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quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Atitude pastoral diante do enfermo com depressão

Foto/Crédito: Presbíteros

Atitude pastoral diante do enfermo com depressão

02 de dezembro de 2024

A depressão patológica ou simplesmente existencial constitui uma experiência que acompanha o homem desde as civilizações mais antigas. Se antes tratava-se de um fenômeno esporádico, tornou-se, com o passar do tempo, uma autêntica epidemia, talvez por causa da cultura da falta de sentido e da morte que se dá no pensamento pós-moderno. A depressão não tem só um aspecto médico psíquico, mas também social pelas repercussões da doença no entorno do enfermo.

O sacerdote que encontra um enfermo com depressão, em seu ministério pastoral, deve levar em conta que deve, antes de tudo, dar-lhe consolo e esperança. Muitas vezes deve procurar ajudar o doente a encontrar sentido em sua vida, pois em bastantes ocasiões – em maior ou menor graus, segundo a gravidade da doença – o enfermo o perdeu. Igualmente lhe ajudará a retirar de si, se é o caso, o sentido de culpa diante da enfermidade: o enfermo deve reconhecê-la como ela é, uma doença, e portanto, não é responsável por ela.

Se, dentre as pessoas que procuram o sacerdote em busca de ajuda espiritual, chegam pessoas que manifestam sintomas de depressão, o sacerdote deve levar em conta que sua missão é espiritual, e não médica. Por isso, não pode pretender substituir o profissional da psiquiatria, e seus conselhos devem centrar-se na vida espiritual da pessoa. Convêm, no entanto, conhecer os sintomas da depressão.

A Associação Americana de Psiquiatria afirma que os seguintes sintomas, quando têm duração de mais de duas semanas, podem conduzir a uma depressão ou referir-se já a uma pessoa em depressão:

  1. Mudança de apetite, ou sua perda e a correspondente perda de peso, ou aumento de apetite e de peso.
  2. Insônia ou excesso de sono e cansaço permanente.
  3. Falta de energia.
  4. Perda de interesse ou prazer pelas atividades que normalmente agradam a pessoa afetada.
  5. Sentimento de pouco valor pessoal, peso na consciência ou sentimento de culpa.
  6. Diminuição da capacidade de concentração e perturbação de outras atividades mentais.
  7. Pensamentos recorrentes de morte e pensamentos suicidas.

O estado de ânimo triste é um mal-estar psicológico frequente, mas sentir-se triste ou deprimido não é o suficiente para afirmar que alguém padece de depressão. Isto pode indicar um sinal, um sintoma, uma síndrome, um estado emocional, uma reação ou uma entidade clínica bem definida. Por isto é importante diferenciar entre a depressão como doença e os sentimentos de infelicidade, abatimento ou desânimo, que são reações habituais diante de acontecimentos ou situações pessoais difíceis. Numa resposta afetiva normal nos encontramos com sentimentos transitórios de tristeza e desilusão comuns na vida diária. Essa tristeza, que denominamos normal, caracteriza-se por ser adequada e proporcional ao estímulo que a origina, ter uma duração breve, e não afetar especialmente a esfera somática, ao rendimento professional ou as atividades de relação.

Segundo Salvador Cervera, professor de psiquiatria da Universidade de Navarra, “na depressão como estado patológico perde-se a satisfação de viver, a capacidade de atuar e a esperança de recuperar o bem-estar. É acompanhada de manifestações clínicas na esfera do estado de ânimo (tristeza, perda de interesse, apatia, falta de sentido de esperança), do pensamento (capacidade de concentração diminuída, indecisão, pessimismo, desejo de morte etc.), da atividade psicomotora (inibição, lentidão, falta de comunicação ou inquietude, impaciência e hiperatividade) e das manifestações somáticas (insônia, alterações de apetite e peso corporal, diminuição do desejo sexual, perda de energia, cansaço etc.). Este conjunto de sintomas põem de manifesto que nos encontramos diante de um estado patológico específico, claramente distinto da tristeza normal e que adquire formas e intensidades bem definidas. Neste sentido, estabeleceram-se diversas formas clínicas de depressão internacionalmente aceitas, que de menor à maior intensidade são: 1. Reação depressiva; 2. Transtorno depressivo maior; 3. Distimia; 4. Transtorno bipolar; 5. Transtorno depressivo orgânico; 6. Depressão melancólica; 7. Depressão psicótica. Cada uma delas com rasgos diferenciais clínicos bem estabelecidos.”

Atitude pastoral do sacerdote diante do enfermo com depressão

O Papa João Paulo II, no discurso aos participantes na Conferência Internacional sobre a depressão, em 14 de novembro de 2003, indicou que “a depressão é sempre uma provação espiritual. O papel de quem atende a uma pessoa deprimida sem uma função especificamente terapêutica consiste sobretudo em ajudá-la a recuperar a própria estima, a confiança em suas capacidades, o interesse pelo futuro, a vontade de viver. Por isso, é importante estender a mão aos enfermos, fazê-los perceber a ternura de Deus, integrá-los numa comunidade de fé e de vida na qual se sintam acolhidos, compreendidos, sustentados, numa palavra, dignos de amar e de serem amados.”

No cuidado pastoral dessa pessoa deve estar sempre presente a companhia e a eficácia da graça da adoção divina. Em Cristo, fomos reconciliados com o Pai (cfr. Rm 5, 10). Deus nos recebe e nos ama como somos: remidos por Jesus Cristo e presenteados com a presença e a graça do Espírito Santo. O sacerdote, nos casos de enfermos com depressão, deve esmerar-se em dar-lhe atenção. O primeiro conselho para o sacerdote refere-se à paciência que deve mostrar: muitas vezes essas pessoas requerem bastante atenção por parte do sacerdote. Procure, nestes casos, atendê-lo com amabilidade, ainda que nos casos mais agudos pode fazer-lhe compreender, com delicadeza, que há mais gente esperando o sacerdote. Em qualquer caso, o sacerdote deve precaver-se para dedicar-lhe mais tempo que o habitual.

O segundo conselho é a compreensão: quem padece depressão, sofre verdadeiramente, e, às vezes, bastante. E, muitas vezes, parte de seu sofrimento consiste na impossibilidade de demonstrar seu sofrimento, pois – ao não ser uma doença física – não tem sintomas mesuráveis: não se pode medir, como sim se pode medir a febre ou a profundidade de uma ferida. Parte de seu sofrimento, pois, consiste em que, por vezes, aqueles que convivem com ele não lhe compreendem ou não acreditam em seu sofrimento. Portanto, o sacerdote não porá nunca em dúvida seu sofrimento nem diminuirá sua importância. Pode, isso sim, dar-lhe argumentos sobrenaturais e ajudá-lo a levá-lo por amor de Deus.

Também é prudente, desde as primeiras vezes que se vejam, que o sacerdote comprove se ele vai ao médico: se o sacerdote pensa que ele deveria ir ao médico e não o faz, talvez devesse aconselhá-lo que vá. Se ele vai regularmente ao médico, o sacerdote deve levar em conta os conselhos dos profissionais da psiquiatria. Neste caso, pode pedir ao enfermo, dentro do âmbito da direção espiritual, que siga os conselhos do médico, ainda que lhe resultem difíceis. De todas as maneiras, impõe-se a prudência na hora de valorizar os conselhos dos médicos: um médico, para tratar a depressão, não deve dar conselhos ilícitos ou contrários à moral. Se fosse o caso, o sacerdote deverá desaconselhar que cumpra esses conselhos, e procurará orientar o enfermo a outro médico que tenha reto critério moral.

Também é recomendável fazê-lo valorizar o sentido do sofrimento como parte do plano previsto por Deus para a salvação. Fazer-lhe ver que seu sofrimento, se o oferece a Deus, tem valor. Muitas vezes, dar ao enfermo intenções concretas pelas quais oferecer seu sofrimento lhe ajuda: pelo Papa, pela Igreja, por necessidades locais ou pessoais e familiares. Quem acompanha espiritualmente o enfermo com depressão, pode sugerir-lhe que se una ao sofrimento do Senhor na Cruz, não ao sofrimento físico, mas às palavras que o Senhor pronunciou: “Meu Deus, meu Deus, por quê me abandonaste?

O enfermo com depressão com certeza é capaz de levar uma profunda vida interior. Certamente a profundidade de sua vida interior não será quantitativa, mas qualitativa. Deve-se valorizar o esforço do paciente por levar uma vida interior, sem compará-lo com a de uma pessoa saudável. Normalmente qualquer atividade lhe custa muito mais esforço que a uma pessoa sadia. Mas – ainda quando sua vida interior seja quantitativamente inferior – um enfermo com depressão não deve renunciar a ter vida de oração, e a tudo o que leva consigo uma autêntica vida interior. Ainda mais, sua vida de relação com Deus pode supor um consolo e uma referência clara para ele, e muitas vezes lhe ajudará a superar mais rapidamente a depressão.

O sacerdote, por outro lado, deve prestar atenção à família do enfermo, para ajudá-los também a eles que saibam ver a vontade de Deus no fato de que em sua família há um doente.

Escrito por Pedro María Reyes Vizcaín
Publicado originalmente em Vida Sacerdotal

Fonte: https://presbiteros.org.br/atitude-pastoral-diante-do-enfermo-com-depressao/

Do Comentário sobre o Evangelho de São João, de São Cirilo de Alexandria, bispo

A efusão do Espírito Santo (Wikipédia)

Do Comentário sobre o Evangelho de São João, de São Cirilo de Alexandria, bispo

(Lib. 5, cap. 2: PG 73, 751-754)            (Séc. V)

A efusão do Espírito Santo sobre todos os homens

Tendo o Criador do universo decidido restaurar todas as coisas em Cristo, dentro da mais admirável e perfeita ordem, e restituir à natureza humana sua condição original, prometeu, junto com os outros dons que daria copiosamente, conceder o Espírito Santo. Pois, de outro modo o homem não poderia ser reintegrado na posse tranquila e permanente desses dons.

Determinou, portanto, o tempo em que o Espírito Santo desceria sobre nós, isto é, o da vinda de Cristo, prometendo com estas palavras: Naqueles dias, a saber, nos dias do Salvador, derramarei meu Espírito sobre todo ser humano (Jl 3,1).

Quando esse tempo de imensa e gratuita liberalidade trouxe ao mundo o Filho Unigênito encarnado, isto é, como homem nascido de mulher, segundo a Sagrada Escritura, novamente Deus Pai nos concedeu o seu Espírito, sendo Cristo o primeiro a recebê-lo como primícias da natureza renovada. João Batista o testemunhou dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu, e permanecer sobre ele (Jo 1,32).

Afirma-se que Cristo recebeu o Espírito enquanto homem e enquanto convinha ao homem recebê-lo; embora seja Filho de Deus Pai e gerado de sua substância, mesmo antes da encarnação, e mais ainda, antes de todos os séculos, não se ofende ao ouvir Deus Pai declarar-lhe, depois que se fez homem: Tu és meu Filho, e eu hoje te gerei (Sl 2,7).

O Pai diz que foi gerado hoje aquele que antes dos séculos era Deus, gerado por ele, para receber-nos em Cristo como filhos adotivos. Com efeito, toda a natureza humana se encontra em Cristo enquanto homem. Assim o Pai dá ao Filho seu próprio Espírito, a fim de que em Cristo também nós o recebamos. Por esse motivo, Cristo veio em auxílio da descendência de Abraão, como está escrito, e tornou-se em tudo semelhante a seus irmãos.

O Unigênito de Deus não recebeu o Espírito Santo para si mesmo; com efeito, esse Espírito que é seu, nos é dado nele e por ele, como já dissemos antes, pois, tendo-se feito homem, tinha em si a totalidade da natureza humana, a fim de restaurá-la toda e restituir-lhe a integridade original. Podemos ver assim – se quisermos aplicar um reto raciocínio e os testemunhos da Escritura – que Cristo não recebeu o Espírito Santo para si mesmo, mas para que o recebêssemos nele; pois é também por ele que recebemos todos os bens.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Ano Jubilar: além da Porta Santa

Porta Santa - Jubileu 2025 (vatican News)

ANO JUBILAR: ALÉM DA PORTA SANTA, ABRIR OUTRAS PORTAS

Dom Antonio de Assis Ribeiro
Bispo eleito de Macapá (AP)

Um dos símbolos mais significativos do ano jubilar é a “Porta Santa”.  Neste Jubileu de 2025, por desejo do Papa Francisco, as Portas Santas foram abertas apenas em Roma nas seguintes basílicas: São Pedro, São João de Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo Fora dos Muros. Uma exceção foi a abertura de uma Porta Santa no complexo penitenciário de Rebibbia, em Roma. O Papa Francisco no dia da sua abertura, fez questão de enfatizar o sentido dela: estimular o respeito pela dignidade humana, fomentar a promoção da justiça, sensibilizar para a necessidade da conversão.  As “Portas Santas” marcam o início e a conclusão do ano Santo. Mas, para melhor compreendermos o significado delas, é necessário ir além da porta material dos santuários. 

Aprofundando o sentido da “porta santa” tomaremos consciência de que ela não está simplesmente em Roma, mas em todos os lugares, em todas as instituições, povos e nações; pode estar em todas as famílias, comunidades, grupos ou em cada pessoa. A porta é uma estrutura o que nos possibilita o acesso ou a saída de um ambiente! A Porta Santa é um convite para a entrada numa experiência mais intensa de Deus e de fraternidade. A porta nos fala de entrada, de decisão, de compromisso; a porta é lugar de abertura, passagem, movimento, de acolhida e de despedida! Portanto, a abertura da Porta Santa significa um convite a fazermos uma experiência de encontro com Aquele que habita os santuários, mas sobretudo, vive em nós, que é Deus.   

Jesus disse: “Eu sou a porta. Quem entra por mim, será salvo. Entrará, e sairá, e encontrará pastagem” (Jo 10,9). Ele é o único Salvador e não há outra porta para a Salvação: «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6). São Pedro declarou: “Não existe salvação em nenhum outro, pois debaixo do céu não existe outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos” (At 4,12). A abertura da “Porta Santa” significa o convite para o encontro com Jesus Cristo, o Senhor, que nos educa para o Amor. Não adianta passar pela porta santa de um santuário se a porta do coração e da mente continuarem trancadas. 

O autêntico e eterno Bom Pastor, Jesus Cristo, nos convida a entrar no curral das suas ovelhas, a sair do isolamento, a escutar a sua voz, seguir seus passos, deixando-nos conduzir para fora (cf. Jo 10,3), que significa a prática do amor, da acolhida, da solidariedade, do perdão, da misericórdia, da compaixão, da justiça, da reconciliação. Sem o acesso a essas experiências não haverá mudança interior e nem Ano Santo! 

Sendo a porta lugar de trânsito, passar pela porta santa significa o nosso dinamismo interior de abertura, de conversão, de caminho, de proximidade, de esforço, de movimento para a entrada no dinamismo dos valores e das atitudes do Reino de Deus. Jesus convidou seus discípulos “a passar pela porta estreita” (Mt 7,13), ou seja, a serem capazes de fazer esforços pela própria salvação; pois ela é dom e responsabilidade. O amor requer esforço pessoal e, sem ele, não haverá perdão, reconciliação e nem paz!  

Enfim, da Porta Santa física dos santuários, somos chamados a passar para o cuidado de outras portas que devemos abrir para melhorar a qualidade da nossa vida. Abrindo a porta do coração nos predispomos para a amar e perdoar. Abrindo a porta da inteligência para o Espírito de Deus passamos a buscar a Sabedoria que nos leva a colocar nosso intelecto a serviço do Bem. Abrindo a porta da memória aprendemos a reconhecer os dons de Deus e a ser gratos com todos e nos exercitando na gratuidade. Abrindo as portas das mãos seremos capazes de doação pessoal, partilhar e sermos voluntários.  Escancarando a porta da esperança jamais seremos refém do pessimismo, do medo, do derrotismo e viveremos sempre com otimismo e alegria. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Ano Santo: as catacumbas como etapas do caminho jubilar

Embaixada da Itália (Foto: Vatican News)

Em vista do Ano Santo, foi apresentado em Roma um projeto para valorizar as catacumbas. Segundo o presidente da Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra, mons. Pasquale Iacobone, os lugares de martírio, símbolos de esperança, serão metas importantes do Jubileu, como se lê na Bula de Proclamação do Papa e no comunicado da Penitenciaria Apostólica.

Maria Milvia Morciano - Vatican News

Ao longo das ruas de Roma, os peregrinos ficam maravilhados pela grandiosidade das ruinas da cidade imperial, a rigorosidade das igrejas cristãs primitivas e também a magnificência barroca. No caminho, porém, podem se deparar ainda com lugares secretos, que não emergem do solo com mármores e pedras, que preservam, em silêncio, testemunhos antigos e intensos dos mártires, que sempre atraíram a fé dos Romeiros. Trata-se das Catacumbas, lugares que também serão protagonistas do percurso jubilar.

Aberturas especiais para o Jubileu

A Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra apresentou, na última quarta-feira, 4, no Palácio Borromeu, sede da Embaixada da Itália junto à Santa Sé, um projeto para o próximo Ano Santo. Após as saudações do Embaixador, Francesco de Nitto, de Dom Daniele Salera, bispo auxiliar de Roma, e de Svetlana Celli, presidente da Assembleia Capitolina, Mons. Pasquale Iacobone, presidente da Comissão, tomou a palavra para apresentar as principais iniciativas previstas, que, depois, compartilhou também com a mídia vaticana.

No que consiste o projeto da Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra para o Jubileu?

“Enquanto aguarda os peregrinos, que virão a Roma para o Jubileu, a Pontifícia Comissão quis, antes de tudo, ampliar ao máximo as suas iniciativas. Além das Catacumbas, abertas ao público, achou oportuno também abrir outras catacumbas ou outras estruturas acolhedoras, como a de São Lourenço no Verano, com suas catacumbas subterrâneas, e as de Santa Tecla, Commodilla, Protestato e outros lugares menores, para grupos mais restritos, com o intuito de dar aos peregrinos a oportunidade de fazer suas experiências nas catacumbas, sob o ponto de vista jubilar.

Queremos dar maior valor à memória dos mártires, aos lugares dos seus martírios, testemunhas de esperança, que, certamente, serão metas importantes do Jubileu, como se lê tanto na Bula de proclamação do Jubileu como no comunicado da Penitenciaria Apostólica. Queremos enriquecer também os túmulos dos mártires com sinais particulares, por exemplo, com uma cruz do peregrino, que convida a parar diante daquele lugar, em silêncio, meditação, oração.

Depois, vamos propor outras iniciativas e eventos, que visam dar maior importância à simples visita, mediante momentos culturais, artísticos e comemorativos, como a recordação da visita que Paulo VI fez às catacumbas de Santa Domitila, em 12 de setembro de 1965. Tudo isso contribuirá para que os peregrinos possam fazer uma experiência importante do que Paulo VI afirmou ser ‘as profundas raízes da nossa fé cristã’.”

De fato, desde os primeiros Jubileus, à medida que se expandiam as diversas iniciativas das determinadas Basílicas, para que os peregrinos pudessem obter indulgências, se passava perto das catacumbas. Por exemplo, São Filipe Néri já havia retomado a prática de visitar as Sete igrejas, um itinerário que passava pelas catacumbas mais importantes, como a de São Sebastião na Via Ápia...

“No dia 25 de fevereiro de 1552, quinta-feira de carnaval, São Filipe Néri inaugurou, oficialmente, a visita às Sete igrejas, que incluíam também duas Basílicas com catacumbas: São Sebastião e São Lourenço. Além do mais, São Filipe Néri viveu um dos momentos mais importantes da sua vida, ao fazer uma experiência mística dentro das catacumbas de São Sebastião. Ali, há um cubículo, com um altar, que pode ser visitado, onde se encontra um busto de São Filipe, que recorda o êxtase místico do santo”.

Logo, este poderia ser considerado um exemplo virtuoso sobre a importância da memória dos mártires para os fiéis...

“São Filipe Neri, como todos os santos e figuras importantes da Reforma católica, depois do Concílio de Trento, retoma a história da comunidade cristã primitiva, as raízes da experiência cristã; por conseguinte, a memória dos mártires torna-se importante. Desde então, começaram as primeiras investigações e escavações das catacumbas, para valorizar a memória dos mártires.

Na nossa página, são indicadas as demais catacumbas na Itália, abertas ao público, que, normalmente, são encontradas nas rotas de peregrinação, como a Via Francigena, Bolsena e outras catacumbas no norte do Lácio. É possível que as peregrinações diocesanas, durante o Jubileu, possam incluir também as catacumbas, mais acessíveis e visitáveis”.

Durante todo o Ano Jubilar serão suspensas as visitas semestrais das Catacumbas, devido às iniciativas mais amplas, como oficinas ou encontros com as crianças. Serão previstos eventos semelhantes dedicados também aos jovens?

“Não organizaremos nada, em particular, porque sabemos que, tanto nos eventos jubilares, como nas peregrinações das dioceses e paróquias, haverá componentes infanto-juvenis e adultas. Logo, haverá, sem dúvida, algo para as crianças. Pensamos que, ao invés do Dia das Catacumbas, dirigida, em particular, aos habitantes de Roma e aos que ficarão mais alguns dias na cidade, propor o chamado ‘passaporte do peregrino das catacumbas’ intitulado "Caminho dos mártires", um pouco como acontece em Compostela: um passaporte que permite visitar a catacumba com um ingresso bem mais acessível. Ao carimbar o passaporte, entregaremos um certificado da visita às seis catacumbas romanas, com as memórias dos martírios mais antigos e significativos”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Presidente da CNBB agradece ao cardeal João Braz

Cardeal Dom João Braz de Avis (CNBB)

PRESIDENTE DA CNBB AGRADECE AO CARDEAL JOÃO BRAZ PELOS 14 ANOS À FRENTE DO DICASTÉRIO PARA A VIDA CONSAGRADA

06 de janeiro de 2025

O arcebispo de Porto Alegre (RS), presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam), cardeal Jaime Spengler, agradeceu o cardeal João Braz de Avis pelos 14 anos como prefeito do Dicastério para os Institutos da Vida Consagrada e Sociedade de Vida Apostólica no Vaticano.

O cardeal Aviz exerce o serviço desde 4 de janeiro de 2011, quando foi nomeado pelo Papa Bento XVI, tornando-se o quarto brasileiro a chefiar um departamento do Vaticano.

“Caríssimo dom João, caríssimo irmão no episcopado. Vi hoje a notícia da nomeação de uma prefeita e um pró-prefeito para o Dicastério para a Vida Consagrada. Em nome, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, eu gostaria de manifestar gratidão por sua dedicação e empenho, durante esses anos todos, à frente do Dicastério para a Vida Consagrada no mundo. Certamente, uma experiência de vida única poder acompanhar a vida consagrada em todos os continentes”, disse.

Recordando o que o Papa Francisco disse no Consistório no qual foi criado cardeal pedindo aos novos purpurados a deixarem que o título de ‘diácono’ se sobreponha ao de ‘eminência’, o presidente da CNBB reiterou o agradecimento pelo trabalho que dom Aviz desenvolveu à frente do Dicastério ao longo dos anos.

“Deus seja louvado por sua vida, pelo seu jeito simples de ser irmão e bispo. O senhor realmente, ao longo destes anos, se pôs a serviço da vida consagrada. Muito obrigado e que Deus lhe recompense por todo bem realizado”, reforçou.

Trajetória eclesial

O cardeal foi eleito, em 2007, como presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB. O cardeal também foi membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé e vice-presidente das Edições CNBB.

Em maio de 2010, Aviz esteve a frente da organização do XVI Congresso Eucarístico Nacional, que aconteceu em Brasília, ano do cinquentenário da capital federal.

Em 6 de janeiro de 2012, o Papa Bento XVI anunciou a sua criação como cardeal. No Primeiro Consistório Ordinário Público de 2012, realizado no dia 18 de fevereiro, recebeu o barrete cardinalício e o título de cardeal-diácono de Santa Helena fora da Porta Prenestina, na Basílica de São Pedro, pelas mãos do santo padre.

Em 2019, Aviz foi designado pelo Papa Francisco como presidente delegado do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica. Em 4 de março de 2022, durante Consistório para canonizações, realizou o optatio e passou para a ordem dos cardeais-presbíteros, mantendo sua diaconia pro hac vice.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Como surgiu a porta santa e por que ela existe na Igreja

Peregrinos cruzam a porta santa da basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma. | Daniel Ibáñez - ACI Prensa

Como surgiu a porta santa e por que ela existe na Igreja

Por Diego López Marina*

8 de janeiro de 2025

O Ano Jubilar e as portas santas são tradições profundamente enraizadas na história da Igreja. Mas de onde vêm as portas santas e que significado têm elas para os fiéis?

O padre Edward McNamara, especialista em liturgia e professor de teologia no Pontificio Ateneo Regina Apostolorum, em Roma, falou sobre sua origem e propósito à EWTN News .

Uma origem histórica e espiritual

O conceito de porta santa tem as suas raízes no século XV, na basílica de São João de Latrão, catedral de Roma.

Segundo o padre McNamara, o conceito poderia ter origem numa porta da própria basílica, onde criminosos poderiam encontrar asilo político, protegendo-se da polícia ou dos juízes.

“Tanto que o papa, num determinado momento, para evitar abusos, começou a murá-la e a cobri-la”, diz o padre McNamara, sugerindo que, com o tempo, a porta começou a adquirir um simbolismo mais espiritual.

Esse significado espiritual foi consolidado na basílica de Santa Maria di Collemaggio em L'Aquila, Itália, basílica construída em 1288 por vontade do papa Celestino V, onde começou a tradição de abrir uma porta especial em determinados momentos.

“A partir daí, no ano de 1300, o papa Bonifácio VIII se inspirou para estabelecer também a ideia da porta santa para um Jubileu”, diz o padre.

Desde então, a travessia da porta santa tem sido associada a um Jubileu “puramente espiritual”, no qual os fiéis, reunindo certas condições, podem libertar-se do peso do pecado e iniciar uma vida renovada de proximidade com Deus.

Mais que um ato simbólico

Embora a travessia da porta santa seja uma manifestação externa, o seu verdadeiro significado está na disposição interior do fiel. O padre McNamara disse que “passar pela porta santa é só uma manifestação externa de algo que está acontecendo dentro”.

Ao cruzar essa porta, o peregrino evoca o que diz o capítulo 10 do Evangelho de são João: “Eu sou a porta: quem entrar por mim será salvo e poderá entrar e sair, e encontrará pastagens”.

Por isso, o papa Francisco disse que a peregrinação à porta santa “é um convite a cumprir uma passagem, uma Páscoa de renovação, a entrar naquela vida nova que o encontro com Cristo nos oferece”.

Indulgência plenária e desapego do pecado

A graça do Jubileu inclui a indulgência plenária, que representa a remissão da pena temporal associada ao pecado. No entanto, o padre McNamara diz que esse processo exige também um compromisso interior: “A Igreja pede que não haja apego ao pecado. A fraqueza humana é uma coisa... e estar apegado a um tipo de pecado, mesmo que seja venial, é outra”.

Esse desapego implica uma renúncia sincera ao pecado, mesmo que a pessoa tenha consciência da sua fragilidade.

“Você sabe que pode cair novamente, mas não quer pecar novamente nessa área”, disse o padre ao enfatizar que se trata de “estar livre do apego”.

Segundo o liturgista, “a primeira coisa que é necessária” para obter uma indulgência “é fazer uma boa confissão de todos os pecados desde a última Confissão”. Também é fundamental receber a Sagrada Comunhão, participar na Santa Missa e rezar pelas intenções do papa, que podem incluir “um credo, algumas Ave-Marias, um Pai Nosso, uma dezena do Rosário, algo muito simples”, disse o padre.

Em última análise, a porta santa simboliza a abertura a Cristo e a possibilidade de uma conversão profunda. Como disse o padre McNamara, “o que a indulgência faz é limpar-nos, tornar-nos saudáveis ​​novamente, para que possamos começar do zero a nossa luta para seguir a Cristo e a nossa batalha para viver.

*Diego López Marina es comunicador y periodista de profesión. Es parte de ACI Prensa desde 2016 y en la actualidad se desempeña como uno de los editores web de la agencia.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/60801/como-surgiu-a-porta-santa-e-por-que-ela-existe-na-igreja

Papa: a violência de Herodes sobre as crianças se repete noutras formas da história

Audiência Geral, 08 de janeiro de 2025 - Papa Francisco (Vatican News)

A tempestade da violência de Herodes, que massacra as crianças de Belém, irrompe imediatamente também sobre o recém-nascido Jesus. Um drama sombrio que se repete noutras formas da história. O século que gera inteligência artificial e planeia existências multiplanetárias ainda não ultrapassou a chaga da infância humilhada, explorada e mortalmente ferida. Pensemos nisso: disse Francisco esta quarta-feira (08/01), na primeira audiência geral do novo ano.

https://youtu.be/tDQWPXnQEDo

Raimundo de Lima – Vatican News

Na audiência geral desta quarta-feira (08/01), na Sala Paulo VI, no Vaticano, a primeira do novo ano, o Santo Padre dedicou sua catequese - no contexto adequado do Tempo do Natal – às crianças, em particular sobre o flagelo do trabalho infantil.

Francisco frisou que hoje sabemos voltar o nosso olhar para Marte ou para os mundos virtuais, mas temos dificuldade em olhar nos olhos de uma criança que foi deixada à margem e que é explorada e abusada. “O século que gera inteligência artificial e planeia existências multiplanetárias ainda não ultrapassou a chaga da infância humilhada, explorada e mortalmente ferida”.

O Papa Francisco na audiência geral desta quarta-feira (08/01) na Sala Paulo Vi, no Vaticano (Vatican Media)

Os filhos são uma dádiva, nem sempre tratada com respeito

O Pontífice ateve-se, por um momento, à mensagem que a Sagrada Escritura nos dá sobre as crianças, afirmando ser curioso notar como a palavra que mais ocorre no Antigo Testamento, depois do nome divino Jahweh (mais de seis mil e oitocentas vezes), é a palavra ben, “filho”: quase cinco mil vezes. “Olhai! os filhos (ben) são herança do Senhor; o fruto das entranhas é recompensa” (Sal 127,3). Os filhos são uma dádiva de Deus. Infelizmente, esta dádiva nem sempre é tratada com respeito. A própria Bíblia conduz-nos pelas ruas da história onde ressoam os cânticos de alegria, mas também se elevam os gritos das vítimas.

A tempestade da violência de Herodes, que massacra as crianças de Belém, irrompe imediatamente também sobre o recém-nascido Jesus. Um drama sombrio que se repete noutras formas da história. E aqui, para Jesus e para os seus pais, o pesadelo de se tornarem refugiados num país estrangeiro, como acontece hoje com muitas pessoas, muitas crianças.

O Papa Francisco na audiência geral desta quarta-feira (08/01) na Sala Paulo Vi, no Vaticano (Vatican Media)

Ainda hoje, há demasiadas crianças forçadas a trabalhar

Na sua vida pública,  continuou o Papa, Jesus andava a pregar pelas aldeias juntamente com os seus discípulos. Um dia, algumas mães aproximaram-se d’Ele e apresentaram-Lhe os seus filhos para que Ele os abençoasse; mas os discípulos repreenderam-nos. Então Jesus, quebrando a tradição que considerava a criança apenas como um objeto passivo, chama a si os discípulos e diz: “Deixai as crianças vir a mim, não as impeçais, pois dos que são como elas é o reino de Deus”. Numa passagem semelhante, Jesus chama uma criança, coloca-a entre os discípulos e diz: “se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, jamais entrareis no reino dos céus”. Pensemos hoje nas crianças, exortou o Santo Padre.

Ainda hoje, em particular, há demasiadas crianças forçadas a trabalhar. Mas uma criança que não sorri e não sonha não será capaz de conhecer ou deixar florescer os seus talentos. Em todas as partes do planeta existem crianças exploradas por uma economia que não respeita a vida; uma economia que, ao fazê-lo, queima o nosso maior depósito de esperança e amor.

Audiência geral desta quarta-feira (08/01) na Sala Paulo VI, no Vaticano (Vatican Media)

É inaceitável que as crianças sejam privadas de sua infância

Queridos irmãos e irmãs, disse Francisco, “aqueles que se reconhecem como filhos de Deus, e especialmente aqueles que são enviados para levar a boa nova do Evangelho aos outros, não podem ficar indiferentes; não podemos aceitar que as irmãzinhas e os irmãozinhos mais novos, em vez de serem amados e protegidos, sejam privados da sua infância, dos seus sonhos, vítimas da exploração e da marginalização”.

Peçamos ao Senhor, exortou por fim o Pontífice, “que abra as nossas mentes e corações ao cuidado e à ternura, e que todos os meninos e meninas do mundo possam crescer em idade, em sabedoria e em graça recebendo e dando amor”.

Exibição circense na audiência geral desta quarta-feira (08/01) na Sala Paulo VI, no Vaticano (Vatican Media)

Exibição circense, um momento de alegria e descontração

Ao término, um grupo de circenses se exibiu na Sala Paulo VI, diante do Papa, enchendo a sala de luzes e cores, oferecendo aos presentes um momento de alegria e descontração. Francisco fez um efusivo agradecimento aos circenses.

Sou muito grato a essas mulheres e homens que nos fizeram rir com o circo. O circo nos faz rir como crianças. Os circenses têm essa missão, também entre nós: fazer-nos rir e fazer coisas boas. Agradeço muito a todos vós.

O Papa Francisco na audiência geral desta quarta-feira (08/01) na Sala Paulo Vi, no Vaticano (Vatican Media)
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Abraçando o poder do silêncio e da quietude

Shutterstock I Tananyaa Pithi

Daniel R. Esparza - publicado em 06/01/25

O silêncio é muito mais do que apenas quietude física; é o ato intencional de aquietar a mente e o coração para encontrar Deus.

“Todos os problemas da humanidade vêm da incapacidade do homem de sentar-se quieto em um quarto sozinho.” Essas palavras importantes, escritas por Blaise Pascal, um filósofo e teólogo francês, no século XVII, ressoam ainda mais profundamente hoje. Em uma era dominada por smartphones e fluxos intermináveis de conteúdo, a ideia de sentar-se quieto — e não fazer nada — parece não apenas antiquada, mas quase impossível. No entanto, para os católicos, o silêncio e a quietude não são apenas a ausência de ruído e atividade; são um espaço sagrado onde Deus fala.

A quietude e o silêncio são frequentemente confundidos, mas não são a mesma coisa. O silêncio é mais do que apenas quietude física; é o ato intencional de aquietar a mente e o coração para encontrar Deus. A quietude pode envolver descansar em um só lugar, é verdade, mas também é uma disposição para ouvir ativamente, criando espaço para “o murmúrio” do Senhor (1 Reis 19:12).

No nosso mundo digital, o bombardeio constante de notificações e estímulos faz com que o silêncio pareça improdutivo, até desconfortável. Por que sentar-se em silêncio quando há outro vídeo para assistir, outro artigo para ler ou outro e-mail para responder? No entanto, o silêncio não é um vazio — ele é solo fértil para a graça.

Como recuperar o silêncio

Recuperar o silêncio começa com pequenos passos. Considere criar um “momento silencioso” em seu dia. Comece com apenas cinco minutos, desconectado dos dispositivos, e ofereça esse tempo a Deus. Você pode fechar os olhos, focar na sua respiração ou meditar em uma oração curta como “Vem, Espírito Santo.” Com o tempo, esses momentos podem se expandir para períodos mais longos, tornando-se um refúgio do ruído do mundo.

Para as famílias, o silêncio pode ser introduzido durante a oração comunitária, como sentar em reflexão silenciosa depois do Rosário ou antes das refeições. Em casa, estabeleça espaços ou horários sem telas para convidar oportunidades de silêncio a ocorrerem naturalmente.

Encontrando paz na Eucaristia

A Adoração Eucarística oferece uma das experiências mais profundas de silêncio sagrado. Sentar-se na presença do Santíssimo Sacramento, sem distrações, nos permite simplesmente estar com Cristo. Esses momentos favorecem a paz e nos lembram de que somos profundamente amados — não pelo que produzimos ou conquistamos, mas por quem somos, como filhos de Deus.

Como Pascal sugeriu, nossa incapacidade de abraçar o silêncio pode causar tumulto interior, mas escolher o silêncio pode se tornar um ato radical de fé. Ele nos permite afastar-nos das exigências da vida moderna e ouvir a voz Daquele que nos criou, oferecendo-nos uma paz que o mundo não pode dar (João 14:27).

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/01/06/abracando-o-poder-do-silencio-e-da-quietude

“A mim o fizestes”: as obras de misericórdia corporais

As obras de misericórdias (Opus Dei)

“A mim o fizestes”: as obras de misericórdia corporais

Este editorial aborda as obras de misericórdia corporais que Jesus recomendou. Um cristão não pode se desinteressar das necessidades dos outros, também dos desconhecidos, porque é Cristo quem nos pede ajuda em cada um deles.

02/12/2016

Nosso Deus não se limita a dizer que nos ama. Ele mesmo nos modelou a partir do pó da terra[1] “foram as mãos de Deus as que nos criaram: o Deus artesão”[2]. Criou-nos à sua imagem e semelhança, e ainda quis se fazer “um de nós”[3]: o Verbo fez-se carne, trabalhou com suas mãos, carregou toda a miséria dos séculos sobre as suas costas e quis conservar as chagas da sua Paixão por toda a eternidade, como um sinal permanente de seu amor fiel. Por tudo isso, nós cristãos não somente nos chamamos filhos de Deus, mas o somos[4]: para Deus, e para seus filhos, o amor “nunca poderá ser uma palavra abstrata. Por sua própria natureza é vida concreta: intenções, atitudes, comportamentos que se verificam no viver cotidiano”[5]. São Josemaria nos prevenia assim perante “a mentalidade dos que encaram o cristianismo como um conjunto de práticas ou atos de piedade, sem perceberem a sua relação com as situações da vida de todos os dias, com a urgência de atender às necessidades dos outros e de esforçar-se por remediar as injustiças. Eu diria que os que têm essa mentalidade ainda não compreenderam o que significa que o Filho de Deus se tenha encarnado, que tenha assumido corpo, alma e voz de homem, que tenha participado do nosso destino até experimentar o despedaçamento supremo da morte”[6].

      Ser cristão significa entrar nessa    incondicionalidade do amor de Deus, deixar-se cativar pelo “amor sempre maior de Deus”

Chamados à misericórdia

No cenário do juízo final que Jesus apresenta no Evangelho, tanto os justos como os injustos se perguntam perplexos, e perguntam ao Senhor, quando o viram faminto, nu, doente, e o auxiliaram o deixaram de fazê-lo[7]. E o Senhor lhes responde: “Em verdade vos digo que tudo o que fizestes a um destes meus irmãos pequenos, a mim o fizestes” (Mt 25,40). Não é apenas uma maneira bonita de dizer, como se o Senhor somente nos animasse a lembrar-nos d’Ele e a seguir seu exemplo de misericórdia. Jesus diz com solenidade “em verdade vos digo... a mim o fizestes”. Ele “se uniu, de certo modo, com toda a humanidade”[8], porque levou o amor até o final: “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos”(Jo 15,13). Ser cristão significa entrar nessa incondicionalidade do amor de Deus, deixar-se cativar pelo “amor sempre maior de Deus”[9].

Nessa passagem do Evangelho, Jesus fala de fome, sede, desamparo, nudez, doença e prisão[10]. As obras de misericórdia seguem esta mesma pauta; os Padres da Igreja as comentaram com frequência e as desdobraram em obras corporais e espirituais, obviamente, sem desejar abarcar todas as situações de indigência. Com o passar dos séculos, acrescentou-se às primeiras o dever de dar sepultura aos defuntos, com a correspondente obra espiritual: a oração pelos vivos e defuntos. Vamos percorrer essas obras nas que a sabedoria cristã sintetizou nossa vocação à misericórdia. Porque se trata de vocação– e vocação universal –, quando o Senhor diz a seus discípulos de os tempos: “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36). As obras de misericórdia colocam diante de nós essa chamada. “Seria bonito que as aprendêsseis de memória – sugeria recentemente o papa –, assim é mais fácil realizá-las!” [11].

Solidariedade ao vivo

Quando, ao recordar as obras de misericórdias corporais, olhamos a nosso redor, em muitas partes do mundo constataremos, talvez, em um primeiro momento que não são frequentes as situações para exercê-las. Séculos atrás, a vida humana estava muito mais exposta às forças da natureza, à arbitrariedade dos homens e à fragilidade do corpo. Hoje, porém, há muitos países nos que raramente se apresentará – a não ser em caso de emergências ou catástrofes naturais –, a necessidade imediata de sepultar um falecido ou de dar abrigo a alguém sem teto, porque a própria organização dos Estados provê esse serviço. E, no entanto, não são poucos os lugares da Terra nos que cada uma dessas obras de misericórdia pode ser vivida todos os dias. E, inclusive nos países mais desenvolvidos, juntamente com a provisão de serviços de assistência social, existem muitas situações de grande precariedade material: o assim chamado quarto mundo.

“É preciso abrir os olhos, saber olhar ao nosso redor e reconhecer essas chamadas que Deus nos dirige através dos que nos cercam.

Corresponde a todos nós tomar consciência destas realidades e pensar em que medida podemos contribuir a remediá-las. “É preciso abrir os olhos, saber olhar ao nosso redor e reconhecer essas chamadas que Deus nos dirige através dos que nos cercam. Não podemos viver de costas para a multidão, encerrados no nosso pequeno mundo. Não foi assim que Jesus viveu. Os Evangelhos falam-nos muitas vezes da sua misericórdia, da sua capacidade de participar da dor e das necessidades dos outros”[12].

Um primeiro movimento das obras de misericórdia corporais é a solidariedade com todos os que sofrem, ainda que não os conheçamos: “Não somente nos preocupamos com os problemas de cada um, mas nos solidarizamos plenamente com os outros cidadãos nas calamidades e desgraças públicas, que nos afetam do mesmo modo”[13]. À primeira vista, poderia parecer que esta atitude é um sentimento louvável, mas inútil. E, no entanto, esta solidariedade é o húmus no que pode crescer com força a misericórdia. Do latim solidum, solidariedade denota a convicção de pertencer a um todo, de modo que percebemos como próprias as vicissitudes dos outros. Ainda que o termo tem já sentido em um nível meramente humano, para um cristão adquire toda a sua força. “Já não vos pertenceis”, diz São Paulo aos Coríntios (1 Cor 6,19). A afirmação poderia inquietar ao homem contemporâneo, como uma ameaça à sua autonomia. E, no entanto, o que nos diz é simplesmente, em expressão frequente entre os últimos pontífices, que a humanidade, e em particular a Igreja, é uma “grande família”[14].

“Mantende o amor fraterno... Lembrai-vos dos encarcerados, como se estivésseis na prisão com eles, e dos que sofrem, pois também vós viveis em um corpo” (Hb 13,1-3). Ainda que não seja possível estar a par das moléstias de cada homem, nem remediar materialmente todos esses problemas, um cristão não se desinteressa deles, porque ama-os com o coração de Deus: Ele “é maior que nosso coração e conhece tudo” (1 Jo 3,20).

Quando na Santa Missa pedimos ao Pai que “alimentando-nos com o Corpo e Sangue do vosso Filho sejamos repletos do Espírito Santo e nos tornemos em Cristo um só corpo e um só espírito”[15], olhamos a plenitude do que já é uma realidade que cresce silenciosamente, “como um bosque, onde as boas árvores trazem solidariedade, comunhão, confiança, apoio, segurança, sobriedade feliz, amizade”<[16].

A solidariedade, falando em termos cristãos, se concretiza, em primeiro lugar, na oração pelos que sofrem, ainda que não os conheçamos.

A solidariedade, falando em termos cristãos, se concretiza, em primeiro lugar, na oração pelos que sofrem, ainda que não os conheçamos. Na maior parte das vezes não veremos os frutos dessa oração, feita também de trabalho e sacrifício, mas estamos convencidos de que “tudo isso dá voltas pelo mundo como uma força de vida”[17]. Por isso mesmo, o missal romano oferece um grande número de missas por várias necessidades, relacionadas ao objeto de todas as obras de misericórdia. A oração dos fiéis, no final da liturgia da Palavra, desperta também em nós “o desvelo por todas as igrejas” e por todos os homens, de modo que possamos chegar a dizer com São Paulo: “Quem desfalece sem que eu desfaleça? Quem tem um tropeço sem que eu me abrase de dor?” (2 Cor 12,28-29).

A solidariedade também se desdobra em “simples gestos cotidianos, em que quebramos a lógica da violência, do aproveitamento, do egoísmo”, perante o “mundo do consumo exacerbado”, que é, ao mesmo tempo, “o mundo dos maus tratos da vida em todas as suas formas”[18]. Antigamente, era costume em muitas famílias beijar o pão quando caía no chão. Reconhecia-se assim o trabalho que supunha obter o alimento, e agradecia-se a possibilidade de ter algo para se colocar na boca. “Dar de comer ao faminto” pode ser concretizado em comer o que nos servem, em evitar caprichos desnecessários, em aproveitar com criatividade as sobras de comida. “Dar de beber ao sedento” talvez nos levará a evitar o desperdício desnecessário de água que, em tantos lugares é um bem bastante escasso[19]. “Vestir o que está nu” se concretizará também em cuidar a roupa, herdá-la de uns irmãos a outros, não querer andar na última moda, etc. Dessas pequenas –ou não tão pequenas – renúncias poderão sair esmolas para dar alegrias aos mais necessitados, como ensinava São Josemaria aos rapazes de São Rafael ou também donativos para ir ao encontro de emergências humanitárias. Faz alguns meses, o Papa nos dizia a propósito disso que, “se o jubileu não atinge o bolso, não é um verdadeiro jubileu”[20].

Hospitalidade: não abandonar o fraco

Os pais, em primeiro lugar, com seu exemplo, podem fazer muito para “ensinar seus filhos a viver dessa forma” (...). “Ensiná-los a superar o egoísmo e a empregar parte do seu tempo com generosidade a serviço dos menos afortunados, participando em tarefas adequadas para sua idade, nas que se manifeste um afã de solidariedade humana e divina[21] . Como a caridade é ordenada – porque seria falsa a daquela pessoa que se empenhasse por ajudar os que vivem longe e ignorasse os que a rodeiam–, essa superação do egoísmo começa no próprio lar. Todos, da criança ao ancião, temos que aprender a levantar o olhar para descobrir as pequenas indigências cotidianas de quem vive conosco. Particularmente, é necessário acompanhar aos familiares e amigos que sofrem doenças, sem considerar suas moléstias como uma distorção para a que é necessário encontrar soluções meramente técnicas. “Não me rejeites na minha velhice; não me abandones quando se vão as minhas forças … ” (Sal 71,9). É o clamor do idoso, que teme o esquecimento e o desprezo[22]. Muitos são os avanços da ciência que permitem melhorar as condições dos doentes, mas nenhum deles pode substituir a aproximação humana de quem, em lugar de ver neles um peso, reconhece “Cristo que passa”, Cristo que precisa que cuidemos d'Ele. “Os doentes são Ele”[23]escreveu São Josemaria, em expressão audaz que reflete a chamada exigente do Senhor: “em verdade vos digo… a mim o fizestes (Mt 25,40).

“Quando te vimos doente ou na prisão e te visitamos?”. Algumas vezes pode custar enxergar Deus atrás da pessoa que sofre, porque ela está de mau humor ou chateada, ou por ser exigente ou egoísta. Mas a pessoa doente, precisamente pela sua fraqueza, faz-se ainda mais merecedora desse amor. Um resplendor divino ilumina as feições do homem doente, que se parece com Cristo crucificado tão desfigurado que “não há nele parecer nem formosura que atraia os olhares, nem beleza que agrade” (Is 53,2).

O atendimento aos doentes requer boa dose de paciência e de generosidade com o nosso tempo, especialmente quando se tratam de doenças que se prolongam com o tempo.

O atendimento aos doentes requer boa dose de paciência e de generosidade com o nosso tempo, especialmente quando se tratam de doenças que se prolongam com o tempo. O Bom Samaritano, “da mesma forma, tinha os seus compromissos e coisas que fazer[24].Mas quem, como ele, faz desse atendimento uma tarefa necessária, sem se refugiar na frieza de soluções que, no fim das contas, nada mais são que descartar a quem já humanamente mal pode contribuir, o Senhor lhes diz: “se compreendeis isto e o fazeis, sereis bem-aventurados” (Jo 13,17).Deus reserva uma acolhida cheia de ternura a quem soube cuidar dos fracos: “vinde, benditos de meu Pai” (Mt 25,34).

“A grandeza da humanidade – escreveu Bento XVI – determinase essencialmente na relação com o sofrimento e com quem sofre. Isso vale tanto para o indivíduo como para a sociedade. Uma sociedade que não consegue aceitar os que sofrem e não é capaz de contribuir, mediante a compaixão, para fazer com que o sofrimento seja compartilhado e assumido mesmo interiormente é uma sociedade cruel e desumana[25]. Por isso, os doentes nos devolvem a humanidade que é atropelada pelo ritmo agitado do mundo: lembram-nos que as pessoas são mais importantes que as coisas, o ser é mais importante que a função. Algumas pessoas, porque Deus as levou por esse caminho ou porque o escolheram para si, acabam dedicando uma parte importante de seus dias a cuidar de quem sofre, sem esperar que ninguém reconheça sua tarefa. Ainda que não figurem nos roteiros turísticos, são parte de um autêntico patrimônio da humanidade, porque ensinam a todos que estamos no mundo para cuidar[26]: esse é o sentido perene da hospitalidade e da acolhida.

Raramente teremos que enterrar um defunto, mas podemos acompanhá-lo e a seus familiares em seus últimos momentos. Por isso, a participação em um velório ou enterro é sempre algo mais que uma regra social. Se aprofundamos nesses gestos, veremos que demonstram o espírito de uma genuína humanidade, que se abre à eternidade. “Também nesse caso a misericórdia dá a paz a quem parte e a quem fica. Faz-nos sentir que Deus é maior que a morte e que, se permanecemos n'Ele, inclusive a última separação será um “até breve”[27].

Criatividade: trabalhar com o que temos

Famílias que emigram fugindo da guerra, pessoas desempregadas, “prisioneiros das novas escravidões da sociedade moderna”[28] como a dependência química, o hedonismo, o vício do jogo... São muitas as necessidades materiais que podemos detectar à nossa volta. Podemos pensar que não sabemos por onde ou como começar. E, no entanto, a experiência demonstra que muitas pequenas iniciativas, dirigidas a resolver alguma carência de nosso ambiente mais próximo, iniciadas com o que se tem, e com quem se possa – a maior parte das vezes com mais bom humor e criatividade do que tempo, recursos econômicos ou facilidades oferecidas pelas organizações públicas –, acabam fazendo muito bem porque a gratuidade gera um agradecimento que é motor para novas iniciativas: a misericórdia encontra misericórdia[29], contagia. Cumpre-se a parábola evangélica do grão de mostarda: “É esta a menor de todas as sementes, mas, quando cresce, torna-se um arbusto maior que todas as hortaliças, de sorte que os pássaros vêm aninhar-se em seus ramos (Mt 13,32).

As necessidades de cada lugar e as possibilidades de cada um são muito variadas. O melhor é apostar em algo que esteja ao alcance da mão, e pôr-se a trabalhar. Muitas vezes, com menos tempo do que pensaríamos, veremos que se abrem portas que pareciam definitivamente fechadas. E então, chega-se aos encarcerados, aos prisioneiros de tantos vícios, que se encontram abandonados como em um esgoto de um mundo que os descartou quando se quebraram.

Algumas pessoas, por exemplo, podem estar sobrecarregadas de trabalho e, embora pensem que não têm tempo para estas atividades, descobrem como redirecionar parte de seus esforços para instituições que ocupem outros e os arranquem do buraco de quem está na vida sem rumo. Sinergias aparecem: alguém ocupa pouco tempo mas utiliza sua capacidade de gestão, suas relações... outro, com menos capacidade de organizar, colabora com horas de trabalho. Para os aposentados, por exemplo, abre-se o panorama de uma segunda juventude, em que podem transmitir muito de sua experiência da vida: “independentemente de seu grau de instrução ou de riqueza, todas as pessoas têm algo com o que contribuir na construção de uma civilização mais justa e fraterna. De modo concreto, creio que todos podem aprender muito do exemplo de generosidade e de solidariedade das pessoas mais simples; essa sabedoria generosa que sabe colocar mais “água no feijão” de que nosso mundo está tão necessitado”[30].

* * *

Evocando seus primeiros anos de sacerdote em Madri, nosso Padre lembrava como se dirigia àqueles bairros extremos “para enxugar lágrimas, ajudar aos que necessitavam ajuda, a tratar com carinho as crianças, os velhos e os doentes; e recebia muita correspondência de afeto..., e alguma ou outra pedrada”[31]. E pensava nas iniciativas que hoje, junto a tantas outras promovidas pelos cristãos e por outras pessoas, são uma realidade em muitos lugares do mundo; e que têm que seguir crescendo “quasi fluvium pacis, como um rio de paz”[32]: “Hoje para mim isto é um sonho, um sonho bendito, que vivo em tantos bairros extremos de cidades grandes, onde cuidamos das pessoas com carinho, olhando-as nos olhos, de frente, porque todos somos iguais”[33].

Carlos Ayxelá


[1] Cfr. Gn 3,7; Sb 7,1.

[2]Francisco, Homilia em Santa Marta, 12-XI-2013.

[3]Conc. Vat. II, Const. past. Gaudium et spes (7-XII-1965), 22.

[4]Cfr. 1 Jo 3,1.

[5]Francisco, Bula Misericordiae vultus (11-IV-2015), 9.

[6]São Josemaria, É Cristo que passa, 98.

[7]Cfr. Mt 25,36.44

[8]Conc. Vat. II, Gaudium et spes, 22.

[9]Francisco, Ex. Ap. Evangelii gaudium (24-XI-2013), 6; Cfr. São João Paulo II, Enc. Redemptor hominis (4-III-1979),9.

[10]Cfr. Mt 25,35-36.

[11]Francisco, Angelus, 13-III-2016

[12]É Cristo que passa, 146.

[13]Carta 14-II-1950, 20; citado por Burkhart, E.; López, J., Vida cotidiana y santidade em la enseñanza de San Josemaria, II, Rialp, Madrid 2011, pg. 314.

[14]Cfr., por exemplo, Bv. Paulo VI, Mensagem à Assembleia Geral das Nações Unidas, 24-V-1978; S. João Paulo II, Enc. Dives in mesericordia (30-XI-1980) 4, 12; Bento XVI, Mensagem para a XLI Jornada Mundial da Paz, 8-XII-2007.

[15]Missal Romano, Oração Eucarística III.

[16]Francisco, Discurso, 28-XI-2014.

[17]Francisco, Evangelii gaudium, 279.

[18]Francisco, Enc. Laudato si’(24-V-2015), 230.

[19]Cfr. Ibidem, 27-31.

[20]Francisco, Audiência, 10-II-2016.

[21]Questões Atuais do Cristianismo, 111.

[22]Francisco, Ex. Ap. Amoris laetitia (19-III-2016), 191.

[23] São Josemaria, Caminho, 419.

[24] Francisco, Audiência, 27-IV-2016.

[25]Bento XVI, Enc. Spe Salvi (30-XI-2007), 38.

[26]Cfr. Francisco, Evangelii gaudium, 209

[27]Francisco, Audiência, 10-IX-2014.

[28] Francisco, Misericordiae vultus, 16.

[29]Cfr. Mt. 5,7.

[30]Francisco, Mensagem por vídeo, 1-I-2015.

[31]São Josemaria, anotações de uma reunião de família, 1-X-1967 (Citado em S. Bernal, Perfil do Fundador do Opus Dei; Quadrante, São Paulo, 1980).

[32]Is 66,12 (Vulg)

[33]São Josemaria, anotações de uma reunião de família, 1-X-1967.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/a-mim-o-fizestes-as-obras-de-misericordia-corporais/

Papa Francisco: Deus não se nega a ninguém nem se esquece de ninguém

Epifania (Vatican News)

Na sua homilia em São Pedro, na Solenidade da Epifania, Francisco destacou que a estrela nos fala do sonho de Deus: “que toda a humanidade, na riqueza das suas diferenças, chegue a formar uma só família e viva unida na prosperidade e na paz”.

Silvonei José – Vatican News

“‘Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo’: é este o testemunho que os Magos dão aos habitantes de Jerusalém, anunciando-lhes que nasceu o rei dos Judeus”: assim iniciou a sua homilia o Papa Francisco na Santa Missa na Solenidade da Epifania do Senhor celebrada na Basílica de São Pedro, no Vaticano, neste dia 6 de janeiro. Em muitas Igrejas locais – como no Brasil – a Solenidade foi celebrada neste domingo (05/01).

Francisco destacou nas suas palavras que os Magos testemunham que se puseram a caminho e realizaram uma mudança nas suas vidas, porque viram uma nova luz no céu. Enquanto celebramos a Epifania do Senhor no Jubileu da Esperança – disse o Santo Padre -, podemos deter-nos a refletir sobre esta imagem. Então destacou três caraterísticas da estrela de que nos fala o evangelista Lucas: é brilhantevisível para todos e indica um caminho.

Papa Francisco (Vatican Media)

Antes de mais, a estrela é brilhante. No tempo de Jesus, muitos governantes faziam-se chamar “estrelas” porque se sentiam importantes, poderosos e famosos. Não foi, porém, a sua luz – a de nenhum deles! – que revelou aos Magos o milagre do Natal.

Fê-lo um outro tipo de luz, simbolizada pela estrela, que ilumina e aquece, queimando e deixando-se consumir. A estrela fala-nos da única luz que pode indicar a todos o caminho da salvação e da felicidade: a do amor.

“Antes de mais, o amor de Deus, que se fez homem e se entregou a nós, sacrificando a sua vida. Depois, por repercussão, aquele [amor] com que também nós somos chamados a gastar-nos uns pelos outros, tornando-nos, com a sua ajuda, um sinal recíproco de esperança, mesmo nas noites escuras da vida”.

Como a estrela guiou, com o seu brilho, os Magos até Belém, assim também nós, com o nosso amor - enfatizou o Papa - podemos levar a Jesus as pessoas que encontramos, fazendo-as conhecer, no Filho de Deus feito homem, a beleza do rosto do Pai e o seu modo de amar, feito de proximidade, compaixão e ternura.

Solenidade da Epifania (Vatican Media)

A caraterística da estrela: ela é visível para todos. Os Magos não seguem as indicações de um código secreto, mas uma estrela que veem resplandecer no firmamento. Eles reparam nela; outros, como Herodes e os escribas, nem sequer se apercebem da sua presença. Porém, a estrela está sempre lá, acessível a quem levante o olhar para o céu, em busca de um sinal de esperança.

“Também esta é uma mensagem importante: Deus não Se revela em círculos restritos ou a uns poucos privilegiados, mas oferece a sua companhia e orientação a quem O procure de coração sincero. Aliás, muitas vezes Ele antecipa as nossas demandas, vindo procurar-nos ainda antes de nós Lhe pedirmos".

O Santo Padre então sublinhou que a estrela, que a todos no céu oferece a sua luz, recorda-nos que Deus, fazendo-se homem, vem ao mundo para encontrar todo o homem e mulher da terra, independentemente da etnia, língua ou povo a que pertença, e que nos confia a mesma missão universal.

“Isto é, chama-nos a banir todas as formas de discriminação, marginalização e descarte das pessoas, e a promover, em nós mesmos e nos ambientes em que vivemos, uma forte cultura do acolhimento, na qual às fechaduras do medo e da rejeição se prefiram espaços abertos de encontro, integração e partilha; lugares seguros onde todos possam encontrar aconchego e abrigo”.

É por isso que a estrela está no céu: não para permanecer distante e inacessível, antes pelo contrário, para que a sua luz seja visível a todos, para que chegue a todas as casas e ultrapasse qualquer barreira, levando a esperança aos cantos mais remotos e esquecidos do planeta.

Está no Céu para dizer a todos, com a sua luz generosa, que Deus não se nega a ninguém nem se esquece de ninguém.

Papa Francisco (Vatican Media)

Francisco destacou em seguida que a estrela nos fala do sonho de Deus: “que toda a humanidade, na riqueza das suas diferenças, chegue a formar uma só família e viva unida na prosperidade e na paz”.

E isto leva-nos à última caraterística da estrela: a de indicar um caminho. Também esta é uma importante pista de reflexão, especialmente no contexto do Ano Santo que estamos a celebrar, no qual um dos gestos distintivos é a peregrinação.

"A luz da estrela convida-nos a realizar um caminho interior que, como escreveu São João Paulo II para o Grande Jubileu do Ano 2000, liberta o nosso coração de tudo o que não é caridade, para “termos a possibilidade de nos encontrarmos plenamente com Cristo, confessando a nossa fé n’Ele e recebendo a abundância da sua misericórdia”.

Só assim, convertidos e perdoados, poderemos anunciar a todos, com entusiasmo missionário, “a proximidade do Reino de Deus”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF