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quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Papa: a violência de Herodes sobre as crianças se repete noutras formas da história

Audiência Geral, 08 de janeiro de 2025 - Papa Francisco (Vatican News)

A tempestade da violência de Herodes, que massacra as crianças de Belém, irrompe imediatamente também sobre o recém-nascido Jesus. Um drama sombrio que se repete noutras formas da história. O século que gera inteligência artificial e planeia existências multiplanetárias ainda não ultrapassou a chaga da infância humilhada, explorada e mortalmente ferida. Pensemos nisso: disse Francisco esta quarta-feira (08/01), na primeira audiência geral do novo ano.

https://youtu.be/tDQWPXnQEDo

Raimundo de Lima – Vatican News

Na audiência geral desta quarta-feira (08/01), na Sala Paulo VI, no Vaticano, a primeira do novo ano, o Santo Padre dedicou sua catequese - no contexto adequado do Tempo do Natal – às crianças, em particular sobre o flagelo do trabalho infantil.

Francisco frisou que hoje sabemos voltar o nosso olhar para Marte ou para os mundos virtuais, mas temos dificuldade em olhar nos olhos de uma criança que foi deixada à margem e que é explorada e abusada. “O século que gera inteligência artificial e planeia existências multiplanetárias ainda não ultrapassou a chaga da infância humilhada, explorada e mortalmente ferida”.

O Papa Francisco na audiência geral desta quarta-feira (08/01) na Sala Paulo Vi, no Vaticano (Vatican Media)

Os filhos são uma dádiva, nem sempre tratada com respeito

O Pontífice ateve-se, por um momento, à mensagem que a Sagrada Escritura nos dá sobre as crianças, afirmando ser curioso notar como a palavra que mais ocorre no Antigo Testamento, depois do nome divino Jahweh (mais de seis mil e oitocentas vezes), é a palavra ben, “filho”: quase cinco mil vezes. “Olhai! os filhos (ben) são herança do Senhor; o fruto das entranhas é recompensa” (Sal 127,3). Os filhos são uma dádiva de Deus. Infelizmente, esta dádiva nem sempre é tratada com respeito. A própria Bíblia conduz-nos pelas ruas da história onde ressoam os cânticos de alegria, mas também se elevam os gritos das vítimas.

A tempestade da violência de Herodes, que massacra as crianças de Belém, irrompe imediatamente também sobre o recém-nascido Jesus. Um drama sombrio que se repete noutras formas da história. E aqui, para Jesus e para os seus pais, o pesadelo de se tornarem refugiados num país estrangeiro, como acontece hoje com muitas pessoas, muitas crianças.

O Papa Francisco na audiência geral desta quarta-feira (08/01) na Sala Paulo Vi, no Vaticano (Vatican Media)

Ainda hoje, há demasiadas crianças forçadas a trabalhar

Na sua vida pública,  continuou o Papa, Jesus andava a pregar pelas aldeias juntamente com os seus discípulos. Um dia, algumas mães aproximaram-se d’Ele e apresentaram-Lhe os seus filhos para que Ele os abençoasse; mas os discípulos repreenderam-nos. Então Jesus, quebrando a tradição que considerava a criança apenas como um objeto passivo, chama a si os discípulos e diz: “Deixai as crianças vir a mim, não as impeçais, pois dos que são como elas é o reino de Deus”. Numa passagem semelhante, Jesus chama uma criança, coloca-a entre os discípulos e diz: “se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, jamais entrareis no reino dos céus”. Pensemos hoje nas crianças, exortou o Santo Padre.

Ainda hoje, em particular, há demasiadas crianças forçadas a trabalhar. Mas uma criança que não sorri e não sonha não será capaz de conhecer ou deixar florescer os seus talentos. Em todas as partes do planeta existem crianças exploradas por uma economia que não respeita a vida; uma economia que, ao fazê-lo, queima o nosso maior depósito de esperança e amor.

Audiência geral desta quarta-feira (08/01) na Sala Paulo VI, no Vaticano (Vatican Media)

É inaceitável que as crianças sejam privadas de sua infância

Queridos irmãos e irmãs, disse Francisco, “aqueles que se reconhecem como filhos de Deus, e especialmente aqueles que são enviados para levar a boa nova do Evangelho aos outros, não podem ficar indiferentes; não podemos aceitar que as irmãzinhas e os irmãozinhos mais novos, em vez de serem amados e protegidos, sejam privados da sua infância, dos seus sonhos, vítimas da exploração e da marginalização”.

Peçamos ao Senhor, exortou por fim o Pontífice, “que abra as nossas mentes e corações ao cuidado e à ternura, e que todos os meninos e meninas do mundo possam crescer em idade, em sabedoria e em graça recebendo e dando amor”.

Exibição circense na audiência geral desta quarta-feira (08/01) na Sala Paulo VI, no Vaticano (Vatican Media)

Exibição circense, um momento de alegria e descontração

Ao término, um grupo de circenses se exibiu na Sala Paulo VI, diante do Papa, enchendo a sala de luzes e cores, oferecendo aos presentes um momento de alegria e descontração. Francisco fez um efusivo agradecimento aos circenses.

Sou muito grato a essas mulheres e homens que nos fizeram rir com o circo. O circo nos faz rir como crianças. Os circenses têm essa missão, também entre nós: fazer-nos rir e fazer coisas boas. Agradeço muito a todos vós.

O Papa Francisco na audiência geral desta quarta-feira (08/01) na Sala Paulo Vi, no Vaticano (Vatican Media)
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Abraçando o poder do silêncio e da quietude

Shutterstock I Tananyaa Pithi

Daniel R. Esparza - publicado em 06/01/25

O silêncio é muito mais do que apenas quietude física; é o ato intencional de aquietar a mente e o coração para encontrar Deus.

“Todos os problemas da humanidade vêm da incapacidade do homem de sentar-se quieto em um quarto sozinho.” Essas palavras importantes, escritas por Blaise Pascal, um filósofo e teólogo francês, no século XVII, ressoam ainda mais profundamente hoje. Em uma era dominada por smartphones e fluxos intermináveis de conteúdo, a ideia de sentar-se quieto — e não fazer nada — parece não apenas antiquada, mas quase impossível. No entanto, para os católicos, o silêncio e a quietude não são apenas a ausência de ruído e atividade; são um espaço sagrado onde Deus fala.

A quietude e o silêncio são frequentemente confundidos, mas não são a mesma coisa. O silêncio é mais do que apenas quietude física; é o ato intencional de aquietar a mente e o coração para encontrar Deus. A quietude pode envolver descansar em um só lugar, é verdade, mas também é uma disposição para ouvir ativamente, criando espaço para “o murmúrio” do Senhor (1 Reis 19:12).

No nosso mundo digital, o bombardeio constante de notificações e estímulos faz com que o silêncio pareça improdutivo, até desconfortável. Por que sentar-se em silêncio quando há outro vídeo para assistir, outro artigo para ler ou outro e-mail para responder? No entanto, o silêncio não é um vazio — ele é solo fértil para a graça.

Como recuperar o silêncio

Recuperar o silêncio começa com pequenos passos. Considere criar um “momento silencioso” em seu dia. Comece com apenas cinco minutos, desconectado dos dispositivos, e ofereça esse tempo a Deus. Você pode fechar os olhos, focar na sua respiração ou meditar em uma oração curta como “Vem, Espírito Santo.” Com o tempo, esses momentos podem se expandir para períodos mais longos, tornando-se um refúgio do ruído do mundo.

Para as famílias, o silêncio pode ser introduzido durante a oração comunitária, como sentar em reflexão silenciosa depois do Rosário ou antes das refeições. Em casa, estabeleça espaços ou horários sem telas para convidar oportunidades de silêncio a ocorrerem naturalmente.

Encontrando paz na Eucaristia

A Adoração Eucarística oferece uma das experiências mais profundas de silêncio sagrado. Sentar-se na presença do Santíssimo Sacramento, sem distrações, nos permite simplesmente estar com Cristo. Esses momentos favorecem a paz e nos lembram de que somos profundamente amados — não pelo que produzimos ou conquistamos, mas por quem somos, como filhos de Deus.

Como Pascal sugeriu, nossa incapacidade de abraçar o silêncio pode causar tumulto interior, mas escolher o silêncio pode se tornar um ato radical de fé. Ele nos permite afastar-nos das exigências da vida moderna e ouvir a voz Daquele que nos criou, oferecendo-nos uma paz que o mundo não pode dar (João 14:27).

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/01/06/abracando-o-poder-do-silencio-e-da-quietude

“A mim o fizestes”: as obras de misericórdia corporais

As obras de misericórdias (Opus Dei)

“A mim o fizestes”: as obras de misericórdia corporais

Este editorial aborda as obras de misericórdia corporais que Jesus recomendou. Um cristão não pode se desinteressar das necessidades dos outros, também dos desconhecidos, porque é Cristo quem nos pede ajuda em cada um deles.

02/12/2016

Nosso Deus não se limita a dizer que nos ama. Ele mesmo nos modelou a partir do pó da terra[1] “foram as mãos de Deus as que nos criaram: o Deus artesão”[2]. Criou-nos à sua imagem e semelhança, e ainda quis se fazer “um de nós”[3]: o Verbo fez-se carne, trabalhou com suas mãos, carregou toda a miséria dos séculos sobre as suas costas e quis conservar as chagas da sua Paixão por toda a eternidade, como um sinal permanente de seu amor fiel. Por tudo isso, nós cristãos não somente nos chamamos filhos de Deus, mas o somos[4]: para Deus, e para seus filhos, o amor “nunca poderá ser uma palavra abstrata. Por sua própria natureza é vida concreta: intenções, atitudes, comportamentos que se verificam no viver cotidiano”[5]. São Josemaria nos prevenia assim perante “a mentalidade dos que encaram o cristianismo como um conjunto de práticas ou atos de piedade, sem perceberem a sua relação com as situações da vida de todos os dias, com a urgência de atender às necessidades dos outros e de esforçar-se por remediar as injustiças. Eu diria que os que têm essa mentalidade ainda não compreenderam o que significa que o Filho de Deus se tenha encarnado, que tenha assumido corpo, alma e voz de homem, que tenha participado do nosso destino até experimentar o despedaçamento supremo da morte”[6].

      Ser cristão significa entrar nessa    incondicionalidade do amor de Deus, deixar-se cativar pelo “amor sempre maior de Deus”

Chamados à misericórdia

No cenário do juízo final que Jesus apresenta no Evangelho, tanto os justos como os injustos se perguntam perplexos, e perguntam ao Senhor, quando o viram faminto, nu, doente, e o auxiliaram o deixaram de fazê-lo[7]. E o Senhor lhes responde: “Em verdade vos digo que tudo o que fizestes a um destes meus irmãos pequenos, a mim o fizestes” (Mt 25,40). Não é apenas uma maneira bonita de dizer, como se o Senhor somente nos animasse a lembrar-nos d’Ele e a seguir seu exemplo de misericórdia. Jesus diz com solenidade “em verdade vos digo... a mim o fizestes”. Ele “se uniu, de certo modo, com toda a humanidade”[8], porque levou o amor até o final: “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos”(Jo 15,13). Ser cristão significa entrar nessa incondicionalidade do amor de Deus, deixar-se cativar pelo “amor sempre maior de Deus”[9].

Nessa passagem do Evangelho, Jesus fala de fome, sede, desamparo, nudez, doença e prisão[10]. As obras de misericórdia seguem esta mesma pauta; os Padres da Igreja as comentaram com frequência e as desdobraram em obras corporais e espirituais, obviamente, sem desejar abarcar todas as situações de indigência. Com o passar dos séculos, acrescentou-se às primeiras o dever de dar sepultura aos defuntos, com a correspondente obra espiritual: a oração pelos vivos e defuntos. Vamos percorrer essas obras nas que a sabedoria cristã sintetizou nossa vocação à misericórdia. Porque se trata de vocação– e vocação universal –, quando o Senhor diz a seus discípulos de os tempos: “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36). As obras de misericórdia colocam diante de nós essa chamada. “Seria bonito que as aprendêsseis de memória – sugeria recentemente o papa –, assim é mais fácil realizá-las!” [11].

Solidariedade ao vivo

Quando, ao recordar as obras de misericórdias corporais, olhamos a nosso redor, em muitas partes do mundo constataremos, talvez, em um primeiro momento que não são frequentes as situações para exercê-las. Séculos atrás, a vida humana estava muito mais exposta às forças da natureza, à arbitrariedade dos homens e à fragilidade do corpo. Hoje, porém, há muitos países nos que raramente se apresentará – a não ser em caso de emergências ou catástrofes naturais –, a necessidade imediata de sepultar um falecido ou de dar abrigo a alguém sem teto, porque a própria organização dos Estados provê esse serviço. E, no entanto, não são poucos os lugares da Terra nos que cada uma dessas obras de misericórdia pode ser vivida todos os dias. E, inclusive nos países mais desenvolvidos, juntamente com a provisão de serviços de assistência social, existem muitas situações de grande precariedade material: o assim chamado quarto mundo.

“É preciso abrir os olhos, saber olhar ao nosso redor e reconhecer essas chamadas que Deus nos dirige através dos que nos cercam.

Corresponde a todos nós tomar consciência destas realidades e pensar em que medida podemos contribuir a remediá-las. “É preciso abrir os olhos, saber olhar ao nosso redor e reconhecer essas chamadas que Deus nos dirige através dos que nos cercam. Não podemos viver de costas para a multidão, encerrados no nosso pequeno mundo. Não foi assim que Jesus viveu. Os Evangelhos falam-nos muitas vezes da sua misericórdia, da sua capacidade de participar da dor e das necessidades dos outros”[12].

Um primeiro movimento das obras de misericórdia corporais é a solidariedade com todos os que sofrem, ainda que não os conheçamos: “Não somente nos preocupamos com os problemas de cada um, mas nos solidarizamos plenamente com os outros cidadãos nas calamidades e desgraças públicas, que nos afetam do mesmo modo”[13]. À primeira vista, poderia parecer que esta atitude é um sentimento louvável, mas inútil. E, no entanto, esta solidariedade é o húmus no que pode crescer com força a misericórdia. Do latim solidum, solidariedade denota a convicção de pertencer a um todo, de modo que percebemos como próprias as vicissitudes dos outros. Ainda que o termo tem já sentido em um nível meramente humano, para um cristão adquire toda a sua força. “Já não vos pertenceis”, diz São Paulo aos Coríntios (1 Cor 6,19). A afirmação poderia inquietar ao homem contemporâneo, como uma ameaça à sua autonomia. E, no entanto, o que nos diz é simplesmente, em expressão frequente entre os últimos pontífices, que a humanidade, e em particular a Igreja, é uma “grande família”[14].

“Mantende o amor fraterno... Lembrai-vos dos encarcerados, como se estivésseis na prisão com eles, e dos que sofrem, pois também vós viveis em um corpo” (Hb 13,1-3). Ainda que não seja possível estar a par das moléstias de cada homem, nem remediar materialmente todos esses problemas, um cristão não se desinteressa deles, porque ama-os com o coração de Deus: Ele “é maior que nosso coração e conhece tudo” (1 Jo 3,20).

Quando na Santa Missa pedimos ao Pai que “alimentando-nos com o Corpo e Sangue do vosso Filho sejamos repletos do Espírito Santo e nos tornemos em Cristo um só corpo e um só espírito”[15], olhamos a plenitude do que já é uma realidade que cresce silenciosamente, “como um bosque, onde as boas árvores trazem solidariedade, comunhão, confiança, apoio, segurança, sobriedade feliz, amizade”<[16].

A solidariedade, falando em termos cristãos, se concretiza, em primeiro lugar, na oração pelos que sofrem, ainda que não os conheçamos.

A solidariedade, falando em termos cristãos, se concretiza, em primeiro lugar, na oração pelos que sofrem, ainda que não os conheçamos. Na maior parte das vezes não veremos os frutos dessa oração, feita também de trabalho e sacrifício, mas estamos convencidos de que “tudo isso dá voltas pelo mundo como uma força de vida”[17]. Por isso mesmo, o missal romano oferece um grande número de missas por várias necessidades, relacionadas ao objeto de todas as obras de misericórdia. A oração dos fiéis, no final da liturgia da Palavra, desperta também em nós “o desvelo por todas as igrejas” e por todos os homens, de modo que possamos chegar a dizer com São Paulo: “Quem desfalece sem que eu desfaleça? Quem tem um tropeço sem que eu me abrase de dor?” (2 Cor 12,28-29).

A solidariedade também se desdobra em “simples gestos cotidianos, em que quebramos a lógica da violência, do aproveitamento, do egoísmo”, perante o “mundo do consumo exacerbado”, que é, ao mesmo tempo, “o mundo dos maus tratos da vida em todas as suas formas”[18]. Antigamente, era costume em muitas famílias beijar o pão quando caía no chão. Reconhecia-se assim o trabalho que supunha obter o alimento, e agradecia-se a possibilidade de ter algo para se colocar na boca. “Dar de comer ao faminto” pode ser concretizado em comer o que nos servem, em evitar caprichos desnecessários, em aproveitar com criatividade as sobras de comida. “Dar de beber ao sedento” talvez nos levará a evitar o desperdício desnecessário de água que, em tantos lugares é um bem bastante escasso[19]. “Vestir o que está nu” se concretizará também em cuidar a roupa, herdá-la de uns irmãos a outros, não querer andar na última moda, etc. Dessas pequenas –ou não tão pequenas – renúncias poderão sair esmolas para dar alegrias aos mais necessitados, como ensinava São Josemaria aos rapazes de São Rafael ou também donativos para ir ao encontro de emergências humanitárias. Faz alguns meses, o Papa nos dizia a propósito disso que, “se o jubileu não atinge o bolso, não é um verdadeiro jubileu”[20].

Hospitalidade: não abandonar o fraco

Os pais, em primeiro lugar, com seu exemplo, podem fazer muito para “ensinar seus filhos a viver dessa forma” (...). “Ensiná-los a superar o egoísmo e a empregar parte do seu tempo com generosidade a serviço dos menos afortunados, participando em tarefas adequadas para sua idade, nas que se manifeste um afã de solidariedade humana e divina[21] . Como a caridade é ordenada – porque seria falsa a daquela pessoa que se empenhasse por ajudar os que vivem longe e ignorasse os que a rodeiam–, essa superação do egoísmo começa no próprio lar. Todos, da criança ao ancião, temos que aprender a levantar o olhar para descobrir as pequenas indigências cotidianas de quem vive conosco. Particularmente, é necessário acompanhar aos familiares e amigos que sofrem doenças, sem considerar suas moléstias como uma distorção para a que é necessário encontrar soluções meramente técnicas. “Não me rejeites na minha velhice; não me abandones quando se vão as minhas forças … ” (Sal 71,9). É o clamor do idoso, que teme o esquecimento e o desprezo[22]. Muitos são os avanços da ciência que permitem melhorar as condições dos doentes, mas nenhum deles pode substituir a aproximação humana de quem, em lugar de ver neles um peso, reconhece “Cristo que passa”, Cristo que precisa que cuidemos d'Ele. “Os doentes são Ele”[23]escreveu São Josemaria, em expressão audaz que reflete a chamada exigente do Senhor: “em verdade vos digo… a mim o fizestes (Mt 25,40).

“Quando te vimos doente ou na prisão e te visitamos?”. Algumas vezes pode custar enxergar Deus atrás da pessoa que sofre, porque ela está de mau humor ou chateada, ou por ser exigente ou egoísta. Mas a pessoa doente, precisamente pela sua fraqueza, faz-se ainda mais merecedora desse amor. Um resplendor divino ilumina as feições do homem doente, que se parece com Cristo crucificado tão desfigurado que “não há nele parecer nem formosura que atraia os olhares, nem beleza que agrade” (Is 53,2).

O atendimento aos doentes requer boa dose de paciência e de generosidade com o nosso tempo, especialmente quando se tratam de doenças que se prolongam com o tempo.

O atendimento aos doentes requer boa dose de paciência e de generosidade com o nosso tempo, especialmente quando se tratam de doenças que se prolongam com o tempo. O Bom Samaritano, “da mesma forma, tinha os seus compromissos e coisas que fazer[24].Mas quem, como ele, faz desse atendimento uma tarefa necessária, sem se refugiar na frieza de soluções que, no fim das contas, nada mais são que descartar a quem já humanamente mal pode contribuir, o Senhor lhes diz: “se compreendeis isto e o fazeis, sereis bem-aventurados” (Jo 13,17).Deus reserva uma acolhida cheia de ternura a quem soube cuidar dos fracos: “vinde, benditos de meu Pai” (Mt 25,34).

“A grandeza da humanidade – escreveu Bento XVI – determinase essencialmente na relação com o sofrimento e com quem sofre. Isso vale tanto para o indivíduo como para a sociedade. Uma sociedade que não consegue aceitar os que sofrem e não é capaz de contribuir, mediante a compaixão, para fazer com que o sofrimento seja compartilhado e assumido mesmo interiormente é uma sociedade cruel e desumana[25]. Por isso, os doentes nos devolvem a humanidade que é atropelada pelo ritmo agitado do mundo: lembram-nos que as pessoas são mais importantes que as coisas, o ser é mais importante que a função. Algumas pessoas, porque Deus as levou por esse caminho ou porque o escolheram para si, acabam dedicando uma parte importante de seus dias a cuidar de quem sofre, sem esperar que ninguém reconheça sua tarefa. Ainda que não figurem nos roteiros turísticos, são parte de um autêntico patrimônio da humanidade, porque ensinam a todos que estamos no mundo para cuidar[26]: esse é o sentido perene da hospitalidade e da acolhida.

Raramente teremos que enterrar um defunto, mas podemos acompanhá-lo e a seus familiares em seus últimos momentos. Por isso, a participação em um velório ou enterro é sempre algo mais que uma regra social. Se aprofundamos nesses gestos, veremos que demonstram o espírito de uma genuína humanidade, que se abre à eternidade. “Também nesse caso a misericórdia dá a paz a quem parte e a quem fica. Faz-nos sentir que Deus é maior que a morte e que, se permanecemos n'Ele, inclusive a última separação será um “até breve”[27].

Criatividade: trabalhar com o que temos

Famílias que emigram fugindo da guerra, pessoas desempregadas, “prisioneiros das novas escravidões da sociedade moderna”[28] como a dependência química, o hedonismo, o vício do jogo... São muitas as necessidades materiais que podemos detectar à nossa volta. Podemos pensar que não sabemos por onde ou como começar. E, no entanto, a experiência demonstra que muitas pequenas iniciativas, dirigidas a resolver alguma carência de nosso ambiente mais próximo, iniciadas com o que se tem, e com quem se possa – a maior parte das vezes com mais bom humor e criatividade do que tempo, recursos econômicos ou facilidades oferecidas pelas organizações públicas –, acabam fazendo muito bem porque a gratuidade gera um agradecimento que é motor para novas iniciativas: a misericórdia encontra misericórdia[29], contagia. Cumpre-se a parábola evangélica do grão de mostarda: “É esta a menor de todas as sementes, mas, quando cresce, torna-se um arbusto maior que todas as hortaliças, de sorte que os pássaros vêm aninhar-se em seus ramos (Mt 13,32).

As necessidades de cada lugar e as possibilidades de cada um são muito variadas. O melhor é apostar em algo que esteja ao alcance da mão, e pôr-se a trabalhar. Muitas vezes, com menos tempo do que pensaríamos, veremos que se abrem portas que pareciam definitivamente fechadas. E então, chega-se aos encarcerados, aos prisioneiros de tantos vícios, que se encontram abandonados como em um esgoto de um mundo que os descartou quando se quebraram.

Algumas pessoas, por exemplo, podem estar sobrecarregadas de trabalho e, embora pensem que não têm tempo para estas atividades, descobrem como redirecionar parte de seus esforços para instituições que ocupem outros e os arranquem do buraco de quem está na vida sem rumo. Sinergias aparecem: alguém ocupa pouco tempo mas utiliza sua capacidade de gestão, suas relações... outro, com menos capacidade de organizar, colabora com horas de trabalho. Para os aposentados, por exemplo, abre-se o panorama de uma segunda juventude, em que podem transmitir muito de sua experiência da vida: “independentemente de seu grau de instrução ou de riqueza, todas as pessoas têm algo com o que contribuir na construção de uma civilização mais justa e fraterna. De modo concreto, creio que todos podem aprender muito do exemplo de generosidade e de solidariedade das pessoas mais simples; essa sabedoria generosa que sabe colocar mais “água no feijão” de que nosso mundo está tão necessitado”[30].

* * *

Evocando seus primeiros anos de sacerdote em Madri, nosso Padre lembrava como se dirigia àqueles bairros extremos “para enxugar lágrimas, ajudar aos que necessitavam ajuda, a tratar com carinho as crianças, os velhos e os doentes; e recebia muita correspondência de afeto..., e alguma ou outra pedrada”[31]. E pensava nas iniciativas que hoje, junto a tantas outras promovidas pelos cristãos e por outras pessoas, são uma realidade em muitos lugares do mundo; e que têm que seguir crescendo “quasi fluvium pacis, como um rio de paz”[32]: “Hoje para mim isto é um sonho, um sonho bendito, que vivo em tantos bairros extremos de cidades grandes, onde cuidamos das pessoas com carinho, olhando-as nos olhos, de frente, porque todos somos iguais”[33].

Carlos Ayxelá


[1] Cfr. Gn 3,7; Sb 7,1.

[2]Francisco, Homilia em Santa Marta, 12-XI-2013.

[3]Conc. Vat. II, Const. past. Gaudium et spes (7-XII-1965), 22.

[4]Cfr. 1 Jo 3,1.

[5]Francisco, Bula Misericordiae vultus (11-IV-2015), 9.

[6]São Josemaria, É Cristo que passa, 98.

[7]Cfr. Mt 25,36.44

[8]Conc. Vat. II, Gaudium et spes, 22.

[9]Francisco, Ex. Ap. Evangelii gaudium (24-XI-2013), 6; Cfr. São João Paulo II, Enc. Redemptor hominis (4-III-1979),9.

[10]Cfr. Mt 25,35-36.

[11]Francisco, Angelus, 13-III-2016

[12]É Cristo que passa, 146.

[13]Carta 14-II-1950, 20; citado por Burkhart, E.; López, J., Vida cotidiana y santidade em la enseñanza de San Josemaria, II, Rialp, Madrid 2011, pg. 314.

[14]Cfr., por exemplo, Bv. Paulo VI, Mensagem à Assembleia Geral das Nações Unidas, 24-V-1978; S. João Paulo II, Enc. Dives in mesericordia (30-XI-1980) 4, 12; Bento XVI, Mensagem para a XLI Jornada Mundial da Paz, 8-XII-2007.

[15]Missal Romano, Oração Eucarística III.

[16]Francisco, Discurso, 28-XI-2014.

[17]Francisco, Evangelii gaudium, 279.

[18]Francisco, Enc. Laudato si’(24-V-2015), 230.

[19]Cfr. Ibidem, 27-31.

[20]Francisco, Audiência, 10-II-2016.

[21]Questões Atuais do Cristianismo, 111.

[22]Francisco, Ex. Ap. Amoris laetitia (19-III-2016), 191.

[23] São Josemaria, Caminho, 419.

[24] Francisco, Audiência, 27-IV-2016.

[25]Bento XVI, Enc. Spe Salvi (30-XI-2007), 38.

[26]Cfr. Francisco, Evangelii gaudium, 209

[27]Francisco, Audiência, 10-IX-2014.

[28] Francisco, Misericordiae vultus, 16.

[29]Cfr. Mt. 5,7.

[30]Francisco, Mensagem por vídeo, 1-I-2015.

[31]São Josemaria, anotações de uma reunião de família, 1-X-1967 (Citado em S. Bernal, Perfil do Fundador do Opus Dei; Quadrante, São Paulo, 1980).

[32]Is 66,12 (Vulg)

[33]São Josemaria, anotações de uma reunião de família, 1-X-1967.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/a-mim-o-fizestes-as-obras-de-misericordia-corporais/

Papa Francisco: Deus não se nega a ninguém nem se esquece de ninguém

Epifania (Vatican News)

Na sua homilia em São Pedro, na Solenidade da Epifania, Francisco destacou que a estrela nos fala do sonho de Deus: “que toda a humanidade, na riqueza das suas diferenças, chegue a formar uma só família e viva unida na prosperidade e na paz”.

Silvonei José – Vatican News

“‘Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo’: é este o testemunho que os Magos dão aos habitantes de Jerusalém, anunciando-lhes que nasceu o rei dos Judeus”: assim iniciou a sua homilia o Papa Francisco na Santa Missa na Solenidade da Epifania do Senhor celebrada na Basílica de São Pedro, no Vaticano, neste dia 6 de janeiro. Em muitas Igrejas locais – como no Brasil – a Solenidade foi celebrada neste domingo (05/01).

Francisco destacou nas suas palavras que os Magos testemunham que se puseram a caminho e realizaram uma mudança nas suas vidas, porque viram uma nova luz no céu. Enquanto celebramos a Epifania do Senhor no Jubileu da Esperança – disse o Santo Padre -, podemos deter-nos a refletir sobre esta imagem. Então destacou três caraterísticas da estrela de que nos fala o evangelista Lucas: é brilhantevisível para todos e indica um caminho.

Papa Francisco (Vatican Media)

Antes de mais, a estrela é brilhante. No tempo de Jesus, muitos governantes faziam-se chamar “estrelas” porque se sentiam importantes, poderosos e famosos. Não foi, porém, a sua luz – a de nenhum deles! – que revelou aos Magos o milagre do Natal.

Fê-lo um outro tipo de luz, simbolizada pela estrela, que ilumina e aquece, queimando e deixando-se consumir. A estrela fala-nos da única luz que pode indicar a todos o caminho da salvação e da felicidade: a do amor.

“Antes de mais, o amor de Deus, que se fez homem e se entregou a nós, sacrificando a sua vida. Depois, por repercussão, aquele [amor] com que também nós somos chamados a gastar-nos uns pelos outros, tornando-nos, com a sua ajuda, um sinal recíproco de esperança, mesmo nas noites escuras da vida”.

Como a estrela guiou, com o seu brilho, os Magos até Belém, assim também nós, com o nosso amor - enfatizou o Papa - podemos levar a Jesus as pessoas que encontramos, fazendo-as conhecer, no Filho de Deus feito homem, a beleza do rosto do Pai e o seu modo de amar, feito de proximidade, compaixão e ternura.

Solenidade da Epifania (Vatican Media)

A caraterística da estrela: ela é visível para todos. Os Magos não seguem as indicações de um código secreto, mas uma estrela que veem resplandecer no firmamento. Eles reparam nela; outros, como Herodes e os escribas, nem sequer se apercebem da sua presença. Porém, a estrela está sempre lá, acessível a quem levante o olhar para o céu, em busca de um sinal de esperança.

“Também esta é uma mensagem importante: Deus não Se revela em círculos restritos ou a uns poucos privilegiados, mas oferece a sua companhia e orientação a quem O procure de coração sincero. Aliás, muitas vezes Ele antecipa as nossas demandas, vindo procurar-nos ainda antes de nós Lhe pedirmos".

O Santo Padre então sublinhou que a estrela, que a todos no céu oferece a sua luz, recorda-nos que Deus, fazendo-se homem, vem ao mundo para encontrar todo o homem e mulher da terra, independentemente da etnia, língua ou povo a que pertença, e que nos confia a mesma missão universal.

“Isto é, chama-nos a banir todas as formas de discriminação, marginalização e descarte das pessoas, e a promover, em nós mesmos e nos ambientes em que vivemos, uma forte cultura do acolhimento, na qual às fechaduras do medo e da rejeição se prefiram espaços abertos de encontro, integração e partilha; lugares seguros onde todos possam encontrar aconchego e abrigo”.

É por isso que a estrela está no céu: não para permanecer distante e inacessível, antes pelo contrário, para que a sua luz seja visível a todos, para que chegue a todas as casas e ultrapasse qualquer barreira, levando a esperança aos cantos mais remotos e esquecidos do planeta.

Está no Céu para dizer a todos, com a sua luz generosa, que Deus não se nega a ninguém nem se esquece de ninguém.

Papa Francisco (Vatican Media)

Francisco destacou em seguida que a estrela nos fala do sonho de Deus: “que toda a humanidade, na riqueza das suas diferenças, chegue a formar uma só família e viva unida na prosperidade e na paz”.

E isto leva-nos à última caraterística da estrela: a de indicar um caminho. Também esta é uma importante pista de reflexão, especialmente no contexto do Ano Santo que estamos a celebrar, no qual um dos gestos distintivos é a peregrinação.

"A luz da estrela convida-nos a realizar um caminho interior que, como escreveu São João Paulo II para o Grande Jubileu do Ano 2000, liberta o nosso coração de tudo o que não é caridade, para “termos a possibilidade de nos encontrarmos plenamente com Cristo, confessando a nossa fé n’Ele e recebendo a abundância da sua misericórdia”.

Só assim, convertidos e perdoados, poderemos anunciar a todos, com entusiasmo missionário, “a proximidade do Reino de Deus”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Carlo de Sezze

São Carlo de Sezze (A12)
06 de janeiro
Localização: Itália (Lázio)
São Carlo de Sezze

Giancarlo Marchioni nasceu em Sezze Romano, região de Lázio, Itália, em outubro de 1613. Sua avó materna lhe ensinou práticas devotas e outros valores religiosos na infância. Algumas fontes indicam que seus pais eram ricos, outros que eram pobres, mas de toda a forma moravam no campo, e ele trabalhava na fazenda. Seus familiares tinham outros planos para Carlo, pois queriam que ele estudasse e fizesse carreira.

Conta-se que pássaros espantaram os bois que ele dirigia no arado, e o gado precipitou-se contra ele, havendo grave risco de morte. Percebendo que iria perecer, Carlo fez uma promessa a Deus: se fosse salvo, tornar-se-ia religioso. Poupado milagrosamente, fez-se frade franciscano menor em 1635, aos 22 anos, no convento de San Francesco em Nazzano, assumindo o nome de Carlo.

Apesar da insistência familiar, não quis ser ordenado sacerdote. Viveu em vários conventos, servindo como hortelão, cozinheiro jardineiro, carregador, sacristão, porteiro; socorrendo doentes e moribundos em suas casas. Atuou também como esmoler, isto é, pedia esmolas como um mendigo, "pelo amor de Cristo"; aproveitava estas ocasiões para evangelizar.

Contudo, a graça de Deus deu a Carlo o dom de ouvir e aconselhar as pessoas. A ele, encarregado dos serviços mais humildes, padres, leigos, religiosos e religiosas procuravam para orientação. Com muita frequência era enviado para outras cidades para aconselhar bispos e cardeais. O Papa Clemente IX diretamente lhe pediu para verificar a fama de pureza de uma madre na cidade de Perúgia. Ele também era muito estimado em toda a região do Lácio, e famílias nobres dali, e depois de Roma, o elogiavam e buscavam seu conselho, assim como os Papas Inocêncio X, Clemente IX e Alexandre VII.

Muitas pessoas lhe pediam que redigisse indicações de como orar melhor e crescer em santidade, e ele publicou um folhetim que lhe causou diversas dificuldades, pelo que quase foi expulso da comunidade.

Por fim os superiores se convenceram da sua sinceridade e pureza e lhe permitiram continuar escrevendo; sua autobiografia originou o livro “As Grandezas das Misericórdias de Deus”. Apesar da pouca instrução, escrevia profundas páginas espirituais, com gramática fraca porém suficiente. Como “escritor sem letras”, como se chamava, publicou várias obras, por exemplo “As três vias”, “Os discursos sobre a vida de Jesus”, “A conversa de Jesus Cristo sobre a Vida”.

Em outubro de 1648, enquanto orava na igreja de San Giuseppe a Capo le Case, o seu coração foi traspassado por um dardo de luz vindo da Sagrada Hóstia, marcando-o com uma chaga. Deus concedeu-lhe outros dons extraordináriosvisões (do Papa Victor e Santa Teresa de Ávila) e revelações (as eleições papais de Inocêncio X e Alexandre VII Clemente IX, por exemplo), conhecimento das verdades teológicas e ascéticas, e um amor ardente.

Em 22 de agosto de 1664, doente, foi levado para San Francesco a Ripa para se recuperar. Aí passou seus últimos anos. O Papa Clemente IX o chamou no seu próprio leito de morte, pedindo-lhe a bênção, não muito antes de os dois morrerem. Faleceu em 6 de janeiro de 1670, no Convento de São Francisco em Roma. Descobriu-se então no seu peito uma marca, considerada sobrenatural por uma comissão médica: tratava-se do "raio de luz" que o havia atingido em 1648, durante êxtase profundo com Deus.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A vida de São Carlo é um daqueles ótimos exemplos de como Deus favorece de muitas formas os humildes de coração, que podem ser ricos ou pobres materialmente, mas que se destacam particularmente quando também são pobres de bens terrenos. Imitando São Francisco (que igualmente nem sacerdote foi), Carlo buscou apenas amar a Deus e serví-Lo nas coisas mais simples e escondidas, valorizando a oração, a Eucaristia, a Virgem Maria. A pureza das suas intenções o levou a receber alta sabedoria, e de um homem pouco instruído Deus fez um escritor profundo, um conselheiro do clero, dos nobres, do povo, e um místico marcado com Sua chaga.

Oração:

Senhor Deus Todo-Poderoso, por Vossa infinita misericórdia e pela intercessão de São Carlo de Sezze, dai-nos a graças da verdadeira e salvadora humildade, para que nunca nos esqueçamos de que para Vos seguir basta, e só importa, o amor de caridade que serve ao próximo, em qualquer atividade e circunstância. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora, que só fizeram servir a Vós e a nós. Amém.

Fonte: 
https://www.a12.com/

domingo, 5 de janeiro de 2025

“Crês isto?” (Jo 11,26)

"Crês isto" (revista Cidade Nova)

“Crês isto?” (Jo 11,26) | Palavra de Vida Janeiro 2025

por Organizado por Silvano Malini com a comissão da Palavra de Vida.   publicado às 00:00 de 18/12/2024, modificado às 16:15 de 18/12/2024

Jesus está chegando a Betânia, onde Lázaro se encontra morto há quatro dias. Ao saber da notícia, Marta corre esperançosa ao seu encontro. Jesus amava Marta, Maria e Lázaro, como salienta o Evangelho (1). Mesmo na dor, Marta manifesta ao Senhor a sua confiança Nele. Tinha a certeza de que, se Ele tivesse estado presente antes da morte do irmão, Lázaro ainda estaria vivo. Mas também confia que, mesmo agora, Deus atenderá qualquer pedido que Ele fizer. “Teu irmão vai ressuscitar” (Jo 11,23), afirma então Jesus.

“Crês isto?” 

Jesus esclarece que está falando do retorno de Lázaro à vida física, aqui e agora, e não apenas da vida após a morte, destino de todo aquele que crê. Depois, pede que Marta afirme sua adesão à fé, não só para que Ele realize um dos seus milagres – que o evangelista João define como “sinais” –, mas para dar uma vida nova e a ressurreição tanto a ela, como a todos os que acreditam. “Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11,25), afirma Jesus. E a fé que lhe pede é uma relação pessoal com Ele, uma adesão ativa e dinâmica. Crer não é como aceitar um contrato que se assina uma vez e depois não se olha mais, mas é um fato que transforma e permeia a vida de cada dia.

“Crês isto?” 

Jesus convida a viver uma vida nova aqui e agora. Ele nos chama a experimentá-la todos os dias, sabendo que, conforme redescobrimos no Natal, foi Ele mesmo que nos trouxe essa vida nova, tomando a iniciativa de nos procurar e de vir para estar entre nós.

Como responder à pergunta que Ele faz? Olhemos para Marta, a irmã de Lázaro.

No diálogo com Jesus, brota uma profissão de fé completa Nele. O texto grego original expressa isso com força ainda maior. A declaração de Marta “eu creio” significa, com todas as consequências, “atingi a fé”, “creio firmemente” que “tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que vem ao mundo (2)”. É uma convicção amadurecida ao longo do tempo, comprovada nas diversas circunstâncias que ela enfrentou na vida. 

O Senhor dirige a sua pergunta também a mim. Pede também a mim que tenha uma confiança generosa Nele e que adote o seu estilo de vida, fundamentado no amor generoso e concreto para com todos. A perseverança amadurecerá a minha fé, que se fortalecerá ao constatar dia após dia como são verdadeiras as palavras de Jesus colocadas em prática. E esses frutos não deixarão de se manifestar nas minhas atitudes diárias para com todos. Enquanto isso, podemos adotar como nosso o pedido que os apóstolos fizeram a Jesus: “Aumenta a nossa fé” (Lc 17,5).

“Crês isto?” 

“Uma das minhas filhas perdeu o emprego juntamente com todos os seus colegas, porque o governo extinguiu o órgão público para o qual trabalhavam”, diz Patrícia, de um país sul-americano. “Como forma de protesto, organizaram um acampamento em frente à sede da entidade. Eu procurava apoiá-los, participando de algumas das suas atividades, levando-lhes comida ou simplesmente ficando ali para conversar com eles.

Na Quinta-feira Santa, um grupo de sacerdotes que os acompanhava decidiu celebrar uma cerimônia, em que também foram oferecidos espaços de diálogo. Foi lido o Evangelho e se fez o gesto do lava-pés, em memória daquilo que Jesus tinha feito. A maioria dos presentes não adotava uma vida religiosa. Contudo, foi um momento de profunda união, de fraternidade e de esperança. Eles se sentiram abraçados e, com emoção, agradeciam aos sacerdotes que os acompanhavam na incerteza e no sofrimento.” 

A palavra de Jesus “Crês isto?” foi escolhida como guia para a “Semana de Oração pela Unidade Cristã de 2025 (3)”, mas serve para todos os tempos e lugares. Rezemos, então, e trabalhemos para que a nossa fé comum seja o que nos move na busca da fraternidade com todos: é a proposta e o desejo de Deus para a humanidade, mas exige a nossa adesão. A oração e a ação serão eficazes se brotarem dessa confiança em Deus e da nossa vivência coerente com essa fé.

Organizado por Silvano Malini com a comissão da Palavra de Vida.

_________________

Notas:

1) Jo 11,5. 

2) Cf. Jo 11,27. 

3) No hemisfério Norte, a Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC) é celebrada todos os anos do dia 18 ao dia 25 de janeiro, festa da conversão de são Paulo. No hemisfério Sul é celebrada entre o domingo em que se festeja a Ascensão e o domingo de Pentecostes (em 2025 será de 1º a 8 de junho). 

Fonte: https://www.cidadenova.org.br/editorial/inspira/4046-cres_isto_jo_11_26_palavra_de_vida_janei

Quem eram os Reis Magos e por que se chamam Melchior, Gaspar e Baltazar

Adoração dos Reis Magos. | Pintura de Luca Giordano

Por Redação central

5 de janeiro de 2025

A Igreja celebra em 6 de janeiro a solenidade da Epifania do Senhor, quando se recorda a adoração dos Reis Magos ao Menino Jesus em Belém. No Brasil, esta celebração é transferida para o domingo mais próximo, neste ano, hoje (5).

Mas, será que Reis Magos eram reis ou magos e seus nomes eram mesmo Melchior, Gaspar e Baltazar? Um sacerdote e teólogo fala sobre estas questões.

Padre Miguel Fuentes, do Instituto do Verbo Encarnado (IVE), afirma no site "El Teólogo Responde" que "o termo 'magos' (magoi) que aparece em Mt 2,1 se refere àqueles que eram denominados ‘sábios’ na antiguidade".

"Neste caso, foram homens sábios que vieram do 'Oriente' (Mt 2,1), que pode ser uma referência a Arábia, Mesopotâmia ou algum outro território mais a leste da Palestina".

Padre Fuentes afirma que "o fato de terem sido guiados por uma estrela (Mt 2,2) sugere que eles eram instruídos em astrologia ou em ciência da navegação e cálculo do tempo por meio das configurações estelares".

"Além de uma tribo de Média chamada assim, os magos aparecem, em sua primeira época, como uma casta sacerdotal de Média e da Pérsia. Eles se dedicaram ao estudo da sabedoria. Estrabão diz que eles eram ‘zelosos observadores da justiça e da virtude’. E Cícero diz que eles são ‘a classe de sábios e doutores na Pérsia’”.

Padre Fuentes assinala que foi o escritor e teólogo Orígenes, do século III, "quem disse pela primeira vez que foram três magos em virtude dos três presentes oferecidos ao Menino".

O sacerdote afirma ainda que, "antes do século VI, nenhum autor afirmava expressamente que eles eram reis, com exceção de Tertuliano, que sugeriu que eles eram ‘quase reis’".

"Isto se tornou popular por interpretar assim a referência ao Salmo 72,10 (os reis da terra se prosternarão e lhe oferecerão os seus dons) que parece estar implícita no relato de são Mateus".

"A arte já os apresenta como reis desde o século VIII, enquanto nas pinturas das catacumbas de santa Priscila, do início do século II-IV, são representados apenas como nobres persas", afirma.

No entanto, diz, "o Novo Testamento não fala sobre o número nem sobre a sua suposta realeza".

A partir do século VIII, continua padre Fuentes, os Reis Magos "receberam nomes, com algumas variações (os primeiros foram Bithisarea, Melchior e Gathaspa)".

"Os nomes atuais de Gaspar, Melchior e Baltazar, foi-lhes atribuído no século IX pelo historiador Agnello, em sua obra 'Pontificalis Ecclesiae Ravennatis'".

"Na Idade Média, eles foram até mesmo venerados como santos", diz.

"A cena dos magos adorando o Menino Jesus se tornou o tema favorito na arte dos baixos-relevos, miniaturas e vitrais", conclui.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Por que o Santo Nome de Jesus é celebrado em 3 de janeiro?

Stig Alenas | Shutterstock

Philip Kosloski - publicado em 03/01/23 - atualizado em 20/12/24

A festa do Santo Nome de Jesus, celebrada durante a época do Natal, está ligada ao evento bíblico da sua circuncisão. Descubra por quê!

Durante a época do Natal, o Rito Romano celebra a memória facultativa do Santo Nome de Jesus em 3 de janeiro, aproximadamente uma semana depois do Natal, pois relembra a circuncisão de Jesus.

No Evangelho de São Lucas, Ele recebe o seu nome no momento da circuncisão, oito dias após seu nascimento.

"Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, como lhe tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno".

São Lucas, 2,21

O rito estava de acordo com o costume judaico e foi seguido por Maria e José, os pais de Jesus.

Historicamente, o Rito Romano já celebrou uma variedade de festas para rememorar esta ocasião. Antes de 1962, por exemplo, era celebrada em 1º de janeiro a festa da circuncisão de Jesus. Além disso, já houve uma festa separadamente dedicada ao Santo Nome de Jesus, também celebrada em algumas datas diferentes ao longo do tempo.

Durante o século XIX, o Santo Nome de Jesus era celebrado no segundo domingo após a Epifania, e, no início do século XX, foi transferido para o domingo entre 2 e 5 de janeiro. Em 1962, a festa foi estabelecida em 2 de janeiro e, após o Vaticano II, desapareceu do calendário romano, sendo restabelecida em 3 de janeiro de 2002. Na época, 3 de janeiro era a data mais próxima de 1º de janeiro que não possuía memória obrigatória.

A festa do Santo Nome de Jesus, em suma, é uma bela celebração que recorda o poder do nome do Filho de Deus, bem como o evento bíblico da sua circuncisão.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Solenidade da Epifania do Senhor

Epifania do Senhor (Vatican News)

Os magos, representando aqueles que não receberam a Revelação, como a receberam os judeus, usaram suas inteligências, cultura, todos os recursos que possuíam e intuíram o nascimento do Messias através do surgimento de uma estrela com um brilho extraordinário, a estrela guia.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

Celebramos, nesta festa, a abertura do Reino de Deus para todos os povos, para todos aqueles que possuem sentimentos de paz, que buscam fazer o bem e evitar o mal. Deus acolhe em sua casa todos os homens de boa vontade. É o redimensionamento da História da Salvação, ou melhor, é a plenificação de seus objetivos.

No presépio eram os pastores judeus a adorarem o Menino Jesus, a verem cumpridas as profecias da vinda do Messias, agora, representando toda a Humanidade, temos os Magos adorando o Redentor de todos os homens.

A festa da Epifania mostra a saída dos judeus do protagonismo da Economia da Salvação e tomada de posse do novo povo de Deus, ou seja, de todos aqueles que aceitam o Menino Deus, o Príncipe da Paz, como o Cristo Redentor!

Na primeira leitura, extraída do Livro de Isaías, temos o anúncio da manifestação a glória do Senhor sobre Jerusalém e a consequente vinda para ela dos outros povos, para também serem iluminados pela luz divina.

Como segunda leitura, temos um trecho da Carta de Paulo aos Efésios. Lá ele nos diz que essa glória que ilumina Jerusalém e atrai para ela os demais povos, é Jesus Cristo. Através dele todos os povos “são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa”.

Já no Evangelho, São Mateus clarifica, com a vinda dos Magos, a atração dos povos pela luz que ilumina Jerusalém. E ela os conduz à casa da luz, à casa onde habita a Luz do Mundo, Jesus Cristo.

Paradoxalmente, São Mateus fala que os doutores da Lei, aqueles que deveriam possibilitar a Luz iluminar, não querem ser incomodados pela luz e preferem permanecer na escuridão.

Ao contrário, os magos, representando aqueles que não receberam a Revelação, como a receberam os judeus, usaram suas inteligências, cultura, todos os recursos que possuíam e intuíram o nascimento do Messias através do surgimento de uma estrela com um brilho extraordinário, a estrela guia. Por isso passaram a fazer parte do novo Povo de Deus, aceitando os ditames do Menino Deus, da aliança feita por ele através do derramamento de seu sangue, e vivendo o amor, o perdão, a simplicidade de vida, a generosidade, entre outros valores.

Nas festas de Natal demonstramos nosso poder aquisitivo na compra de presentes e no preparo de uma ceia faustosa, contudo a comida já foi para um lugar escuso e os presentes começaram a perder o seu valor e poderão ir parar nas mãos de quem não amamos. O tempo corrói! Mas as esmolas que demos, as visitas que fizemos, os moradores de rua que levamos para cear conosco, o tempo gasto com pessoas marginalizadas pela sociedade e também o tempo dedicado à oração foram contabilizados na economia da salvação, se transformaram em bens de eternidade, de acordo com os valores do grande rei, o menino que nasceu no presépio e morreu na cruz, após lavar os pés de seus discípulos.

Como foi o nosso Natal? Como encaramos as exigências da revelação? Se temos dificuldades, peçamos a intercessão da Virgem Maria e de São José para mudarmos o nosso modo de pensar e de agir. Sabemos que o velho e viciado modo de pensar e de agir fala mais alto na hora das decisões. A salvação não virá dos poderosos, nem do dinheiro, nem da sociedade consumista. Será de um coração despojado, fraterno, pobre, que confia em Deus e nele tem sua única riqueza que o Senhor se servirá para fazer o bem.

Como os Magos, desviemos nossa caminhada daquelas pessoas ou situações que nos afastam de Deus, que optam pelo Mal, que preferem o acomodamento à prática do bem.

A Igreja tem a missão de ser farol porque nela está a Luz Verdadeira. Como batizado faço parte da Igreja e a vela acesa que recebi logo após ter sido lavado no sangue de Jesus, me leva a manifestar a misericórdia de Deus a todos o homens, façam já parte da Igreja, ou ainda não.

Tenhamos a coragem de romper com os vícios do passado e vivamos a autenticidade do Evangelho.  Permitamos que o Senhor faça sua Epifania através de nós, como a fez através de Teresa de Calcutá e de tantos homens e mulheres de todos os tempos. É preciso coragem! Coragem! Ele venceu o mundo!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Dom Paulo Cezar publica Decreto sobre Igrejas Jubilares para o Ano Santo de 2025

Ano Santo de 2025 (Arqbrasilia)

Nesta sexta-feira, 03 de janeiro, o Cardeal Arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa, publicou um decreto oficializando as Igrejas Jubilares na Arquidiocese de Brasília, no contexto do Jubileu Ordinário de 2025, conforme a bula Spes non confundit proclamada pelo Papa Francisco.

03 de janeiro de 2025

O documento marca o início das preparações para o Ano Santo, com o objetivo de renovar a esperança cristã e promover um encontro pessoal com o Senhor.

As Igrejas designadas como Jubilares são a Catedral Metropolitana de Brasília Nossa Senhora Aparecida e a Basílica Menor de São Francisco de Assis. Estas serão os principais destinos de peregrinação para os fiéis da Arquidiocese e oferecem a oportunidade de obter indulgências plenárias, um dos grandes benefícios espirituais deste evento.

O decreto destaca a importância de preparar espiritualmente os fiéis para o Ano Santo. De acordo com o Artigo 2º, as paróquias deverão organizar celebrações e catequeses especiais baseadas na mensagem de esperança da bula papal. Esse esforço busca fortalecer a espiritualidade dos fiéis e aprofundar a compreensão do jubileu, que, segundo a bula Spes non confundit, é um convite para os cristãos se reconciliarem com a fé, refletindo sobre as dificuldades enfrentadas e buscando sempre a esperança.

Além disso, o decreto autoriza a organização de peregrinações paroquiais e arquidiocesanas, conforme disposto no Artigo 3º, que incentiva a participação ativa de todas as comunidades religiosas e movimentos eclesiais. A participação nessas peregrinações será uma vivência intensa da graça jubilar e da renovação da esperança cristã.

Outro ponto importante do decreto é a disponibilização de horários especiais para confissões e celebrações eucarísticas, especialmente nos períodos de maior afluência de peregrinos. Isso visa facilitar o acesso dos fiéis aos sacramentos essenciais para a vivência plena do jubileu.

A indulgência plenária será concedida aos fiéis que, cumprindo as condições habituais, como confissão sacramental, comunhão eucarística e oração pelas intenções do Papa, realizarem a peregrinação ou participarem devotamente das celebrações litúrgicas. Além disso, o decreto enfatiza a prática de caridade e obras de misericórdia como um testemunho do espírito jubilar, incentivando os fiéis a estenderem sua fé à solidariedade com os necessitados.

Com esta iniciativa, a Arquidiocese de Brasília se prepara para um Ano Santo de profunda renovação espiritual, convidando todos os fiéis a experimentarem a graça de um jubileu que reforça a esperança cristã como força essencial para a vida do cristão no mundo atual.

Clique aqui e confira o Decreto

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF