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terça-feira, 31 de dezembro de 2024

São Silvestre I

São Silvestre (Templário de Maria)
31 de dezembro
Localização: Itália (Roma)
São Silvestre I

Papa (+335)

Nascido em Roma num período de grande sofrimento para a Igreja perseguida, foi eleito papa em 314, a um ano do edito de Milão. Por meio deste, Constantino concedeu liberdade de culto aos cristãos, por isso Silvestre pôde governar uma Igreja finalmente em paz.

Seu longo pontificado transcorreu paralelamente ao governo de Constantino, a cujo nome estão ligadas profundas transformações, tanto no império como na Igreja. Segundo o modelo do Império Romano, formou-se uma organização eclesiástica destinada a durar no tempo.

O próprio Constantino, que havia mantido o título de pontífice máximo, considerou um direito seu controlar também a Igreja. Foi ele quem convocou, em 314, o primeiro concílio ecumênico, em Nicéia, para enfrentar a heresia ariana. O papa limitou-se a enviar um de seus representantes, o bispo Óssio de Córdova. Nicéia, na Bitínia, era a capital de verão do imperador e isso lhe dava a oportunidade de presidir o próprio concílio, iniciando assim um método de intromissão civil nas questões eclesiásticas.

Mas entre o papa Silvestre e Constantino houve sempre um perfeito acordo e isso favoreceu o desenvolvimento também material da Igreja. Constantino, na qualidade de ‘pontifex maximus’, construiu a grande basílica em honra de são Pedro na colina do Vaticano, depois de haver recoberto de terra o cemitério pagão no qual havia sido sepultado o príncipe dos apóstolos.

Doou ao papa o palácio e o antigo terreno de Latrão, que por muitos séculos será a sede dos papa. Silvestre foi sepultado no cemitério de Priscila, na via Salária, uma grande parte de suas relíquias são conservadas na igreja de São Silvestre in Capite.

Do livro: ‘Os Santos e os Beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente’, Paulinas Editora.

São Silvestre I

Silvestre I, romano de nascimento, era filho de Rufino, duma família opulenta e muitíssimo considerada em Roma. Desde a primeira idade, foi educado pelo padre Cirino, do qual nosso Santo imitou a doutrina e as virtudes.

O maior prazer de Silvestre era acolher os fiéis que apareciam em peregrinação às tumbas dos santos apóstolos: conduzia-os à casa dos pais, lavava-lhes os pés, dava-lhes de comer, e o que se fazia necessário.

Um destes peregrinos, São Timóteo, vindo de Antioquia, fora martirizado; São Silvestre I arrebatou-lhe o corpo e enterrou-o honrosamente.

São Silvestre mesmo, foi aprisionado pelo prefeito de Roma, e destinado ao suplício último, quando a súbita morte daquela autoridade lhe restituiu a liberdade.

Nosso Santo foi admitido no clero, e, com a idade de trinta anos, o Papa São Marcelino o ordenou Padre. O cisma dos donatistas dividia então a África, preparando-lhe a ruína final sob o ferro dos vândalos e dos maometanos. Os cismáticos, para se dar um ar de catolicidade, procuravam insinuar-se em Roma mesma, mas, como disse São Cipriano, a perfídia ali não conseguiu ter acesso.

São Silvestre I, particularmente opôs tenaz e corajosa resistência ao mal, arrasando intrigas, desmascarando hipocrisias, refutando sofismas, sem se atemorizar com calúnias ou perseguições, que lhe imputaram ou moveram. Toda a malícia usada, apenas serviu para que melhor se conhecessem os méritos do grande Santo. E assim, engrandecendo-se, com a morte do Santo padre Milcíades, em 314, São Silvestre foi elevado, de comum acordo, unânimemente, à Cátedra de São Pedro.

Em meados do século XII, um patriarca grego de Constantinopla, Germano II, contava ao patriarca da Armênia que o imperador Constantino fora curado da lepra, recebendo o batismo do Papa São Silvestre. O mesmo fato é contado no ofício romano e nos atos de São Silvestre I, atos muito antigos, mas sobre a autoridade dos quais os sábios não estão inteiramente de acordo. Eis como o Padre Croiset, jesuíta, o resume no Ano Cristão.

Os atos do Santo, autorizados por grande número de autores célebres, tanto gregos como latinos, e por uma venerável tradição, dizem que o imperador Constantino, vendo-se coberto duma espécie de lepra que era assaz comum naqueles idos, consultou todos os médicos tido como hábeis no império, os quais, todos pagãos, acordaram que banhar-se no sangue de criancinhas era o único remédio eficaz para aquela doença.

Por maior que fosse o desejo do príncipe de se ver curado, maior ainda dói o horror de tal medicina: a estima que tinha pela religião cristã, da qual então não possuía senão uma escassíssima tintura, começava já a lhe inspirar sentimentos mais humanos, de modo que, aterrorizado, se recusou a tão bárbaro banho.

Ora, na noite seguinte à da resposta dos médicos, teve ele uma visão: em sonhos, viu dois venerabilíssimos anciãos, de ar doce e majestoso a um só tempo ; aproximando-se dele, declaram-lhe como tal ato de clemência agradara a Deus, que tudo vê e tudo sabe, acrescentando-lhe que procurasse o soberano pontífice dos cristãos, chamado Silvestre.

Quando o santo pontífice viu que oficiais do império vinham buscá-lo, não duvidou de que o fim estava próximo e ia, assim, receber a palma do martírio. O príncipe, contudo, quando o santo Pontífice chegou, recebeu-o com muita bondade e muitas honras. Contou-lhe da visão que tivera e do conselho que lhe deram os dois venerabilíssimos velhos, duma sobrenatural maneira, para obter a cura da lepra que lhe cobria o corpo.

São Silvestre, surpreso com aquela magnífica acolhida por parte do imperador, mais ainda com o sonho que lhe vinha de contar Constantino, disse ao príncipe:

– Não duvideis de que a visão que tivestes veio de Deus. Os dois venerabilíssimos anciãos outros são senão os dois esteios, as duas colunas mestras, os dois grandes apóstolos de Jesus Cristo. Por estas imagens vereis quem são eles.
E, tendo-lhe mostrado as imagens de São Pedro e São Paulo, o imperador Constantino, imediatamente, reconheceu os dois anciãos da visão.

Grande mudança se deu então na alma do bom príncipe: quis ser instruído a fundo nos mistérios de nossa religião. E a graça, operando-lhe no coração, levou-o, pouco depois, a ser admitido no seio dos catecúmenos.

A santa impaciência que o imperador Constantino de ser cristão, obrigou São Silvestre I, a abreviar o tempo de provas. Assim, solenemente, foi o príncipe batizado por nosso Santo.

Apenas recebeu as águas sagradas do batismo, a lepra, desaparecida, mostrava que a alma lhe fora lavada de toda a impureza.

Como era natural, erigiu-se grande número de igrejas. O Papa São Silvestre I levantou uma em Roma, na casa dum de seus padres, Equítio, do qual levou o nome por muito tempo. É a atual igreja de Santo Estêvão do Monte. O Papa dotou-a duma renda anual, advinda de terras, casas e jardins.

Diante de tal exemplo, o imperador Constantino erigiu, em Roma, primeiramente a basílica que, de seu nome, sempre tem sido chamada Constantiniana, ou igreja do Salvador, no palácio da imperatriz Fausta, sua esposa, antes chamado a casa de Latrão, onde se deu o concílio contra os donatistas. Como ali também havia um batistério, e os batistérios ostentavam a imagem de São João Batista, chama-se ordinariamente esta igreja de São João de Latrão.

É a principal igreja de Roma, e os Papas nela residem por muitos séculos.

Constantino ergueu ainda em Roma, seis outras igrejas: a de São Pedro, ou Vaticano, onde estava um templo dedicado a Apolo, para honrar o ligar do martírio e a sepultura do príncipe dos apóstolos; a de São Paulo, no lugar do martírio do imenso apóstolo; a da Santa Cruz, na casa de Sessório, que se chama Santa Cruz de Jerusalém por causa duma porção da verdadeira Cruz, que ali existe; a de Santa Inês, com um batistério, a pedido da filha Constância, e de sua irmã, do mesmo nome, que foram batizadas por São Silvestre I; a de São Lourenço, fora da cidade, no caminho de Tibur, no lugar da sepultura deste mártir; a dos mártires São Marcelino e São Pedro, no lugar chamado Entre-os-Dois-Loureiros, onde foi a sepultura de Santa Helena.

É de crer, segundo as antigas memórias da Igreja romana, que Constantino doara a estas sete igrejas de Roma, em casas e terras, não somente na Itália, mas ainda na África, na Grécia, no Egito e no Oriente, vinte e sete mil setecentos e vinte e nove moedas de ouro de renda anual.

Os antigos atos de São Silvestre I, contam que o Santo confundiu, e por muitas vezes, os judeus, em presença mesma do imperador. O cardeal Mai descobriu, citados pelos gregos, vários fragmentos duma obra de São Silvestre I, desconhecida até então. É uma disputa do pontífice com os judeus. Os fragmentos encontrados explicam, por comparações tiradas da natureza, como, na pessoa de Jesus Cristo, a humanidade, sofreu, enquanto a divindade permaneceu impassível.

Se alguém em pleno meio-dia, com o sol a pino, quiser cortar uma árvore, não há de cortá-la com o sol a rodeá-la, e ao machado, de todos os lados?

Sem dúvida.

E pode dar-se que o sol seja cortado, ou batido, já que rodeia a arvora de todos os lados? – Não.

Assim, no Cristo, o corpo é a arvora, o machado é a Paixão e o sol a Divindade. O Cristo sofreu sem que a Divindade experimentasse qualquer diminuição motivada pelo sofrimento.

À impiedade dos judeus, negando a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, sucedeu a heresia de Ário, a grande heresia, depois do que surgiu o anticristianismo de Maomé.

Para condenar a impiedade de Ário, o imperador Constantino e o Papa São Silvestre convocaram, em 325, um concílio ecumênico em Nicéia, na Bitínia. Dizemos o imperador Constantino e o Papa São Silvestre I, porque então ficou dito em todos os escritos na ação 18 do sexto concílio geral, terceiro de Constantinopla. Se os historiadores silenciaram sobre a cooperação do Papa, o fato não deixa de se menos certo.

Os bispos reuniram-se em Nicéia em número de trezentos e dezoito, sem contas os padres, os diáconos e os acólitos.

Jamais se viu coisa semelhante ou se imaginou. Era a elite da humanidade cristã prestes a resumir, num ato de fé e de amor, a fé, a esperança, a sabedoria verdadeiras de todos os séculos passados, presentes e futuros. Até lá, a elite da humanidade pagã, os filósofos, muito haviam dissertado sobre Deus, e o conjunto das obras de Deus. E, depois de séculos de dissertações, de arrazoados e de sutilidades, nem uma verdade havia ainda sido definida de comum acordo, nem posta ao alcance do comum dos homens.

Ora, o que não puderam realizar os filósofos gregos depois de dez séculos, nem os filósofos da Índia em trinta ou quarenta, realizá-lo-ão os pastores cristãos em poucos dias em Nicéia. Fá-lo-ão malgrado todas as astúcias, todas as argúcias do filosofismo ariano, Fá-lo-ão ao consignar no seu Credo a doutrina que vinham de confessar nas prisões, no fundo das cavernas, diante dos tiranos e dos algozes que lhes haviam vazado os olhos, queimado as mãos, cortado os jarretes; doutrina hereditária que haviam recebido dos mártires, os mártires dos apóstolos, os apóstolos do Cristo, o Cristo de Deus; e o Credo, que definia com maravilhosa precisão as verdade mais sublimes, continuará, até o fim do mundo, e por todo o universo cristão, o cântico popular de fé, de esperança e de amor.

Ademais, mostrava a Igreja católica como a humanidade divinamente restabelecida na unidade, uma vez que tão augusta assembleia era presidida pelo Vigário de Jesus Cristo, o sucessor de Pedro, o Papa São Silvestre, na pessoa dos legados, Ósio, bispo de Cordona, e os padres Viton e Vicente, do clero romano. O grego Gelásio de Cízico disse em claros termos que Ósio da Espanha ali ocupava o lugar de Silvestre, bispo de Roma, com os padres romanos Viton e Vicente. Além disso, o Papa São Júlio e os historiadores gregos Sócrates e Sozômenes ensinam que, desde então, era regra da Igreja não se dever celebrar concílio nem ordenar o que quer que fosse sem o consentimento do bispo de Roma. (…)

É nesta qualidade de Vigário de Jesus Cristo, de sucessor de São Pedro e de chefe de toda a Igreja católica, que o Papa São Silvestre I, pelo concílio de Nicéia, confirmou o Símbolo e outros decretos, como se vê na coleção dos concílios, É devido às mesmas prerrogativas que os bispos do concílio de Arles, reunidos da Itália, da África, da Espanha e da Gália contra os donatistas, com uma carta sinodal, que começa nestes termos:

Ao bem-amado Papa Silvestre: Marino, Agrécio, etc, salvação eterna no Senhor. Unidos pelos laços da caridade e pela unidade de nossa Mãe, a Igreja Católica, depois de terem sido conduzidos à cidade de Arles pela vontade do piedosíssimo imperador, nós vos saudamos, gloriosíssimo Papa, com a veneração que vos é devida. Toleramos homens violentos e perniciosos à lei e à tradição. Mas a autoridade presente de nosso Deus, a tradição e a regra da verdade refutaram-nos de tal sorte, que nos discursos que fazem, nas acusações e nas provas nada há mais de consistente ou concorde. Eis porque, pelo julgamento de Deus e da Igreja nossa Mãe, a qual conhece os seus e os aprova, foram eles condenados, ou refutados. A condenação foi amais severa, e a nossa alegria muito grande.

Depois acrescentaram:

Elaboramos diversos regulamentos, em presença do Espírito Santo e de seus anjos, e segundo seus movimentos. Cremos que devíamos escrever-vos, a fim de que, por vós, que presidis as maiores dioceses, sejam elas notificadas, insinuadas a todos.

Quando se pensa que, continuamente e de todas as partes do universo, chegam ao Santo Padre, o Papa, as mais difíceis questões sobre o dogma, a moral, o governo da Igreja; que continuamente as portas do inferno, os poderes inimigos, a infidelidade, a apostasia, as heresias, os cimas procuram prevalecer contra a Cátedra onde se assenta o sucessor de São Pedro, devemos exortar os católicos todos a que peçam, roguem, orem sem cessar pelo Sumo Pontífice, a Deus, a Jesus Cristo, a Virgem Maria, a São Pedro e São Paulo para que seja assistido de maneira toda especial num governo tão vasto e difícil, do qual depende a salvação das almas, a conversão dos povos, a salvação do mundo, enfim.

O Papa São Silvestre I, depois de ter governado a Igreja de Deus por vinte e dois anos, morreu a 31 de dezembro de 335. Teve por sucessor o Papa São Marcos, que eleito a 18 de janeiro de 336, morreu a 7 de outubro do mesmo ano. Depois do falecimento, a Cátedra apostólica ficou vaga até 6 de fevereiro de 337, sendo então a ela elevado São Júlio.

(Vida de Santos, Padre Rohrbacher, Volume XXII, p. 222 à 233)

Peregrinações: essenciais para renovar nossa vida espiritual

Armando Oliveira / Shutterstock

Philip Kosloski - publicado em 30/12/24

Fazer uma peregrinação, mesmo que seja a um santuário próximo, pode ser uma forma importante de nos conectarmos com Deus.

Embora as peregrinações possam não atrair a todos, elas têm uma longa história e devem ser consideradas uma parte essencial da vida espiritual de qualquer pessoa.

Os cristãos fazem peregrinações desde o início do Cristianismo. A própria Virgem Maria, segundo se conta, seguiu os passos de seu Filho, realizando uma peregrinação pelos lugares onde Ele sofreu e morreu.

Ao longo dos séculos, os cristãos faziam peregrinações à Terra Santa, mas também a outros locais religiosos, como igrejas que guardam as relíquias de santos ou lugares onde ocorreram aparições. Durante os anos jubilares, como o de 2025, os católicos são encorajados a fazer peregrinações, especialmente a Roma, se possível.

Catecismo da Igreja Católica recomenda fortemente as peregrinações, explicando sua importância espiritual:

“As peregrinações evocam a nossa marcha na terra para o céu. São tradicionalmente tempos fortes duma oração renovada. Os santuários são, para os peregrinos à procura das suas fontes vivas, lugares excepcionais para viver «em Igreja» as formas da oração cristã.” (CIC 2691)

Ao contrário de membros de outras religiões, os cristãos não são obrigados a ir a um local sagrado específico. Isso significa que os cristãos podem fazer peregrinações a lugares religiosos mais próximos de sua casa.

Por exemplo, no Brasil, há uma variedade de santuários para visitar. Alguns estão em grandes cidades, enquanto outros ficam em locais mais remotos.

O importante é tornar a peregrinação uma parte ordinária de sua vida espiritual, realizando visitas anuais a santuários que elevam seu coração a Deus.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2024/12/30/peregrinacoes-essenciais-para-renovar-nossa-vida-espiritual

Dos Sermões de São Leão Magno, papa

O Natal de Nosso Senhor (Catequizar)

Dos Sermões de São Leão Magno, papa

(Sermo 6 in Nativitate Domini, 2-3, 5: PL 54, 213-216)            (Séc. V)

O Natal do Senhor é o Natal da paz

O estado de infância, que o Filho de Deus assumiu sem considerá-la indigna de sua grandeza, foi-se desenvolvendo com a idade até chegar ao estado de homem perfeito e, tendo-se consumado o triunfo de sua paixão e ressurreição, todas as ações próprias do seu estado de aniquilamento que aceitou por nós tiveram o seu fim e pertencem ao passado. Contudo, a festa de hoje renova para nós os primeiros instantes da vida sagrada de Jesus, nascido da Virgem Maria. E enquanto adoramos o nascimento de nosso Salvador, celebramos também o nosso nascimento.

Efetivamente, a geração de Cristo é a origem do povo cristão; o Natal da Cabeça é também o Natal do Corpo.

Embora cada um tenha sido chamado num momento determinado para fazer parte do povo do Senhor, e todos os filhos da Igreja sejam diversos na sucessão dos tempos, a totalidade dos fiéis, saída da fonte batismal, crucificada com Cristo na sua Paixão, ressuscitada na sua Ressurreição e colocada à direita do Pai na sua Ascensão, também nasceu com ele neste Natal.

Todo homem que, em qualquer parte do mundo, acredita e é regenerado em Cristo, liberta-se do vínculo do pecado original e, renascendo, torna-se um homem novo. Já não pertence à descendência de seu pai segundo a carne, mas à linhagem do Salvador, que se fez Filho do homem para que nós pudéssemos ser filhos de Deus.

Se ele não tivesse descido até nós na humildade da natureza humana, ninguém poderia, por seus próprios méritos, chegar até ele.

Por isso, a grandeza desse dom exige de nós uma reverência digna de seu valor. Pois, como nos ensina o santo Apóstolo, nós não recebemos o espírito do mundo, mas recebemos o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos os dons da graça que Deus nos concedeu (1Cor 2,12). O único modo de honrar dignamente o Senhor é oferecer-lhe o que ele mesmo nos deu.

Ora, no tesouro das liberalidades de Deus, que podemos encontrar de mais próprio para celebrar esta festa do que a paz, que o canto dos anjos anunciou em primeiro lugar no nascimento do Senhor?

É a paz que gera os filhos de Deus e alimenta o amor; ela é a mãe da unidade, o repouso dos bem-aventurados e a morada da eternidade; sua função própria e seu benefício especial é unir a Deus os que ela separa do mundo.

Assim, aqueles que não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus mesmo (Jo 1,13), ofereçam ao Pai a concórdia dos filhos que amam a paz, e todos os membros da família adotiva de Deus se encontrem naquele que é o Primogênito da nova criação, que não veio para fazer a sua vontade, mas a vontade daquele que o enviou. Pois a graça do Pai não adotou como herdeiros pessoas que vivem separadas pela discórdia ou oposição, mas unidas nos mesmos sentimentos e no mesmo amor. É preciso que tenham um coração unânime os que foram recriados segundo a mesma imagem.

O Natal do Senhor é o Natal da paz. Como diz o Apóstolo, Cristo é a nossa paz, ele que de dois povos fez um só (cf. Ef 2,14); judeus ou gentios, em um só Espírito, temos acesso junto ao Pai (Ef 2,18).

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

De que modo a maternidade espiritual de Maria é universal?

Imagem ilustrativa | Pixabay.

Por Redação central

31 de dez de 2024

A solenidade de Maria, Mãe Deus é celebrada pela Igreja Católica todos os anos em 1º de janeiro. O bispo de Orihuela-Alicante, Espanha, dom José Ignacio Munilla Aguirre, fala sobre porque a maternidade espiritual de Maria é universal.

Num vídeo publicado em seu canal no Youtube En Ti Confío (Em Ti Confio, em português) o bispo reflete sobre a pergunta “De que modo a maternidade espiritual de Maria é universal?”, contida no número 100 do Compêndio do Catecismo da Igreja Católica.

O Compêndio diz que “Maria tem um único Filho, Jesus, mas, n’Ele, a sua maternidade espiritual estende-se a todos os homens que Ele veio salvar. Obediente, ao lado do novo Adão, Jesus Cristo, a Virgem é a nova Eva, a verdadeira mãe dos vivos, que coopera com amor de mãe no seu nascimento e na sua formação na ordem da graça. Virgem e Mãe, Maria é a figura da Igreja e a sua realização mais perfeita”.

A partir disso, dom Munilla disse que provavelmente uma das razões pelas quais Deus quis que Santa Maria fosse “sempre virgem, é para que nesse único filho pudéssemos incluir todos nós, toda a humanidade. Todos nós somos filhos de Maria”. Explicou que “se Eva gerou junto com Adão o corpo de seu filho, Maria está gerando espiritualmente nossas almas”.

Dom Munilla citou são Luís Maria Grignion de Montfort, que disse: “Maria é como um molde no qual nossa alma se configura a Jesus Cristo”. Se na Virgem “Jesus se configurou, se nos introduzirmos no coração de Maria, nos conformamos com Jesus tendo Maria como a mãe espiritual de nossa vida”, disse o bispo.

O bispo recordou também o Evangelho segundo São João, segundo o qual Jesus disse a Maria e o discípulo, que estão aos pés da cruz: “‘Mulher, eis aí teu filho’. Filho, ‘Eis aí tua mãe’ Nesse momento, Maria recebe a tarefa explícita da maternidade divina, dessa maternidade espiritual”, explicou.

Com esta frase, Maria “passa da maternidade divina a Jesus Cristo à maternidade espiritual para todos os seguidores de Jesus Cristo. Essa grande tarefa que Maria recebeu está cumprindo-a continuamente, em sua intercessão por nós, em seu cuidado espiritual por nós”, afirmou.  

Dom Munilla disse que a maternidade espiritual de Maria às vezes é visualizada em "revelações privadas" para dar mensagens importantes à humanidade. Por exemplo, recordou quando a Virgem apareceu ao apóstolo são Tiago ou quando apareceu a são Juan Diego como Nossa Senhora de Guadalupe "no início da evangelização na América".

Do mesmo modo, mencionou quando apareceu a santa Bernadette Soubirous para "lembrar por que o Evangelho é para os simples", justo "no momento em que a França havia dado as costas ao Evangelho" com o racionalismo. Da mesma forma, Maria interveio “quando o comunismo estava em alta e em Fátima se mostra novamente como uma esperança para a salvação do mundo”, disse.

Desta forma, “Maria está sendo fiel à grande encomenda: ‘Eis aí teu filho’, cuide de todos'. Estas revelações particulares são como a ponta do iceberg, que visualiza algo que é muito mais do que não vemos, as intervenções contínuas de Maria que na sua maternidade cuida de cada uma de nós”.

Dom Munilla recordou também a passagem bíblica sobre as Bodas de Caná da Galileia, onde a Virgem Maria "atenta às nossas necessidades" pede a Jesus pelos convidados da festa. O bispo recorda que desta vez Jesus lhe disse: "Minha hora ainda não chegou".

Para explicar este momento “surpreendente”, “porque parece que Jesus está antes contendo ou se distanciando de Maria”, o bispo citou santo Agostinho.

O santo disse que a pergunta de Jesus se refere a “que ainda não era a hora em que ia confiar-lhe para ser a mãe de todos nós e cuidar de todos nós. Chegada essa hora, a hora da maternidade espiritual de Maria, seu filho lhe dirá: ‘Esta é a tua hora mãe, cuide de todos, eu os confio a ti’”.

“Definitivamente, Maria teve apenas um filho: Jesus, e nele teve a todos nós. Todos nós somos Jesus para ela. Maria olha para ti com o mesmo carinho e amor com que olhava para o seu filho Jesus e queremos retribuir com a mesma ternura, com o mesmo amor com que Jesus olhou para a sua mãe”, destacou.

Dom Munilla convidou os fiéis a pensarem em Maria como nossa Mãe. “Podemos também participar dessa maternidade que Jesus viveu com ela, dessa relação materna, para que também nós possamos dizer com pleno sentido: ‘Mamãe! Mãe Nossa’”, concluiu.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/50768/de-que-modo-a-maternidade-espiritual-de-maria-e-universal?

Tempo e futuro

Tempo: O passado, o presente e o futuro...(MDig)

TEMPO E FUTURO 

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

Como numa forja as coisas agora estão misturadas. Neste tempo o pensamento percebe, mas as palavras não exprimem. Já houve outros tempos como este, embora as coisas fossem diferentes. 

Naquele tempo, discutiu-se que a cura alcançada por meio de ervas era bruxaria. Substâncias separadas não poderiam ser juntadas, pois assim como o que Deus uniu não deveria o homem separar o que Deus separou não devia o homem reunir. Tudo perfeitamente junto, com fundamentos nos píndaros do conhecimento mais refinado da época. Indivíduos cultos e incultos juravam ser verdadeiro esse epitáfio, e eram capazes de garanti-lo com um juramento arqueando a mão sobre a própria bíblia. Se não deve o homem juntar o que Deus separou, então, diziam eles, o futuro é o devir, e o devir é pecado contra a unidade. 

Quando o pensamento pensa, mas a palavra não exprime, segue-se uma ignorância radicada no espírito do presente. Por ignorância também se alcança certos êxitos, mas, via de regra, só o que procuramos conscientemente pode ser chamado de descoberta. 

A ignorância encontra certas coisas, é verdade, mas em sua natureza está encerrada apenas a possibilidade de encontrar o que já existe, mas não tem a capacidade de engendrar e construir. Esse pensamento levou ignorantes a instituírem, por força da política ou da palavra ruidosa, a cura para vírus e doenças da humanidade. O ignorante pensa ter encontrado a solução para os males que arruínam o mundo. Encontram levianamente soluções medianas para a política e para a medicina.  

No presente surgiu uma dupla luta. A humanidade contra ela mesma, forjando as batalhas; os elementos em luta entre si, gerando o caos. Assim, batalha e caos quando coincidem rompem o limiar de uma época e arremessa tudo para o desconhecido. 

O fim do processo exitoso que trouxe o mundo moderno para o seu apogeu, grande parte baseado na relação de produção e consumo, apena com grande esforço ainda consegue respirar. A falta de matéria disponível e a busca acelerada pelas últimas reservas agitam os elementos e produz distorções das quais a mais vistosa é a mudança climática, mas há muito mais por baixo dessas vagas rasas que se aproximam do litoral. 

O paradeiro entre estar e ser arremessado é o que em linguagem náutica exprime as correntes marinhas. Elas correm abaixo da superfície do oceano, e, ao menos que encontrem resistência ou empecilho, permanecem calmas, mas se encontram resistência se tornam caóticas. Elas combatem contra as resistências e se misturam com elas. Suas diferenças são combatidas com tamanha altivez que já não se parecem mais com elementos distintos, mas um único e mesmo elemento em luta consigo mesmo. 

Quando presa por uma dessas correntes calmas que conduzem a um enfrentamento com elementos distintos, a nau não pode voltar. A única possibilidade é embrenhar-se no desconhecido, esperando deixá-lo para trás em algum momento. É isso, basicamente, que chamamos futuro. 

Tendo as vagas se aproximado do litoral, a humanidade já consegue se ressentir da luta dos elementos e, ainda distorcida pela visão opaca, produz suas batalhas. A política, sem entender o que está acontecendo, coloca grupos contra grupos, países contra países, pessoas contra pessoas, imaginando que seja tudo uma questão de muros, e não o fim do sistema de produção e consumo que nos trouxe até aqui. Os próprios indivíduos que exercem o poder de governo, muito ciosos de seus cargos e menos interessados em compreender o mundo, ajudarão a distorcer a realidade. As ondas, contudo, chegarão a tocar o litoral. 

Adentrar o futuro, contudo, não é para nós uma escolha, mas uma necessidade. Entrar no futuro, onde a humanidade combate e os elementos se estranham, é uma necessidade fática que assusta, mas é incontornável. 

Ver-se-á por algum tempo, talvez longo ainda, a hostilidade de um pensamento que não consegue se exprimir, e a expressão de uma fala que não pensa. 

Nesse mar sitiante de calmaria e correntes o futuro chega. O sublime no futuro que vem é o não teimoso. Como o escândalo da Cruz, acolhe a contradição e concilia a fatalidade do porvir com o que será. A vitalidade do que foi deve ser reencontrada no futuro. O querer e a fé precisam se unir. A Fé sem o querer termina vencida. 

A fé que deseja quer ver o que tem porvir. O teme, é bem verdade, mas a necessidade exige que o encare em algum momento. Nessa coragem do querer que aquece a fé, a humanidade se separa dos brutos, pois ficando espantada e assombrada quando o futuro se retira, ela colhe nesse retirar-se uma abertura para o infinito, e tudo acontece! O futuro chega! 

Uma obra desmedida que o pensamento e a fé geram, pois só quem é capaz de espanto e assombro constrói. 

Chegar ao futuro é constatar a necessidade de que há mais futuro, um abismo infindo que pede para si a contemplação! 

No caminho para o futuro não nos cansamos porque não queremos nos cansar, queremos ver o que há, mas as coisas se cansam. É tempo, então, que as coisas cansadas sejam substituídas, para que o tempo continue tendo futuro. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Francisco: no presépio entre paz, pobreza e rejeição está o verdadeiro sabor do Natal

Imagem de um presépio (Vatican News)

Num post no X, o Papa convida a contemplar a representação da Natividade: o verdadeiro espírito da festa está na “beleza de ser amados por Deus”.

Tiziana Campisi – Vatican News

Nestes dias em que a Igreja vive o tempo litúrgico do Natal, o presépio é o sinal por excelência, como definiu o Papa Francisco em sua carta apostólica Admirable signum de 2019, na qual reflete sobre seu significado e valor.

Nesta segunda-feira, 30 de dezembro, com uma postagem no X, em sua conta @Pontifex, o Papa Francisco faz o seguinte convite:

Paremos para contemplar o presépio, o nascimento de Jesus: a luz e a paz, a pobreza e a rejeição. Entremos no verdadeiro Natal com os pastores, levemos a Jesus o que somos. Assim, em Jesus, saborearemos o verdadeiro espírito do Natal: a beleza de ser amados por Deus.

Sentir-se envolvido na história da salvação

O presépio “é como um Evangelho vivo, que transborda das páginas da Sagrada Escritura”, escreve Francisco na Admirable signum, e ao contemplá-lo “somos convidados a nos colocar espiritualmente a caminho, atraídos pela humildade d'Aquele que se fez homem para encontrar cada homem”. O presépio, que foi “inventado” por São Francisco em Greccio, em 1223, durante o período de Natal encontra lugar nas casas, nas igrejas, nas ruas, “ajuda a reviver a história que foi vivida em Belém” e, com suas estatuetas, os diferentes cenários, paisagens e personagens que o povoam, “nos convida a nos sentirmos envolvidos na história da salvação, contemporâneos do evento que é vivo e atual nos mais diversos contextos históricos e culturais“ e também ‘a ’sentir‘, a ’tocar' a pobreza que o Filho de Deus escolheu para si em sua encarnação”, acrescenta o Papa. Na representação sagrada, há um chamado implícito para seguir Cristo “no caminho da humildade, da pobreza, do despojamento, que da manjedoura de Belém leva à Cruz”, observa Francisco, “um chamado a encontrá-lo e servi-lo com misericórdia em nossos irmãos e irmãs necessitados”.

Reunir-se diante do presépio

Tudo no presépio tem seu significado, especifica o Papa na Carta Apostólica, como o céu estrelado, por exemplo, uma recordação da noite que às vezes “circunda a nossa vida”, mas onde Deus se faz presente, as “ruínas de casas” e edifícios antigos, “um sinal visível da humanidade decadente, de tudo o que está em ruínas, que está corrompido e entristecido”, mas que Jesus ‘veio para curar e reconstruir’, ou os pobres e os mendigos que nos lembram ‘que Deus se torna homem para aqueles que mais precisam de seu amor e pedem sua proximidade’. Então o presépio é um “lugar” de recordação, um lugar para se reunir, refletir, meditar. Como Francisco indicou em 21 de dezembro aos funcionários do Vaticano, dirigindo-se a eles com suas saudações de Natal, exortando-os a “encontrar alguns momentos em que” se reunir, “juntos, em torno do presépio, para agradecer a Deus por seus dons, para pedir-lhe ajuda para o futuro”. Reunir-se em torno do presépio também é uma oportunidade para renovar o “carinho de cada um diante do Menino Jesus”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Abertura do Jubileu da Esperança na Arquidiocese de Brasília

Missa Campal na Esplanada dos Ministérios (arqbrasilia)

Abertura do Jubileu da Esperança na Arquidiocese de Brasília é marcado pela fé e união na Esplanada dos Ministérios

Os fiéis da Arquidiocese de Brasília se reuniram na tarde deste domingo (29/12), na Esplanada dos Ministérios, para a grande celebração de abertura do Jubileu da Esperança, no Distrito Federal.

29 de dezembro de 2024

O Tríduo de abertura do Ano Jubilar da Esperança na Arquidiocese de Brasília teve início neste domingo, com a Celebração Eucarística presidida pelo Cardeal Arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa, concelebrada pelos Bispos auxiliares da Arquidiocese e Bispos convidados, além de todo o Clero da Arquidiocese.

A Santa Missa teve início em frente ao Teatro Nacional, de onde os fiéis seguiram em peregrinação até o estacionamento da Cúria Metropolitana, ao lado da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, que será uma Igreja de Peregrinação Jubilar do Distrito Federal durante o Jubileu Ordinário de 2025.

“Todos nós somos peregrinos, pois caminhamos rumo à eternidade, para o nosso encontro com Deus. Este é um caminhar cheio de esperança, porque somos amados por Deus. A nossa condição é de filhos e filhas muito amados pelo amor infinito de Deus”, frisou o Cardeal.

A celebração que marca o início de um período especial de vivência da graça de Deus na Arquidiocese de Brasília, reuniu milhares de católicos, em um momento de profunda espiritualidade e renovação da fé, destacando a importância da esperança como um dos pilares da vida cristã.

Durante a homilia, o Cardeal lembrou que a vida cristã é uma peregrinação constante, um movimento em direção à plenitude do encontro com o Pai, enfatizando que, mesmo diante das dificuldades e incertezas do caminho, a esperança deve ser a força motriz, pois ela está enraizada no amor incondicional que Deus tem por cada um de seus filhos.

“A esperança cristã não é uma ilusão ou um simples otimismo humano, mas uma certeza que brota da fé em Jesus Cristo, que venceu a morte e nos abriu as portas da vida eterna. Neste Ano Jubilar, somos convidados a reavivar em nossos corações a chama da esperança, lembrando que Deus nunca nos abandona e que, mesmo nas noites mais escuras, Ele está conosco, guiando nossos passos”, destacou o Arcebispo.

O Ano Jubilar da Esperança foi instituído pelo Santo Padre, Papa Francisco, como um período especial de graça, reflexão e conversão, inspirado no tema da esperança que permeia as Sagradas Escrituras e o magistério da Igreja.

“A esperança é a virtude que nos faz levantar após cada queda, que nos impulsiona a seguir adiante mesmo quando o caminho parece difícil, porque sabemos que Deus caminha conosco e nos sustenta com seu amor. Como Igreja, somos chamados a ser sinais vivos da esperança no mundo. Que nossas ações, palavras e gestos possam testemunhar ao mundo que, em Cristo, há sempre uma luz que ilumina nossas vidas e um futuro cheio de promessas”, disse o Cardeal.

O Ano Jubilar da Esperança se estenderá ao longo de 2025, com uma programação repleta de atividades pastorais, retiros, palestras e ações sociais, todas voltadas para fortalecer a fé e a esperança dos fiéis. A Arquidiocese de Brasília convida todos os arquidiocesanos a viverem este tempo com entusiasmo e dedicação, buscando crescer na virtude da esperança e partilhando-a com aqueles que mais precisam.

Após a bênção final, os fiéis seguiram em procissão até a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, acompanhando a Santa Cruz que ficará no presbitério ao longo do Ano Jubilar. Sendo a Igreja Mãe da Arquidiocese de Brasília, a Catedral será um local de peregrinação onde os fiéis poderão lucrar indulgências durante o Ano Santo celebrado pela Igreja. 

A abertura do tríduo do Ano Jubilar segue com rica programação. No dia 30/12 (segunda-feira), terá um grande evento para celebrar o Jubileu da Renovação Carismática e das Novas Comunidades. A programação começa às 15h, no estacionamento ao lado da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, com momentos de louvor, pregação e shows ao longo da tarde. Às 20h, será celebrada a Santa Missa, presidida por Dom Vicente Tavares, Bispo auxiliar da Arquidiocese de Brasília.

“Esse dia será uma celebração de renovação e fortalecimento dos carismas e comunidades que florescem em nossa Arquidiocese. É um convite para que todos se sintam parte dessa grande família de fé”, salienta Dom Paulo Cezar.

No dia 31/12 (terça-feira), o Tríduo de Abertura culmina com a Santa Missa do Réveillon da Paz promovido pela Comunidade Shalom, às 20h, presidida pelo Cardeal Arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa. Após a celebração, os fiéis poderão participar de um show especial com a cantora Suely Façanha, momentos de adoração e pregação, encerrando o ano de 2024 com muita fé, louvor e esperança.

A transmissão completa da Santa Missa de Abertura do Ano Jubilar na Arquidiocese de Brasília pode ser conferida no vídeo abaixo:


Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

'Eu não tinha ideia de que beber socialmente prejudicaria meu fígado aos 31 anos'

A jornalista da BBC Hazel Martin foi instruída a parar de beber álcool completamente (Crédito, Daniel Taylor-Sweet / BBC)

'Eu não tinha ideia de que beber socialmente prejudicaria meu fígado aos 31 anos'

Por Hazel Martin

De BBC Panorama*

  • 25 novembro 2024

Aos 31 anos, os médicos me disseram que, se eu não parasse de beber álcool, eu poderia morrer.

Fiquei chocada porque não bebia todos os dias, nunca bebia sozinha e bebia porque gostava como uma atividade social, não porque me sentia dependente do álcool.

Mas, por definição, meu consumo de álcool do fim da adolescência até o final dos 20 anos seria considerado binge drinking (consumo excessivo em uma ocasião). Parecia normal porque as pessoas ao meu redor estavam fazendo o mesmo — mas, agora, era algo que estava me afetando.

Eu tinha me tornado mãe recentemente e tinha ido ao clínico geral porque me sentia cansada o tempo todo. Isso levou a exames de sangue e uma verificação da função hepática (relacionada ao fígado).

Outros exames revelaram que eu tinha fibrose hepática grave relacionada ao álcool, ou cicatrizes no meu fígado, provavelmente por causa do meu hábito de beber.

Eu voltei do hospital para casa atordoada, com minha filha no carrinho.

Se isso aconteceu comigo, talvez eu não fosse a única. Eu queria saber o que isso dizia sobre a cultura de bebida do Reino Unido e comecei a pesquisar para o programa Panorama, da BBC.

As mortes específicas por álcool estão em seus níveis mais altos no Reino Unido desde que os registros começaram, em 2001.

Globalmente, um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicado em junho, com base em dados de 2019, descobriu que havia 2,6 milhões de mortes relacionadas ao álcool a cada ano.

Embora o problema seja, sem dúvida, maior em homens — especialmente homens mais velhos —, mais do que nunca mais mulheres com menos de 45 anos estão morrendo devido à doença hepática relacionada ao álcool (DHRA), de acordo com os números do Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS) do Reino Unido entre 2001 e 2022.

Uma proporção crescente de pessoas mais jovens está sendo tratada por doenças hepáticas e insuficiência hepática, diz a Prof. Debbie Shawcross | BBC News Brasil

Se bebermos uma determinada quantidade de álcool de uma só vez — por exemplo, em uma saída à noite —, pode ser muito mais prejudicial do que se bebermos a mesma quantidade por um período mais longo.

Uma pesquisa recente, feita por uma equipe da University College London e das universidades de Oxford e Cambridge, no Reino Unido, sugere que o binge drinking pode ser até quatro vezes mais prejudicial para o fígado.

Quando pensamos em binge drinking, tendemos a imaginar pessoas bêbadas saindo de bares e caindo em pontos de ônibus. Mas, na verdade, uma bebedeira desse tipo pode ter menos álcool do que você imagina.

No Reino Unido, é considerado binge drinking beber seis ou mais unidades de álcool de uma só vez para mulheres e oito ou mais para homens. Isso equivale a duas taças grandes de vinho para uma mulher.

No King's College Hospital em Londres, a hepatologista consultora Debbie Shawcross me conta que ela trata regularmente mulheres trabalhadoras na faixa dos 40 e 50 anos com doença hepática.

"Elas estão girando pratos no ar e talvez tenham famílias jovens", diz ela. “Elas não são alcoólatras... mas estão apenas bebendo demais como um hábito.”

Ainda não estou na casa dos 40, mas ela poderia estar me descrevendo.

Quando eu era mais jovem, eu facilmente bebia mais do que é definido como binge drinking em uma noite fora.

Eu não refleti sobre nada disso até receber meu diagnóstico.

Depois que meus exames de sangue vieram anormais, fui enviada para o New Victoria Hospital de Glasgow, onde fiz um ultrassom e, finalmente, um exame chamado fibroscan. Tudo isso ocorreu ao longo de cerca de um ano.

Um fibroscan é um tipo de ultrassom não invasivo que mede a rigidez do fígado. Uma leitura de 7 kPA (unidade usada para medir o nível de oxigênio no sangue) ou menos é considerada normal. Minha leitura foi 10,2.

Isso indicou cicatrizes graves — se não tivessem sido detectadas e se eu não tivesse parado de beber, poderiam ter se transformado em cirrose.

Recebi meu diagnóstico em fevereiro de 2024. Meu médico, Dr. Shouren Datta, disse que se eu me abstivesse de álcool, então havia uma possibilidade de que minha fibrose pudesse ser revertida.

Hazel (na foto, à esquerda com uma amiga) começou a beber socialmente na adolescência e isso parecia completamente normal (Crédito,Rachel Adam)

Sinto-me extremamente sortuda que o problema foi descoberto a tempo para que eu tentasse fazer algo a respeito.

Os médicos descobriram o problema enquanto investigavam meu cansaço.

No entanto, parte do problema com a doença hepática é que geralmente não há sintomas no início.

Sete em cada 10 pessoas com doença hepática em estágio terminal não sabem de nada sobre ela até serem internadas no hospital com sintomas como icterícia, retenção de líquidos e sangramento anormal.

Foi o que aconteceu com Emma Jones, 39, originalmente do norte do País de Gales. Eu a conheci 15 meses após seu transplante de fígado bem-sucedido.

Como eu, Emma era uma bebedora social, com uma carreira de sucesso e uma vida social vibrante. Mas durante as medidas de isolamento da covid-19, as coisas pioraram para ela — no auge da bebedeira, ela tomava três garrafas de vinho por dia.

Emma diz que tem sorte de estar viva (BBC News Brasil)

Emma foi internada no hospital, onde descobriu que estava em estágio terminal de doença hepática. Ela recebeu menos de 36 horas de vida.

Milagrosamente, ela se recuperou e — após cumprir os seis meses de sobriedade exigidos — conseguiu o transplante de que tanto precisava.

A recuperação de Emma está em andamento e não é sem grandes mudanças de vida.

Ela tomará medicamentos pelo resto da vida e está imunossuprimida, o que significa que é mais difícil para seu corpo combater infecções e doenças.

Mas ela está viva, bem, e diz que está no melhor lugar em que já esteve. Acho sua positividade e determinação contagiantes.

‘Hora do gim’

De acordo com os dados mais recentes do Escritório de Estatísticas Nacionais do Reino Unido, de 2018, a doença hepática está consistentemente, a cada ano, entre as três principais causas de morte entre mulheres de 39 a 45 anos.

"O consumo de álcool por mulheres praticamente dobrou em um período muito curto de tempo... cerca de 10 anos", me conta a Profa. Fiona Measham, uma especialista no consumo de bebidas e drogas da Universidade de Liverpool.

Sua pesquisa sugere que, nas décadas de 1990 e 2000, a indústria de bebidas alcoólicas do Reino Unido se concentrou nas mulheres que bebiam, direcionando-as a produtos alcoólicos misturados e com teor baixo — e usando o feminismo, o empoderamento e a libertação como uma ferramenta de marketing.

Ela acha que essas práticas estabeleceram uma cultura de consumo de álcool em toda uma geração de mulheres jovens.

"O que estamos vendo agora é que o consumo entre jovens está caindo mais rápido, mas continua bastante estável para pessoas na faixa dos 30, 40 e 50 anos", diz ela.

A mesma abordagem agressiva persiste hoje na indústria do álcool, acredita Carol Emslie, da Glasgow Caledonian University.

Só que, agora, este mercado está promovendo coisas como prosecco, a "hora do gim" e "hora do vinho" como formas de as mulheres relaxarem e praticarem o autocuidado após um dia difícil.

O Portman Group, que representa a indústria do álcool no Reino Unido, enviou posicionamento à BBC.

Embora "o aumento da doença hepática relacionada ao álcool entre mulheres e homens no Reino Unido seja uma preocupação séria, é importante lembrar que o álcool sempre foi um produto legal", disse o grupo.

A entidade acrescentou que seu Código de Práticas "não protege contra marketing baseado em gênero especificamente", mas define "padrões mínimos para empresas de álcool comercializarem seus produtos de forma responsável".

E garantiu que está "comprometida em continuar... [seus] esforços para promover o consumo moderado, bem como responsabilizar a indústria do álcool".

Reprogramando o cérebro

Vários meses após meu diagnóstico, repeti o fibroscan para ver se havia alguma melhora.

Fiquei aliviada ao ver que meu nível no fibroscan tinha ido de 10,2 para 4,7 — de volta à faixa normal e saudável.

Surpreendi-me com a diferença drástica que cortar o álcool fez em tão pouco tempo.

Não pretendo beber novamente — fui aconselhada a não fazer isso.

Não toco em uma gota há quase um ano e me sinto muito melhor por isso, mas ainda lamento de uma forma que não consigo identificar.

O álcool está arraigado na cultura britânica. Bebemos em festas de aniversário, casamentos e funerais. E então, é claro, há a temporada festiva, que vai desde antes do Natal até o Ano Novo.

Para mim, enquanto crescia, o álcool parecia normalizado e acho que não tinha plena consciência de quanta pressão havia para beber até ser forçada a desistir.

A abstinência não foi fácil. Levou muito tempo para reprogramar meu cérebro de forma a não precisar ou querer álcool como um mimo, uma recompensa ou como uma forma de relaxar e me divertir socialmente.

Acho que isso era parte do problema para mim naquela época, e continua sendo um problema para nossa sociedade agora.

Com reportagem de Amber Latif e Kirstie Brewer

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cx2yzpzvrk7o

Santa Anísia

Santa Anísia (A12)
30 de dezembro
Localização: Grécia (Tessalônica)
Santa Anísia

Anísia nasceu no ano de 284 na Tessalônica, em Macedônia da Grécia. Era filha de um casal muito religioso, que a educou na Fé católica. O falecimento prematuro dos pais a deixou herdeira de grande fortuna, incluindo terras, escravos e joias.

Dedicou-se ela então, ainda jovem, a uma vida muito discreta, de oração, jejum e vigílias, seguindo os Mandamentos. Em relação a estas coisas, dizia: "Ó, quão falsa é a vida da juventude, ou escandalizam ou são escandalizados. O melhor é a velhice; mas a tristeza me consome por causa da distância de tempo que me separa do Paraíso". E também: "É perigoso dormir enquanto meu inimigo mantém vigília". A riqueza material não a corrompeu; ao contrário, fez um voto particular de castidade e pobreza, e de forma coerente, ciente de que, como ensinam os Evangelhos, é difícil aos ricos entrar no Reino dos Céus (Mt 19,23-24), usou seus bens para ajudar os necessitados: libertou os escravos e vendeu as propriedades, usando o valor adquirido na caridade para com os mendigos, os presos, os órfãos e as viúvas. Além do auxílio material, cuidava dos doentes e consolava os aflitos.

Seus recursos financeiros acabaram por se esgotar, e Anísia passou a viver numa pobreza extrema, tendo que trabalhar para se sustentar, sem contudo deixar de atender os enfermos e angustiados.

O período correspondia ao das duras perseguições aos católicos, determinadas pelos imperadores romanos Dioclesiano e Maximiano no Ocidente. Não apenas a pena de morte foi decretada aos cristãos que não abjurassem a sua Fé e abraçassem a idolatria pagã, mas eram facultadas a qualquer cidadão do império tais execuções, sem nenhuma pena legal. Logo corpos de mártires começaram a ser encontrados nas estradas, nas vilas e nas cidades… Em Tessalônica, governava Ducisio, que implementou o decreto imperial, de modo a que os cristãos não mais celebrassem a Missa nem batizassem mais convertidos.

Estas determinações não conseguiam evitar que os fiéis se reunissem para reuniões religiosas e para a Eucaristia. Anísia, a caminho de uma igreja, passou perto de uma aglomeração diante de um templo pagão, onde um soldado, observando-a, a parou, para que entrasse no templo e participasse do sacrifício prescrito no festival a Apolo, o deus do sol. A sua resposta foi de que era cristã e estava indo à Missa. Tomado de raiva, o soldado a agarrou com brutalidade, querendo levá-la para dentro do templo, blasfemando contra Deus e tentando arrancar-lhe o véu. Indignada, ela cuspiu no seu rosto, dizendo: "Meu Senhor Jesus Cristo te proíbe!". Ouvindo o nome de Cristo, a Quem odiava, o soldado puxou da espada e a atingiu no lado do corpo, matando-a de imediato. O ano da sua morte é referido como 299 ou 304.

Alguns cristãos a recolheram e sepultaram próximo ao Portão de Cassandra, à entrada da cidade, onde mais tarde foi construída uma capela. Santa Anísia é venerada na Igreja Católica, a 30 de dezembro, e na Igreja Ortodoxa, a 1 de janeiro, que dedica a ela ao menos uma kontakion, isto é, um tipo de hino temático próprio dos ortodoxos e outras denominações cristãs orientais.

Reflexão:

Embora seja evidente a santidade dos mártires, cada um deles apresenta um aspecto personalíssimo que nos encanta e edifica diferentemente. Santa Anísia, antes do martírio, já apresentava, também, algo comum aos canonizados: não apenas desprendeu-se dos seus bens materiais, mas deu-se a si mesma, o que é ainda mais importante para os irmãos e agradável a Deus, pois mais fundamental é o pão do espírito do que o pão objeto. Ainda outra generalização é o fato de que, como ela e os santos, sempre somos interceptados pelos poderes deste mundo quando nos dirigimos a Cristo… queira Ele que sejamos tão firmes na sua mesma resposta. Mas muito particular é de Santa Anísia é a sua bela reação de decoro, quando com violência lhe quiseram arrancar o véu: o véu do decência, da castidade, de corpo e da alma: naquele momento, não apenas uma indiscrição e inconveniência física estavam sendo tentadas, mas era agredida a sua disposição de recolhimento, alma e corpo, em Cristo Jesus; sua vida inteira foi ameaçada pela devassa mundana, à qual ela reage com santa violência e indignação, invocando a Verdade que deve suprir e guiar a nossa existência: "Meu Senhor Jesus Cristo te proíbe!", mundo, pecado, demônio e/ou fraquezas pessoais, de arrancar ou perturbar a intimidade de uma alma na sua Vida, que é Cristo. Por isso ela não hesitou, diante de tamanha desfaçatez, injúria e violência, em cuspir no rosto – do mundo, do pecado, daquilo que a queria arrastar para longe de Deus. Uma reação de desprezo, santo desprezo, a tudo o que afasta do Senhor e tenta impedir a nossa salvação. É absolutamente imperativo “usar o valor adquirido” nesta vida, para termos o Céu; e não há outro valor, senão Cristo Jesus. Necessário é resistir ao mundo, com firmeza sempre, com radicalidade se queremos de fato viver a santidade.

Oração:

Ó Deus de infinita bondade, que sempre nos recompensa com muito mais do que merecem as nossas obras, concedei-nos por intercessão de Santa Anísia a verdadeira juventude da alma, que nos traz a sincera saudade do Paraíso, e por isso nos leva à firmeza das boas obras e a nunca dormir frente aos assaltos do inimigo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

CRISTANDADE: «Deus, como criança, implora, por assim dizer, o nosso amor»

Bento XVI [© Osservatore Romano]

Arquivo 30Giorni nº. 03/04 - 2012

«Deus, como criança, implora, por assim dizer, o nosso amor»

Homilia do Papa Bento XVI por ocasião da Santa Missa pelo seu 85º aniversário

Cappella Paolina, segunda-feira, 16 de abril de 2012

do Papa Bento XVI

Senhoras e senhores, queridos irmãos no episcopado e no sacerdócio, queridos irmãos e irmãs!

No dia do meu aniversário e do meu Batismo, 16 de abril, a liturgia da Igreja colocou três placas de sinalização que me mostram onde leva o caminho e que me ajudam a encontrá-lo.

Em primeiro lugar, a memória de Santa Bernadette Soubirous, a visionária de Lourdes; depois, há um dos santos mais particulares da história da Igreja, Bento José Labre; e depois, sobretudo, o fato de este dia estar sempre imerso no mistério pascal, no mistério da Cruz e da Ressurreição, e no ano do meu nascimento se exprimiu de maneira particular: era Sábado Santo , o dia do silêncio de Deus, da aparente ausência, da morte de Deus, mas também o dia em que foi anunciada a Ressurreição.

Bernadette Soubirous, a menina simples do Sul, dos Pirenéus, todos a conhecemos e amamos. Bernadette cresceu na França iluminista do século XIX, numa pobreza difícil de imaginar. A prisão, que tinha sido abandonada por ser demasiado insalubre, acabou por se tornar - após alguma hesitação - a casa da família, onde passou a infância. Não havia possibilidade de ter educação escolar, apenas um pouco de catecismo para preparar a Primeira Comunhão. Mais precisamente esta menina simples, que no seu coração permaneceu pura e sincera, tinha o coração que vê, foi capaz de ver a Mãe do Senhor e nela o reflexo da beleza e da bondade de Deus. Para esta menina, Maria pôde. mostrar-se e através dela falar ao século e além do próprio século. Bernadette sabia ver, com um coração puro e genuíno. E Maria mostra-lhe a fonte: ela pode descobrir a fonte, a água viva, pura e incontaminada; água que é vida, água que dá pureza e saúde. E através dos séculos, agora, esta água viva é um sinal de Maria, um sinal que indica onde se encontram as fontes da vida, onde podemos purificar-nos, onde encontramos o que não está contaminado. No nosso tempo, em que vemos o mundo em tantas dificuldades e em que surge a necessidade de água, de água pura, este sinal é ainda maior. De Maria, da Mãe do Senhor, do coração puro vem também a água pura e genuína que dá vida, a água que neste século - e nos séculos que virão - nos purifica e nos cura.

Penso que podemos considerar esta água como uma imagem da verdade que nos chega na fé: a verdade não simulada, mas pura. Na verdade, para viver, para nos tornarmos puros, precisamos ter dentro de nós a nostalgia da vida pura, da verdade não distorcida, do que não está contaminado pela corrupção, de sermos homens imaculados. Portanto, este dia, este santinho sempre foi para mim um sinal que me mostrou de onde vem a água viva de que necessitamos - a água que nos purifica e dá vida -, e um sinal de como devemos ser: com todos os conhecimento e todas as habilidades, que também são necessárias, não devemos perder o coração simples, o olhar simples do coração, capaz de ver o essencial, e devemos orar sempre ao Senhor para que conservemos dentro de nós a humildade que ele permite que o coração permaneça clarividente – para ver o que é simples e essencial, a beleza e a bondade de Deus – e assim encontrar a fonte de onde provém a água que dá vida e purifica.

Depois há Benedetto Giuseppe Labre, o piedoso peregrino mendicante do século XVIII que, depois de várias tentativas inúteis, finalmente encontrou a sua vocação para peregrinar como mendigo - sem nada, sem qualquer apoio e não guardando para si nada do que recebeu, exceto o que recebeu. absolutamente necessário – peregrinar por toda a Europa, por todos os santuários da Europa, da Espanha à Polónia e da Alemanha à Sicília: um santo verdadeiramente europeu! Podemos dizer também: um santo um tanto particular que, mendigando, vagueia de um santuário para outro e não quer fazer nada além de rezar e assim dar testemunho do que importa nesta vida: Deus, claro, não representa um exemplo a ser. emular, mas é um sinal, um dedo apontando para o essencial. Ele nos mostra que só Deus é suficiente; que além de tudo o que possa existir neste mundo, além das nossas necessidades e capacidades, o que importa é conhecer a Deus só Ele é suficiente. E este “único Deus”, ele nos aponta de forma dramática. E, ao mesmo tempo, esta vida verdadeiramente europeia que, de santuário em santuário, abraça todo o continente europeu, deixa claro que quem se abre a Deus não se aliena do mundo e dos homens, mas antes encontra irmãos, porque no da parte de Deus caem fronteiras, só Deus pode eliminar fronteiras porque graças a Ele somos todos apenas irmãos, somos parte uns dos outros; torna-nos conscientes de que a singularidade de Deus significa, ao mesmo tempo, a fraternidade e a reconciliação dos homens, a quebra das fronteiras que nos une e nos cura. Portanto, ele é um santo da paz precisamente porque é um santo sem necessidade, que morre pobre de tudo, mas abençoado com tudo.

Bento XVI com o Cardeal Decano do Sacro Colégio, Angelo Sodano, após o discurso de saudação no início da missa de ação de graças pelo octogésimo quinto aniversário do Pontífice
[© Osservatore Romano]

E depois, finalmente, há o mistério pascal. No mesmo dia em que nasci, graças aos cuidados dos meus pais, também renasci da água e do Espírito, como acabamos de ouvir no Evangelho. Em primeiro lugar, há o dom da vida que os meus pais me deram em momentos muito difíceis e pela qual devo agradecer-lhes. Mas não é óbvio que a vida do homem seja em si uma dádiva. Pode realmente ser um belo presente? Sabemos o que paira sobre o homem nos tempos sombrios que estão por vir - mesmo nos tempos mais brilhantes que podem vir? Podemos prever quais preocupações, quais eventos terríveis ele poderá estar exposto? É certo dar a vida assim, simplesmente? Ele é responsável ou está muito incerto? É um presente problemático se permanecer sozinho. A vida biológica em si é uma dádiva, mas está rodeada de uma grande questão. Só se torna um verdadeiro dom se, junto com ele, puder ser feita uma promessa mais forte do que qualquer infortúnio que nos possa ameaçar, se estiver imerso numa força que garanta que é bom ser homem, que por para esta pessoa, tudo o que o futuro pode trazer é bom. Assim, o nascimento deve estar associado ao renascimento, à certeza de que, na verdade, é bom estar ali, porque a promessa é mais forte que as ameaças. Este é o significado de renascer da água e do Espírito: estar imerso na promessa que só Deus pode fazer: é bom que você esteja aí e possa ter certeza disso, aconteça o que acontecer. A partir desta certeza pude viver, renascer da água e do Espírito.

Nicodemos pergunta ao Senhor: «Pode um velho renascer?». Agora, o renascimento nos é dado no Batismo, mas devemos crescer continuamente nele, devemos deixar-nos sempre imergir por Deus na sua promessa, para renascermos verdadeiramente na grande e nova família de Deus, que é mais forte que todas as fraquezas. e de todos os poderes negativos que nos ameaçam. Portanto este é um dia de grande ação de graças.

O dia em que fui batizado, como disse, foi o Sábado Santo. Naquela época ainda era costume antecipar a Vigília Pascal pela manhã, à qual ainda seria seguida a escuridão do Sábado Santo, sem o Aleluia. Parece-me que este singular paradoxo, esta singular antecipação da luz num dia escuro, pode quase ser uma imagem da história dos nossos dias.

Por um lado, ainda existe o silêncio de Deus e a sua ausência, mas na Ressurreição de Cristo já existe a antecipação do “sim” de Deus, e a partir desta antecipação vivemos e, através do silêncio de Deus, ouvimos sua fala e, através da escuridão de sua ausência, vislumbramos sua luz. A antecipação da Ressurreição no meio de uma história em evolução é a força que nos mostra o caminho e nos ajuda a seguir em frente.

Agradecemos ao bom Deus porque nos deu esta luz e rezamos-lhe para que ela permaneça sempre. E neste dia tenho motivos para agradecer a Ele e a todos aqueles que me fizeram perceber continuamente a presença do Senhor, que me acompanharam para que eu não perdesse a luz.

Estou enfrentando o último trecho da jornada da minha vida e não sei o que me espera. Sei, porém, que a luz de Deus está aí, que Ele ressuscitou, que a sua luz é mais forte que todas as trevas; que a bondade de Deus é mais forte do que qualquer mal neste mundo. E isso me ajuda a prosseguir com confiança. Isto ajuda -nos a seguir em frente e neste momento agradeço de coração a todos aqueles que continuamente me fazem perceber o “sim” de Deus através da sua fé.

No final, Cardeal Decano, agradeço cordialmente as suas palavras de amizade fraterna, por toda a sua colaboração ao longo de todos estes anos. E um grande obrigado a todos os colaboradores dos trinta anos em que estou em Roma, que me ajudaram a carregar o peso da minha responsabilidade. Obrigado. Amém.

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Galeria de fotos

A parição da Virgem de Lourdes a Santa Bernadete uma imagem antiga | 30Giorni
Benedetto Giuseppe Labre olhando o Coliseu, pintura de artista anônimo do século XIX, preservada em Roma, em capela da via dei Serpenti 2, construída na casa onde o santo foi feito | 30Giorni
Bento XVI, com seu pai Georg, visitando a igreja paroquial de Sankt Oswald, em Marktl am Inn, sua cidade natal, onde se localizou na praça batismal onde foi batizado em 16 de abril de 1927, mesmo dia de seu nascimento [© Observatório Romano]

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF