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sábado, 28 de dezembro de 2024

Quem foi São Paulo e que legado ele deixou para a Igreja? (II)

Nas cartas de São Paulo, Cristo é mencionado 380 vezes | Opus Dei

Quem foi São Paulo e que legado ele deixou para a Igreja?

Quem foi Paulo de Tarso? São Paulo sofreu perseguições e conheceu sua própria debilidade enquanto pregava a fé no Ressuscitado. Em troca, não quis outra coisa senão a misericórdia de Cristo.

24/01/2023

Teologia de São Paulo

Entre os diversos aspectos que compõem o ensinamento teológico de São Paulo deve-se ressaltar, em primeiro lugar, a figura de Jesus Cristo. Certamente, em suas cartas não aparecem os traços históricos de Jesus de Nazaré, tal como nos apresentam os Evangelhos. O interesse pelos numerosos aspectos da vida terrena de Jesus passa para um segundo plano, assinalando especialmente o mistério da paixão e morte na cruz. Ao mesmo tempo, observa-se que Paulo não foi testemunho do caminhar terreno de Jesus, mas que o conhece pela tradição apostólica que o precede, à qual se refere explicitamente: “eu vos transmiti em primeiro lugar aquilo que recebi” (12).

Da mesma forma, pode-se descobrir no epistolário paulino alguns hinos, profissões e enunciados de fé, e afirmações doutrinais que provavelmente se usavam na liturgia, na catequese ou na pregação da primitiva Igreja. Jesus Cristo constitui o centro e o fundamento de seu anúncio e de sua pregação: em seus escritos, o nome de Cristo aparece 380 vezes, superado só pelo nome de Deus, mencionado 500 vezes. Isto nos faz entender que Jesus Cristo influiu profundamente em sua vida: em Cristo encontramos o cume da história da Salvação.

Doutrina da Justificação de Cristo e do Dom Infinito na Cruz

“A doação infinita de Cristo na Cruz constitui o convite mais veemente para sair do próprio egoísmo”. | Opus Dei

Olhando para São Paulo podemos nos perguntar como se realiza o encontro pessoal com Cristo e que relação surge entre Ele e o crente. A resposta de Paulo  concentra-se em dois momentos: por um lado, ele sublinha o valor fundamental e insubstituível da fé(13). Assim escreve ele aos romanos: “o homem é justificado pela fé com independência das obras da Lei” (14); a ideia aparece mais explícita na Carta aos Gálatas: “o homem não é justificado pelas obras da Lei, mas por meio da fé em Jesus Cristo(15). Quer dizer, entra-se em comunhão com Deus por obra exclusiva da graça; Ele sai ao nosso encontro e nos acolhe com a sua misericórdia, perdoando nossos pecados e permitindo-nos estabelecer uma relação de amor com Ele e com nossos irmãos”(16).

Nesta doutrina da justificação, Paulo reflete o processo de sua própria vocação, Ele era um estrito observante da Lei mosaica, que cumpria até nos mínimos detalhes. Mas isto o levou a sentir-se pago por si mesmo e a buscar a salvação com suas próprias forças. E nesta situação descobre-se pecador, enquanto persegue a Igreja do Filho de Deus. A consciência do pecado será então o ponto de partida para abandonar-se à graça de Deus que nos é dada em Jesus Cristo.

Aí começa o segundo momento, o encontro com o próprio Senhor. A doação infinita de Cristo na cruz constitui o convite mais veemente para sair do próprio eu, a não se vangloriar, pondo ao mesmo tempo toda a confiança na morte salvadora e na ressurreição do Senhor: aquele que se gloria, glorie-se no Senhor(17). Esta conversão espiritual comporta, por tanto, não se buscar a si mesmo, mas revestir-se de Cristo e entregar-se com Cristo, para participar assim pessoalmente da vida de Cristo até submergir-se n’Ele e compartilhar tanto de sua morte como de sua vida. Assim o descreve o Apóstolo mediante a imagem do Batismo: “não sabeis que os que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados para nos unirmos a sua morte? Pois fomos sepultados juntamente com Ele mediante o Batismo para nos unirmos a sua morte, para que, assim como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, assim também nós caminhemos em uma vida nova”(18).

Paulo - e com ele, todo cristão – contempla o Filho de Deus não só como Aquele que morreu por nosso amor, obtendo-nos a remissão de nossos pecados - dilexit me et tradidit semetipsum pro me, amou-me e entregou-se a si mesmo por mim -, mas também como Aquele que se faz presente em sua vida: vivo autem iam non ego, vivit vero in me Christus, vivo, mas já não vivo eu, mas Cristo vive em mim (19). Nosso Padre gostava de repetir estas palavras do Apóstolo, porque via Jesus Cristo morto e ressuscitado como a razão de ser de toda a vida do cristão e de sua missão.

B. Estrada

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12. 1 Cor 15, 3; cf. 11, 23ss.

13. Cf. Bento XVI, Audiência geral, 8-11-2006.

14. Rm 3, 28.

15. Gal 2, 16.

16. Cf. Rm 3, 24.

17. 1 Cor 1, 31.

18. Rm 6, 3s.

19. Gal 2, 20.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/no-ano-paulino/

Arquidiocese de Brasília convida fiéis para a abertura do Jubileu da Esperança

Cardeal Dom Paulo Cezar Costa, Arcebispo de Brasília (arqbrasilia)

A Arquidiocese de Brasília anunciou um evento especial no dia 29 de dezembro para marcar a abertura do Jubileu da Esperança, em sintonia com as celebrações realizadas pelas Igrejas de todo o mundo. O Cardeal Dom Paulo Cezar dirigiu um convite para todos participarem deste momento de fé e comunhão.

https://youtu.be/cCIzHr7Eohc

28 de dezembro de 2024

A programação terá início às 15h30 no Teatro Nacional Claudio Santoro, onde os fiéis se concentrarão para dar início à caminhada até a Catedral de Brasília. A Celebração Solene, que inclui a Santa Missa, será realizada no estacionamento ao lado da Catedral, reunindo a comunidade em um ato de união e espiritualidade.

Para garantir a participação, as missas nas paróquias locais durante a tarde e à noite serão suspensas. “Todos somos chamados a vir à nossa catedral para juntos abrirmos um ano jubilar”, reforçou Dom Paulo, destacando que o evento acontecerá independentemente das condições climáticas.

O Jubileu da Esperança, inaugurado pelo Papa Francisco com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro na Vigília de Natal, celebra a caminhada espiritual dos fiéis como “peregrinos da esperança”. A procissão inicial simboliza a jornada de fé e a busca pelo Eterno, com Cristo como meta e companhia.

Dom Paulo concluiu o convite com um apelo caloroso: “Venha participar conosco! Espero todos vocês para iniciarmos o nosso Jubileu como peregrinos da esperança.” O evento promete ser um marco para a comunidade católica de Brasília, unindo os fiéis em oração e celebração.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Maria, a escolhida de Deus, no Alcorão (II)

A natividade de Jesus, miniatura do Evangelho Armênio do pintor Youhannès de Berkri, Museu Armênio de Isfahan | 30Giorni

Arquivo 30Giorni nº. 12 - 2009

A VISÃO CORÂNICA DE MARIA

Maria, a escolhida de Deus, no Alcorão

Por ocasião da solenidade da Imaculada Conceição, recebemos do Embaixador da República Islâmica do Irão junto da Santa Sé o texto do discurso que proferiu na Universidade de Catânia sobre a visão corânica de Maria, que temos o prazer de comunicar. Publicar.

por Ali Akbar Naseri

Ele demonstrou assim a inocência e pureza de sua mãe e apresentou-se, que havia sido concebido sem pai, como um Sinal de Deus.

Maria no Alcorão é chamada de várias maneiras, como a Eleita de Deus, a mais ilustre das mulheres no Alcorão. mundo, Pura, Imaculada, Casta, Aquela de quem falam os Hadis, Interlocutora dos Anjos, Dedicada à adoração e à oração, Receptora da Boa Nova do nascimento de Jesus Ela e ela. filho Jesus Cristo são sinais para conhecer a existência de Deus.

Gostaria de sublinhar o seguinte: Emran e Anna queriam um filho, mas Deus deu-lhes uma filha para indicar que do ponto de vista da essência humana não há diferença entre o homem. e mulher e entre filho e filha que, como seres humanos, têm a mesma identidade.

Este facto revela a posição elevada e sagrada da concepção islâmica: a mulher é um espelho da beleza divina: no papel de mãe, professora e fulcro da existência, é uma amiga, uma companheira que anima a vida. A sacralidade e a santidade das mulheres devem ser salvaguardadas preservando a sua modéstia. É, portanto, lamentável observar o uso instrumental do corpo da mulher para aumentar as vendas ou de outra forma através da exibição de imagens seminuas.

A mulher, como mãe, professora, pilar muito sólido da instituição santa e civil da família e educadora de uma geração sã e útil à sociedade, deve ser objeto de amor, respeito e da máxima deferência e consideração.

Neste sentido, Fátima e Maria constituem um exemplo e modelo claro, luminoso e imperecível para todas as mulheres do mundo.

Por fim, gostaria de expor algumas considerações sobre a visão corânica de Jesus Cristo (que a paz esteja com ele) tal como aparece na sura de Emran (III, 45-46), na já citada sura de Maria (XIX, 19- 34), na sura das Mulheres (IV, 156-159) e em outras ainda. Ele, contando-se entre os maiores profetas, trouxe uma Lei religiosa ( Shari'at ) e um Livro sagrado, o Evangelho. A dignidade de profeta foi por ele alcançada já na infância; ele realizou inúmeros milagres, como restaurar a visão de um homem cego de nascença, ressuscitar os mortos, com a permissão de Deus. Os nomes que ocorrem no Alcorão são, entre outros, Palavra de Deus, Espírito de Deus, Testemunha no Dia do Juízo. , Perto da Corte de Deus, Escolhido, Benfeitor, Existência Abençoada.

Na sura das fileiras serrilhadas (LXI, 6) Jesus, filho de Maria, anuncia a vinda do Profeta Maomé (chamado Ahmad, que significa “Louvado”) com estas palavras: «Ó filhos de Israel! Eu sou o Mensageiro de Deus enviado a você, confirmando o Torat, que foi dado antes de mim, e anunciando as boas novas de um mensageiro depois de mim, cujo nome é Ahmad."

Imagens de Jesus e Maria, Nadereh Banu, Palácio Golestan, Teerã, Irã | 30Giorni

De acordo com o Alcorão, alguns opressores e indivíduos maus entre os Bani Esrail , que viram os seus interesses ameaçados pelo movimento cristão, tinham conspirado para matar Jesus, mas na realidade não tiveram sucesso no seu intento pois acreditaram erroneamente na sua morte, já que outro tomou seu lugar enquanto Jesus, pelo poder divino, foi elevado ao quarto céu, onde vive para sempre (Sagrado Alcorão: V, 157). Ele reaparecerá no fim do mundo, na época da revolta do Imam Mahdi (que Deus apresse a sua vinda), e eles, juntos, conduzirão o mundo à perfeita justiça e paz e à humanidade rumo à plena dignidade e a uma vida virtuosa. . Tenho o prazer de lembrar que a genealogia do Imam Mahdi, por parte de mãe, remonta a Maria e Emran.

Em nossos textos religiosos nos quais são relatados ditos do Profeta e dos imãs imaculados, também são citadas numerosas histórias transmitidas ( ahadis ) sobre Jesus, seus pronunciamentos e indicações de comportamento para uso e vantagem moral dos muçulmanos. Entre eles lembramos: «Aqueles que agem com bondade uns para com os outros serão perdoados por Deus no dia do julgamento; aqueles que trabalham para reformar os homens estarão perto de Deus no dia do julgamento; falar pouco é uma grande sabedoria; agir em relação aos outros com humildade e bondade; aquele que modera as paixões mundanas alcança a felicidade na vida após a morte; reduza a comida que você ingere, pois comer muito leva a beber muito, beber demais e comer demais leva a dormir demais e tudo isso tem efeitos muito prejudiciais."

Esperando uma cooperação e um debate cada vez maiores entre os seguidores das religiões reveladas na defesa dos direitos essenciais da sociedade humana, na oposição a todas as formas de opressão e injustiça e no estabelecimento da paz, da justiça e da liberdade, agradeço mais uma vez.

 Atenciosamente, ao reitor da Faculdade de Letras e Filosofia, aos professores, aos alunos e a todos os presentes que tiveram a paciência de me ouvir.

Rogo a Deus que me conceda sucesso a Ele voltando-me.

Fonte: https://www.30giorni.it/

O Papa para os jovens: a Igreja precisa de vocês, esperem para “além da esperança"

O logotipo do Encontro europeu de Taizé em Tallinn, na Estônia (Vatican News)

Em uma mensagem assinada pelo cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, Francisco se dirige aos participantes do encontro europeu de jovens de Taizé em Tallinn, na Estônia. Ele os exorta a promover um “espírito de partilha e fraternidade”, em um mundo marcado por violências e conflitos, superando cansaços, crises e angústias.

Vatican News

O Papa e toda a Igreja “contam” com os jovens e têm fé neles. “Esperar além da esperança”, aquela que supera o cansaço, a crise e a ansiedade, é o convite dirigido às novas gerações, ainda mais urgente em um mundo marcado por violências e conflitos, onde as pessoas sofrem “tratamentos desumanos”, encontrando-se “desorientadas” pelas desigualdades e pelos perigos ditados pelas mudanças climáticas.

É assim que Francisco se dirige aos participantes do encontro europeu dos jovens de Taizé em Tallinn, na Estônia. Ele o faz em uma mensagem assinada pelo cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, dirigindo suas “calorosas saudações” estendidas a todos os líderes das várias denominações cristãs presentes no país do norte da Europa.

“Expressar o que pensamos e queremos”

O Papa recorda sua Viagem Apostólica aos Países Bálticos, datada de 2018, e seu encontro com os jovens da Igreja Luterana de Kaarli, também em Tallinn. Naquela ocasião, ele expressou a beleza de se reunir para “compartilhar testemunhos de vida, expressar o que pensamos e queremos”.

As “grandes provações” enfrentadas no mundo

O encontro, o 47º, conduzido pela comunidade cristã ecumênica sediada na França, promove um “espírito de partilha e fraternidade” que é ainda mais necessário quando se olha para as “grandes provações” que a comunidade global é chamada a enfrentar. Francisco lembra os muitos países “marcados pela violência e pela guerra” e as pessoas que sofrem suas consequências diretas.

A esperança supera o cansaço, a crise e a ansiedade

“Esperar além da esperança” é a mensagem que ressoa de Tallinn. Um tema escolhido pelo irmão Matthew, prior de Taizé, que adere ao tema do Jubileu que acaba de ser inaugurado. A esse respeito, o Papa cita uma passagem de sua mensagem para a XXXIX Jornada Mundial da Juventude.

“Caminhem na esperança! A esperança supera todo cansaço, toda crise e toda ansiedade, dando-nos uma forte motivação para seguir em frente, porque é um dom que recebemos do próprio Deus: Ele enche nosso tempo de significado, ilumina-nos em nosso caminho, mostra-nos a direção e a meta da vida.”

“Queridos jovens, o Santo Padre conta com vocês”

“Queridos jovens, o Santo Padre conta com vocês”, é a asseguração oferecida por Francisco. Uma confiança que se estende a toda a Igreja, na necessidade de “proclamar hoje a boa nova do amor de Deus”. Um objetivo que faz parte do “processo sinodal” empreendido pela comunidade eclesial, capaz de levar a “grandes progressos na amizade ecumênica com nossos irmãos e irmãs de diferentes denominações cristãs”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Quem foi São Paulo e que legado ele deixou para a Igreja? (I)

São Paulo, afresco de Giotto

Quem foi São Paulo e que legado ele deixou para a Igreja?

Quem foi Paulo de Tarso? São Paulo sofreu perseguições e conheceu sua própria debilidade enquanto pregava a fé no Ressuscitado. Em troca, não quis outra coisa senão a misericórdia de Cristo.

24/01/2023

Na tarde do dia 28 de junho de 2008, durante a celebração das Primeiras Vésperas da Solenidade de São Pedro e São Paulo na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, o Papa Bento XVI proclamou oficialmente a abertura do Ano Paulino, que se prolongará até o dia 29 de junho de 2009, festa destes dois Apóstolos.

A Cidade Eterna, a Roma de Pedro e de Paulo, banhada pelo sangue dos mártires, centro de onde tantos saíram para propagar pelo mundo inteiro a palavra salvadora de Cristo(1), pode considerar-se verdadeiramente privilegiada, porque tem sido tantorum principum purpurata pretioso sanguine, banhada com o sangue dos Príncipes dos Apóstolos(2).

Quando nasceu São Paulo?

Durante este período comemoram-se os dois mil anos do Nascimento do Apóstolo dos Gentios. Para fixar esta data, os estudos sobre a cronologia paulina têm em conta os dados que proporcionam seus escritos: na Carta aos Gálatas, o Apóstolo afirma que depois de sua conversão, encontrou Pedro em Jerusalém, três anos depois de sua fuga de Damasco(3), onde o rei dos nabateus, Aretas IV, exercia um certo poder(4). Isto permite datar a fuga no ano 37 e sua conversão no período 34-35.

Por outro lado, nos Atos dos Apóstolos, ao narrar o martírio de Estevão, Saulo é qualificado como “jovem”, pouco antes de sua vocação(5). Ainda que este seja um dado genérico, de modo aproximado permite situar seu nascimento por volta do ano 8.

O Ano Paulino deseja promover uma reflexão mais profunda sobre a herança teológica e espiritual que São Paulo deixou para a Igreja, por meio de sua vasta obra de evangelização. Como sinais externos que nos convidam a meditar sobre a fé e a verdade das mãos do Apóstolo, o Papa acendeu a “Chama Paulina”, em um braseiro colocado no pórtico da Basílica de São Paulo, em Roma, e abriu também, neste mesmo templo, a “Porta Paulina”, a qual atravessou, no dia 28 de junho, acompanhado do Patriarca de Constantinopla.

Porta de Tarso (Turquia)

O APÓSTOLO DOS GENTIOS

Quem era Paulo de Tarso? Nasceu na capital da província romana da Cilícia, hoje Turquia. Quando foi capturado nas portas do Templo de Jerusalém, dirigiu-se com estas palavras à multidão que queria matá-lo: “eu sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, educado nesta cidade e instruído aos pés de Gamaliel, segundo a observância da Lei pátria”(6).

Ao final de sua existência, em uma visão retrospectiva de sua vida e de sua missão, dirá de si mesmo: ”fui constituído pregador, apóstolo e mestre”(7). Ao mesmo tempo, sua figura se abre para o futuro, a todos os povos e gerações, porque Paulo não é apenas um personagem do passado: sua mensagem e sua vida são sempre atuais, pois contêm a essência da mensagem cristã, perene e atual.

Paulo tem sido chamado o décimo terceiro Apóstolo, pois ainda que não fizesse parte do grupo dos Doze, foi chamado por Jesus ressuscitado, que lhe apareceu no caminho de Damasco(8). Além disso, ao contemplar o trabalho realizado por Cristo, nada tem que invejar dos outros: São hebreus? Também eu. São israelitas? Também eu. São descendência de Abraão? Também eu. São ministros de Cristo? Pois – delirando o digo – eu mais: em fadigas, mais; em cárceres, mais; em açoitesmuito mais. Em perigos de morte, muitas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus quarenta açoites menos um, três vezes me açoitaram com varas, uma vez fui lapidado, três vezes naufraguei, um dia e uma noite passei como náufrago em alto mar. Em minhas repetidas viagens sofri perigos de rios, perigos de ladrões, perigos dos de minha raça, perigos dos gentios, perigos na cidade, perigos no campo, perigos no mar, perigos entre falsos irmãos; trabalhos e fadigas, frequentes vigílias, com fome e sede, com frequentes jejuns, com frio e nudez (9).

Como se vê, não lhe faltaram dificuldades nem tribulações, que suportou por amor de Cristo. Entretanto, todo esforço e todos os acontecimentos pelos quais passou, não o levaram à vangloria. Paulo entendeu a fundo e experimentou em sua pessoa aquilo que também ensinava nosso Padre: que nossa lógica humana não serve para explicar as realidades da graça. Deus costuma buscar instrumentos fracos para que fique evidentemente claro que a obra é sua. Por isso, Paulo evoca com temor sua vocação: “depois de todos apareceu para mim, que sou um abortivo, sendo o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus” ( 1 Cor 15, 8-9) (10). “Como não admirar um homem assim? Como não agradecer ao Senhor por haver-nos dado um Apóstolo deste porte?” diz Bento XVI (11).

B. Estrada

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1. Homilia Lealdade à Igreja, 4-6-1972.

2. Cf. Hino das Primeiras Vésperas da Solenidade de São Pedro e São Paulo.

3. Cf. Gal 1, 15-18.

4. Cf. 2 Cor 11, 32.

5. Cf. Atos 7, 58.

6. Atos 22, 3.

7. 2 Tm 1, 11.

8. Cf. 1 Cor 15, 8.

9. 2 Cor 11, 22-27.

10. É Cristo que passa, n. 3.

11. Bento XVI, Audiência geral, 25-10-2006.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/no-ano-paulino/

Dos Tratados sobre a Primeira Carta de São João, de Santo Agostinho, bispo

São João Evangelista (Liturgia das Horas Online)

Dos Tratados sobre a Primeira Carta de São João, de Santo Agostinho, bispo

(Tract. 1,1.3: PL 35, 1978.1980)            (Séc. V)

A vida se manifestou em nossa carne

O que era desde o princípio, o que nós ouvimos, o que vimos com os nossos olhos e as nossas mãos tocaram da Palavra da Vida (1Jo 1,1). Quem poderia tocar a Palavra com suas mãos, a não ser por que a Palavra se fez carne e habitou entre nós? (Jo 1,14).

A Palavra que se fez carne para ser tocada com as mãos, começou a ser carne no seio da Virgem Maria; mas não foi então que a Palavra começou a existir porque, diz  João, ela era desde o princípio. Vede como sua Carta é confirmada pelas palavras do seu Evangelho, que acabais de escutar: No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus (Jo 1,1).

Alguns talvez julguem que a expressão Palavra da Vida designe de modo geral a Cristo e não o próprio Corpo de Cristo que foi tocado pelas mãos. Reparai no que vem em seguida: E a Vida manifestou-se (1Jo 1,2). Por conseguinte, Cristo é a Palavra da Vida.

E como se manifestou esta Vida? Ela existia desde o início, mas não tinha se manifestado aos homens; manifestara-se aos anjos que a contemplavam e se alimentavam dela como de seu pão. E o que diz a Escritura? O homem se nutriu do pão dos anjos (Sl 77,25).

Portanto, a Vida se manifestou na carne, para que, nesta manifestação, aquilo que só o coração podia ver, fosse visto também com os olhos, e desta forma curasse os corações. De fato, o Verbo só pode ser visto com o coração, ao passo que a carne pode ser vista também com os olhos corporais. Éramos capazes de ver a carne, mas não éramos capazes de ver a Palavra. Por isso, a Palavra se fez carne que nós podemos ver, para curar em nós o que nos torna capazes de vê-la.

E somos testemunhas, diz João, e vos anunciamos a Vida eterna, que estava junto do Pai e que se tornou visível para nós (1Jo 1,2), isto é, que se manifestou entre nós ou, falando mais claramente, nos foi manifestada.

Isso que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos (1Jo 1,3). Prestai atenção: Isso que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos. Eles viram o próprio Senhor presente na carne, ouviram da boca do Senhor suas palavras e no-las anunciaram. E nós ouvimos certamente, mas não vimos.

Somos, por isso, menos felizes do que eles que viram e ouviram? Por que então acrescenta: Para que estejais em comunhão conosco? (1Jo 1,3). Eles viram, nós não vimos e, contudo, estamos em comunhão com eles porque temos uma fé comum.

E a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. Nós vos escrevemos estas coisas, diz João, para que a vossa alegria fique completa (1Jo 1,4). Essa alegria completa encontra-se na mesma comunhão, na mesma caridade, na mesma unidade.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Maria, a escolhida de Deus, no Alcorão (I)

Bento XVI com Ali Akbar Naseri, embaixador da República Islâmica do Irã junto à Santa Sé, por ocasião da apresentação das cartas credenciais, 29 de outubro de 2009 [© Osservatore Romano]

Arquivo 30Giorni nº. 12 - 2009

A VISÃO CORÂNICA DE MARIA

Maria, a escolhida de Deus, no Alcorão

Por ocasião da solenidade da Imaculada Conceição, recebemos do Embaixador da República Islâmica do Irão junto da Santa Sé o texto do discurso que proferiu na Universidade de Catânia sobre a visão corânica de Maria, que temos o prazer de comunicar. Publicar.

por Ali Akbar Naseri

«E quando os anjos disseram a Maria:
“Ó Maria! Verdadeiramente Deus te escolheu
e te purificou e te escolheu
entre todas as mulheres da criação"
(Sagrado Alcorão: III, 42)

É uma grande honra para mim estar presente neste encontro científico e espiritual onde se reuniram professores, alunos e pessoas interessadas no tema da minha palestra. Agradeço sinceramente ao muito claro professor Enrico Iachello, reitor da Faculdade de Letras e Filosofia, que tornou possível o nosso encontro.

No meu discurso explicarei a visão corânica de Maria e, nesta ocasião, tenho o prazer de recordar o próximo aniversário de 8 de Dezembro, em que os católicos celebram a Imaculada Conceição. O Islão e o Alcorão, por sua vez, atribuem a Maria santidade e uma dignidade particularmente elevada.

A sociedade humana ao longo da história sempre constituiu uma comunidade única, dotada de uma natureza que anseia pela busca de Deus e de uma razão que a guia. Também é direcionado para a felicidade neste mundo e no próximo através do envio de profetas e da descida de livros revelados. As religiões e as leis divinas que se sucederam nas diversas épocas históricas têm a mesma, única e verdadeira essência e objetivos comuns. Se forem corretamente observados, está garantido o crescimento do homem em todos os aspectos, uma existência inspirada na justiça neste mundo e na vida eterna no além.

O Alcorão diz: «De fato, enviamos Profetas com sentenças e verdades muito claras e enviamos-lhes o Livro e a Balança para que a humanidade possa ascender em direção à equidade e à justiça» (Alcorão Sagrado: LVII, 25).

O Alcorão é o último livro revelado e Maomé (que a paz esteja com ele) o último Profeta de Deus, continuador do Caminho sagrado dos Profetas que o precederam.

Os muçulmanos, de acordo com os versículos do Alcorão, acreditam em todos os profetas, de Abraão a Moisés, a Jesus, e nos livros revelados, como o Antigo e o Novo Testamento.

O Alcorão Sagrado dá a Maria uma posição particular: em numerosos versículos e suratas, Maria e Jesus Cristo (que a paz esteja com eles) são mencionados extensivamente. No Alcorão há até uma sura com o nome de Maria (sura XIX), na qual são descritas suas virtudes e qualidades (deixe-me dizer-lhe que uma de minhas filhas, para minha grande honra, se chama Mariam).

De acordo com outra sura, Anna, esposa de Emran, pediu a Deus um filho para dedicar ao serviço do templo em Jerusalém. Pouco depois ela engravidou e jurou renunciar à tutela do filho esperado e dedicá-lo ao serviço do templo. Passado o tempo, ela deu à luz, contrariamente às expectativas, uma filha, que se chamava Maria, ou seja, dedicada ao culto e ao templo (Sagrado Alcorão: III, 35-36). Isto aconteceu quando o seu marido Emran, antes do nascimento da sua filha, alcançou a paz eterna.

A mãe então entregou o recém-nascido ao templo, onde o profeta Zacarias cuidou dela (III, 37) e onde Maria passou parte de sua vida em adoração a Deus. Cada vez que Zacarias entrava em sua casa ele encontrava frutas frescas prontas e pedia-lhe. : «De onde vem tudo isto?». Maria respondeu: “Vem de Deus para mim”.

A citada sura de Maria, a partir do versículo 16, narra a história de Maria, de como ela, longe de sua família, enquanto estava no templo, protegida por um véu, empenhada na adoração divina, viu o anjo de Deus, Gabriel , apareça, em forma humana. Antes dele, Maria refugiou-se em Deus, mas o anjo lhe disse: “Fui enviada pelo teu Criador para te dar um filho puro”. Maria disse com espanto: “Como é possível se nunca tive relações com um homem e nunca fui uma mulher corrupta?”. O anjo respondeu: "É a vontade certa de Deus, pois é fácil para Ele dar à luz sem a ajuda de um pai a um filho que é um sinal divino e fonte de clemência para a humanidade" (Alcorão Sagrado: XIX, 16-21).

Maria concebeu Jesus Cristo (que a paz esteja com ele) e na hora de dar à luz foi para um lugar distante. Ela sentou-se ao pé de uma árvore seca e disse: “Ah, se eu já estivesse morta e esquecida”. Naquele momento ela ouviu uma voz dizendo: “Não fique triste”, e um riacho correu na sua frente e uma tâmara fresca caiu da árvore a seus pés.

A voz dizia: «Beba a água, coma a tâmara e alegre-se com o recém-nascido e quando encontrar o povo diga: “Jurei calar”». Seu povo a viu segurando o bebê recém-nascido e com espanto e protesto se voltou para ela, dizendo que seu pai não era um homem mau nem sua mãe uma pecadora. E ela apontou para eles o bebê recém-nascido, e eles disseram: “Como pode um bebê recém-nascido falar?” O recém-nascido (Jesus) falou e disse: “Eu sou o Servo de Deus, que me deu o Livro e me fez Profeta e me fez fonte de bênção onde quer que eu estivesse e prescreveu a Oração na minha relação com Deus e a Esmola a serviço de o povo de Deus e a bondade para com minha mãe. Que a paz esteja comigo no dia em que nasci, no dia em que morro e no dia em que ressuscitou” (XIX, 22-33).

Fonte: https://www.30giorni.it/

São João Evangelista

São João Batista (cancaonova)

SÃO JOÃO EVANGELISTA 

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
 

A partir do dia 25 de dezembro entramos no período litúrgico denominado como Oitava do Natal, que são oito dias como se fosse um só. Ou seja, o Natal é tão importante que não pode ser celebrado em um dia só, mas se estende por oito dias. É como se a cada dia desses oito dias fosse Natal, e podemos desejar uns aos outros um Santo e Abençoado Natal. É um período de grande alegria, pois o Emanuel, o Deus conosco, o Príncipe da Paz, está no meio de nós. Após a Oitava do Natal, que se encerra no dia 1º de janeiro, continua o tempo do Natal, que segue até a festa do Batismo do Senhor. 

O período da Oitava do Natal é especial, pois, conforme dissemos, celebramos em primeiro lugar o nascimento de Jesus, o grande mistério da Encarnação, mas praticamente em todos os dias da Oitava celebramos a festa de um santo. No dia 26 de dezembro celebramos a festa litúrgica de Santo Estevão; no dia 27, celebramos São João Evangelista; no dia 28, os Santos Inocentes; neste ano, no domingo dia 29, a Festa da Sagrada Família; e, por fim, no dia 1º de janeiro, a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus. 

Seria enriquecedor se pudéssemos participar da Santa Missa todos os dias do período da Oitava do Natal, pois, afinal de contas, conforme dissemos, cada dia é Natal. E, em cada dia, a celebração de um santo em especial. Cada um desses santos tem uma particularidade com a vida de Jesus. Santo Estevão foi o primeiro mártir; São João foi apóstolo e evangelista; os Santos Inocentes não puderam se defender e morreram ainda recém-nascidos, em sua maioria, por maldade de Herodes; na Sagrada Família recordamos que o Messias teve uma família aqui na terra e nasceu pelo seio de Maria; e, no dia 1º de janeiro, recordamos Nossa Senhora como a Mãe de Jesus e Mãe de Deus, quando comemoramos também o Dia Mundial da Paz, neste ano o 58º. 

São João Evangelista foi um dos doze apóstolos de Jesus, considerado o discípulo amado, um dos mais jovens entre os doze. Foi a João Evangelista que Jesus, na agonia da Cruz, entregou a sua Mãe para que João cuidasse. João e Maria estavam aos pés da cruz, e Jesus, ao entregar sua Mãe a João, entrega-a a todos nós. João acolhe Maria consigo e cuida dela até ela subir ao céu. 

João segundo algumas tradições, morreu de velhice, uma morte natural, quando tinha noventa e quatro anos. João, além de ser o autor do quarto Evangelho, escreveu também três cartas. Nesses escritos, João revela, sobretudo, o amor de Deus por nós, manifestado em Jesus Cristo. Um dos escritos mais famosos de João, além de seu Evangelho, é o livro do Apocalipse de São João. 

Não podemos confundir João Evangelista com João Batista, pois são diferentes. Ambos viveram em tempos um pouco distintos. João Batista é o primo de Jesus, o precursor, que preparou o caminho para a chegada de Jesus. Já João Evangelista foi o discípulo amado de Jesus e o autor do Evangelho e das cartas. A festa de São João Batista comemora-se duas vezes: no dia 24 de junho, o nascimento, e no dia 29 de agosto, o martírio. Já João Evangelista veio posteriormente, escolhido como apóstolo de Jesus, e celebra-se a sua festa litúrgica no dia 27 de dezembro. Os dois têm uma grande importância na história da salvação, mas aparecem em momentos diferentes dessa história. 

João seria o mais novo dos doze apóstolos, com provavelmente cerca de vinte e quatro anos de idade quando foi chamado por Jesus. Consta que seria solteiro e vivia com os seus pais em Betsaida. Nasceu em Betsaida e ocupou um lugar de primeiro plano entre os apóstolos. Era pescador de profissão, consertava as redes de pesca. Trabalhava junto com seu irmão Tiago Maior e em provável sociedade com André e Pedro, todos apóstolos. 

O nome de João significa “Deus misericordioso”. Trata-se de uma profecia que foi se cumprindo na vida do mais jovem dos apóstolos. João, sobretudo, anunciava a face desse Deus misericordioso, que nos revelou o seu Filho, Jesus Cristo, a fim de nos salvar e resgatar aqueles que andavam nas trevas do pecado. 

João esteve presente em momentos marcantes da vida de Jesus, por isso era considerado o discípulo amado. No episódio da transfiguração no Monte Tabor, Jesus chama Pedro, Tiago e João. Na Santa Ceia, quem reclina a cabeça no peito de Jesus é João. E, no momento da agonia de Jesus na Cruz, foi o apóstolo que esteve presente até os últimos momentos de Jesus, ao lado da Virgem Maria, enquanto os outros fugiram. João é sempre o homem da elevação espiritual, tanto que Jesus chamou a ele e a seu irmão Tiago de Boanerges, que significa “filhos do trovão”. 

O Apocalipse e as três cartas de João testemunham igualmente que o autor vivia na Ásia e lá gozava de extraordinária autoridade. E não era para menos: em nenhuma outra parte do mundo, nem sequer em Roma, havia apóstolos que sobrevivessem. É de imaginar a veneração que tinham os cristãos dos fins do século I por aquele ancião de mais de 90 anos, que tinha ouvido falar o Senhor Jesus, o tinha visto com os próprios olhos, o tinha tocado com as próprias mãos, o tinha contemplado na sua vida terrena e depois de ressuscitado, e presenciara a sua ascensão aos céus. Por isso, o valor dos seus ensinamentos e o peso das suas afirmações não podiam deixar de ser excepcionais e mesmo únicos. 

São João, já no auge de sua velhice, se deparou com uma perseguição por parte do Império Romano à Igreja de Cristo e aos cristãos. Alguns desses fatos são até relatados no livro do Apocalipse. Além dessas perseguições, ainda havia muitas heresias que desencadearam o movimento religioso gnóstico, nascido e propagado fora e dentro da Igreja, procurando corroer a essência mesma do Cristianismo. São João só não foi assassinado ou preso pelo Império, primeiro por graça de Deus e, segundo, porque soube se refugiar e ficar recluso na Ásia. 

Completada a sua jornada aqui na terra, o santo evangelista morreu quase centenário, sem sabermos uma data exata. Foi no fim do primeiro século ou no início do segundo século, no tempo do imperador Trajano (98–117 d.C.). 

Portanto, celebremos com alegria a festa de São João Evangelista nesse dia 27 e peçamos a Deus que, por intercessão desse grande santo da Igreja, possamos defender até o fim nossa Igreja Católica e, da mesma forma, defender a nossa fé. Aprendamos do apóstolo a nutrir o amor a Jesus e à Virgem Maria, e que eles nos guiem no caminho do bem. 

Que o Espírito Santo, que sempre faz novas todas as coisas, nos faça seguir os passos de Jesus e ouvir a sua voz, tornando-nos fiéis à sua missão. Amém. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Dom Anuar: Jesus nasce sempre para nos salvar!

Menino Jesus  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Os Anjos anunciaram aos pastores: “Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é Cristo Senhor” (Lc 2,11). Esta mensagem é um anúncio de alegria para todos os povos, pois Jesus veio para salvar toda a humanidade.

Dom Anuar Battisti - Arcebispo Emérito de Maringá (PR)

Amados irmãos e irmãs em Cristo,

Hoje celebramos o nascimento de Jesus, o Filho de Deus, o Salvador da humanidade. Este é o dia em que a luz de Deus brilha sobre um mundo marcado pelas trevas do pecado e da dor. Como nos diz o profeta Isaías: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu” (Is 9,1). Essa luz é Cristo, o Emanuel, Deus conosco, que vem trazer esperança, paz e salvação.

No Evangelho de hoje, São Lucas nos narra o nascimento de Jesus de maneira simples e profunda. Ele nasceu em Belém, em um estábulo, e foi colocado em uma manjedoura, “porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2,7). O Filho de Deus, o Rei do Universo, escolheu a humildade como seu berço. Essa escolha nos ensina que Deus não se revela no poder ou na riqueza, mas na simplicidade e na humildade.

Os Anjos anunciaram aos pastores: “Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é Cristo Senhor” (Lc 2,11). Esta mensagem é um anúncio de alegria para todos os povos, pois Jesus veio para salvar toda a humanidade. Ele é a graça de Deus manifestada, como nos recorda São Paulo: “Manifestou-se a graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens” (Tt 2,11).

O que o Natal nos ensina?

         1.       A humildade de Deus: Jesus, sendo Deus, escolheu se fazer pequeno e frágil, mostrando-nos que a verdadeira grandeza está na simplicidade. Como podemos, em nossa vida, buscar essa mesma humildade?

         2.       A paz que vem de Cristo: Ele é chamado de “Príncipe da Paz” (Is 9,6). Essa paz não é apenas ausência de conflitos, mas uma reconciliação profunda com Deus e com os outros. Estamos dispostos a ser instrumentos dessa paz em nossas famílias e comunidades?

         3.       O amor incondicional de Deus: O Natal é a prova do amor infinito de Deus por nós. Ele nos convida a viver esse amor, especialmente com os que mais sofrem.

Ao celebrarmos o Natal, somos chamados a olhar para o presépio e refletir: Temos dado espaço para Jesus nascer em nossos corações? Muitas vezes, como a hospedaria de Belém, nosso coração está cheio, sem lugar para o Salvador. Precisamos esvaziar-nos de nossos egoísmos, preocupações excessivas e medos, para que Ele possa habitar em nós.

São Leão Magno, em uma de suas homilias natalinas, nos exorta: “Reconhece, ó cristão, a tua dignidade. Tornaste-te participante da natureza divina. Não voltes ao pecado, mas vive como filho de Deus.” Que este Natal seja um momento de renovação de nossa fé e de nosso compromisso de viver como filhos e filhas de Deus.

Que Maria, a Mãe do Salvador, nos ensine a acolher Jesus com o mesmo amor e entrega com que o recebeu. E que, assim como os pastores, possamos também nós anunciar com alegria: “Hoje nasceu para nós o Salvador, que é Cristo Senhor!”

A todos os que evangelizam comigo pelas mídias sociais quero deixar consignado meu afetuoso abraço e votos de que este dia santíssimo seja de renascimento com Cristo, de luz e de paz. Por isso cantemos: Glória a Deus nos mais altos do céu e paz na terra aos homens de boa vontade!

Feliz Natal! Amém.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Santo Estevão, protomártir

Santo Estevão (A12)
26 de dezembro
Santo Estevão

Estevão é intitulado protomártir por ter sido o primeiro a dar a sua vida pela fidelidade a Cristo. O relato histórico e inquestionável do seu martírio está escrito no livro dos Atos dos Apóstolos (cf. capítulos 6 e 7). Era jovem e foi eleito diácono, com a missão de ajudar na alimentação dos pobres e das viúvas. É descrito como homem “cheio de fé e do Espírito Santo”, e “cheio de graça e poder”, de modo que “fazia prodígios e milagres notáveis entre o povo”. Isto chamou a atenção de pessoas da Sinagoga que vieram discutir com ele, mas “não eram capazes de resistir à sua sabedoria e ao Espírito com que falava”.

Então, como haviam feito contra Jesus, aquelas pessoas subornaram alguns homens para que, mentindo, o acusassem de blasfêmias que não fizera, contra Moisés e contra Deus. (Não deixa de ser curioso como o texto sagrado relata este fato: blasfêmias contra Moisés são citadas antes que blasfêmias a Deus… e de fato os que condenaram o Cristo deram mais importância à lei Mosaica, já deturpada na época de Cristo, do que ao próprio Deus Encarnado(!). A inversão de valores, colocando perspectivas humanas preferencialmente às de Deus, sempre levam ao pecado, isto é, à morte de Deus na alma).

Com isso amotinaram o povo, os anciãos e os escribas contra Estevão, de modo que o agarraram e levaram ao Sinédrio. Novamente, apresentaram testemunhas falsas que o acusavam de falar contra o Templo, a Lei e Moisés. Mas o jovem, inspirado pelo Espírito Santo, relembrou, explicando, toda a história da salvação, deixando claro que em nada havia blasfemado, seja contra Deus, seja contra Lei. Ao final, chamou-lhes a atenção, por resistirem ao Espírito Santo, e, olhando para o céu, declarou estar vendo Jesus à direita do Pai.

Neste momento, gritando e tapando os ouvidos, os acusadores o empurraram para fora da cidade e o apedrejaram. Antes de morrer, Estevão gritou: “Senhor, não os responsabilizes por este pecado!” Seu corpo foi recolhido por cristãos piedosos que o sepultaram.

Os Santos Padres enaltecem a fé, o heroísmo, a firmeza, o zelo apostólico e a caridade de Santo Estêvão, sobretudo ao pedir o perdão dos próprios assassinos. Sua oração, sem dúvida, serviu à conversão de Saulo, que estava presente, guardando as roupas dos que o apedrejavam: este tornou-se ninguém menos do que São Paulo, o apóstolo dos Gentios e um dos pilares da Igreja.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

O nome Estevão em grego significa “coroa”, evocando a ideia de martírio, pois a coroa foi seu símbolo nos séculos seguintes, tornando-se popular a expressão “coroa do martírio” referente a muitos santos. A fidelidade a Cristo implica sempre em algum tipo de martírio: cruento nos casos extremos, mas também todas as formas de perseguição moral, social, civil, cultural, religiosa e espiritual… todas elas presentes no mundo de hoje, na história da Igreja e certamente até o fim dos tempos. Importa é que não deixem os fiéis de permanecerem dignos deste nome, pois o prêmio da vida eterna vale – de modo literal – infinitamente mais do que esta vida passageira.

Oração:

Deus Pai de amor eterno e providencial, que não expões Vossos filhos a provas que não podem vencer, dai-nos por intercessão de Santo Estevão, que teve a glória de ser o primeiro a derramar o sangue por fidelidade a Vós, a graça da firmeza na Fé, da humildade de pedir o Vosso socorro, e a caridade de corajosamente servir aos irmãos em quaisquer circunstâncias, para como ele chegarmos à glória que reservastes a quem Vos ama mais do que ao mundo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, coroado de espinhos, e do Imaculado Coração de Maria, trespassado pelas espadas dos nossos pecados. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF