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segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

O Papa: a família é um tesouro precioso que devemos apoiar e proteger

Fiéis e peregrinos rezam com o Papa Francisco a oração do Angelus na Praça São Pedro (Vatican Media)

Este domingo (29/12), festa da Sagrada Família, depois de rezar a oração mariana do Angelus, o Santo Padre elevou suas orações pelas famílias do mundo, porque a família é a célula da sociedade, um tesouro precioso que devemos apoiar e proteger. O Pontífice também rezou pelas muitas famílias da Coreia do Sul que estão de luto após o dramático acidente aéreo e pelas famílias que sofrem por causa das guerras.

Vatican News

“A família é a célula da sociedade, a família é um tesouro precioso que devemos apoiar e proteger”, disse o Papa Francisco após rezar a oração mariana do Angelus este domingo, 29 de dezembro, festa da Sagrada Família de Nazaré.

Um tesouro precioso que devemos apoiar e proteger

Ao saudar os muitos romanos e peregrinos que se reuniram na Praça São Pedro para rezar à Mãe de Deus, o Santo Padre estendeu suas saudações às famílias presentes na praça e àqueles que estavam acompanhando a transmissão do Angelus de suas casas através da mídia.

“A família é a célula da sociedade, a família é um tesouro precioso que devemos apoiar e proteger!”

Oração pelas vítimas do acidente aéreo na Coreia do Sul

Em seguida, o Pontífice voltou seu pensamento para as vítimas e suas famílias do acidente aéreo ocorrido neste domingo na Coreia do Sul, onde um avião que transportava 181 passageiros caiu ao tentar fazer um pouso de emergência, no Aeroporto Internacional de Muan, na província de Jeolla do Sul, a 288 quilômetros de Seul.

“Meus pensamentos estão com as muitas famílias da Coreia do Sul que estão de luto hoje após o dramático acidente aéreo. Eu me uno em oração pelos sobreviventes e pelos falecidos.”

Oração pelas famílias que sofrem por causa das guerras

O Papa também pediu orações pelas muitas famílias que estão sofrendo por causa de guerras: na atormentada Ucrânia, na Palestina, em Israel, em Mianmar, no Sudão, em Kivu do Norte (na República Democrática do Congo) e em outras partes do mundo. “Oremos por todas essas famílias em guerra”, pediu por fim Francisco.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Félix I, Papa

São Félix I, Papa (A12)
30 de dezembro
São Félix I, Papa

São Félix I foi o Papa da Igreja Católica entre os anos de 269 e 274. Ele assumiu o papado em uma época de intensa perseguição aos cristãos por parte do Império Romano, e dedicou-se a guiar o rebanho com sabedoria e coragem.

Um dos grandes desafios enfrentados por São Félix foi a consolidação da fé cristã e a defesa contra heresias que ameaçavam a unidade da Igreja. Ele era um defensor fervoroso da doutrina da Trindade, afirmando com clareza a divindade de Cristo em resposta ao arianismo e outras falsas doutrinas.

Durante seu pontificado, ele incentivou a construção de igrejas e lugares de culto, fortalecendo a comunidade cristã em um período de perseguição. Félix acreditava que os fiéis precisavam de espaços sagrados para celebrarem a fé e se fortalecerem espiritualmente.

Ele também foi conhecido por sua preocupação com os mártires e suas famílias. São Félix instituiu a prática de celebrar a memória dos mártires com Missas especiais, tradição que permanece até hoje na Igreja.

São Félix faleceu em 274 e foi sepultado nas catacumbas de São Calisto, em Roma. Sua fidelidade e amor pela Igreja o tornaram um exemplo para todos os cristãos, especialmente em tempos de tribulação.

Com o tempo, ele foi canonizado e é lembrado como um papa que defendeu a fé e fortaleceu a comunidade cristã, deixando um legado de coragem e devoção.

Reflexão:

A espiritualidade de São Félix I nos lembra a importância de permanecermos fiéis à doutrina e ao amor de Cristo, especialmente em tempos de crise. Seu exemplo nos inspira a valorizar nossa fé e a defender a Igreja com coragem. Que seu testemunho nos encoraje a seguir Cristo de todo o coração, confiando na providência divina para nos guiar e proteger.

Oração:

São Félix I, defensor da fé, intercede por nós para que possamos permanecer firmes em nossa crença e amor por Cristo. Amém. Que tua vida de dedicação à Igreja nos inspire a viver com coragem e fidelidade em nossa jornada de fé. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

domingo, 29 de dezembro de 2024

Sagrada Família de Nazaré

Sagrada Família de Nazaré (Vatican News)

29 dezembro

Celebra-se a festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José no domingo após o Natal. Esta festa desenvolveu-se a partir do século XIX, no Canadá e, depois, em toda a Igreja, a partir de 1920. No início, era celebrada no domingo após a Epifania. Esta festa tem o intuito de apresentar a Sagrada Família de Nazaré como "verdadeiro modelo de vida" (Coleta), no qual as nossas famílias possam se inspirar e encontrar ajuda e conforto.

ANO C

Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém para a Festa da Páscoa. Tendo ele completado doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa. No final dos dias da festa, enquanto voltavam, o Menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais percebessem. Achando que ele estivesse com os seus companheiros de comitiva, caminharam por um dia. Depois, ao sentirem a sua falta, começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Visto que não o encontravam, voltaram a Jerusalém para procurá-lo. Após três dias, encontraram-no no Templo, sentado entre os doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Todos os que o ouviam ficavam maravilhados pela sua sabedoria e respostas. Quando seus pais o viram, ficaram atônitos; e sua mãe disse-lhe: “Meu filho, por que nos fizeste isto? Teu pai e eu estávamos aflitos à tua procura”. Respondeu-lhes ele: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?”. Mas, eles não compreenderam o que lhes estava dizendo. Depois, desceu com eles para Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas essas coisas no seu coração. E Jesus crescia em sabedoria, idade e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2,41-52).

Dom divino

O primeiro aspecto desta festa, que emerge dos textos bíblicos, é que o Menino é um dom de Deus: é que lemos na primeira leitura, que narra o nascimento do profeta Samuel, a partir da resposta que Jesus dá a seus pais no Templo.

Mal-entendido

“Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?”Na sua explicação: “Teu pai e eu estávamos aflitos à tua procura”, Maria se referia ao seu pai José, mas, na sua resposta, Jesus alude a Deus, seu Pai. Seus pais, porém, "não entenderam”, embora soubessem que seu filho era um "dom de Deus". No fundo, somente a Cruz revela, em toda a sua plenitude, quem realmente era Jesus, o Filho de Deus.

O caminho de fé de Maria

A resposta de Jesus não foi fácil para a Virgem Maria, tanto que o evangelista esclarece: Sua mãe guardava todas essas coisas no seu coração”. Ela não as descarta da memória e do coração, mas sabia que tinha que esperar para entender. Este é o caminho da fé, onde a dúvida não detém a esperança, mas se abre à expectativa.

José e Maria, pais de Jesus

Como os pais de hoje, José e Maria também tiveram dificuldade de compreender as palavras e as escolhas do Filho Jesus: os pais de hoje podem aprender deles a tomar consciência de que, acima de tudo, se tratava de um filho, que devia crescer e, certamente, corresponder às muitas expectativas, dos pais, amigos, colegas... No entanto, há uma expectativa bem mais importante, fundamental e básica: a de Deus, Pai e Criador. Diante desta expectativa, que se torna uma “chamada” no coração de cada um de nós, a atitude mais adequada é a oração, “guardar no coração”, para que tudo possa se revelar em tempos e modos oportunos.

O Espírito Santo fala às famílias de hoje

O Espírito Santo continua, ainda hoje, a guiar "todos os povos", "todos os casais", "todos os pais". Porém, temos que ouvir o que o Espírito nos fala. Se o Filho de Deus vem ao nosso encontro, através de um Menino, e se o nosso olhar de fé pode captar esta presença, então temos que lembrar que as coisas do dia a dia tem sua importância; os encontros cotidianos nunca são inúteis ou puras coincidências. Por isso, é preciso manter nosso olhar de fé, dentro e ao nosso redor, pois podemos encontrar ou rejeitar a presença de Deus em todos os lugares, porque tudo é um sinal, para quem acredita.

Evangelho da Família

Viver o Evangelho da família, sobretudo hoje, não é fácil: somos criticados ou atacados porque defendemos a vida, desde o seio materno. No entanto, o Evangelho nos mostra o caminho, talvez exigente, para vivermos uma vida digna, em nível pessoal e familiar, mas fascinante e totalizante: um caminho que, ainda hoje, merece confiança e crédito, sob o exemplo e intercessão da Família de Nazaré. Em toda família há momentos de felicidade e tristeza, de tranquilidade e dificuldades. Esta é a vida. Viver o "Evangelho da família" não nos dispensa de passar por dificuldades e tensões, momentos de alegre fortaleza e de triste fragilidade. As famílias feridas e marcadas pela fragilidade, fracassos, dificuldades... podem reviver, se souberem haurir da fonte do Evangelho; assim, poderão encontrar novas possibilidades para recomeçar.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A Esperança não Engana

Cardeal Dom Paulo Cezar Costa, Arcebispo de Brasília (arqbrasilia)

A Esperança não Engana

Abertura do Ano Jubilar da Esperança

Amados e amadas de Deus, o Motu Proprio Spes non confundit, com o qual o Papa Francisco promulgou o Ano Jubilar da Esperança, nos ajuda a compreender a dimensão e a importância desse Ano Santo para toda a Igreja, e a desejar vivê-lo autenticamente. Estamos iniciando, hoje, o ano jubilar que tem como tema: “‘Spes non confundit – a esperança não engana’ (Rm 5, 5). Sob o sinal da esperança, o apóstolo Paulo infunde coragem à comunidade cristã de Roma. A esperança é também a mensagem central do próximo Jubileu, que, segundo uma antiga tradição, o Papa proclama de vinte e cinco em vinte e cinco anos. Penso em todos os peregrinos de esperança, que chegarão a Roma para viver o Ano Santo e em quantos, não podendo vir à Cidade dos apóstolos Pedro e Paulo, vão celebrá-lo nas Igrejas particulares. Possa ser, para todos, um momento de encontro vivo e pessoal com o Senhor Jesus, ‘porta’ de salvação (cf. Jo 10, 7.9); com Ele, que a Igreja tem por missão anunciar sempre, em toda a parte e a todos, como sendo a ‘nossa esperança’ (1 Tm 1, 1)”. […]

“O Ano Santo de 2025 está em continuidade com os anteriores eventos de graça. No último Jubileu ordinário, atravessou-se o limiar dos dois mil anos do nascimento de Jesus Cristo. Em seguida, no dia 13 de março de 2015, proclamei um Jubileu extraordinário com o objetivo de manifestar e permitir encontrar o ‘Rosto da misericórdia’ de Deus, anúncio central do Evangelho para toda a pessoa e em cada época. Agora chegou o momento dum novo Jubileu, em que se abre novamente de par em par a Porta Santa para oferecer a experiência viva do amor de Deus, que desperta no coração a esperança segura da salvação em Cristo. Ao mesmo tempo, este Ano Santo orientará o caminho rumo a outra data fundamental para todos os cristãos: de fato, em 2033, celebrar-se-ão os dois mil anos da Redenção, realizada por meio da paixão, morte e ressurreição do Senhor Jesus. Abre-se, assim, diante de nós um percurso marcado por grandes etapas, nas quais a graça de Deus precede e acompanha o povo que caminha zeloso na fé, diligente na caridade e perseverante na esperança (cf. 1 Ts 1, 3)”. […]

A indulgência é uma realidade forte dos anos jubilares, mas ela deve ser bem entendida, na sua fundamentação. O juízo de Deus é uma realidade ligada à vida eterna, que “diz respeito à salvação na qual esperamos e que Jesus nos obteve com a sua morte e ressurreição. Visa abrir ao encontro definitivo com Ele. E, como em tal contexto não se pode pensar que o mal cometido permaneça oculto, o mesmo precisa de ser purificado, para nos permitir a passagem definitiva ao amor de Deus. Compreende-se, neste sentido, a necessidade de rezar por aqueles que concluíram o caminho terreno: uma solidariedade na intercessão orante que encontra a sua eficácia na comunhão dos santos, no vínculo comum que nos une em Cristo, primogênito da criação. Assim, a Indulgência Jubilar, em virtude da oração, destina-se de modo particular a todos aqueles que nos precederam, para que obtenham plena misericórdia. De fato, a indulgência permite-nos descobrir como é ilimitada a misericórdia de Deus. Não é por acaso que, na antiguidade, o termo ‘misericórdia’ era cambiável com o de ‘indulgência’, precisamente porque pretende exprimir a plenitude do perdão de Deus que não conhece limites”. (PAPA FRANCISCO, Spes non Confundit, n. 1, 6, 22-23).

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Quem foi São Paulo e que legado ele deixou para a Igreja? (III)

O Espírito Santo nos ajuda a colocar em prática no dia-a-dia as virtudes: a caridade, a alegria, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fé, a mansidão, a continência ...|Opus Dei

Quem foi São Paulo e que legado ele deixou para a Igreja?

Quem foi Paulo de Tarso? São Paulo sofreu perseguições e conheceu sua própria debilidade enquanto pregava a fé no Ressuscitado. Em troca, não quis outra coisa senão a misericórdia de Cristo.

24/01/2023

Viver no Espírito, segundo São Paulo

Identificar-se com Cristo significa viver no Espírito. São Lucas enfatiza em seu segundo livro o papel dinâmico e operativo do Espírito Santo; e comenta São Josemaria: apenas existe  uma página dos Atos dos Apóstolos na qual  não  nos fale d’Ele bem como da ação pela qual guia, dirige e anima a vida e as obras da primitiva comunidade cristã: Ele é quem inspira a pregação de São Pedro (cf. Atos 4,8), quem confirma em sua fé aos discípulos (cf. Atos 4,31), quem sela com sua presença a chamada dirigida aos gentios (cf. Atos 10, 44-47), quem envia Saulo e Barnabé para terras longínquas, para abrir novos caminhos aos ensinamentos de Jesus (cf. Atos 13, 2-4). Em uma palavra, sua presença e sua atuação dominam tudo (20).

Em seus escritos, Paulo põe em relevo a presença da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade na vida do cristão. O Espírito habita em nossos corações(21); foi enviado por Deus para que nos identifique com o Filho e possamos exclamar Abba, Pai!(22). Deixar-se conduzir pelo Espírito, que nos dá a vida em Cristo Jesus, liberta da lei do pecado e da morte; leva a que se manifestem na vida do crente as obras – os frutos – do Espírito Santo: a caridade, a alegria, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fé, a mansidão, a continência. Contra esses frutos, não há lei. Os que são de Jesus Cristo crucificaram sua carne com suas paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, caminhemos também segundo o Espírito(23)

“Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”. |Opus Dei

O Apóstolo nos diz que a oração autêntica só existe quando está presente o Espírito: do mesmo modo também o Espírito acode em ajuda de nossa fraqueza: porque não sabemos o que devemos pedir, como convém; mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis(24). Com palavras de Bento XVI, é como dizer que o Espírito Santo “é a alma de nossa alma, a parte mais secreta de nosso ser, da qual se eleva incessantemente até Deus um movimento de oração, cujos termos não podemos nem sequer precisar”(25). Paulo nos convida a ser cada vez mais sensíveis, a estar mais atentos à presença do Espírito em nós e a aprender a transformá-la em oração.

O primeiro dos frutos do Espírito na alma do cristão é o amor. Com efeito, o amor de Deus foi derramado em nossos corações por meio do Espírito Santo que nos foi dado(26). Se, por definição, o amor une, o Espírito é quem gera a comunhão na Igreja: é a força de coesão que mantém unidos os fiéis ao Pai, por Cristo, e atrai os que ainda não gozam da plena comunhão. O Espírito Santo guia a Igreja em direção à unidade.

Rumo à Unidade dos Cristãos

Este é outro aspecto, entre os múltiplos dos quais trata o Apóstolo em suas epístolas, que vale a pena ter em conta no início deste Ano Paulino: a unidade dos cristãos. É motivo de consolação e de estímulo para pedir insistentemente ao Senhor esta graça – tão grande como difícil de alcançar – que o Patriarca ecumênico Bartolomeu I, seguindo as pegadas do Vigário de Cristo, também tenha convocado para a Igreja ortodoxa um Ano Paulino.

O ensinamento de Paulo nos recorda que a plena comunhão entre todos os cristãos encontra seu fundamento no fato de ter um só Senhor, uma só fé, um só batismo(27). Devemos rezar “para que a fé comum, o único batismo para o perdão dos pecados e a obediência ao único Senhor e Salvador se manifestem plenamente na dimensão comunitária e eclesial” (28).

São Pedro e São Paulo | Opus Dei

São Paulo nos mostra o caminho mais eficaz para a unidade, com palavras que também nos propunha o Concílio Vaticano II em seu decreto sobre o ecumenismo: assim, pois, eu vos rogo, o prisioneiro do Senhor, que vivais uma vida digna da vocação a que fostes chamados, com toda humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros com caridade, continuamente dispostos a conservar a unidade do Espírito com o vínculo da paz (29).

O Apóstolo  empenhou-se sempre em conservar essa imensa graça da unidade. Aos cristãos de Corinto convida-os, já desde o começo de sua primeira carta, a evitar as divisões entre eles (30). Suas exortações e suas chamadas de atenção podem servir-nos também hoje. Diante da humanidade do terceiro milênio, cada vez mais globalizada e. paradoxalmente, mais dividida e fragmentada pela cultura hedonista e relativista, que põe em dúvida a  própria existência da verdade(31), a oração do Senhor – ut omnes unum sint, que todos sejam um(32) - é para nós a melhor promessa de união com Deus e de unidade entre os homens.

B. Estrada

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20. É Cristo que passa, n. 127.

21. Cf. Rm 8, 9.

22. Gal 4, 6.

23. Gal 5, 22-24.

24. Rm 8,26.

25. Bento XVI, Audiência geral, 15-11-2006.

26. Rm 5, 5.

27. Ef 4, 5.

28. Bento XVI, Discurso durante o encontro com Bartolomeu I na abertura do Ano Paulino, 28-06-2008.

29. Ef 4, 1-3.

30. Cf. 1 Cor 1, 10.

31. Cf. Bento XVI, Discurso durante o encontro com Bartolomeu I na abertura do Ano Paulino, 28-06-2008.

32. Jo 17, 21.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/no-ano-paulino/

O Papa: a escuta mútua é o que podemos aprender hoje com a Sagrada Família

Angelus, 29 de dezembro de 2024 - Papa Francisco (Vatican News)

“Sabeis por que a Sagrada Família de Nazaré é um modelo? Porque é uma família que dialoga, que conversa. O diálogo é o elemento mais importante para uma família! Uma família que não se comunica não pode ser uma família feliz”: disse Francisco no Angelus ao meio-dia deste domingo, 29 de dezembro, festa da Sagrada Família.

https://youtu.be/3ZgIHY03zXY

Raimundo de Lima – Vatican News

“Na família é mais importante ouvir do que entender”, disse Francisco no Angelus ao meio-dia deste domingo (29/12), festa da Sagrada Família, ao rezar a oração mariana com os fiéis peregrinos reunidos na Praça São Pedro.

Atendo-se à liturgia dominical, o Pontífice destacou que o Evangelho conta que Jesus, aos doze anos de idade, no final da peregrinação anual a Jerusalém, perdeu-se de Maria e José, que o encontraram no Templo discutindo com os doutores (Lc 2,41-52). O evangelista Lucas revela o estado de espírito de Maria, que pergunta a Jesus: “Meu Filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos, te procurávamos”. Jesus lhe respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?”

O Papa frisou tratar-se da experiência de uma família que alterna entre momentos tranquilos e dramáticos. Parece a história de uma crise familiar de nossos dias, de um adolescente difícil e dois pais que não conseguem entendê-lo. Dito isso, o Santo Padre convidou-nos a olhar para essa família:

“Sabeis por que a Sagrada Família de Nazaré é um modelo? Porque é uma família que dialoga, que conversa. O diálogo é o elemento mais importante para uma família! Uma família que não se comunica não pode ser uma família feliz”.

É belo quando uma mãe não começa com uma reprovação, mas com uma pergunta. Maria não acusa nem julga, mas tenta entender por meio da escuta como acolher esse Filho que é tão diferente.

Apesar desse esforço, observou Francisco, o Evangelho diz que Maria e José “não compreenderam o que lhes dissera”, mostrando que na família é mais importante ouvir do que entender. Ouvir é dar importância ao outro, reconhecer seu direito de existir e pensar por si mesmo. Os filhos precisam disso.

Um momento privilegiado para o diálogo e a escuta na família é a hora das refeições. É bom estar juntos à mesa e conversar. Isso pode resolver muitos problemas e, acima de tudo, une as gerações: filhos conversando com os pais, netos conversando com os avós... Nunca ficar fechados em si mesmos ou, pior ainda, com a cabeça no celular. Conversar, ouvir uns aos outros, esse é o diálogo que é bom e que faz crescer!

A família de Jesus, Maria e José é santa, disse o Papa. “No entanto, vimos que até mesmo os pais de Jesus nem sempre o compreendiam. Podemos refletir sobre isso e não nos surpreender se, às vezes, acontecer conosco na família de não nos entendermos uns aos outros. Quando isso acontecer conosco, perguntemo-nos: temos ouvido uns aos outros? Lidamos com os problemas ouvindo uns aos outros ou nos fechamos em silêncio, ressentimento e orgulho? Reservamos tempo para o diálogo? “O que podemos aprender hoje com a Sagrada Família é a escuta mútua”, reiterou.

Francisco concluiu convidando-nos a confiarmos à Virgem Maria e pedindo a Nossa Senhora o dom da escuta para nossas famílias.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Tomás Becket

São Tomás Becket (A12)
29 de dezembro
Localização: Inglaterra (Londres)
São Tomás Becket

Em Londres, no ano de 1118, nasceu Tomás. Desde muito novo, foi encaminhado para a carreira eclesiástica; formado na Abadia de Merton, frequentou depois a Universidade de Bolonha, destacando-se pelas qualidades intelectuais. Colocou-se à disposição do Arcebispo de Cantuária, quando Henrique II, novo rei da Inglaterra, o escolheu para Grão Chanceler do reino. Na corte, embora sem levar vida leviana, Tomás acompanhava o rei em muitas coisas, como caçadas de diversão, e mantinham boa amizade.

Em 1162 Henrique indicou Tomás para a vacante sede primacial de Cantuária, com o objetivo de, através do amigo, governar também a Igreja, na Inglaterra. Tomás o avisa de que, como Bispo, iriam se opor, pois não pretendia ceder a ele os direitos da Igreja. Ainda assim, recebeu a sagração episcopal, e, a partir deste momento, mudou radicalmente de conduta. Passou a ter vida pessoal austera e a cuidar dos pobres. Contudo, a princípio, acabou por aprovar, com outros bispos, decretos abusivos de Henrique – na época, a ingerência dos príncipes nas escolhas para os cargos na Igreja não havia acabado. Tendo o Papa recusado as pretensões do rei inglês, Tomás, arrependido de sua fraqueza, começou a se penitenciar duramente.

O Papa o animou e desde então Tomás passou a defender intransigentemente a Igreja contra o soberano. Isto levou a um clima de crescente conflito, obrigando Tomás a fugir e permanecer quatro anos na França. Voltou à Inglaterra a pedido do Papa e do rei da França a Henrique; este esperava agora um arcebispo submisso… mas Tomás continuou defendendo a Igreja. Agastado, o rei chegou a dizer: “Malditos sejam os que vivem do meu pão e não me livram deste padre insolente”. Quatro cavaleiros interpretaram estas palavras como uma ordem de assassinato, e a 29 de dezembro de 1170, à tarde, procuraram Tomás na Cantuária, exigindo sua submissão ao rei. Ele se recusou e, na catedral, disse-lhes: “Morro de boa vontade por Jesus e pela Santa Igreja”. Foi morto então por suas espadas.

Reflexão:

Desde o seu início a Igreja sofreu todo tipo de pressão de governos que pretenderam conduzi-la de acordo com seus próprios interesses, e não os de Cristo. Ainda hoje é assim, e em diversos países há modos particulares de pressão sobre o Corpo Místico de Cristo. Sempre haverá, contudo, os seus santos defensores, suscitados por Deus na Sua Providência, pois “...as portas do inferno não prevalecerão sobre ela”, a Igreja (Mt 16,18). A questão é como cada fiel, diante destas realidades diárias, se posiciona. É sempre preciso escolher entre a defesa intransigente do próprio Corpo do qual somos membros, ou permitir que ele seja mutilado – muitas vezes em nós mesmos… mas agindo assim somos cortados da Videira que é Cristo, e estes ramos Dele separados perecerão queimados (cf. Jo 15,4-6).

Oração:

Senhor, dai-nos, por intercessão de São Tomás Becket, defensor intrépido dos Vossos direitos, a coragem de jamais confundir o legítimo respeito ao próximo com o pecaminoso “respeito humano” que levou, por exemplo, Pilatos a condenar Jesus à morte, mesmo sabendo-O inocente, apenas para não desagradar a interesses mundanos. Pelo mesmo Jesus Cristo Vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

sábado, 28 de dezembro de 2024

Santos Inocentes Mártires

Santos Inocentes, crianças que morreram por Cristo (Templário de Maria)

28 de dezembro

Mártires

Um trágico episódio de sangue é narrado apenas pelo evangelista Mateus, que se dirige principalmente aos leitores provenientes do judaísmo, com a intenção de demonstrar que em Jesus se cumpriram as antigas profecias, até aquela do grito de dor de Raquel chorando os próprios filhos.

Os meninos de Belém e dos arredores, que o suspeitoso e sanguinário Herodes mandou matar, com a esperança de suprimir o Messias-rei, são as primícias dos redimidos e santificados pelo Salvador Jesus, segundo sua própria promessa: ‘Aquele que tiver perdido a sua vida por minha causa a encontrará’.

A festividade dos santos Inocentes aparece já no calendário cartaginês do século IV, e pouco depois no ‘Sacramentário leoniano’. O poeta Prudêncio, de cujos textos é tirada a liturgia deste dia, chama-os justamente ‘Flores martyrum’, as primeiras flores germinadas em torno do berço do Redentor, quais ‘comites Christi’.

Do livro: ‘Os Santos e os Beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente’, Paulinas Editora.

Os Santos Inocentes

Celebramos hoje a festa dos Santos Inocentes, aqueles crianças martirizadas por Herodes em seu desejo de matar a Nosso Senhor Jesus Cristo.

A primeira coisa com que deparamos nesse fato histórico é uma realidade constante ao longo dos séculos: o diabo, não podendo mais atingir Jesus, com a sua raiva e o seu ódio irracional termina atingindo os inocentes que seguem a Jesus.

No acontecimento histórico perpetrado por Herodes, que, querendo matar a Cristo, não teme matar a crianças inocentes, vemos uma como profecia da história da Igreja: Jesus morreu na Cruz, ressuscitou e subiu aos céus, mas continua vivo na Igreja no correr dos séculos. Porque a Igreja é isso, Corpo místico de Cristo, que permanece vivo ao longo dos séculos, como uma continuação do mistério da Encarnação.

Deus se fez carne e habitou entre nós, Ele assumiu a nossa humanidade e nós, que temos fé em Jesus e somos batizados, somos por isso mesmo — para usar uma linguagem de S. Elisabete da Trindade — como que uma “humanidade acrescida”, uma humanidade mais, acrescentada a Cristo. Por quê? Porque Ele é a Cabeça, nós somos os membros, e embora a nossa Cabeça esteja gloriosa no céu, os membros de Cristo continuamos padecendo aqui na Terra, continuamos em luta, como Igreja militante em duelo contra Satanás, o qual sempre olha para os que estão mais próximos de Cristo com um ódio tremendo.

Não há a este respeito página na história da Igreja em que não se veja essa constante: pessoas inocentes que seguem a Jesus, membros do seu Corpo, pagando o preço por serem de Cristo. A culpa não é de Deus, mas de Satanás e seus seguidores.

O culpado do sangue dos inocentes é Herodes e os demônios que o atormentavam. Ora, Deus, na sua Providência e bondade infinita, não permitiria o mal se dele não pudesse tirar um bem maior. Portanto, se Deus permite o mau uso da liberdade humana e da liberdade angélico-demoníaca, é porque Ele, providencialmente, tem algo triunfante e maravilhoso para realizar.

É isso o que veremos no Juízo Final, quando soar a trombeta e terminar esse tempo, tempo de prova e da Igreja, tempo de provação e de evangelização, tempo do nosso martírio, isto é, do nosso testemunho. Então, sim, se revelará aos olhos de toda a humanidade o sentido das injustiças clamorosas, desde a injustiça contra os Santo Inocentes, mortos à espada de Herodes, até as injustiças de outros santos, muitas vezes caluniados, desconhecidos que, ao longo dos séculos, se uniram a Cristo no seu destino de paixão e morte, mas que, no final, se associaram ao seu destino de ressurreição glória.

Aí está a grande alegria de saber que das grandes tragédias e misérias Deus sempre tira o bem: Omnia in bonum! Que Deus nos dê essa graça, e os Santos Inocentes intercedam por nós.

Conheça mais sobre os Santos Inocentes

“Levanta, toma o menino e sua mãe, e regressa à terra de Israel, porque morreram os que atentavam contra a vida do menino”

Ao ver-se enganado pelos magos, Herodes se enfureceu e mandou matar, em Belém e seus arredores, a todos os meninos menores de dois anos, de acordo com a data que os magos lhe haviam indicado. Assim cumpriu-se o que havia sido anunciado pelo profeta Jeremias: “Em Ramá se ouviu uma voz, houve lágrimas e gemidos: é Raquel, que chora seus filhos e não quer que a consolem, porque já não existem”.

Quando morreu Herodes, o Anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, que estava no Egito, e lhe disse: «Levanta, toma o menino e sua mãe, e regressa à terra de Israel, porque morreram os que atentavam contra a vida do menino». José levantou-se, tomou o menino e a sua mãe, e entrou na terra de Israel. Porém, ao saber que Arquelao reinava na Judeia, no lugar de seu pai Herodes, teve medo de ir ali e, advertido en sonhos, retirou-se para a região da Galileia, onde se estabeleceu em uma cidade chamada Nazaré. Assim cumpriu-se o que havia sido anunciado pelos profetas: “Será chamado Nazareno”.

A Fuga para o Egito (Giotto) | Templário de Maria

Matança dos Santos Inocentes

No segundo capítulo do Evangelho de São Mateus encontramos a narração das circunstâncias da fuga da Sagrada Família de Belém para o Egito. Foi um êxodo, um fato histórico relacionado com a perseguição ordenada por Herodes, o Grande, que tinha como objetivo matar o Menino Jesus.

Nesta ocasião, José, o pai adotivo que protegia a vida do Menino Jesus, fugiu levando consigo Maria e seu Filho. Ele foi inspirado em sonhos por um Anjo e marchou para o Egito, onde, segundo a tradição, refugiaram-se durante seis meses no monte Qusqam, sendo acolhidos pelos habitantes da região.

É assim que a terra do Egito, que hospedou Jesus na sua primeira infância junto com sua Mãe Nossa Senhora e o pai São José, pode ser considerada como Terra Santa, pois, foi lugar de passagem e de presença de Nosso Senhor.

Após algum tempo, finalmente, uma nova aparição do Anjo, em sonho, anuncia a São José a morte de Herodes. A Sagrada Família pode, então retornar para a terra de Israel.

Na narração da fuga da Sagrada Família para o Egito, três versículos (Mt 2,16-18) descrevem a ferocidade do rei Herodes, que, para matar Jesus, decidiu exterminar todos os meninos de dois anos para baixo que viviam em Belém.

Este acontecimento pode ser interpretado como sendo um preludio das grandes perseguições dos mártires durante os primeiros séculos. Com a matança de inocentes, Herodes quis sufocar toda possibilidade de perigo que o levasse a perder seu domínio absoluto. E, para ele o Messias representava uma grande ameaça.

São Mateus interpreta a história da matança dos inocentes sob o ponto de vista do plano salvífico de Deus e a intende em um sentido profético como sendo o cumprimento das Escrituras. É por isso o evangelista faz referência ao profeta Jeremias, que se narra o lamento da matriarca Raquel pelo povo de Israel, levado ao exílio na Babilônia: «um grito se ouve em Ramá, pranto e lamentos grandes; é Raquel que chora por seus filhos e recusa o consolo, porque já não vivem» (Mt 2,18; cf. Jr 31,15). Para Mateus, os meninos assassinados em Belém representam o povo de Israel e a dor vivida pelas mães é a dor do povo que não reconheceu o Rei-Messias. (JS)

Os Santos Inocentes (Templário de Maria)

Santos Inocentes

Há poucos dias atrás, ouvimos em Belém o cântico dos anjos: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens de boa vontade”. E vimos a alegria dos pastores, adorando a Jesus Menino na manjedoura.

E hoje? Ah, hoje, que diferença! Da alegria, eis a tristeza. Do riso, que pranto! É o ruído das armas, das espadas que afoitamente se desembainham e se tingem de sangue, do sangue de inocentes crianças. É o grito inconsolável das mães que atroa os ares, ao verem os filhos mortos, degolados nos próprios braços amorosos, que esboçam vãs tentativas de defesa. É o grito, a lágrima, o horror, o desespero.

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Herodes, o Grande, descendente de Esaú, idumeu, notabilizou-se pela crueldade. Aterrorizou a Palestina por trinta e seis anos, e desposou dez mulheres. Corroído pelos vermes, morreu em 750 da fundação de Roma, logo depois do nascimento de Jesus, que se deu em 749 da mesma era. Nascia um rei. Perigava-lhe a estabilidade?

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Os Santos Inocentes (Templário de Maria)

Jesus nasceu em Belém. Era no tempo do rei perverso. Que era aquilo que diziam dos magos que vinham do Oriente: Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer? E que significava viemos adorá-lo? Nascera mesmo um rei? E a estrela que lhes aparecera? Que era aquilo?

Então Herodes, tendo chamado secretamente os magos, inquiriu deles cuidadosamente acerca do tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. E, enviando-os a Belém, disse:

– Ide e informai-vos bem acerca do menino, e, quando o encontrardes, comunicai-me a fim de que também eu o vá adorar.

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Não mais foram ter os três magos com Herodes. E Herodes desconfiava. Fora enganado? O tempo passava. Sim, fora enganado. Haviam-no iludido.

Então, vendo que havia sido enganado pelos magos, irou-se em extremo, e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e em todos os arredores, da idade de dois anos para baixo, segundo a data que havia averiguado dos magos. Então, cumpriu-se o que estava predito pelo profeta Jeremias: Uma voz se ouviu Ramá, pranto e grande lamentação: Raquel chorando seus filhos, sem admitir consolação, porque já não existem.

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Estais a chorar, ó mães infortunadas, por que vossos filhos já não mais existem?

Não choreis, ó mãe felizes, porque vossos filhos existem! Estão, não no mundo enganador e perverso como o rei Herodes, mas num mundo melhor e que jamais se acaba. Morreram, sim, mas para o século. Morreram, mas, olhai, vede que sublime: deram a vida por aquele que é a Vida. São as primícias dos mártires do Senhor Jesus Cristo.

(Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XXI, p. 122 à 124)

Fonte: https://templariodemaria.com/santo-do-dia-28-de-dezembro-santos-inocentes/

CHESTERTON: A religião da gratidão

Gilbert Keith Chesterton | 30Giorni

Arquivo 30Giorni nº. 12 - 2006

Literatura

A religião da gratidão

A autobiografia do grande escritor inglês, na qual o autor de The Stories of Father Brown expõe a si mesmo, os segredos da sua arte, o sentido do seu humor. E ele reconstrói sua conversão.

por Massimo Borghesi

Uma autobiografia , publicada em 1937, um ano após a morte do autor, é a escrita que mais do que qualquer outra, nos permite penetrar na alma de Gilbert Keith Chesterton. O grande escritor inglês, universalmente conhecido pelas suas Histórias do Padre Brown , aqui expõe a si mesmo, os segredos da sua arte, o profundo sentido do seu humor . O objetivo não é uma narrativa como fim em si mesma, egocêntrica e autocelebratória, mas a história de uma “conversão” que encontra a sua expressão final num sentimento de gratidão.

Autobiografia constitui, deste ponto de vista, uma obra apologética que deixa claro o caminho existencial e especulativo que conduz à Ortodoxia Ortodoxia , 1908), obra em que Chesterton defende a fé católica de forma espirituosa e engenhosa, e à outras obras do autor. Na Ortodoxia a verdade do Catolicismo é demonstrada partindo do pressuposto de que representa a saúde psíquica e mental do homem; o equilíbrio de suas faculdades espirituais. Aqui a verdade coincide com a sanidade, o erro com a loucura. É um método que rejeita a dissociação pós-kantiana entre lógica e psicologia, e que também encontra sua aplicação em Do intelecto comum saudável e doente, de Franz Rosenzweig . Lendo a Autobiografia entendemos como essa descoberta foi feita por Chesterton na própria pele. Também para ele, o caminho da dúvida se transformou no caminho do desespero e da loucura. O catolicismo libertou-o disso, devolvendo-lhe a maravilha perdida da sua infância.

Daí o ritmo ternário da sua narração: ao tempo do espanto segue-se o da dúvida e, por fim, o do espanto redescoberto. A infância, que para Chesterton passa por «agradável e alegre além de todo mérito» 1 , é a época da descoberta e da surpresa contínua diante da realidade. «A luz branca da maravilha que brilhou sobre o mundo inteiro não era uma espécie de piada» 2 . Ao contrário da opinião corrente sobre as crianças, elas sabem perfeitamente distinguir entre realidade e imaginação. Isso permite que Chesterton não negue a maravilha original, não a relegue aos sonhos coloridos de sua infância. «Numa palavra, nunca perdi a convicção de que esta era a minha verdadeira vida, o verdadeiro início do que deveria ter sido uma vida mais real, uma experiência perdida na terra dos vivos. […] Só o adulto vive uma vida de ficção e simulação. Ele é aquele que está com a cabeça nas nuvens. Claro que naquela época eu nem sabia que aquela luz da manhã poderia se perder” 3 . É o que acontece com Chesterton no período de sua juventude, “cheio de dúvidas”, que deixa em sua mente “a certeza da solidez objetiva do pecado” 4 . A experiência e a prática do espiritismo, comum na Inglaterra entre o final do século XIX e o início do século XX, juntamente com o ceticismo de sua época levaram-no a uma espécie de "dúvida metafísica" 5 para a qual a distinção entre realidade e o sonho se torna impalpável. A saída do delírio, que às vezes tem as cores escuras de um pesadelo, ocorre por meio de um " mínimo místico de gratidão" 6 que se alimenta da leitura de Whitman, Browning, Stevenson. Pois «mesmo a mera existência, reduzida aos seus limites mais simples, é tão extraordinária que chega a ser estimulante. Tudo era magnífico, comparado a nada. A luz do dia poderia ter sido um sonho, mas um sonho, não um pesadelo” 7 .

A religião da gratidão é a última palavra de Chesterton. Porém, na sua forma primitiva, como no panteísmo, não salva da ingratidão, do pecado. O tríptico traçado na Autobiografia vê no sacramento da confissão, no catolicismo, a plena realização da atitude gerada pela maravilha da existência

É este espanto que permite a Chesterton encontrar a ponte para a dimensão religiosa. «Na verdade, cheguei a uma posição não muito distante da frase do meu avô puritano, que teria agradecido a Deus por tê-lo criado, disse ele, mesmo sendo uma alma perdida. Eu estava apegado aos resquícios da religião com um pequeno fio de gratidão. […] O que eu quis dizer, quer pudesse dizê-lo ou não, foi o seguinte: que nenhum homem sabe até que ponto é optimista, mesmo que se autodenomina pessimista, porque nenhum homem mediu verdadeiramente a extensão da dívida para com que qualquer ser que ele criou e que o tornou capaz de se chamar de algo. Atrás dos nossos cérebros, por assim dizer, houve, esquecido, uma chama ou uma explosão de surpresa pela nossa própria existência. O objetivo da vida artística e espiritual era escavar esta aurora moderada de admiração" 8 .

Como escreve Chesterton na Autobiografia : «O propósito da vida é a apreciação» 9 . Isto é autêntico, e não um otimismo banal, apenas quando é acompanhado pela “gratidão que convém aos indignos” 10 . A valorização, aliada à humildade, de quem não tem direito de reclamar, permite o usufruto das coisas próximas. «O que importa», escreve Emilio Cecchi, «é chegar a apreciar os próprios bens como os apreciam aqueles que até se tornariam ladrões. Ser capaz de amar a própria esposa, de modo a ter cem compromissos com ela" 11 .

Há em Chesterton, como em Péguy, a ideia de que o Paraíso, lugar de amor sempre novo, é feito de coisas familiares: dos campos de trigo, do “poste de luz” em frente da casa, no céu. Nesta contínua surpresa diante de ser «eu», o autor confessa no final da vida: «Envelheci sem me aborrecer. A existência ainda é uma coisa maravilhosa para mim e eu a recebo como um estranho" 12 .

«Quando um católico regressa da confissão, ele entra verdadeiramente, por definição, no alvorecer do seu próprio início [...]. Ele sabe que naquele canto escuro e naquele breve ritual, Deus realmente o refez à Sua imagem”.

A religião da gratidão é a última palavra de Chesterton. Porém, na sua forma primitiva, como no panteísmo, não salva da ingratidão, do pecado. O tríptico traçado na Autobiografia vê no sacramento da confissão, no catolicismo, a plena realização da atitude gerada pela maravilha da existência. Para Chesterton, que se converteu em 1922, a Igreja Romana foi, antes de tudo, um espaço de regeneração, um lugar onde a maravilha original da infância se torna novamente possível e atual. «Quando um católico regressa da confissão, ele entra verdadeiramente, por definição, no alvorecer do seu próprio início, e olha com novos olhos para o mundo, para um Palácio de Cristal que é verdadeiramente feito de cristal. Ele sabe que naquele canto escuro e naquele breve ritual, Deus realmente o refez à Sua imagem. Ele é agora uma nova experiência do Criador. É um experimento tão novo quanto era quando tinha apenas cinco anos. Ele está [...] na luz branca do início digno da vida de um homem. O acúmulo de tempo não pode mais ser assustador. Pode ser acinzentado e gotoso, mas tem apenas cinco minutos" 13 . Esta juventude perene, fruto da confissão dos pecados, traz Chesterton de volta ao “primeiro vislumbre do glorioso dom dos sentidos, à experiência sensacional da sensação” 14 . Traze-o de volta ao primado da realidade, que a "dúvida metafísica", com o seu mundo interno de fantasmas, tão semelhante à loucura, tentou dissolver. Deste mundo a adoração do Deus “externo”, e não do Deus “interno” estóico-idealista, o libertou. Como dirá na Ortodoxia : «O Cristianismo veio ao mundo antes de mais nada para afirmar violentamente que o homem devia olhar não só para dentro de si, mas também para fora, devia admirar com espanto e entusiasmo um esquadrão divino e um capitão divino. O único prazer que se sente em ser cristão é o de não se sentir sozinho com a Luz interior, é o de reconhecer claramente outra Luz, tão esplêndida como o sol, tão clara como a lua" 15 . 

Notas 

1 GK Chesterton, Autobiografia trad . isto., Casale Monferrato 1997, p. 50. 

Ibidem. , pág. 51.

3 Ibidem , pág. 56. 

Ibidem. , pág. 80. 

Ibidem. , pág. 92.

6 Ibidem , pág. 94. 

Ibidem. , pág. 93. 

Ibidem., pp. 93-94.
Ibidem. , pág. 325. 

10 Ibidem. , pág. 326. 

11 E. Cecchi, «Introdução» a: GK Chesterton, Obras Selecionadas , Florença – Roma 1956, p. XIV. 

12 GK Chesterton, Autobiografia , op. cit., pág. 382. 

13 Ibidem. , pp. 321-322. 

14 Ibidem. , pág. 334. 

15 GK Chesterton, Ortodoxia , trad. isto., Bréscia 1995, pp.105-106.

Fonte: https://www.30giorni.it/

O Papa: em tempos de violência, precisamos de exemplos de solidariedade cheios de esperança

Uma saudação do Papa Francisco durante a abertura da Porta Santa na prisão romana de Rebibbia (Vatican Media)

Francisco enviou uma mensagem à Universidade de Belém: trabalhar para “construir um futuro de diálogo, compreensão mútua, solidariedade fraterna e justiça para todos.

Vatican News

É “um testemunho entusiasmado dos valores perenes do Evangelho” que o Papa Francisco pede em uma mensagem enviada ao vice-reitor da Universidade de Belém, frei Héctor Hernán Santos González, no tempo do Advento. Um testemunho entusiasmado, escreve o Pontífice, que “possa servir de exemplo para os líderes religiosos e políticos de diferentes credos e tradições”, e permitir que os funcionários e estudantes da universidade desempenhem seu papel “na construção de um futuro de diálogo, compreensão mútua, solidariedade fraterna e justiça para todos”.

“No atual contexto de violência que afeta tantos de nossos irmãos e irmãs - continua a mensagem -, nossa família humana precisa de exemplos de solidariedade cheios de esperança”.

O Natal e o início do Jubileu, acrescenta o Bispo de Roma, são ocasiões que “significam vida nova, esperança e reconciliação”, e oferecem “oportunidades para a renovação espiritual e o fortalecimento da perseverança na vocação de sermos discípulos alegres de Cristo”.

Dirigindo-se especialmente aos jovens, o Papa Bergoglio os exorta a sempre valorizar “o precioso dom da fé, não como algo a ser escondido, mas como um tesouro a ser compartilhado com os outros”. Embora, às vezes, a juventude seja marcada por fraqueza, confusão e desilusão, continua o Pontífice, Jesus é sempre “a fonte de uma esperança duradoura” e Ele faz com que “valha a pena ser jovem”.

Em seguida, Francisco convida os estudantes a “promover os laços de amizade acadêmica e social que são uma herança preciosa” de seus anos de universidade: aqueles que não tentam “seguir sozinhos”, de fato, mas são entusiastas da vida comunitária, tornam-se capazes de “grandes sacrifícios pelos outros”.

A mensagem termina com a entrega da Universidade de Belém à proteção de “Maria, Mãe da Igreja” e com a invocação do Pontífice à “paz em Jesus Cristo”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF