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domingo, 12 de janeiro de 2025

Festa do Batismo do Senhor

Batismo do Senhor (Vatican News)

Ao celebrarmos a festa do Batismo do Senhor, ocasião propícia para renovarmos nossos compromissos batismais, voltemo-nos para nós mesmos e façamos um exame sobre nossa conduta, sobre nossa presença no meio da sociedade.

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

Jesus vai a João para ser batizado. Quando se encontra em meio a tantas pessoas que buscam o Batista, Jesus passa a ser mais um que deseja reiniciar a vida através de um banho que simbolizava a mudança de vida. O Mestre quis ser sempre igual a nós e também nesse momento ele se iguala a qualquer pessoa de boa vontade que aceita o discurso regenerador de João, o Batista.

Acontece que quando o vê, João  - re conhece -  nele o Messias, o verdadeiro Batista!

Ele já o havia conhecido e nele detectado o Deus Conosco, quando da visita de Maria de Nazaré à sua mãe. Ali, ele João Batista, estremeceu no seio de Isabel e ela pode entender o que acontecia. Agora, a mesma luz interior que o iluminou durante a visita, 30 anos atrás, voltou e fez com que reconhecesse naquele homem, não apenas o seu primo, mas o Redentor da Humanidade.

Nesse momento, segundo São Lucas, o céu se abriu, ou seja, o Pai voltou a falar não mais através dos profetas, mas por seu Filho unigênito. Deus voltou a se  - re velar – em Jesus de Nazaré.

A pomba que aparece é sinal da morada de Deus, de sua presença. É o Espírito de Deus que desceu sobre Jesus. Ele é a morada do Pai, é a nova e eterna aliança, é a tenda armada de Deus em nosso meio, é o próprio Deus!

As palavras, que se fazem escutar, vindas do céu, dizem: “Tu és o meu Filho bem-amado; em ti ponho minha afeição.” Aí passamos a  entender melhor a primeira leitura onde Isaías diz: “Eis o meu servo, o meu eleito, ele trará o julgamento às nações. Eu te constituí como o centro de aliança do povo, luz das nações, para abrires os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas”.  A missão de Jesus será a de mostrar a proximidade do amor do Pai, e recuperar o projeto de Deus para o homem. Por isso, suas mensagens serão chamadas Boa Nova, Evangelho, o que em português pode ser traduzido como alvíssaras.

Ao celebrarmos a festa do Batismo do Senhor, ocasião propícia para renovarmos nossos compromissos batismais, voltemo-nos para nós mesmos e façamos um exame sobre nossa conduta, sobre nossa presença no meio da sociedade. Até que ponto somos pessoas libertadoras, pessoas que podem ser reconhecidas como abertas à ação de Deus, fautoras do bem, portadoras de vida, moradas de Deus em meio aos homens?

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

«Ó Timóteo, guarda o depósito» (III)

O abraço entre Pedro e Paulo | 30Giorni

Arquivo 30Giorni nº. 01/02 - 2009

«Ó Timóteo, guarda o depósito»

As Cartas Pastorais de São Paulo mostram que a custódia do depositum fidei é garantida pela ação do Espírito Santo, através da graça da imposição das mãos e da graça que resplandece nas boas obras. Mas estas mesmas Cartas, que constituem o fundamento da instituição-Igreja, «já não isolam a Igreja do mundo profano, pelo contrário, implantam-na ali com um otimismo e uma segurança notáveis». Propomos algumas páginas do comentário de Ceslas Spicq às Cartas Pastorais.

por Lorenzo Cappelletti

Bonito, ou seja, bom, funciona

O adjetivo “bonito” é a palavra que mais caracteriza as Pastorais. Das 44 ocorrências dela no corpus paolinum , 24 (mais da metade) pertencem às Pastorais. Tanto é assim que Spicq se surpreende ao ver como precisamente na sua idade avançada «esta beleza parece ter se tornado aos olhos de São Paulo uma nota distintiva da vida cristã, uma expressão da nova fé; todas as idades, todas as condições, todos os sexos estão como que revestidos de beleza” (p. 290). Isto é ainda mais notável porque «Aristóteles acredita que os idosos já não vivem para a beleza (ver Retórica II, 13, 1389b, 36); é sinal do poder de renovação e rejuvenescimento da graça na alma do Apóstolo” (p. 290 nota 1). É “a prova estética da esperança”, escreveu Massimo Borghesi no último número de 30Giorni (n. 12, dezembro de 1997, p. 84). Que se revela, como vimos acima, na oração, como primeira obra de caridade, e na caridade em sentido estrito, isto é, naquelas boas obras às quais "as Cartas Pastorais deram o sentido técnico que a tradição cristã preservou [.. .], identificando-os justamente com as obras de misericórdia" (pp. 294 e 282), escreve Spicq comentando a Carta a Tito 3, 3-8: " 3 Também nós já fomos insensatos, desobedientes, apóstatas , escravos de todo tipo de paixões e prazeres, vivendo na maldade e na inveja, dignos de ódio e ódio uns aos outros. Contudo, quando se manifestaram a bondade de Deus, nosso salvador, e o seu amor pelos homens, ele nos salvou não em virtude de obras de justiça realizadas por nós, mas pela sua misericórdia através de um lavagem de regeneração e renovação no Espírito Santo , por ele derramado abundantemente sobre nós, por meio de Jesus Cristo, nosso salvador, para que, justificados pela sua graça, nos tornemos herdeiros, segundo a esperança, da vida eterna. Esta palavra é digna de confiança e, por isso, quero que vocês insistam nessas coisas, para que aqueles que creem em Deus se esforcem para ser os primeiros nas boas obras. Isso é lindo e útil para os homens ." Tito, que era de origem pagã, sabia por experiência própria o valor destas palavras. «Como é possível», pergunta Spicq no comentário a esta passagem, «transformar um pagão em cristão? É obra somente da graça, grátis e gratiose . O versículo Tt 3, 4 é paralelo ao Tt 2, 11. Como os deveres recíprocos dos cristãos se fundamentavam na iniciativa e na força educativa [Spicq falará mais tarde, em contraste com a afirmação pelagiana, de uma « paideia da graça" (p. 282)] da graça de Deus em Cristo, assim os deveres dos cristãos para com o mundo se baseiam na bondade e no amor de Deus pelos homens [...]. É o amor de Deus pelos homens a causa da conversão dos pagãos cegos e pecadores a uma vida santa. Este amor manifestou-se concretamente num momento histórico e numa forma dual que contrasta com o ódio e o ciúme dos homens uns pelos outros; embora eles se odiassem, Deus os amou com ternura e os amou. Em primeiro lugar, gentileza. Segundo a etimologia, significa “aquilo que pode ser aproveitado” e é utilizado principalmente para alimentos de boa qualidade [...]. É, portanto, uma amabilidade delicada, mas implica também liberalidade” (p. 275). E aí, isso é «uma simpatia eficaz; equivalente ao latim humanitas , que significa respeito ao homem como homem [...]. Portanto sinônimo de mas acentuando a universalidade desse favor” (p. 276).

Oração, bondade, respeito pelo homem como homem: coisas belas, isto é, boas, agradáveis ​​aos olhos de Deus.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Papa convida a festejarmos a data do Batismo como um novo aniversário

Angelus, 12 de janeiro de 2025 - Papa Francisco (Vatican News)

No Angelus na Festa do Batismo de Jesus, o Papa Francisco voltou a insistir a que que recordemos a data do nosso Batismo, pois é a data em que nascemos no Espírito de Deus.

https://youtu.be/c51Kdl9wzlY

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!

A festa do Batismo de Jesus, que hoje celebramos, nos faz pensar em tantas coisas, também no nosso Batismo. Jesus, que se une ao seu povo para receber o Batismo para o perdão dos pecados.

Gosto de recordar as palavras de um hino da liturgia de hoje: Jesus vai para ser batizado por João “com a alma nua e os pés descalços”. A alma nua e os pés descalços.

E quando Jesus recebe o batismo se revela o Espírito: «Tu és o meu Filho amado, em ti ponho o meu bem-querer». O rosto e a voz

Primeiro de tudo, o rosto. Ao revelar-se Pai por meio do Filho, Deus estabelece um lugar privilegiado para entrar em diálogo e comunhão com a humanidade. É  o rosto do Filho amado.

Em segundo lugar, a voz. Rosto e voz: «Tu és o meu Filho amado». Este é um outro sinal que acompanha a revelação de Jesus.

Queridos irmãos e irmãs, a festa de hoje nos faz contemplar o rosto e a voz de Deus, que se manifestam na humanidade de Jesus. E então, perguntemo-nos: nos sentimos amados? Eu me sinto amado e acompanhado por Deus ou penso que Ele esteja distante de mim? Somos capazes de reconhecer o seu rosto em Jesus e nos nossos irmãos? E somos habituados a ouvir a voz?

E eu vos faço uma pergunta: cada um de nós se lembra da data do seu Batismo? Isso é muito importante! Pense: em que dia fui batizado ou batizada? E se não me lembro, ao chegar em casa, perguntemos aos pais e padrinhos a data do Batismo. E festejar a data como um novo aniversário: a do nascimento precisamente no Espírito de Deus. Não se esqueçam! Esta é uma tarefa de casa: a data do meu Batismo.

Confiemo-nos à Virgem Maria, invocando a sua ajuda.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Antonio Maria Pucci

Santo Antonio Maria Pucci (A12)
12 de janeiro
Localização: Itália (Vernio)
Santo Antonio Maria Pucci

Eustáquio nasceu em 16 de abril de 1819, em Vernio, Itália, numa fervorosa família de camponeses. Gostava de auxiliar o pai na igreja e participar da Missa. Aos 18 anos, entrou para o convento dos Servos de Maria (os Servitas), e mudou o nome para Antônio Maria. Sacerdote em 1843, atuou como Definidor Geral da sua comunidade. Em 1847 foi enviado para a paróquia de Santo André em Viareggio, ali ficando como pároco por 48 anos, até a sua morte.

Foi precursor do modo de atuação típico da Ação Católica, ao criar associações para diversas atividades dos leigos: Companhia de São Luís e a Congregação da Doutrina Cristã para os jovens, Companhia Mariana de Nossa Senhora das Dores para os homens, Congregação das Mães Cristãs para as mulheres, além de fundar a Congregação (religiosa) das Irmãs Auxiliares Servas de Maria (as “Manteladas” de Viareggio), direcionadas para a educação dos adolescentes e assistência das crianças enfermas.

Não guardava nada para si próprio, nem mesmo roupas. Apesar da intensa atividade caritativa, rezava sem descuido, e de tal modo, que muitas vezes os paroquianos o viam em êxtase, ficando suspenso ou caminhando sem pôr os pés no chão

Em duas epidemias de cólera, nos anos de 1854 e 1892, Padre Antônio cuidava pessoalmente dos doentes. Na última, contraiu uma pneumonia fulminante ao sair da casa de um deles numa noite fria e tempestuosa, falecendo em 12 de janeiro.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

O pastor, o bom pastor, deve conhecer e dar a vida pelas suas ovelhas. Direcionar convenientemente as atividades dos leigos é um dos aspectos deste pastoreio, e Santo Antônio Maria soube fazê-lo através da iniciativa de criar associações adequadas. Mas, sobretudo, soube fazê-lo da santidade de vida, na caridade aos doentes e necessitados, e ainda mais na oração, pura e efetiva: sem esta, nenhuma atividade dá frutos para a Vida. Grande apreço e amor demos ter aos párocos, e muitas orações devem ser a eles dedicadas.

Oração:

Deus Providente, concedei-nos a graça dos bons pastores na Vossa Igreja, e por intercessão de Santo Antônio Maria Pucci, purificai nossos corações, de modo que possamos como ele sermos elevados da Terra para o Céu através do caminho da oração e da caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

sábado, 11 de janeiro de 2025

«Ó Timóteo, guarda o depósito» (II)

Paulo entrega as cartas a Timóteo | 30Giorni

Arquivo 30Giorni nº. 01/02 - 2009

«Ó Timóteo, guarda o depósito»

As Cartas Pastorais de São Paulo mostram que a custódia do depositum fidei é garantida pela ação do Espírito Santo, através da graça da imposição das mãos e da graça que resplandece nas boas obras. Mas estas mesmas Cartas, que constituem o fundamento da instituição-Igreja, «já não isolam a Igreja do mundo profano, pelo contrário, implantam-na ali com um otimismo e uma segurança notáveis». Propomos algumas páginas do comentário de Ceslas Spicq às Cartas Pastorais.

por Lorenzo Cappelletti

A imposição de mãos

Mas será que a exortação de Paulo será suficiente para que Timóteo, jovem e tímido por natureza, consiga ficar com o depósito?

«Com a ordem de preservar o depósito, Paulo indica os meios de ser fiel a ele. A tarefa não é fácil. Muitos abandonaram a fé e o próprio Apóstolo está prestes a partir, mas o Espírito Santo habita na Igreja e iluminará e fortalecerá os seus ministros (cf. 2 Tim 1, 7). São Paulo não duvida disso (cf. 2 Tim 1, 12).

Estes dois últimos versículos estabelecem o ensino católico sobre a tradição. Os apóstolos receberam a verdade cristã do Senhor; eles próprios a transmitiram oralmente, especialmente aos seus colaboradores e sucessores no ministério; mas estes têm o dever de preservá-lo em toda a sua pureza e, por sua vez, comunicá-lo apenas a homens provados e capazes de assegurar uma nova transmissão (cf. 2 Tim 2, 2).

 Ora, esta conservação e transmissão não podem ser suficientemente garantidas pelas forças humanas. É o Espírito Santo quem os preserva de qualquer alteração e de qualquer desvio e, segundo o versículo 7, pode-se precisar que esta ação do Espírito Santo é exercida com particular eficácia nos membros da hierarquia eclesiástica” (p. 320) . Por outras palavras, Timóteo poderá e poderá apelar à graça da ordenação recebida do próprio Paulo, que lhe escreve: « 6 Por isso, lembro-te de reavivar o dom de Deus que há em ti pela imposição de minhas mãos. <="" span="" style="padding: 0px; margin: 0px;">11 dos quais fui constituído arauto, apóstolo e mestre.

12 Esta é a causa dos males que sofro, mas não me envergonho disso: na verdade sei em quem acreditei e estou convencido de que ele é capaz de preservar o meu depósito até aquele dia. 13 Toma como modelo as sãs palavras que de mim ouviste, com a fé e a caridade que há em Cristo Jesus. 14 Guarda o bom depósito com a ajuda do Espírito Santo que habita em nós ” ( 2 Tim 1, 6-. 14). Nesta como na outra passagem ( 1Tm 4,14) em que recorda a Timóteo a imposição das mãos, «São Paulo designa com a mesma palavra o dom divino assim comunicado. Esta palavra só é usada nas Cartas Pastorais nestes dois textos sobre ordenação. Como nas cartas anteriores, designa um tipo particular de graça, que realça um aspecto da sua gratuidade; é dado menos para o benefício do indivíduo do que para o bem da comunidade cristã, "o bem comum" ( 1 Cor 12, 7), para construir a Igreja (1 Cor 12, 7), para construir a Igreja ( 1 Cor 12 , 7).14, 12)” (pág. 325). Spicq cita numa nota, a este respeito, o Padre Lemonnyer, autor do verbete Carismas no Supplément au Dictionnaire de la Bible : «Este carisma, cuja recepção fez de Timóteo o personagem oficial que ele é, é o caráter sacramental do Ordem. O sacramento da Ordem, gerador da hierarquia eclesiástica, e o sacramento da Confirmação, com o qual se constituem os milites Christi , são sacramentos essencialmente carismáticos. A hierarquia sagrada é composta de autoridade e habilidades igualmente sobrenaturais. Esta capacidade sempre foi identificada antes de mais nada com o caráter impresso pela Ordem em todos aqueles que a recebem, em qualquer grau, e que, segundo São Tomás, é uma potentia , quase uma faculdade sobrenatural , um carisma de uma ordem superior. classificação que habilita os membros da hierarquia em todas as funções de seu cargo. A que se acrescenta possivelmente a concessão extra-sacramental de carismas complementares: apóstolos, doutores, pregadores, pastores, etc. Longe de se basear no desaparecimento dos carismas, a hierarquia sempre se fundamentou nos carismas” (p. 325 nota 1).

«É preciso sublinhar que o dom de Deus... em você...; Deus nos deu um Espírito... ( 2 Tm 1, 6. 7) não está isento de conexão com o depósito cuja preservação é feita através do Espírito Santo que habita em nós ( 2 Tm 1, 14). [...] Significa que a ordenação garante a perpetuidade da doutrina ortodoxa; este é um legado sagrado, um “depósito”. A sua integridade depende em parte, sem dúvida, da docilidade e fidelidade dos pregadores, não ensinando doutrinas diferentes ( 1Tm 1, 3); mas, em última análise, o Espírito Santo é o seu principal guardião e só pode preservar os ministros cristãos do erro. Temos, portanto, o direito de identificar de alguma forma a graça transmitida pela imposição das mãos com a ação imanente do Espírito Santo que garante o depósito da fé contra qualquer perigo de alteração. Os pastores e pregadores, tendo recebido o carisma da ordenação, gozam da assistência do Espírito Santo na difusão e preservação da verdade evangélica: «Igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade ( 1 Tim 3, 15). Este é o fundamento da doutrina católica sobre a tradição oral como norma de fé.

Tendo recebido a imposição das mãos, Timóteo tem a certeza de ter sempre a força e a aptidão sobrenaturais para desempenhar dignamente o seu ofício evangélico” (pp. 325-326). Spicq explica ainda: «Não se trata tanto de esforços ascéticos para adquirir uma energia humana, uma força de caráter, mas antes de fidelidade à graça da ordenação ( 2 Tim.1, 6.7.8.12). Timóteo deverá pôr em prática os poderes e as forças sobrenaturais que recebeu, exercê-los o melhor que puder, apesar dos sofrimentos e dos trabalhos penosos que o seu ministério implica; mas para o Apóstolo, com a graça tudo é possível!» (pág. 340). 

Ecumenismo 

As Cartas Pastorais mostram, portanto, que a custódia do depósito é garantida pelo caráter sacramental da instituição eclesiástica. Mas estas mesmas Cartas que constituem o fundamento da Igreja-instituição (parece um paradoxo) «já não isolam a Igreja do mundo profano, pelo contrário, implantam-na ali com um otimismo e uma segurança notáveis. A experiência provou que cada cristão é chamado a viver entre os seus antigos companheiros de erro e pecado. Longe de desprezá-los e combatê-los, ele se mostrará a eles como um homem transformado pela graça” (p. CXCVIII). Nas Cartas Pastorais o ecumenismo de Paulo é expresso ao mais alto grau. Como é demonstrado em particular em 1 Tim 2, 1-5: « 1 Recomendo-vos, portanto, antes de tudo, que se façam petições, súplicas, orações e ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos aqueles que estão em autoridade, para que possamos viver uma vida calma e pacífica com toda piedade e dignidade. Isto é algo belo e agradável aos olhos de Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. Porque só há um Deus, e só há um mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus, que se entregou em resgate por todos .” Spicq comenta, citando São João Crisóstomo: «Devemos também dar graças a Deus pelos bens que ele concede aos outros, por exemplo, que faz brilhar o seu sol sobre os maus e os bons, que faz chover sobre os justos e os injusto. Veja como o Apóstolo nos une e nos une não só com súplicas, mas com ações de graças” (p. 53). E continua: «Todas estas orações não se limitam a interesses pessoais, nem a um círculo restrito de crentes; destinam-se aos outros e terão aplicação universal “para todos os homens”. Este universalismo é uma característica do culto “católico”. A oração tem a mesma extensão que a caridade; ambos o mesmo universalismo da salvação (ver 1Tm 1, 15; Tt 2, 11). Não há ninguém, de qualquer nação ou religião, por quem a Igreja não deva rezar, ninguém, nem mesmo um excomungado, cuja existência pelo menos não seja motivo para dar graças a Deus” (p. 53). Depois, comentando o versículo 3 (“Isto é algo belo e agradável aos olhos de Deus”), Spicq acrescenta: “Esta intercessão que o povo cristão realiza como sacerdócio real em favor de todos os homens é algo que é ao mesmo tempo moralmente bom , excelente em si mesmo, como eminente obra de caridade, e bela e agradável aos olhos de Deus – hapax no NT – pode ser considerada como explicativa do que é “lindo de se ver”), porque é a melhor cooperação que existe com o plano divino de salvar os homens” (p. 57).

Fonte: https://www.30giorni.it/

Ter muitos filhos pequenos é caótico, bagunçado e bonito

Davor Geber | Shutterstock

Cecilia Pigg - publicado em 27/12/24

Nosso número crescente de filhos tem testado meus limites, mas os momentos de exaustão física e mental são superados pelos momentos de beleza extraordinária.

Tenho uma filha de sete anos e um filho que acaba de completar quatro anos. Há quase quatro anos de diferença entre eles, e eles são bons amigos. Nos 20 meses em que esses dois filhos foram os únicos que eu tinha, e nos quatro anos anteriores, quando eu tinha apenas um filho, eu me via como uma pessoa paciente e uma mãe amorosa e atenciosa (o que, de fato, eu era).

Agora tenho também uma criança de dois anos, uma de quase um ano, e em seis semanas terei outro bebê. O caos é palpável. Felizmente, a alegria também é palpável.

Desafios físicos e mentais

Ainda me considero uma pessoa paciente e uma mãe amorosa e atenciosa? Eu me esforço para ser, mas minhas limitações são muito mais evidentes agora. Se você quer mergulhar em um intenso crescimento pessoal, então tenha mais filhos. E tenha-os próximos!

Crianças pequenas são muito carentes. Elas precisam de ajuda para quase tudo, desde comer e dormir até se vestir e entrar e sair de qualquer lugar. Parte de ajudá-las a crescer é ensiná-las a fazer essas coisas por si mesmas, o que exige tempo, paciência e intenção. Se você tem múltiplos pequenos que querem ajuda imediata, isso torna ainda mais desafiador dedicar tempo para permitir que as crianças aprendam e tentem fazer as coisas sozinhas.

Fisicamente, criar um grupo de crianças pequenas exige força e resistência. O lado positivo disso é que é impossível levar um estilo de vida sedentário — você pode praticamente fazer seu cárdio sem nunca pisar em uma academia. De maneira geral, a autodisciplina necessária nesta aventura é imensa. Ela exige tudo de mim, o tempo todo, e quando eu me sinto fraca ou fico preguiçosa, isso se vê quase imediatamente.

As alegrias das crianças pequenas

Além de serem muito carentes, as crianças pequenas também são encantadoras. Ver meu filho descobrir o mundo ao seu redor, com uma curiosidade e admiração intensas, transformou meu coração de muitas maneiras. Lembro-me da fase que todos os meus filhos passaram, quando eles se aproximam de qualquer pessoa que veem com um sorriso e um “Oi!” extasiado. A alegria óbvia deles ao ver outra pessoa geralmente desencadeia uma resposta igualmente alegre de quem os vê. Pergunto a mim mesma: Como posso encontrar os outros com esse nível de acolhimento e aceitação?

Além de ver meu filho interagir com o mundo, ver cada um aprender a crescer e amar com um irmão é ainda mais incrível. Minha filha de quatro anos e meu filho de dois brigam o tempo todo. Eles querem o mesmo brinquedo; gritam e se descontrolam. Mas espere só alguns minutos e logo estarão fazendo cabanas para dormir, fingindo acampar juntos sob as estrelas — melhores amigos que se defenderiam até a morte.

Meu marido não consegue deixar de se encantar com a alegria que as crianças têm pela vida. O entusiasmo delas por qualquer coisa e por tudo acende uma chama nele, e ele pode experimentar essa mesma alegria com elas. Eu também adoro ver as diferentes personalidades delas surgindo e descobrir quais ferramentas específicas podem ajudá-las a prosperar. Os momentos de pura alegria e prazer realmente superam os momentos de loucura — na maioria dos dias.

Uma vida bagunçada e bonita

Nos próximos anos, quando eu tiver vários adolescentes em casa, tenho certeza de que os desafios e as alegrias continuarão presentes, mas de uma maneira diferente. Quem sabe o que vou precisar para continuar crescendo e me adaptando? No entanto, eu sei que a beleza de ter irmãos do outro lado, como adulto, é real. Eu quero que meus filhos tenham essa experiência — de ter o amor e o apoio de pessoas que viveram ao seu lado, que os conhecem intimamente e querem vê-los bem-sucedidos.

A vida familiar é bagunçada. Eu falharei em ser a mãe que cada um dos meus filhos precisa muitas vezes. Eu certamente machucarei meus filhos, e eles também se machucarão mutuamente, às vezes de forma muito profunda. No entanto, o poder da graça e a beleza do perdão são reais. Jesus quer nossa cura e plenitude mais do que nós mesmos queremos. Então, Jesus, confio em Ti. Obrigada pelos presentes desses preciosos, encantadores, mas selvagens e carentes pequenos. Eu confio nossa família a Ti.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2024/12/27/ter-muitos-filhos-pequenos-e-caotico-baguncado-e-bonito

Papa: o Jubileu é um novo começo, a possibilidade de se recomeçar a partir de Deus

Audiência Jubilar de 11 de janeiro de 2025 - Papa Francisco (Vatican News)

A grandeza de Deus é diversa. E recomeçamos desta Sua originalidade, “que brilhou em Jesus e que agora nos compromete a servir, a amar fraternalmente, a reconhecer-nos pequenos. E a ver os mais pequeninos, a ouvi-los e a ser a sua voz. Eis o novo começo, o nosso jubileu!” Francisco deu início esta manhã às Audiências Jubilares do sábado, “cujo objetivo ideal é acolher e abraçar todos aqueles que vêm de todas as partes do mundo em busca de um novo começo”, afirmou o Santo Padre

https://youtu.be/l4o-gBm-xpE

Raimundo de Lima – Vatican News

“Muitos de vocês estão aqui em Roma como “peregrinos da esperança”. Esta manhã iniciamos as Audiências Jubilares do sábado, cujo objetivo ideal é acolher e abraçar todos aqueles que vêm de todas as partes do mundo em busca de um novo começo. O Jubileu, de fato, é um novo começo, a possibilidade de todos recomeçarem a partir de Deus. Com o Jubileu se inicia uma nova vida, uma nova etapa.”

Com essas palavras introdutórias, o Papa explicou aos fiéis e peregrinos presentes na Sala Paulo VI, no Vaticano, na manhã deste sábado, 11 de janeiro, uma das iniciativas deste Ano Santo, as Audiências Jubilares do sábado. Em sua catequese, intitulada “Esperar é recomeçar – João Batista”, o Pontífice precisou que gostaria de destacar, de vez em quando, algum aspecto da esperança.

Francisco lembrou que esta é uma virtude teologal. E em latim, virtus significa “força”. A esperança é uma força que vem de Deus. “A esperança não é um hábito ou um traço do carácter – que alguém tem ou não tem – mas uma força que deve ser pedida. É por isso que nos tornamos peregrinos: viemos para pedir um dom, para recomeçar o caminho da vida”, frisou.

Audiência Jubilar com o Papa Francisco, na Sala Paulo VI, no Vaticano (Vatican Media)

O Jubileu nos ajuda a recomeçar

O Santo Padre ressaltou que amanhã, domingo, celebramos a festa do Batismo do Senhor “e isso faz-nos pensar naquele grande profeta de esperança que foi João Batista. Jesus disse algo maravilhoso sobre ele: que é o maior entre os nascidos de mulher. “Compreendemos então - continuou o Papa - porque é que tantas pessoas se aglomeravam à sua volta, querendo um novo começo, com o desejo de recomeçar e o Jubileu nos ajuda nisso. O Batista parecia verdadeiramente grande, parecia crível em sua personalidade. Tal como hoje atravessamos a Porta Santa, João propunha atravessar o Rio Jordão, entrando na Terra Prometida, como acontecera com Josué na primeira vez. Recomeçar, receber de novo a terra, como da primeira vez. Irmãos e irmãs, recomeçar. Esta é a palavra: recomeçar. “Coloquemos isso na cabeça e digamos todos juntos: ‘recomeçar’. Digamos juntos”, insistiu o Papa. Não se esqueçam disso: recomeçar! – exortou os cerca de oito mil fiéis e peregrinos presentes na Sala Paulo VI.

Mas Jesus, logo a seguir a este grande elogio, acrescenta algo que nos faz pensar: “entre os nascidos de mulher ninguém é maior que João; mas o menor no reino de Deus é maior que ele”. A esperança, irmãos e irmãs, está toda neste salto qualitativo. Não depende de nós, mas do Reino de Deus. Eis a surpresa: acolher o Reino de Deus leva-nos a uma nova ordem de grandeza. Deste nosso mundo todos nós precisamos!

Audiência Jubilar com o Papa Francisco, na Sala Paulo VI, no Vaticano (Vatican Media)

Jesus mostra-nos o novo caminho das Bem-aventuranças

Francisco continuou sua catequese contextualizando que quando Jesus diz estas palavras, o Batista está preso, cheio de perguntas. Também, disse o Pontífice antes de concluir, nós trazemos muitas perguntas na nossa peregrinação, porque há muitos “Herodes” que ainda se opõem ao Reino de Deus. No entanto, Jesus mostra-nos o novo caminho das Bem-aventuranças, que são a surpreendente lei do Evangelho. Perguntamo-nos então: será que tenho dentro de mim um verdadeiro desejo de recomeçar? Quero aprender com Jesus, que é verdadeiramente grande? O menor, no Reino de Deus, é grande.

Em Deus, a esperança para esta terra maltratada e ferida

Com João Batista, então, aprendemos a voltar a acreditar. A esperança para a nossa casa comum – esta nossa Terra tão abusada e ferida – e a esperança para todos os seres humanos está na diferença de Deus. A sua grandeza é diversa. E recomeçamos desta originalidade de Deus, que brilhou em Jesus e que agora nos compromete a servir, a amar fraternalmente, a reconhecer-nos pequenos. E a ver os mais pequeninos, a ouvi-los e a ser a sua voz. Eis o novo começo, o nosso jubileu!

Audiência Jubilar com o Papa Francisco, na Sala Paulo VI, no Vaticano (Vatican Media)

Oremos pela paz

Nas saudações finais, dirigindo-se aos peregrinos de língua italiana, o Papa encorajou-os a viver bem o Ano do Jubileu, que oferece a possibilidade de haurir do tesouro de graça e de misericórdia de Deus confiado à Igreja, fazendo por fim, uma premente exortação:

“E queridos irmãos, queridas irmãs, oremos pela paz. Nunca nos esqueçamos de que a guerra é uma derrota, sempre! Oremos pelos países em guerra, para que a paz chegue.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

«Ó Timóteo, guarda o depósito» (I)

Mosaico do século XIII da Catedral de Monreale, Palermo; Ananias batiza Paulo | 30Giorni

Arquivo 30Giorni nº. 01/02 - 2009

«Ó Timóteo, guarda o depósito»

As Cartas Pastorais de São Paulo mostram que a custódia do depositum fidei é garantida pela ação do Espírito Santo, através da graça da imposição das mãos e da graça que resplandece nas boas obras. Mas estas mesmas Cartas, que constituem o fundamento da instituição-Igreja, «já não isolam a Igreja do mundo profano, pelo contrário, implantam-na ali com um optimismo e uma segurança notáveis». Propomos algumas páginas do comentário de Ceslas Spicq às Cartas Pastorais.

por Lorenzo Cappelletti

Há vários meses a expressão depósito de fé ou seu equivalente latino depositum fidei aparece nas manchetes e nos artigos de 30Giorni . Mas os direitos autorais não pertencem a 30Giorni . «Ó Timóteo, guarda o depósito» é a recomendação final feita por São Paulo na primeira Carta dirigida ao seu discípulo predileto. Repetido, pouco antes de ir para o martírio, na segunda Carta. Antes disso, essa expressão nunca havia sido usada por São Paulo (nem pelos outros escritores do Novo Testamento).

Precisamente no momento em que o seu sangue estava para ser derramado, São Paulo advertiu que o tesouro que guardava como um vaso fraco mas forte poderia perder-se. Como advertiu aquele outro Paulo mais próximo de nós quando escreveu o Credo do Povo de Deus . A grande alternativa – foi escrito recentemente – para a vida de um homem e de um povo é, de facto, entre a ideologia e a tradição.

Talvez não seja coincidência que recentemente tenham ganhado destaque as chamadas Cartas Pastorais (nome que, juntamente com as duas Cartas a Timóteo, inclui também a Carta a Tito). A eles foi dedicada a conferência da Associação Bíblica Italiana, realizada em setembro passado em Termoli, a cidade de Molise que abriga as relíquias de Timóteo na sua encantadora Catedral. Enquanto aguardamos a publicação das atas daquela conferência, somos acompanhados na leitura de alguns trechos daquelas Cartas do grande exegeta dominicano Ceslas Spicq. Na verdade, é o seu comentário, que apareceu na terceira edição há apenas cinquenta anos ( Saint Paul. Les Épîtres pastorales , Éd. Gabalda, Paris 1947), que mesmo os eminentes estudiosos que o seguiram não podem deixar de seguir modelo. 

O depósito 

« Ó Timóteo, guarda o depósito; evite a tagarelice profana e as objeções da chamada gnose, professando que alguns se desviaram da fé ” ( 1 Timóteo 6:20). Pode ser útil, antes de tudo, compreender qual é a instituição jurídica do depósito, na qual se inspira São Paulo. «Em Roma “há um depósito quando algo é colocado em segurança com uma pessoa que se compromete a guardá-lo e devolvê-lo quando solicitado”. Ao contrário da transferência fiduciária, onde há uma transferência real de propriedade, há apenas uma transferência temporária de posse no depósito. O depositário não possui para si, mas para o depositante; ele é apenas um zelador e mantém as mercadorias à disposição dos comerciantes, que retém os direitos relativos à propriedade. Além disso, assim como o contrato fiduciário, o depósito é feito voluntariamente com um amigo que o mantém gratuitamente. Durante muito tempo, o depósito feito através de simples entrega ( traditio ), foi desprovido de eficácia jurídica, sendo um ato sem forma” (p. 331).

Evidentemente impressionado com as características desta instituição, que enquanto contrato «era uma novidade [na verdade datava apenas da época do triunvirato de Otaviano] e uma novidade muito surpreendente porque é um dos primeiros contratos não solenes» ( p. 329), São Paulo adotou precisamente no momento de maior perigo para a fé. «Até aquele momento o Apóstolo insistiu sobretudo na fidelidade ao seu ministério, na lealdade aos seus discípulos; agora ele é levado pelo perigo das heresias nascentes a considerar a integridade da doutrina por si mesma, da qual foi estabelecido como “arauto, apóstolo e mestre”. Ele recebeu com o mandato de repassá-lo, não lhe pertence. Apresentando o seu fim iminente, Paulo percebe ainda mais vividamente a responsabilidade que lhe cabe de manter intacto este tesouro; até o prazo determinado ele deve preservar a palavra de Deus ( 1Tm 4, 6) de todo erro e corrupção. É, de facto, um depósito que Deus lhe confiou e aproxima-se o dia em que o credor divino lhe pedirá contas. Paulo recebeu este depósito de Deus, e mais precisamente de Cristo, no caminho de Damasco. Dado que este contrato régio pressupunha originalmente, pela sua forma de formação, que uma simples remessa de posse de bens, é portanto no momento deste encontro inicial que nasceu este acordo entre o Senhor e o seu apóstolo - o acordo dos seus dois testamentos – gerador de obrigação a partir do momento da transmissão do objeto confiado. O conteúdo deste depósito é o Evangelho. A lei não autorizou, salvo disposição em contrário, qualquer utilização dos bens confiados. Ora, o Apóstolo nunca se considerou senão um administrador, um dispensador dos mistérios divinos ( 1Cor 4, 1). Ao contrário dos mestres que ensinam uma doutrina original, fruto das suas especulações, ele é apenas um delegado. Ele não inventa o que prega, não o transforma, aprendeu e recebeu e deve transmitir intacto - como um depósito - este tesouro que é a palavra divina ou o objeto da fé [...]. Terminou a corrida, chegou o momento da sua partida ( 2Tm 4, 6-8); exorta Timóteo a zelar pelo depósito que lhe transmite; chegou a hora em que ele está prestes a comparecer diante de Deus que julgará seu fiel guardião” (pp. 332-333).

Fonte: https://www.30giorni.it/

A esperança é a chave para suportar qualquer dificuldade

Roman Zaiets / Shutterstock

Philip Kosloski - publicado em 31/03/20 - atualizado em 09/01/25

A ausência de esperança destrói a caridade: nossos esforços dependem dela, e, por meio dela, somos envolvidos pela misericórdia de Deus.

Em tempos sombrios, tendemos a perder a esperança, especialmente quando eles se prolongam. Até que tentamos ter uma atitude positiva, mas as circunstâncias nem sempre promovem essa virtude.

No entanto, uma das únicas maneiras pelas quais podemos suportar tais dificuldades é ter esperança.

São João Clímaco, um monge cristão do século VI, passou 40 anos levando uma vida solitária, raramente tendo contato as pessoas. Mas, em determinada época, ele foi encarregado de um mosteiro e vários religiosos o procuraram para ter orientação espiritual. Sua sabedoria era profunda e seus escritos continuam a inspirar as pessoas até hoje.

O Papa Bento XVI destacou sua vida em uma audiência geral em 2009, na qual se concentrou em várias lições que podemos tirar da vida do eremita. Em particular, Bento XVI enfatizou a necessidade de ter esperança, citando os pensamentos de São João sobre o assunto:

"A esperança é o poder que impulsiona o amor. Graças à esperança, podemos esperar a recompensa da caridade ... A esperança é a porta do amor ... A ausência de esperança destrói a caridade: nossos esforços estão ligados a ela, nossos trabalhos são sustentados por ela e, por meio dela, somos envolvidos pela misericórdia de Deus."

O tipo de esperança sobre a qual São João Clímaco escreve é a esperança sobrenatural, uma firme esperança no futuro e no que Deus tem reservado para seus fiéis discípulos. O Papa Bento XVI explica mais detalhadamente essa virtude fundamental:

"Com razão, João Clímaco diz que somente a esperança nos torna capazes de viver a caridade; esperança na qual transcendemos as coisas de todos os dias, não esperamos sucesso em nossos dias terrestres, mas estamos ansiosos pela revelação do próprio Deus, finalmente. É somente nessa extensão de nossa alma, nessa auto-transcendência, que nossa vida se torna grande e que somos capazes de suportar o esforço e as decepções de todos os dias, que podemos ser gentis com os outros sem esperar qualquer recompensa. Somente se houver Deus, essa grande esperança à qual aspiro, poderei dar os pequenos passos da minha vida e, assim, aprender a caridade."

Qualquer sofrimento que experimentamos pode ser suportado com a virtude da esperança. Ele nos sustenta em tempos sombrios e nos aponta a direção certa. Em vez de buscar consolo nesta vida terrena, esperamos ansiosamente a vida eterna. Todas as nossas ações podem ser ordenadas para essa esperança, dando sentido e propósito às nossas vidas.

Se você está sofrendo agora, peça a Deus a virtude da esperança, para poder superar as decepções diárias e transmitir a alegria a que somos chamados a experimentar na presença de Deus.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2020/03/31/a-esperanca-e-a-chave-para-suportar-qualquer-dificuldade

Evangelizar na cidade

Evangelizar na periferia (Arquidiocese de BH)

EVANGELIZAR NA CIDADE 

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

O Brasil passou por um sistema bastante agressivo de urbanização, sendo superado apenas pela China, muito recentemente. Com isso, a perspectiva de características rurais, de comunidades estáveis e referenciadas ao longo dos tempos decaiu. A urbe surgiu por toda parte. O sistema de deslocamento rápido permitido nas duas últimas décadas acelerou o espírito de “desruralização”. 

Toda a metodologia evangelizadora tornou-se então, urbana. A partir das cidades de dez mil habitantes, talvez ainda menos, exige-se uma metodologia radicada na setorização dos fiéis e na capacidade de insurgência de suas lideranças locais para manter viva a chama do Espírito que tudo transforma. 

É inadequado, portanto, falar de evangelização nas grandes cidades, pois não é possível abarcar milhões de pessoas ao mesmo tempo. Mesmo as megalópoles precisam se organizar em estruturas compartimentadas e setorizadas, num esquema que já se encontra posto nas divisões paroquias. 

As paróquias, porém, precisam se ajustar às condições da urbanização intensiva e pensar-se com todas as comunidades e ambientes vitais, onde as pessoas, de fato, vivem. A Igreja Matriz não pode ser a única comunidade exitosa no meio das outras. Seja uma cidade de milhões de habitantes, como uma de poucos milhares, precisam se ajustarem a esta nova metodologia. 

A título de exemplo, mesmo uma cidade de sete mil habitantes, constata-se residentes habitando numa distância média de um a três quilômetros da Igreja matriz, o que a torna inadequada para acolher a diversidade e a dinamicidade da vida urbana. 

Não importa o tamanho da cidade, a evangelização necessita ser radicada num lugar concreto. Esse lugar é a comunidade que tem uma alma. Elaborar essa alma para os grupos e setores da paróquia é a proposta da missão a partir de agora.  

A toda comunidade é missionária doravante. Cada setor deve ter seus animadores, forças vivas e alma no corpo da comunidade, de modo a manter a chama sempre acesa através do instrumentário estético e devocional que Igreja acumulou ao longo dos séculos. 

Essa porção dos seguidores de Cristo, escondida na diversidade da cidade, não pode ser desconhecida dos padres nem dos conselhos de pastoral das comunidades. 

Os jovens, sempre muito dispostos à missão, também não podem desconhecer a realidade da paróquia, pois, só partindo deste conhecimento é que se chega à necessidade da missão. 

A paróquia é o lugar da missão. Paróquia missionária é a evolução metodológica da pastoral rural para a dinâmica urbana das respostas que precisamos dar. 

Essa proposta pode ser até mais fácil dado a proximidade de todos. Os grupos missionários podem realizar seu trabalho esporadicamente e por tempo determinado. Não devem assumir permanentemente o encargo de animar os setores da paróquia, mas tão somente despertar o Espírito na comunidade para que ela se reúna e se apaixone por Cristo. 

Nessa estrutura surgirão inúmeros animadores e animadoras de comunidades celebrativas, assistências e missionárias. O segredo do sucesso de uma comunidade missionária será medido pela capacidade de animar outra comunidade a também se estabelecer. Só assim será colocada em prática o desejo de Cristo de que seus discípulos cheguem aos confins do mundo.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF