Sucessor de Pedro, ontem, hoje e amanhã, sempre está chamado a « confirmar os irmãos » no tesouro incomensurável da fé que Deus dá a cada homem como luz para o seu caminho.

Na fé, dom de Deus e virtude sobrenatural por Ele infundida, reconhecemos que um grande Amor nos foi oferecido, que uma Palavra estupenda nos foi dirigida: acolhendo esta Palavra que é Jesus Cristo — Palavra encarnada –, o Espírito Santo transforma-nos, ilumina o caminho do futuro e faz crescer em nós as asas da esperança para o percorrermos com alegria. Fé, esperança e caridade constituem, numa interligação admirável, o dinamismo da vida cristã rumo à plena comunhão com Deus. Mas, como é este caminho que a fé desvenda diante de nós? Donde provém a sua luz, tão poderosa que permite iluminar o caminho duma vida bem sucedida e fecunda, cheia de fruto?

Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 29 de Junho, solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, do ano 2013, primeiro de Pontificado.

FRANCISCUS


[1]  Dialogus cum Tryphone Iudaeo, 121, 2: PG 6, 758.

[2]  Clemente de Alexandria, Protrepticus, IX: PG 8, 195.

[3] « Brief an Elisabeth Nietzsche (11 de Junho de 1865) », in: Werke in drei Bänden (Munique 1954), 953-954.

[4] Divina Comédia, Paraíso, XXIV, 145-147.

[5] Acta Sanctorum, Iunii, I, 21.

[6] « Embora o Concílio não trate expressamente da fé, todavia fala dela em cada página, reconhece o seu carácter vital e sobrenatural, supõe-na íntegra e forte e constrói sobre ela os seus ensinamentos. Bastaria lembrar as declarações conciliares (...) para nos darmos conta da importância essencial que o Concílio, coerente com a tradição doutrinal da Igreja, atribui à fé, à verdadeira fé, aquela que tem Cristo como fonte e, como canal, o magistério da Igreja » [Paulo VI, Audiência Geral (8 de Março de 1967): Insegnamenti V (1967), 705].

[7] Cf., por exemplo, Conc. Ecum. Vat. I, Const. dogm. sobre a fé católica Dei Filius, III: DS 3008-3020; Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a divina Revelação Dei Verbum, 5; Catecismo da Igreja Católica, 153-165.

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Fonte: https://www.vatican.va/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF