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domingo, 29 de dezembro de 2024

São Tomás Becket

São Tomás Becket (A12)
29 de dezembro
Localização: Inglaterra (Londres)
São Tomás Becket

Em Londres, no ano de 1118, nasceu Tomás. Desde muito novo, foi encaminhado para a carreira eclesiástica; formado na Abadia de Merton, frequentou depois a Universidade de Bolonha, destacando-se pelas qualidades intelectuais. Colocou-se à disposição do Arcebispo de Cantuária, quando Henrique II, novo rei da Inglaterra, o escolheu para Grão Chanceler do reino. Na corte, embora sem levar vida leviana, Tomás acompanhava o rei em muitas coisas, como caçadas de diversão, e mantinham boa amizade.

Em 1162 Henrique indicou Tomás para a vacante sede primacial de Cantuária, com o objetivo de, através do amigo, governar também a Igreja, na Inglaterra. Tomás o avisa de que, como Bispo, iriam se opor, pois não pretendia ceder a ele os direitos da Igreja. Ainda assim, recebeu a sagração episcopal, e, a partir deste momento, mudou radicalmente de conduta. Passou a ter vida pessoal austera e a cuidar dos pobres. Contudo, a princípio, acabou por aprovar, com outros bispos, decretos abusivos de Henrique – na época, a ingerência dos príncipes nas escolhas para os cargos na Igreja não havia acabado. Tendo o Papa recusado as pretensões do rei inglês, Tomás, arrependido de sua fraqueza, começou a se penitenciar duramente.

O Papa o animou e desde então Tomás passou a defender intransigentemente a Igreja contra o soberano. Isto levou a um clima de crescente conflito, obrigando Tomás a fugir e permanecer quatro anos na França. Voltou à Inglaterra a pedido do Papa e do rei da França a Henrique; este esperava agora um arcebispo submisso… mas Tomás continuou defendendo a Igreja. Agastado, o rei chegou a dizer: “Malditos sejam os que vivem do meu pão e não me livram deste padre insolente”. Quatro cavaleiros interpretaram estas palavras como uma ordem de assassinato, e a 29 de dezembro de 1170, à tarde, procuraram Tomás na Cantuária, exigindo sua submissão ao rei. Ele se recusou e, na catedral, disse-lhes: “Morro de boa vontade por Jesus e pela Santa Igreja”. Foi morto então por suas espadas.

Reflexão:

Desde o seu início a Igreja sofreu todo tipo de pressão de governos que pretenderam conduzi-la de acordo com seus próprios interesses, e não os de Cristo. Ainda hoje é assim, e em diversos países há modos particulares de pressão sobre o Corpo Místico de Cristo. Sempre haverá, contudo, os seus santos defensores, suscitados por Deus na Sua Providência, pois “...as portas do inferno não prevalecerão sobre ela”, a Igreja (Mt 16,18). A questão é como cada fiel, diante destas realidades diárias, se posiciona. É sempre preciso escolher entre a defesa intransigente do próprio Corpo do qual somos membros, ou permitir que ele seja mutilado – muitas vezes em nós mesmos… mas agindo assim somos cortados da Videira que é Cristo, e estes ramos Dele separados perecerão queimados (cf. Jo 15,4-6).

Oração:

Senhor, dai-nos, por intercessão de São Tomás Becket, defensor intrépido dos Vossos direitos, a coragem de jamais confundir o legítimo respeito ao próximo com o pecaminoso “respeito humano” que levou, por exemplo, Pilatos a condenar Jesus à morte, mesmo sabendo-O inocente, apenas para não desagradar a interesses mundanos. Pelo mesmo Jesus Cristo Vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

sábado, 28 de dezembro de 2024

Santos Inocentes Mártires

Santos Inocentes, crianças que morreram por Cristo (Templário de Maria)

28 de dezembro

Mártires

Um trágico episódio de sangue é narrado apenas pelo evangelista Mateus, que se dirige principalmente aos leitores provenientes do judaísmo, com a intenção de demonstrar que em Jesus se cumpriram as antigas profecias, até aquela do grito de dor de Raquel chorando os próprios filhos.

Os meninos de Belém e dos arredores, que o suspeitoso e sanguinário Herodes mandou matar, com a esperança de suprimir o Messias-rei, são as primícias dos redimidos e santificados pelo Salvador Jesus, segundo sua própria promessa: ‘Aquele que tiver perdido a sua vida por minha causa a encontrará’.

A festividade dos santos Inocentes aparece já no calendário cartaginês do século IV, e pouco depois no ‘Sacramentário leoniano’. O poeta Prudêncio, de cujos textos é tirada a liturgia deste dia, chama-os justamente ‘Flores martyrum’, as primeiras flores germinadas em torno do berço do Redentor, quais ‘comites Christi’.

Do livro: ‘Os Santos e os Beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente’, Paulinas Editora.

Os Santos Inocentes

Celebramos hoje a festa dos Santos Inocentes, aqueles crianças martirizadas por Herodes em seu desejo de matar a Nosso Senhor Jesus Cristo.

A primeira coisa com que deparamos nesse fato histórico é uma realidade constante ao longo dos séculos: o diabo, não podendo mais atingir Jesus, com a sua raiva e o seu ódio irracional termina atingindo os inocentes que seguem a Jesus.

No acontecimento histórico perpetrado por Herodes, que, querendo matar a Cristo, não teme matar a crianças inocentes, vemos uma como profecia da história da Igreja: Jesus morreu na Cruz, ressuscitou e subiu aos céus, mas continua vivo na Igreja no correr dos séculos. Porque a Igreja é isso, Corpo místico de Cristo, que permanece vivo ao longo dos séculos, como uma continuação do mistério da Encarnação.

Deus se fez carne e habitou entre nós, Ele assumiu a nossa humanidade e nós, que temos fé em Jesus e somos batizados, somos por isso mesmo — para usar uma linguagem de S. Elisabete da Trindade — como que uma “humanidade acrescida”, uma humanidade mais, acrescentada a Cristo. Por quê? Porque Ele é a Cabeça, nós somos os membros, e embora a nossa Cabeça esteja gloriosa no céu, os membros de Cristo continuamos padecendo aqui na Terra, continuamos em luta, como Igreja militante em duelo contra Satanás, o qual sempre olha para os que estão mais próximos de Cristo com um ódio tremendo.

Não há a este respeito página na história da Igreja em que não se veja essa constante: pessoas inocentes que seguem a Jesus, membros do seu Corpo, pagando o preço por serem de Cristo. A culpa não é de Deus, mas de Satanás e seus seguidores.

O culpado do sangue dos inocentes é Herodes e os demônios que o atormentavam. Ora, Deus, na sua Providência e bondade infinita, não permitiria o mal se dele não pudesse tirar um bem maior. Portanto, se Deus permite o mau uso da liberdade humana e da liberdade angélico-demoníaca, é porque Ele, providencialmente, tem algo triunfante e maravilhoso para realizar.

É isso o que veremos no Juízo Final, quando soar a trombeta e terminar esse tempo, tempo de prova e da Igreja, tempo de provação e de evangelização, tempo do nosso martírio, isto é, do nosso testemunho. Então, sim, se revelará aos olhos de toda a humanidade o sentido das injustiças clamorosas, desde a injustiça contra os Santo Inocentes, mortos à espada de Herodes, até as injustiças de outros santos, muitas vezes caluniados, desconhecidos que, ao longo dos séculos, se uniram a Cristo no seu destino de paixão e morte, mas que, no final, se associaram ao seu destino de ressurreição glória.

Aí está a grande alegria de saber que das grandes tragédias e misérias Deus sempre tira o bem: Omnia in bonum! Que Deus nos dê essa graça, e os Santos Inocentes intercedam por nós.

Conheça mais sobre os Santos Inocentes

“Levanta, toma o menino e sua mãe, e regressa à terra de Israel, porque morreram os que atentavam contra a vida do menino”

Ao ver-se enganado pelos magos, Herodes se enfureceu e mandou matar, em Belém e seus arredores, a todos os meninos menores de dois anos, de acordo com a data que os magos lhe haviam indicado. Assim cumpriu-se o que havia sido anunciado pelo profeta Jeremias: “Em Ramá se ouviu uma voz, houve lágrimas e gemidos: é Raquel, que chora seus filhos e não quer que a consolem, porque já não existem”.

Quando morreu Herodes, o Anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, que estava no Egito, e lhe disse: «Levanta, toma o menino e sua mãe, e regressa à terra de Israel, porque morreram os que atentavam contra a vida do menino». José levantou-se, tomou o menino e a sua mãe, e entrou na terra de Israel. Porém, ao saber que Arquelao reinava na Judeia, no lugar de seu pai Herodes, teve medo de ir ali e, advertido en sonhos, retirou-se para a região da Galileia, onde se estabeleceu em uma cidade chamada Nazaré. Assim cumpriu-se o que havia sido anunciado pelos profetas: “Será chamado Nazareno”.

A Fuga para o Egito (Giotto) | Templário de Maria

Matança dos Santos Inocentes

No segundo capítulo do Evangelho de São Mateus encontramos a narração das circunstâncias da fuga da Sagrada Família de Belém para o Egito. Foi um êxodo, um fato histórico relacionado com a perseguição ordenada por Herodes, o Grande, que tinha como objetivo matar o Menino Jesus.

Nesta ocasião, José, o pai adotivo que protegia a vida do Menino Jesus, fugiu levando consigo Maria e seu Filho. Ele foi inspirado em sonhos por um Anjo e marchou para o Egito, onde, segundo a tradição, refugiaram-se durante seis meses no monte Qusqam, sendo acolhidos pelos habitantes da região.

É assim que a terra do Egito, que hospedou Jesus na sua primeira infância junto com sua Mãe Nossa Senhora e o pai São José, pode ser considerada como Terra Santa, pois, foi lugar de passagem e de presença de Nosso Senhor.

Após algum tempo, finalmente, uma nova aparição do Anjo, em sonho, anuncia a São José a morte de Herodes. A Sagrada Família pode, então retornar para a terra de Israel.

Na narração da fuga da Sagrada Família para o Egito, três versículos (Mt 2,16-18) descrevem a ferocidade do rei Herodes, que, para matar Jesus, decidiu exterminar todos os meninos de dois anos para baixo que viviam em Belém.

Este acontecimento pode ser interpretado como sendo um preludio das grandes perseguições dos mártires durante os primeiros séculos. Com a matança de inocentes, Herodes quis sufocar toda possibilidade de perigo que o levasse a perder seu domínio absoluto. E, para ele o Messias representava uma grande ameaça.

São Mateus interpreta a história da matança dos inocentes sob o ponto de vista do plano salvífico de Deus e a intende em um sentido profético como sendo o cumprimento das Escrituras. É por isso o evangelista faz referência ao profeta Jeremias, que se narra o lamento da matriarca Raquel pelo povo de Israel, levado ao exílio na Babilônia: «um grito se ouve em Ramá, pranto e lamentos grandes; é Raquel que chora por seus filhos e recusa o consolo, porque já não vivem» (Mt 2,18; cf. Jr 31,15). Para Mateus, os meninos assassinados em Belém representam o povo de Israel e a dor vivida pelas mães é a dor do povo que não reconheceu o Rei-Messias. (JS)

Os Santos Inocentes (Templário de Maria)

Santos Inocentes

Há poucos dias atrás, ouvimos em Belém o cântico dos anjos: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens de boa vontade”. E vimos a alegria dos pastores, adorando a Jesus Menino na manjedoura.

E hoje? Ah, hoje, que diferença! Da alegria, eis a tristeza. Do riso, que pranto! É o ruído das armas, das espadas que afoitamente se desembainham e se tingem de sangue, do sangue de inocentes crianças. É o grito inconsolável das mães que atroa os ares, ao verem os filhos mortos, degolados nos próprios braços amorosos, que esboçam vãs tentativas de defesa. É o grito, a lágrima, o horror, o desespero.

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Herodes, o Grande, descendente de Esaú, idumeu, notabilizou-se pela crueldade. Aterrorizou a Palestina por trinta e seis anos, e desposou dez mulheres. Corroído pelos vermes, morreu em 750 da fundação de Roma, logo depois do nascimento de Jesus, que se deu em 749 da mesma era. Nascia um rei. Perigava-lhe a estabilidade?

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Os Santos Inocentes (Templário de Maria)

Jesus nasceu em Belém. Era no tempo do rei perverso. Que era aquilo que diziam dos magos que vinham do Oriente: Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer? E que significava viemos adorá-lo? Nascera mesmo um rei? E a estrela que lhes aparecera? Que era aquilo?

Então Herodes, tendo chamado secretamente os magos, inquiriu deles cuidadosamente acerca do tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. E, enviando-os a Belém, disse:

– Ide e informai-vos bem acerca do menino, e, quando o encontrardes, comunicai-me a fim de que também eu o vá adorar.

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Não mais foram ter os três magos com Herodes. E Herodes desconfiava. Fora enganado? O tempo passava. Sim, fora enganado. Haviam-no iludido.

Então, vendo que havia sido enganado pelos magos, irou-se em extremo, e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e em todos os arredores, da idade de dois anos para baixo, segundo a data que havia averiguado dos magos. Então, cumpriu-se o que estava predito pelo profeta Jeremias: Uma voz se ouviu Ramá, pranto e grande lamentação: Raquel chorando seus filhos, sem admitir consolação, porque já não existem.

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Estais a chorar, ó mães infortunadas, por que vossos filhos já não mais existem?

Não choreis, ó mãe felizes, porque vossos filhos existem! Estão, não no mundo enganador e perverso como o rei Herodes, mas num mundo melhor e que jamais se acaba. Morreram, sim, mas para o século. Morreram, mas, olhai, vede que sublime: deram a vida por aquele que é a Vida. São as primícias dos mártires do Senhor Jesus Cristo.

(Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XXI, p. 122 à 124)

Fonte: https://templariodemaria.com/santo-do-dia-28-de-dezembro-santos-inocentes/

CHESTERTON: A religião da gratidão

Gilbert Keith Chesterton | 30Giorni

Arquivo 30Giorni nº. 12 - 2006

Literatura

A religião da gratidão

A autobiografia do grande escritor inglês, na qual o autor de The Stories of Father Brown expõe a si mesmo, os segredos da sua arte, o sentido do seu humor. E ele reconstrói sua conversão.

por Massimo Borghesi

Uma autobiografia , publicada em 1937, um ano após a morte do autor, é a escrita que mais do que qualquer outra, nos permite penetrar na alma de Gilbert Keith Chesterton. O grande escritor inglês, universalmente conhecido pelas suas Histórias do Padre Brown , aqui expõe a si mesmo, os segredos da sua arte, o profundo sentido do seu humor . O objetivo não é uma narrativa como fim em si mesma, egocêntrica e autocelebratória, mas a história de uma “conversão” que encontra a sua expressão final num sentimento de gratidão.

Autobiografia constitui, deste ponto de vista, uma obra apologética que deixa claro o caminho existencial e especulativo que conduz à Ortodoxia Ortodoxia , 1908), obra em que Chesterton defende a fé católica de forma espirituosa e engenhosa, e à outras obras do autor. Na Ortodoxia a verdade do Catolicismo é demonstrada partindo do pressuposto de que representa a saúde psíquica e mental do homem; o equilíbrio de suas faculdades espirituais. Aqui a verdade coincide com a sanidade, o erro com a loucura. É um método que rejeita a dissociação pós-kantiana entre lógica e psicologia, e que também encontra sua aplicação em Do intelecto comum saudável e doente, de Franz Rosenzweig . Lendo a Autobiografia entendemos como essa descoberta foi feita por Chesterton na própria pele. Também para ele, o caminho da dúvida se transformou no caminho do desespero e da loucura. O catolicismo libertou-o disso, devolvendo-lhe a maravilha perdida da sua infância.

Daí o ritmo ternário da sua narração: ao tempo do espanto segue-se o da dúvida e, por fim, o do espanto redescoberto. A infância, que para Chesterton passa por «agradável e alegre além de todo mérito» 1 , é a época da descoberta e da surpresa contínua diante da realidade. «A luz branca da maravilha que brilhou sobre o mundo inteiro não era uma espécie de piada» 2 . Ao contrário da opinião corrente sobre as crianças, elas sabem perfeitamente distinguir entre realidade e imaginação. Isso permite que Chesterton não negue a maravilha original, não a relegue aos sonhos coloridos de sua infância. «Numa palavra, nunca perdi a convicção de que esta era a minha verdadeira vida, o verdadeiro início do que deveria ter sido uma vida mais real, uma experiência perdida na terra dos vivos. […] Só o adulto vive uma vida de ficção e simulação. Ele é aquele que está com a cabeça nas nuvens. Claro que naquela época eu nem sabia que aquela luz da manhã poderia se perder” 3 . É o que acontece com Chesterton no período de sua juventude, “cheio de dúvidas”, que deixa em sua mente “a certeza da solidez objetiva do pecado” 4 . A experiência e a prática do espiritismo, comum na Inglaterra entre o final do século XIX e o início do século XX, juntamente com o ceticismo de sua época levaram-no a uma espécie de "dúvida metafísica" 5 para a qual a distinção entre realidade e o sonho se torna impalpável. A saída do delírio, que às vezes tem as cores escuras de um pesadelo, ocorre por meio de um " mínimo místico de gratidão" 6 que se alimenta da leitura de Whitman, Browning, Stevenson. Pois «mesmo a mera existência, reduzida aos seus limites mais simples, é tão extraordinária que chega a ser estimulante. Tudo era magnífico, comparado a nada. A luz do dia poderia ter sido um sonho, mas um sonho, não um pesadelo” 7 .

A religião da gratidão é a última palavra de Chesterton. Porém, na sua forma primitiva, como no panteísmo, não salva da ingratidão, do pecado. O tríptico traçado na Autobiografia vê no sacramento da confissão, no catolicismo, a plena realização da atitude gerada pela maravilha da existência

É este espanto que permite a Chesterton encontrar a ponte para a dimensão religiosa. «Na verdade, cheguei a uma posição não muito distante da frase do meu avô puritano, que teria agradecido a Deus por tê-lo criado, disse ele, mesmo sendo uma alma perdida. Eu estava apegado aos resquícios da religião com um pequeno fio de gratidão. […] O que eu quis dizer, quer pudesse dizê-lo ou não, foi o seguinte: que nenhum homem sabe até que ponto é optimista, mesmo que se autodenomina pessimista, porque nenhum homem mediu verdadeiramente a extensão da dívida para com que qualquer ser que ele criou e que o tornou capaz de se chamar de algo. Atrás dos nossos cérebros, por assim dizer, houve, esquecido, uma chama ou uma explosão de surpresa pela nossa própria existência. O objetivo da vida artística e espiritual era escavar esta aurora moderada de admiração" 8 .

Como escreve Chesterton na Autobiografia : «O propósito da vida é a apreciação» 9 . Isto é autêntico, e não um otimismo banal, apenas quando é acompanhado pela “gratidão que convém aos indignos” 10 . A valorização, aliada à humildade, de quem não tem direito de reclamar, permite o usufruto das coisas próximas. «O que importa», escreve Emilio Cecchi, «é chegar a apreciar os próprios bens como os apreciam aqueles que até se tornariam ladrões. Ser capaz de amar a própria esposa, de modo a ter cem compromissos com ela" 11 .

Há em Chesterton, como em Péguy, a ideia de que o Paraíso, lugar de amor sempre novo, é feito de coisas familiares: dos campos de trigo, do “poste de luz” em frente da casa, no céu. Nesta contínua surpresa diante de ser «eu», o autor confessa no final da vida: «Envelheci sem me aborrecer. A existência ainda é uma coisa maravilhosa para mim e eu a recebo como um estranho" 12 .

«Quando um católico regressa da confissão, ele entra verdadeiramente, por definição, no alvorecer do seu próprio início [...]. Ele sabe que naquele canto escuro e naquele breve ritual, Deus realmente o refez à Sua imagem”.

A religião da gratidão é a última palavra de Chesterton. Porém, na sua forma primitiva, como no panteísmo, não salva da ingratidão, do pecado. O tríptico traçado na Autobiografia vê no sacramento da confissão, no catolicismo, a plena realização da atitude gerada pela maravilha da existência. Para Chesterton, que se converteu em 1922, a Igreja Romana foi, antes de tudo, um espaço de regeneração, um lugar onde a maravilha original da infância se torna novamente possível e atual. «Quando um católico regressa da confissão, ele entra verdadeiramente, por definição, no alvorecer do seu próprio início, e olha com novos olhos para o mundo, para um Palácio de Cristal que é verdadeiramente feito de cristal. Ele sabe que naquele canto escuro e naquele breve ritual, Deus realmente o refez à Sua imagem. Ele é agora uma nova experiência do Criador. É um experimento tão novo quanto era quando tinha apenas cinco anos. Ele está [...] na luz branca do início digno da vida de um homem. O acúmulo de tempo não pode mais ser assustador. Pode ser acinzentado e gotoso, mas tem apenas cinco minutos" 13 . Esta juventude perene, fruto da confissão dos pecados, traz Chesterton de volta ao “primeiro vislumbre do glorioso dom dos sentidos, à experiência sensacional da sensação” 14 . Traze-o de volta ao primado da realidade, que a "dúvida metafísica", com o seu mundo interno de fantasmas, tão semelhante à loucura, tentou dissolver. Deste mundo a adoração do Deus “externo”, e não do Deus “interno” estóico-idealista, o libertou. Como dirá na Ortodoxia : «O Cristianismo veio ao mundo antes de mais nada para afirmar violentamente que o homem devia olhar não só para dentro de si, mas também para fora, devia admirar com espanto e entusiasmo um esquadrão divino e um capitão divino. O único prazer que se sente em ser cristão é o de não se sentir sozinho com a Luz interior, é o de reconhecer claramente outra Luz, tão esplêndida como o sol, tão clara como a lua" 15 . 

Notas 

1 GK Chesterton, Autobiografia trad . isto., Casale Monferrato 1997, p. 50. 

Ibidem. , pág. 51.

3 Ibidem , pág. 56. 

Ibidem. , pág. 80. 

Ibidem. , pág. 92.

6 Ibidem , pág. 94. 

Ibidem. , pág. 93. 

Ibidem., pp. 93-94.
Ibidem. , pág. 325. 

10 Ibidem. , pág. 326. 

11 E. Cecchi, «Introdução» a: GK Chesterton, Obras Selecionadas , Florença – Roma 1956, p. XIV. 

12 GK Chesterton, Autobiografia , op. cit., pág. 382. 

13 Ibidem. , pp. 321-322. 

14 Ibidem. , pág. 334. 

15 GK Chesterton, Ortodoxia , trad. isto., Bréscia 1995, pp.105-106.

Fonte: https://www.30giorni.it/

O Papa: em tempos de violência, precisamos de exemplos de solidariedade cheios de esperança

Uma saudação do Papa Francisco durante a abertura da Porta Santa na prisão romana de Rebibbia (Vatican Media)

Francisco enviou uma mensagem à Universidade de Belém: trabalhar para “construir um futuro de diálogo, compreensão mútua, solidariedade fraterna e justiça para todos.

Vatican News

É “um testemunho entusiasmado dos valores perenes do Evangelho” que o Papa Francisco pede em uma mensagem enviada ao vice-reitor da Universidade de Belém, frei Héctor Hernán Santos González, no tempo do Advento. Um testemunho entusiasmado, escreve o Pontífice, que “possa servir de exemplo para os líderes religiosos e políticos de diferentes credos e tradições”, e permitir que os funcionários e estudantes da universidade desempenhem seu papel “na construção de um futuro de diálogo, compreensão mútua, solidariedade fraterna e justiça para todos”.

“No atual contexto de violência que afeta tantos de nossos irmãos e irmãs - continua a mensagem -, nossa família humana precisa de exemplos de solidariedade cheios de esperança”.

O Natal e o início do Jubileu, acrescenta o Bispo de Roma, são ocasiões que “significam vida nova, esperança e reconciliação”, e oferecem “oportunidades para a renovação espiritual e o fortalecimento da perseverança na vocação de sermos discípulos alegres de Cristo”.

Dirigindo-se especialmente aos jovens, o Papa Bergoglio os exorta a sempre valorizar “o precioso dom da fé, não como algo a ser escondido, mas como um tesouro a ser compartilhado com os outros”. Embora, às vezes, a juventude seja marcada por fraqueza, confusão e desilusão, continua o Pontífice, Jesus é sempre “a fonte de uma esperança duradoura” e Ele faz com que “valha a pena ser jovem”.

Em seguida, Francisco convida os estudantes a “promover os laços de amizade acadêmica e social que são uma herança preciosa” de seus anos de universidade: aqueles que não tentam “seguir sozinhos”, de fato, mas são entusiastas da vida comunitária, tornam-se capazes de “grandes sacrifícios pelos outros”.

A mensagem termina com a entrega da Universidade de Belém à proteção de “Maria, Mãe da Igreja” e com a invocação do Pontífice à “paz em Jesus Cristo”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Quem foi São Paulo e que legado ele deixou para a Igreja? (II)

Nas cartas de São Paulo, Cristo é mencionado 380 vezes | Opus Dei

Quem foi São Paulo e que legado ele deixou para a Igreja?

Quem foi Paulo de Tarso? São Paulo sofreu perseguições e conheceu sua própria debilidade enquanto pregava a fé no Ressuscitado. Em troca, não quis outra coisa senão a misericórdia de Cristo.

24/01/2023

Teologia de São Paulo

Entre os diversos aspectos que compõem o ensinamento teológico de São Paulo deve-se ressaltar, em primeiro lugar, a figura de Jesus Cristo. Certamente, em suas cartas não aparecem os traços históricos de Jesus de Nazaré, tal como nos apresentam os Evangelhos. O interesse pelos numerosos aspectos da vida terrena de Jesus passa para um segundo plano, assinalando especialmente o mistério da paixão e morte na cruz. Ao mesmo tempo, observa-se que Paulo não foi testemunho do caminhar terreno de Jesus, mas que o conhece pela tradição apostólica que o precede, à qual se refere explicitamente: “eu vos transmiti em primeiro lugar aquilo que recebi” (12).

Da mesma forma, pode-se descobrir no epistolário paulino alguns hinos, profissões e enunciados de fé, e afirmações doutrinais que provavelmente se usavam na liturgia, na catequese ou na pregação da primitiva Igreja. Jesus Cristo constitui o centro e o fundamento de seu anúncio e de sua pregação: em seus escritos, o nome de Cristo aparece 380 vezes, superado só pelo nome de Deus, mencionado 500 vezes. Isto nos faz entender que Jesus Cristo influiu profundamente em sua vida: em Cristo encontramos o cume da história da Salvação.

Doutrina da Justificação de Cristo e do Dom Infinito na Cruz

“A doação infinita de Cristo na Cruz constitui o convite mais veemente para sair do próprio egoísmo”. | Opus Dei

Olhando para São Paulo podemos nos perguntar como se realiza o encontro pessoal com Cristo e que relação surge entre Ele e o crente. A resposta de Paulo  concentra-se em dois momentos: por um lado, ele sublinha o valor fundamental e insubstituível da fé(13). Assim escreve ele aos romanos: “o homem é justificado pela fé com independência das obras da Lei” (14); a ideia aparece mais explícita na Carta aos Gálatas: “o homem não é justificado pelas obras da Lei, mas por meio da fé em Jesus Cristo(15). Quer dizer, entra-se em comunhão com Deus por obra exclusiva da graça; Ele sai ao nosso encontro e nos acolhe com a sua misericórdia, perdoando nossos pecados e permitindo-nos estabelecer uma relação de amor com Ele e com nossos irmãos”(16).

Nesta doutrina da justificação, Paulo reflete o processo de sua própria vocação, Ele era um estrito observante da Lei mosaica, que cumpria até nos mínimos detalhes. Mas isto o levou a sentir-se pago por si mesmo e a buscar a salvação com suas próprias forças. E nesta situação descobre-se pecador, enquanto persegue a Igreja do Filho de Deus. A consciência do pecado será então o ponto de partida para abandonar-se à graça de Deus que nos é dada em Jesus Cristo.

Aí começa o segundo momento, o encontro com o próprio Senhor. A doação infinita de Cristo na cruz constitui o convite mais veemente para sair do próprio eu, a não se vangloriar, pondo ao mesmo tempo toda a confiança na morte salvadora e na ressurreição do Senhor: aquele que se gloria, glorie-se no Senhor(17). Esta conversão espiritual comporta, por tanto, não se buscar a si mesmo, mas revestir-se de Cristo e entregar-se com Cristo, para participar assim pessoalmente da vida de Cristo até submergir-se n’Ele e compartilhar tanto de sua morte como de sua vida. Assim o descreve o Apóstolo mediante a imagem do Batismo: “não sabeis que os que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados para nos unirmos a sua morte? Pois fomos sepultados juntamente com Ele mediante o Batismo para nos unirmos a sua morte, para que, assim como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, assim também nós caminhemos em uma vida nova”(18).

Paulo - e com ele, todo cristão – contempla o Filho de Deus não só como Aquele que morreu por nosso amor, obtendo-nos a remissão de nossos pecados - dilexit me et tradidit semetipsum pro me, amou-me e entregou-se a si mesmo por mim -, mas também como Aquele que se faz presente em sua vida: vivo autem iam non ego, vivit vero in me Christus, vivo, mas já não vivo eu, mas Cristo vive em mim (19). Nosso Padre gostava de repetir estas palavras do Apóstolo, porque via Jesus Cristo morto e ressuscitado como a razão de ser de toda a vida do cristão e de sua missão.

B. Estrada

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12. 1 Cor 15, 3; cf. 11, 23ss.

13. Cf. Bento XVI, Audiência geral, 8-11-2006.

14. Rm 3, 28.

15. Gal 2, 16.

16. Cf. Rm 3, 24.

17. 1 Cor 1, 31.

18. Rm 6, 3s.

19. Gal 2, 20.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/no-ano-paulino/

Arquidiocese de Brasília convida fiéis para a abertura do Jubileu da Esperança

Cardeal Dom Paulo Cezar Costa, Arcebispo de Brasília (arqbrasilia)

A Arquidiocese de Brasília anunciou um evento especial no dia 29 de dezembro para marcar a abertura do Jubileu da Esperança, em sintonia com as celebrações realizadas pelas Igrejas de todo o mundo. O Cardeal Dom Paulo Cezar dirigiu um convite para todos participarem deste momento de fé e comunhão.

https://youtu.be/cCIzHr7Eohc

28 de dezembro de 2024

A programação terá início às 15h30 no Teatro Nacional Claudio Santoro, onde os fiéis se concentrarão para dar início à caminhada até a Catedral de Brasília. A Celebração Solene, que inclui a Santa Missa, será realizada no estacionamento ao lado da Catedral, reunindo a comunidade em um ato de união e espiritualidade.

Para garantir a participação, as missas nas paróquias locais durante a tarde e à noite serão suspensas. “Todos somos chamados a vir à nossa catedral para juntos abrirmos um ano jubilar”, reforçou Dom Paulo, destacando que o evento acontecerá independentemente das condições climáticas.

O Jubileu da Esperança, inaugurado pelo Papa Francisco com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro na Vigília de Natal, celebra a caminhada espiritual dos fiéis como “peregrinos da esperança”. A procissão inicial simboliza a jornada de fé e a busca pelo Eterno, com Cristo como meta e companhia.

Dom Paulo concluiu o convite com um apelo caloroso: “Venha participar conosco! Espero todos vocês para iniciarmos o nosso Jubileu como peregrinos da esperança.” O evento promete ser um marco para a comunidade católica de Brasília, unindo os fiéis em oração e celebração.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Maria, a escolhida de Deus, no Alcorão (II)

A natividade de Jesus, miniatura do Evangelho Armênio do pintor Youhannès de Berkri, Museu Armênio de Isfahan | 30Giorni

Arquivo 30Giorni nº. 12 - 2009

A VISÃO CORÂNICA DE MARIA

Maria, a escolhida de Deus, no Alcorão

Por ocasião da solenidade da Imaculada Conceição, recebemos do Embaixador da República Islâmica do Irão junto da Santa Sé o texto do discurso que proferiu na Universidade de Catânia sobre a visão corânica de Maria, que temos o prazer de comunicar. Publicar.

por Ali Akbar Naseri

Ele demonstrou assim a inocência e pureza de sua mãe e apresentou-se, que havia sido concebido sem pai, como um Sinal de Deus.

Maria no Alcorão é chamada de várias maneiras, como a Eleita de Deus, a mais ilustre das mulheres no Alcorão. mundo, Pura, Imaculada, Casta, Aquela de quem falam os Hadis, Interlocutora dos Anjos, Dedicada à adoração e à oração, Receptora da Boa Nova do nascimento de Jesus Ela e ela. filho Jesus Cristo são sinais para conhecer a existência de Deus.

Gostaria de sublinhar o seguinte: Emran e Anna queriam um filho, mas Deus deu-lhes uma filha para indicar que do ponto de vista da essência humana não há diferença entre o homem. e mulher e entre filho e filha que, como seres humanos, têm a mesma identidade.

Este facto revela a posição elevada e sagrada da concepção islâmica: a mulher é um espelho da beleza divina: no papel de mãe, professora e fulcro da existência, é uma amiga, uma companheira que anima a vida. A sacralidade e a santidade das mulheres devem ser salvaguardadas preservando a sua modéstia. É, portanto, lamentável observar o uso instrumental do corpo da mulher para aumentar as vendas ou de outra forma através da exibição de imagens seminuas.

A mulher, como mãe, professora, pilar muito sólido da instituição santa e civil da família e educadora de uma geração sã e útil à sociedade, deve ser objeto de amor, respeito e da máxima deferência e consideração.

Neste sentido, Fátima e Maria constituem um exemplo e modelo claro, luminoso e imperecível para todas as mulheres do mundo.

Por fim, gostaria de expor algumas considerações sobre a visão corânica de Jesus Cristo (que a paz esteja com ele) tal como aparece na sura de Emran (III, 45-46), na já citada sura de Maria (XIX, 19- 34), na sura das Mulheres (IV, 156-159) e em outras ainda. Ele, contando-se entre os maiores profetas, trouxe uma Lei religiosa ( Shari'at ) e um Livro sagrado, o Evangelho. A dignidade de profeta foi por ele alcançada já na infância; ele realizou inúmeros milagres, como restaurar a visão de um homem cego de nascença, ressuscitar os mortos, com a permissão de Deus. Os nomes que ocorrem no Alcorão são, entre outros, Palavra de Deus, Espírito de Deus, Testemunha no Dia do Juízo. , Perto da Corte de Deus, Escolhido, Benfeitor, Existência Abençoada.

Na sura das fileiras serrilhadas (LXI, 6) Jesus, filho de Maria, anuncia a vinda do Profeta Maomé (chamado Ahmad, que significa “Louvado”) com estas palavras: «Ó filhos de Israel! Eu sou o Mensageiro de Deus enviado a você, confirmando o Torat, que foi dado antes de mim, e anunciando as boas novas de um mensageiro depois de mim, cujo nome é Ahmad."

Imagens de Jesus e Maria, Nadereh Banu, Palácio Golestan, Teerã, Irã | 30Giorni

De acordo com o Alcorão, alguns opressores e indivíduos maus entre os Bani Esrail , que viram os seus interesses ameaçados pelo movimento cristão, tinham conspirado para matar Jesus, mas na realidade não tiveram sucesso no seu intento pois acreditaram erroneamente na sua morte, já que outro tomou seu lugar enquanto Jesus, pelo poder divino, foi elevado ao quarto céu, onde vive para sempre (Sagrado Alcorão: V, 157). Ele reaparecerá no fim do mundo, na época da revolta do Imam Mahdi (que Deus apresse a sua vinda), e eles, juntos, conduzirão o mundo à perfeita justiça e paz e à humanidade rumo à plena dignidade e a uma vida virtuosa. . Tenho o prazer de lembrar que a genealogia do Imam Mahdi, por parte de mãe, remonta a Maria e Emran.

Em nossos textos religiosos nos quais são relatados ditos do Profeta e dos imãs imaculados, também são citadas numerosas histórias transmitidas ( ahadis ) sobre Jesus, seus pronunciamentos e indicações de comportamento para uso e vantagem moral dos muçulmanos. Entre eles lembramos: «Aqueles que agem com bondade uns para com os outros serão perdoados por Deus no dia do julgamento; aqueles que trabalham para reformar os homens estarão perto de Deus no dia do julgamento; falar pouco é uma grande sabedoria; agir em relação aos outros com humildade e bondade; aquele que modera as paixões mundanas alcança a felicidade na vida após a morte; reduza a comida que você ingere, pois comer muito leva a beber muito, beber demais e comer demais leva a dormir demais e tudo isso tem efeitos muito prejudiciais."

Esperando uma cooperação e um debate cada vez maiores entre os seguidores das religiões reveladas na defesa dos direitos essenciais da sociedade humana, na oposição a todas as formas de opressão e injustiça e no estabelecimento da paz, da justiça e da liberdade, agradeço mais uma vez.

 Atenciosamente, ao reitor da Faculdade de Letras e Filosofia, aos professores, aos alunos e a todos os presentes que tiveram a paciência de me ouvir.

Rogo a Deus que me conceda sucesso a Ele voltando-me.

Fonte: https://www.30giorni.it/

O Papa para os jovens: a Igreja precisa de vocês, esperem para “além da esperança"

O logotipo do Encontro europeu de Taizé em Tallinn, na Estônia (Vatican News)

Em uma mensagem assinada pelo cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, Francisco se dirige aos participantes do encontro europeu de jovens de Taizé em Tallinn, na Estônia. Ele os exorta a promover um “espírito de partilha e fraternidade”, em um mundo marcado por violências e conflitos, superando cansaços, crises e angústias.

Vatican News

O Papa e toda a Igreja “contam” com os jovens e têm fé neles. “Esperar além da esperança”, aquela que supera o cansaço, a crise e a ansiedade, é o convite dirigido às novas gerações, ainda mais urgente em um mundo marcado por violências e conflitos, onde as pessoas sofrem “tratamentos desumanos”, encontrando-se “desorientadas” pelas desigualdades e pelos perigos ditados pelas mudanças climáticas.

É assim que Francisco se dirige aos participantes do encontro europeu dos jovens de Taizé em Tallinn, na Estônia. Ele o faz em uma mensagem assinada pelo cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, dirigindo suas “calorosas saudações” estendidas a todos os líderes das várias denominações cristãs presentes no país do norte da Europa.

“Expressar o que pensamos e queremos”

O Papa recorda sua Viagem Apostólica aos Países Bálticos, datada de 2018, e seu encontro com os jovens da Igreja Luterana de Kaarli, também em Tallinn. Naquela ocasião, ele expressou a beleza de se reunir para “compartilhar testemunhos de vida, expressar o que pensamos e queremos”.

As “grandes provações” enfrentadas no mundo

O encontro, o 47º, conduzido pela comunidade cristã ecumênica sediada na França, promove um “espírito de partilha e fraternidade” que é ainda mais necessário quando se olha para as “grandes provações” que a comunidade global é chamada a enfrentar. Francisco lembra os muitos países “marcados pela violência e pela guerra” e as pessoas que sofrem suas consequências diretas.

A esperança supera o cansaço, a crise e a ansiedade

“Esperar além da esperança” é a mensagem que ressoa de Tallinn. Um tema escolhido pelo irmão Matthew, prior de Taizé, que adere ao tema do Jubileu que acaba de ser inaugurado. A esse respeito, o Papa cita uma passagem de sua mensagem para a XXXIX Jornada Mundial da Juventude.

“Caminhem na esperança! A esperança supera todo cansaço, toda crise e toda ansiedade, dando-nos uma forte motivação para seguir em frente, porque é um dom que recebemos do próprio Deus: Ele enche nosso tempo de significado, ilumina-nos em nosso caminho, mostra-nos a direção e a meta da vida.”

“Queridos jovens, o Santo Padre conta com vocês”

“Queridos jovens, o Santo Padre conta com vocês”, é a asseguração oferecida por Francisco. Uma confiança que se estende a toda a Igreja, na necessidade de “proclamar hoje a boa nova do amor de Deus”. Um objetivo que faz parte do “processo sinodal” empreendido pela comunidade eclesial, capaz de levar a “grandes progressos na amizade ecumênica com nossos irmãos e irmãs de diferentes denominações cristãs”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Quem foi São Paulo e que legado ele deixou para a Igreja? (I)

São Paulo, afresco de Giotto

Quem foi São Paulo e que legado ele deixou para a Igreja?

Quem foi Paulo de Tarso? São Paulo sofreu perseguições e conheceu sua própria debilidade enquanto pregava a fé no Ressuscitado. Em troca, não quis outra coisa senão a misericórdia de Cristo.

24/01/2023

Na tarde do dia 28 de junho de 2008, durante a celebração das Primeiras Vésperas da Solenidade de São Pedro e São Paulo na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, o Papa Bento XVI proclamou oficialmente a abertura do Ano Paulino, que se prolongará até o dia 29 de junho de 2009, festa destes dois Apóstolos.

A Cidade Eterna, a Roma de Pedro e de Paulo, banhada pelo sangue dos mártires, centro de onde tantos saíram para propagar pelo mundo inteiro a palavra salvadora de Cristo(1), pode considerar-se verdadeiramente privilegiada, porque tem sido tantorum principum purpurata pretioso sanguine, banhada com o sangue dos Príncipes dos Apóstolos(2).

Quando nasceu São Paulo?

Durante este período comemoram-se os dois mil anos do Nascimento do Apóstolo dos Gentios. Para fixar esta data, os estudos sobre a cronologia paulina têm em conta os dados que proporcionam seus escritos: na Carta aos Gálatas, o Apóstolo afirma que depois de sua conversão, encontrou Pedro em Jerusalém, três anos depois de sua fuga de Damasco(3), onde o rei dos nabateus, Aretas IV, exercia um certo poder(4). Isto permite datar a fuga no ano 37 e sua conversão no período 34-35.

Por outro lado, nos Atos dos Apóstolos, ao narrar o martírio de Estevão, Saulo é qualificado como “jovem”, pouco antes de sua vocação(5). Ainda que este seja um dado genérico, de modo aproximado permite situar seu nascimento por volta do ano 8.

O Ano Paulino deseja promover uma reflexão mais profunda sobre a herança teológica e espiritual que São Paulo deixou para a Igreja, por meio de sua vasta obra de evangelização. Como sinais externos que nos convidam a meditar sobre a fé e a verdade das mãos do Apóstolo, o Papa acendeu a “Chama Paulina”, em um braseiro colocado no pórtico da Basílica de São Paulo, em Roma, e abriu também, neste mesmo templo, a “Porta Paulina”, a qual atravessou, no dia 28 de junho, acompanhado do Patriarca de Constantinopla.

Porta de Tarso (Turquia)

O APÓSTOLO DOS GENTIOS

Quem era Paulo de Tarso? Nasceu na capital da província romana da Cilícia, hoje Turquia. Quando foi capturado nas portas do Templo de Jerusalém, dirigiu-se com estas palavras à multidão que queria matá-lo: “eu sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, educado nesta cidade e instruído aos pés de Gamaliel, segundo a observância da Lei pátria”(6).

Ao final de sua existência, em uma visão retrospectiva de sua vida e de sua missão, dirá de si mesmo: ”fui constituído pregador, apóstolo e mestre”(7). Ao mesmo tempo, sua figura se abre para o futuro, a todos os povos e gerações, porque Paulo não é apenas um personagem do passado: sua mensagem e sua vida são sempre atuais, pois contêm a essência da mensagem cristã, perene e atual.

Paulo tem sido chamado o décimo terceiro Apóstolo, pois ainda que não fizesse parte do grupo dos Doze, foi chamado por Jesus ressuscitado, que lhe apareceu no caminho de Damasco(8). Além disso, ao contemplar o trabalho realizado por Cristo, nada tem que invejar dos outros: São hebreus? Também eu. São israelitas? Também eu. São descendência de Abraão? Também eu. São ministros de Cristo? Pois – delirando o digo – eu mais: em fadigas, mais; em cárceres, mais; em açoitesmuito mais. Em perigos de morte, muitas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus quarenta açoites menos um, três vezes me açoitaram com varas, uma vez fui lapidado, três vezes naufraguei, um dia e uma noite passei como náufrago em alto mar. Em minhas repetidas viagens sofri perigos de rios, perigos de ladrões, perigos dos de minha raça, perigos dos gentios, perigos na cidade, perigos no campo, perigos no mar, perigos entre falsos irmãos; trabalhos e fadigas, frequentes vigílias, com fome e sede, com frequentes jejuns, com frio e nudez (9).

Como se vê, não lhe faltaram dificuldades nem tribulações, que suportou por amor de Cristo. Entretanto, todo esforço e todos os acontecimentos pelos quais passou, não o levaram à vangloria. Paulo entendeu a fundo e experimentou em sua pessoa aquilo que também ensinava nosso Padre: que nossa lógica humana não serve para explicar as realidades da graça. Deus costuma buscar instrumentos fracos para que fique evidentemente claro que a obra é sua. Por isso, Paulo evoca com temor sua vocação: “depois de todos apareceu para mim, que sou um abortivo, sendo o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus” ( 1 Cor 15, 8-9) (10). “Como não admirar um homem assim? Como não agradecer ao Senhor por haver-nos dado um Apóstolo deste porte?” diz Bento XVI (11).

B. Estrada

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1. Homilia Lealdade à Igreja, 4-6-1972.

2. Cf. Hino das Primeiras Vésperas da Solenidade de São Pedro e São Paulo.

3. Cf. Gal 1, 15-18.

4. Cf. 2 Cor 11, 32.

5. Cf. Atos 7, 58.

6. Atos 22, 3.

7. 2 Tm 1, 11.

8. Cf. 1 Cor 15, 8.

9. 2 Cor 11, 22-27.

10. É Cristo que passa, n. 3.

11. Bento XVI, Audiência geral, 25-10-2006.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/no-ano-paulino/

Dos Tratados sobre a Primeira Carta de São João, de Santo Agostinho, bispo

São João Evangelista (Liturgia das Horas Online)

Dos Tratados sobre a Primeira Carta de São João, de Santo Agostinho, bispo

(Tract. 1,1.3: PL 35, 1978.1980)            (Séc. V)

A vida se manifestou em nossa carne

O que era desde o princípio, o que nós ouvimos, o que vimos com os nossos olhos e as nossas mãos tocaram da Palavra da Vida (1Jo 1,1). Quem poderia tocar a Palavra com suas mãos, a não ser por que a Palavra se fez carne e habitou entre nós? (Jo 1,14).

A Palavra que se fez carne para ser tocada com as mãos, começou a ser carne no seio da Virgem Maria; mas não foi então que a Palavra começou a existir porque, diz  João, ela era desde o princípio. Vede como sua Carta é confirmada pelas palavras do seu Evangelho, que acabais de escutar: No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus (Jo 1,1).

Alguns talvez julguem que a expressão Palavra da Vida designe de modo geral a Cristo e não o próprio Corpo de Cristo que foi tocado pelas mãos. Reparai no que vem em seguida: E a Vida manifestou-se (1Jo 1,2). Por conseguinte, Cristo é a Palavra da Vida.

E como se manifestou esta Vida? Ela existia desde o início, mas não tinha se manifestado aos homens; manifestara-se aos anjos que a contemplavam e se alimentavam dela como de seu pão. E o que diz a Escritura? O homem se nutriu do pão dos anjos (Sl 77,25).

Portanto, a Vida se manifestou na carne, para que, nesta manifestação, aquilo que só o coração podia ver, fosse visto também com os olhos, e desta forma curasse os corações. De fato, o Verbo só pode ser visto com o coração, ao passo que a carne pode ser vista também com os olhos corporais. Éramos capazes de ver a carne, mas não éramos capazes de ver a Palavra. Por isso, a Palavra se fez carne que nós podemos ver, para curar em nós o que nos torna capazes de vê-la.

E somos testemunhas, diz João, e vos anunciamos a Vida eterna, que estava junto do Pai e que se tornou visível para nós (1Jo 1,2), isto é, que se manifestou entre nós ou, falando mais claramente, nos foi manifestada.

Isso que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos (1Jo 1,3). Prestai atenção: Isso que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos. Eles viram o próprio Senhor presente na carne, ouviram da boca do Senhor suas palavras e no-las anunciaram. E nós ouvimos certamente, mas não vimos.

Somos, por isso, menos felizes do que eles que viram e ouviram? Por que então acrescenta: Para que estejais em comunhão conosco? (1Jo 1,3). Eles viram, nós não vimos e, contudo, estamos em comunhão com eles porque temos uma fé comum.

E a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. Nós vos escrevemos estas coisas, diz João, para que a vossa alegria fique completa (1Jo 1,4). Essa alegria completa encontra-se na mesma comunhão, na mesma caridade, na mesma unidade.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF