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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Francisco: prepararei uma Exortação Apostólica dedicada às crianças

O Papa durante o Encontro Internacional sobre os Direitos da Criança  (Vatican Media)

O Papa concluiu o Encontro Internacional sobre os Direitos da Criança realizado nesta segunda-feira, no Vaticano, e anunciou seu desejo de dar continuidade ao compromisso assumido no evento com um texto magisterial a ser publicado no futuro. Francisco agradeceu a todos os oradores por terem transformado a Residência Apostólica num “observatório” aberto sobre a realidade da infância “ferida, explorada, negada”.

Salvatore Cernuzio – Vatican News

No final do Encontro Internacional sobre os Direitos da Criança realizado, nesta segunda-feira (03/02), no Vaticano, o Papa Francisco anunciou, em seu discurso de encerramento do evento, que pretende "preparar uma Exortação Apostólica dedicada às crianças".

Francisco expressou sua sincera gratidão a todos os participantes no final do Encontro sobre os Direitos da Criança. "Graças a vocês, as salas da Residência Apostólica tornaram-se hoje um “observatório” aberto para a realidade da infância em todo o mundo, uma infância que infelizmente é muitas vezes ferida, explorada, negada", disse o Pontífice. "A sua presença, a sua experiência e a sua compaixão deram vida a um observatório e, sobretudo, a um "laboratório": em vários grupos temáticos, vocês desenvolveram propostas para a proteção dos direitos das crianças, considerando-as não como números, mas como rostos", sublinhou Francisco.

"Tudo isso dá glória a Deus, e a Ele o confiamos, para que o seu Espírito Santo o torne fecundo e fértil", disse ainda o Papa.

Cerca de 40 oradores de alto nível, entre políticos, Prémios Nobel, representantes do mundo da cultura, da economia, da Igreja, do judaísmo e do islamismo, revezaram-se na mesa oval montada da Sala Clementina para o Encontro Internacional sobre os Direitos da Criança. Um evento desejado pelo Papa Francisco e organizado pelo Pontifício Comitê para a Jornada Mundial da Criança, dividido em duas sessões e marcado por sete painéis temáticos. O Papa - depois de ter aberto o encontro esta manhã com um longo discurso no qual reiterou a importância da vida, da infância, dos sonhos das crianças e também dos seus silêncios - concluiu os trabalhos com o anúncio de uma Exortação Apostólica dedicada às crianças com o objetivo de “dar continuidade” ao compromisso lançado nesta segunda-feira no Encontro e “promovê-lo em toda a Igreja”.

"As crianças nos observam"

O Papa citou o padre Ibrahim Faltas, vigário da Custódia da Terra Santa, que falou pouco antes. Em particular, o Papa disse que ficou impressionado com a frase: "As crianças nos observam". "Foi também o título de um filme famoso: as crianças nos observam", acrescentou em referência ao famoso filme de 1944 de Vittorio De Sica. As crianças "nos observam para ver como seguimos na vida", sublinhou Francisco.

A carta das crianças

No início da sessão da tarde, o Papa quis ler alguns trechos da carta que, esta manhã, um grupo de crianças das escolas católicas de Roma, da comunidade indonésia e das Escolas da Paz de Santo Egídio e Auxilium deram a ele junto com alguns desenhos. "Querido Papa Francisco, escrevemos a você em nome das crianças de toda a Terra", diz a carta lida pelo Papa. "Queremos agradecer porque você se preocupa conosco e com o nosso futuro, nos ama e nos protege. Muitas crianças sofrem por causa da fome, da guerra, da cor diferente da pele, de desastres ambientais". "Queremos um mundo mais justo, sem divisões entre os povos, entre ricos e pobres, entre jovens e idosos", continua a carta. "Um mundo que seja também mais limpo, onde a poluição não destrua as florestas, não suje o mar e não mate tantos animais. Entendemos que é mais importante salvar a Terra do que ter muito dinheiro".

A oitava exortação do pontificado

A Exortação Apostólica sobre as crianças anunciada, nesta segunda-feira (03/02), pelo Papa Francisco será a oitava do seu pontificado, começando com Evangelii Gaudium de 2013 e terminando com C'est la confiance de 2023. Será um novo capítulo de um magistério marcado pela atenção a uma categoria frágil e vulnerável, vítima de abuso sexual e não só, de exploração, de violência, crianças privadas da infância, da brincadeira e do tempo livre, como destacado em muitos painéis nesta segunda-feira. O Papa também dedicará um evento jubilar às crianças nos dias 24 e 25 de maio, na expectativa da segunda edição da Jornada Mundial da Criança, após a primeira realizada em maio passado no Estádio Olímpico de Roma, ocasião em que o Papa reiterou que, neste mundo de guerras, “é sempre possível fazer a paz”. E fazer a paz a partir da contribuição dos pequeninos, de suas necessidades e de seus desejos.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Dos Tratados sobre os Salmos, do Pseudo-Hilário

O Senhor é Minha Luz (Liturgia das Horas.online)

Dos Tratados sobre os  Salmos, do Pseudo-Hilário

(Ps. 132: PLS 1,244-245)            (Séc. IV)

Todos os fiéis tinham um só coração e uma só alma

Vede como é bom e alegre habitarem juntos os irmãos. Bom e alegre é habitar na unidade com os irmãos, porque vivendo deste modo, juntam-se à unidade da Igreja e, dizendo-se irmãos, concordam na caridade de um só querer.

Já na primeira pregação dos apóstolos existia este grande preceito, conforme lemos: Todos os fiéis possuíam um só coração e uma só alma.

Convém, portanto que o povo de Deus seja de irmãos em um só Pai, uma unidade em um só Espírito, vivam unânimes em uma só casa, sejam membros de um só corpo.

Bom e alegre é habitarem os irmãos na unidade. O profeta encontra uma comparação para esta alegria e bondade: Como o óleo sobre a cabeça, que desce pela barba de Aarão, até à orla de suas vestes. O óleo de Aarão foi um bálsamo composto de perfumes, que o ungiu por sacerdote. Agradou a Deus que assim, primeiramente, fosse consagrado seu sacerdote. Nosso Senhor também foi ungido invisivelmente, de preferência a seus companheiros. Unção não terrena; não derramada de um chifre, como se ungiam os reis, mas unção com o óleo da alegria, depois da qual, conforme a lei, Aarão foi chamado de “Cristo”, isto é, “o ungido”.

Como esta unção expele os imundos espíritos do coração de quem a recebe, também pela unção da caridade, começamos a exalar a concórdia, tão suave a Deus, como diz o apóstolo: Somos o bom odor de Cristo. Assim, pois, como a primeira unção, e de Aarão sacerdote, foi agradável a Deus, do mesmo modo é bom e alegre habitarem os irmãos na unidade.

O óleo desceu da cabeça à barba. A barba é o distintivo da idade adulta. Não é bom sermos crianças em Cristo, a não ser, como já se disse, crianças na malícia, não no entendimento. O apóstolo chama todos os infiéis de criancinhas, que ainda não suportam alimento sólido, precisam de leite. Ele diz: Dei-vos leite a beber e não alimento sólido; ainda não éreis capazes e nem mesmo agora o sois.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

domingo, 2 de fevereiro de 2025

O significado dos 7 dons do Espírito Santo

Os 7 dons do Espírito Santo (Canção Nova)

O significado dos 7 dons do Espírito Santo

Francisco Vêneto - publicado em 27/01/17

Qual é a diferença entre sabedoria, entendimento e ciência? E por que o “temor de Deus” é diferente do medo?

FORTALEZA

Com o dom da fortaleza, Deus nos dá a coragem necessária para enfrentarmos as circunstâncias desafiadoras da vida e a firmeza de caráter para suportarmos as perseguições e tribulações decorrentes do nosso testemunho cristão, rejeitado e combatido pelo mundo. Foi graças ao dom da fortaleza que os santos recusaram as falsas promessas e enfrentaram as ameaças da mundanidade, muitos com o sacrifício da própria vida.

Imagens ilustrativas via blog Almas Castelos | Aleteia

SABEDORIA

O dom da sabedoria nos leva a distinguir entre o que é essencial e o que não é; entre o que realmente importa e o que é meramente secundário. Ser sábio é saber escolher e apreciar o bem em meio às muitas alternativas sedutoras que se colocam diante do nosso livre arbítrio, confundindo o nosso julgamento com aparências que precisam ser desmascaradas. A sabedoria não necessariamente envolve inteligência, cultura e entendimento: é outro tipo de conhecimento; é a capacidade singela de enxergar ou intuir o bom, o belo e o verdadeiro a partir da referência do Absoluto, não do relativo. É o dom de “saber viver” em Deus, na bondade, na verdade e na beleza, ainda que não se entendam muitas coisas no sentido intelectual do termo “entender” – aliás, o entendimento é outro dom divino, que veremos em seguida.

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ENTENDIMENTO

Este dom torna a nossa inteligência capaz de compreender e assimilar os conteúdos das verdades reveladas, auxiliando-se também da ciência, que ilumina a razão a fim de conhecermos melhor a criação e chegarmos assim ao Criador. Pode parecer um tanto confuso, à primeira vista, distinguir entre a sabedoria, o entendimento e a ciência. De fato, são dons complementares entre si, mas há distinção entre eles. Expliquemos dando um exemplo: há pessoas simples que, mesmo sem entenderem o vasto significado da liturgia, dos dogmas e das orações, sabem apreciar o sabor das coisas de Deus e dão testemunho de intensa devoção e piedade, sendo capazes de inspirar e ajudar os outros a viverem uma vida espiritual mais profunda, ainda que esses outros tenham maiores talentos intelectuais. Essas pessoas simples possuem o dom da sabedoria, mas lhes falta o entendimento – que é o dom de compreender o sentido das coisas de Deus. Com o dom do entendimento, o cristão contempla com mais lucidez e consciência o mistério da Santíssima Trindade, o amor de Cristo pela humanidade, o significado da Sagrada Eucaristia, dos sacramentos, dos ritos litúrgicos, da moral católica etc. E onde é que entra o dom da ciência? A ciência nos ajuda nessa compreensão fornecendo-nos um tesouro crescente de informações sobre a criação como precisamente isso: criação, obra do Criador.

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CIÊNCIA

É o dom divino que aperfeiçoa as nossas faculdades intelectivas e nos ajuda a compreender a realidade como obra do Criador, iluminados, simultânea e harmoniosamente, pela fé e pela razão – “as duas asas que elevam o espírito humano à contemplação da Verdade”, conforme a bela descrição apresentada pela encíclica “Fides et Ratio”, do Papa São João Paulo II. O dom da ciência, portanto, nos abre à contemplação do Criador mediante o conhecimento da criação. É importante observar que se trata do dom da ciência de Deus, não da ciência das coisas do mundo; ele envolve o reconhecimento da criação como meio para a contemplação de Deus. Graças ao dom da ciência, os santos, por exemplo, souberam ver Deus atrás das criaturas como que através de um espelho. São Francisco de Assis compôs o “cântico das criaturas” ao Senhor porque todos os seres criados, desde as flores até as aves, desde a água até o fogo e o sol, lhe eram ocasião para contemplar e amar a Deus, Criador de tudo o que há. O dom da verdadeira ciência nos leva, mediante o reto conhecimento e reconhecimento das criaturas como criaturas, a vislumbrar o Criador. Entre as criaturas não se incluem apenas os demais seres tangíveis, mas também as próprias ações e comportamentos humanos, que fazem parte do mundo criado: o dom da ciência, portanto, nos ajuda ainda a saber como agir – e, neste sentido, evoca o dom do conselho.

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CONSELHO

É o dom que permite à alma o reto discernimento sobre como responder às circunstâncias da existência, tanto no tocante às próprias decisões quanto na hora de orientar os irmãos a trilharem o caminho do bem.

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PIEDADE

É a graça de Deus na alma que proporciona o relacionamento filial e profundo com Deus, mediante a oração e as práticas piedosas ensinadas pela Igreja. É o dom da devoção, do fervor, da experiência de viver em comunhão permanente com Deus.

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TEMOR DE DEUS

O nome deste dom pode causar estranheza e confusão, pois muitos o entendem em sentido negativo, como se devêssemos ter medo de Deus. Na verdade, trata-se do dom divino que nos leva a “temer” por Deus no sentido de não querer que Ele seja desprezado e deixado de lado, nem pelos outros, nem por nós mesmos. É o santo temor de que Deus seja ofendido; ao mesmo tempo, é o sadio temor das consequências do afastamento de Deus – consequências que não consistem num castigo imposto por Deus, mas sim na decorrência natural da nossa própria possibilidade de optar por viver longe d’Ele: Deus respeita a nossa liberdade a tal ponto que não nos impede de odiá-lo se assim escolhermos; por isso mesmo, Ele tampouco impede as consequências desse ódio voluntário, que se resumem no afastamento eterno de Deus decretado por nós próprios com a nossa liberdade e arbítrio. O dom do santo temor de Deus nos ajuda, assim, a evitar tudo o que nos afasta d’Ele – ou seja, o pecado; e não por medo de castigo, mas pela justa consciência de que, ao nos afastarmos d’Ele, nós próprios O perdemos voluntariamente.

magens ilustrativas via blog Almas Castelos | Aleteia

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Imagens ilustrativas via blog Almas Castelos

Fonte: https://pt.aleteia.org/2017/01/27/os-7-dons-do-espirito-santo-numa-explicacao-facil-de-entender

Apresentação do Senhor

Evangelho do domingo (Vatican News)

Porque meus olhos viram a Tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do Teu povo Israel” (cf. Lc 2,30-32).

Eurico dos Santos Veloso - Arcebispo Emérito de Juiz de Fora, MG

A Festa da Apresentação do Senhor é o presságio do mistério da Salvação, em que a Luz que ilumina as nações, a qual é o próprio Cristo, vem ao encontro de todos a fim de oferecer a misericórdia e a libertação tão esperada por Israel e por todos os confins da Terra.

Na Primeira Leitura, extraída do Livro da Profecia de Malaquias (Ml 3,1-4), anuncia o “Dia do Senhor” em que o próprio Deus descerá e chegará ao seu templo a fim de encontrar o seu povo, e renovará Sua Aliança, purificando todos os corações dos fiéis. Ora, tal purificação com finalidade em preparar a todos, dig    nos em fazer oferendas justas e aceitáveis ao Senhor.

O Evangelho de Lucas (Lc 2,22-40) relata o episódio da Apresentação do Menino ao Templo, porém com um significado além do cumprimento da Lei de Moisés – “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor” (cf. Lc 2,23) – afinal, aqui se cumpre o que foi profetizado por Malaquias – “chegará ao seu templo o Dominador” (cf. Ml 3,1). Ora, Jesus é descrito como o Messias do Senhor, o qual foi destinado a cumprir a Obra de Salvação a todos, onde Simeão glorifica a promessa – “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel” (cf. Lc 2,29-32) - e ao mesmo tempo exclama o mistério do sofrimento que Maria irá perpassar – “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma” (cf. Lc 2,34-35). Tal cântico, nosso amado Papa Francisco nos catequiza: “O que suscitou o cântico de louvor em Simeão e Ana não foi, por certo, o olhar para si mesmos, o analisar e rever a própria situação pessoal. Não foi o permanecer fechados com medo de algo ruim que lhes pudesse acontecer. O que suscitou o cântico foi a esperança, aquela esperança que os sustentava na velhice. Aquela esperança viu-se recompensada no encontro com Jesus. Quando Maria coloca nos braços de Simeão o Filho da Promessa, o ancião começa a cantar os seus sonhos. Quando coloca Jesus no meio do seu povo, este encontra a alegria. Sim, só isto nos poderá restituir a alegria e a esperança, só isto nos salvará de viver numa atitude de sobrevivência, só isto tornará fecunda a nossa vida, e manterá vivo o nosso coração: colocar Jesus precisamente onde Ele deve estar, ou seja, no meio do seu povo” (https://www.acidigital.com/noticias/texto-homilia-do-papa-francisco-na-missa-da-festa-da-apresentacao-do-senhor-91633 - acesso em 01 de fev. de 2021).

A Segunda Leitura, extraída da Carta de São Paulo aos Hebreus (Hb 2,14-18), apresenta o Jesus Cristo como sacerdote por excelência, o qual oferece a sua própria carne e sangue pra destruir a morte através da condição de humanidade a qual se inseriu, a fim de libertar todos àqueles da mesma condição, ou seja, todos nós, irmãs e irmãos por excelência. “Por isso devia fazer-se em tudo semelhante aos irmãos, para se tornar um sumo sacerdote misericordioso e digno de confiança nas coisas referentes a Deus, a fim de expiar os pecados do povo. Pois, tendo ele próprio sofrido ao ser tentado, é capaz de socorrer os que agora sofrem a tentação” (cf. Hb 2,17-18).

Imersos na Palavra desta Festa Litúrgica da Apresentação do Senhor, possamos reconhecer Jesus como o Sacerdote por Excelência através da entrega do seu próprio ser em prol do Mistério da Salvação a todos nós: Luz que ilumina as nação e glória a todos os povos.

Que Nossa Senhora da Luz ilumine a todos! Saudações em Cristo!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Maria Domenica Mantovani

Santa Maria Domenica Mantovani (A12)
02 de fevereiro
Localização: Itália (Verona)
Santa Maria Domenica Mantovani

Maria Domenica nasceu em Verona, Itália, no dia 12 de novembro de 1862. Teve nos seus pais João Batista Mantovani e Prudência Zamperini, e no seu avô, que vivia com eles, a influência profunda de uma família honesta e cristã de trabalhadores simples, piedosos e dignos.

Frequentou apenas a escola primária, por causa da pobreza da família. Mas a falta de cultura foi compensada pelos dotes de inteligência, vontade e grande senso prático. Desde criança, mostrou sua vocação religiosa e, incentivada pelo avô, dedicava-se à oração e a tudo o que se referia a Deus.

Aos 15 anos, Maria Domenica passou a ser orientada pelo padre José Nascimbeni, que a levou a prosseguir na vida da perfeição. Ela dedicava-se ao ensino do catecismo às crianças, visitava e assistia os doentes e os pobres.

Maria Domenica foi a principal fundadora de uma nova família religiosa, chamada "Pequenas Irmãs da Sagrada Família". Espalhado pelo mundo, este instituto conta com muitas Irmãs presentes em 150 casas na Itália, Suíça, Albânia, Angola, Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil, dedicadas às mais variadas atividades apostólicas e caritativas.

Madre Maria Josefina da Imaculada faleceu depois de breve enfermidade, no dia 2 de fevereiro de 1934.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, C.Ss.R.
Revisão e acréscimos: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A vida de caridade, isto é, o amor a Deus e ao próximo colocados em prática, não depende de quase nada, a não ser o mesmo amor por Deus. Santa Maria Domenica dedicou-se à mais importante, talvez, de todas as obras caritativas: a catequese – levar a palavra de Deus ao próximo – e em seguida ao auxílio aos doentes. Enfim, aos mais necessitados, de alma e de corpo, respectiva e hierarquicamente, conforme a vontade salvífica de Deus (pois a saúde do corpo de nada adianta, se a alma se perde no inferno). Nem todos teremos a sua vocação religiosa e a sua santidade específica, mas não há quem não possa, mesmo em pouca medida, cuidar da formação das almas, a começar dentro da própria casa, e em prestar algum auxílio a um doente – começando também, muitas vezes, dentro de casa.

Oração:

Ó Senhor, que és Caridade infinita, e que só desejas a Vossos filhos a cura da alma e do corpo, concedei-nos, por intercessão de Santa Maria Domenica, a humildade e a coragem de, preocupando-nos mais com o bem do próximo do que com as nossas próprias vontades, praticarmos o amor necessário para Convosco em cada irmão, e assim chegarmos ao Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Maria Santíssima. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

HISTÓRIA: "A fé nasce da vontade, não da coerção" (II)

Fé prática na providência divina (Schoenstatt)

Arquivo 30Giorni n. 01 – 2001

"A fé nasce da vontade, não da coerção"

Com estas palavras de De civitate Dei , Alcuíno, o conselheiro mais ouvido de Carlos Magno, dirige-se ao rei franco que tentou forçar o batismo dos saxões. Na história da Igreja, a autoridade de Santo Agostinho, desde que reconhecida, representou um elemento de crítica à imposição da prática cristã pela força. E a toda idealização doentia das realidades mundanas. Entrevista com Alessandro Barbero.

por Paolo Mattei

Um espírito missionário mais genuíno do que em outras épocas?
BARBERO: Devo fazer uma premissa metodológica por lealdade à minha profissão: hesitaria em dizer que há certas épocas em que somos sinceros e genuínos e outras em que não o somos mais. Em cada momento histórico há uma coexistência de pontos de vista, de atitudes. Eu não chegaria à distinção um tanto maniqueísta entre períodos históricos genuínos e bons e outros em que tudo é negativo e ruim: essa é uma atitude anti-histórica. A era da qual estamos falando não foi caracterizada apenas pela necessidade de expansão imperialista. Deve ter havido também este aspecto, porque é fácil imaginar que para certos guerreiros francos que lutaram na Saxónia sob Carlos Magno (uma guerra, repito, que durou trinta anos e nunca terminou realmente, caracterizada pelas contínuas rebeliões daquele povo visceralmente ligada aos (seus próprios ritos religiosos) a conversão dos pagãos representava uma questão secundária em relação à ampliação das posses fundiárias, à subjugação de novos escravos, à divisão de cargos e prebendas. Em suma, a dimensão imperialista certamente estava presente e trouxe consigo um pesado fardo de violência. Ao mesmo tempo, porém, existia um clero, monges e intelectuais que refletiam sobre a natureza moral e política da questão. E assim acontece que Alcuíno, o mais ouvido por Carlos entre os seus conselheiros, ao saber da pesada violência que o rei franco havia perpetrado contra os rebeldes saxões querendo batizá-los à força, lhe escreve, citando o De civitate Dei , de Santo Agostinho, que "a fé nasce da vontade, não da coerção. Você pode persuadir um homem a acreditar, mas não pode forçá-lo." E acrescenta: "A Saxônia precisa de pregadores, não de predadores". Carlos Magno escuta esses seus amigos. E quando se tratou de "planejar" outra missão, desta vez contra os ávaros, nos acampamentos do exército, em 796, reuniu-se uma espécie de conferência episcopal, de cujo trabalho emergiu, em documento oficial, uma condenação por demais forte. livre dos métodos seguidos na Saxônia. Não devemos repetir os mesmos erros, devemos basear nossa pregação no amor e não na imposição. Alcuíno e outros, como Paulino, patriarca de Aquileia, que presidiu aquela conferência, deixaram claro que ninguém pode ser forçado a acreditar. Além disso, por parte dessas pessoas, há toda uma consideração política realista: é um clero, aquele que cerca Carlos Magno, que conhece o mundo. Na Saxônia, eles ressaltam, introduzimos o sistema eclesiástico e, em todos os lugares, forçamos as pessoas, antes de tudo, a pagar o dízimo para a manutenção do pároco. E essas pessoas, é claro, não estavam felizes. Não podemos trazer o cristianismo e primeiro dizer: você tem que pagar um imposto!

Em suma, há uma capacidade de gerir o problema tanto do ponto de vista político como moral que, naquele momento, é notável.

O que levou a Igreja de Roma a estabelecer uma aliança com os distantes francos, que eram, em última análise, bárbaros como os lombardos, o que culminou na coroação imperial de Carlos Magno?
BARBERO: Vários motivos. Os lombardos estavam na Itália desde 568. Para eles, um acordo com o papado só seria concebível se o papa concordasse em ser bispo do reino lombardo. Roma teve que concordar em se tornar parte do reino e, como todos os outros bispos, como os de Milão e Pavia, o bispo de Roma também teve que reconhecer a autoridade de seu rei. Os lombardos queriam essa submissão completa, essa era a linha deles, eles não podiam recuar mais. Por outro lado, com os francos, que estavam distantes, era possível, de alguma forma, lidar em termos de igualdade, como uma potência para outra.

Depois há outra razão, talvez ainda mais importante. Os francos, do ponto de vista do Papa, eram na verdade "menos bárbaros" que os lombardos porque estes últimos eram arianos há muito tempo e, portanto, hereges. Eles então se converteram ao catolicismo, mas durante a longa fase ariana tiveram relações muito ruins com toda a estrutura da Igreja. Este fato teve um forte impacto na decisão de Roma. Enquanto os francos tiveram, digamos, um "golpe de sorte" com o rei Clóvis, que, no século V, se converteu ao cristianismo na forma católica, provavelmente no Natal de 496. Foi uma coincidência, uma questão de encontros fortuitos, porque as tribos francas, durante suas viagens, não encontraram nenhum ariano. Em vez disso, eles conheceram católicos. Enquanto os lombardos, que vieram mais a leste, da Panônia, estavam em contato com um clero ariano. São apenas coincidências. Assim, os francos, estabelecidos na Gália, convertidos ao catolicismo, imediatamente iniciaram uma colaboração muito próxima com o episcopado local. Portanto, o reino franco, entre todos os reinos romano-bárbaros, mesmo antes de Carlos Magno, era de longe o mais robusto, o que melhor funcionava, mesmo a nível administrativo e cultural, porque tinha o apoio leal do episcopado e do Clero católico. Obviamente esta boa notícia chega aos ouvidos de Roma que, a certa altura, tira as suas conclusões...

Carlos Magno também teve que lidar, durante os anos em que reinou, com os muçulmanos. Alguns estavam próximos, além dos Pireneus…
BARBERO: Os muçulmanos eram uma realidade relativamente nova naquela época. Muito pouco se fala sobre eles nos círculos intelectuais. Na época de Carlos, ainda não havia o esforço, que seria implementado depois do ano 1000, de ler suas obras, de traduzir o Alcorão, de entender o que eles pensavam; Ainda não é hora de descobrir que eles realizaram as poderosas traduções que permitirão ao Ocidente recuperar toda a cultura grega. Este trabalho será então feito na época de Dante. Na época de Carlos Magno, a sensação era de que o mundo era grande e cheio de coisas, até mesmo misteriosas, cheio de cristãos, mas também de bárbaros e pagãos. E até o fenômeno muçulmano é abordado com pragmatismo e realismo político. Em outras palavras, para simplificar: se não podemos derrotar essas pessoas, vamos tentar conviver com elas. Carlos teve que lidar concretamente com os muçulmanos apenas na frente espanhola. Em 778, ele organizou uma expedição além dos Pireneus para ajudar o governador de Barcelona, ​​Sulaimân ben Yaqzân ibn al-Arabi e outros “principes Sarracenorum” que se rebelaram contra o emir de Córdoba e pediram ajuda a Carlos Magno. Ao retornar desta expedição, a retaguarda do exército franco foi destruída em uma emboscada nos Pireneus: deste episódio nasceu a lenda do herói Rolando, do traidor Ganelon e da emboscada que os muçulmanos armaram perto de Roncesvalles. Na realidade, os autores da armadilha fatal foram os bascos, os cristãos, e não os muçulmanos.

Mas os muçulmanos não estavam apenas na Espanha…
BARBERO: Havia outros, mais distantes, como Harûn al-Rashid, em Bagdá, califa de 786 a 809, com quem Carlos sempre manteve excelentes relações, enviando e recebendo embaixadas e presentes. Famoso é o elefante Abul Abbas, um presente do Califa, que Carlos sempre levará consigo em todas as suas viagens.

Em suma, professor, podemos falar de tolerância religiosa nas relações entre cristãos e muçulmanos do século IX?
BARBERO: Eu não chegaria a falar de tolerância programática, mas de pragmatismo, sim, de realismo político. Por outro lado, Harun al-Rashid provavelmente também fez as mesmas considerações para manter relações cordiais com Carlos em nome de uma prudência política muito realista: ele não sabia muito sobre esses bárbaros do Norte que estavam em Roma ou Aachen. . Eles, portanto, mantinham excelentes relações, sem espírito de guerra santa. A questão é esta. Há uma concepção missionária nos cristãos da época de Carlos Magno que, no entanto, é gerida com realismo político. A ideia não é: “nós e eles”, “nós contra eles”. Acima de tudo, o problema de Jerusalém não surge porque os árabes em Jerusalém naquela época são muito tolerantes: o patriarca cristão continua a viver lá, mesmo sob o domínio árabe, e os peregrinos vão a Jerusalém sem problemas. Ainda não existe essa ideia, eu diria doentia, de que Jerusalém deve estar toda de um lado ou de outro. Uma ideia que está então na origem de muitos problemas que estão aí para todos verem.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Jesus revela o critério pelo qual seremos julgados: o amor

Angelus, 02 de fevereiro de 2025 - Papa Francisco (Vatican News)

"Jesus revela o critério para julgar toda a história e o seu drama, e também a vida de cada um de nós. E qual é este critério? É o amor: quem ama vive, quem odeia morre. Isto é: Jesus é a salvação, Jesus é a luz e Jesus é o sinal de contradição".

https://youtu.be/nldwvgA0sfY

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!

Hoje o Evangelho da liturgia (Lc 2,22-40) nos fala de Maria e José que levam o menino Jesus ao Templo de Jerusalém. Segundo a Lei, eles o apresentam na morada de Deus, para recordar que a vida vem do Senhor. E enquanto a Sagrada Família cumpre aquilo que sempre se fazia no povo de Israel, de geração em geração, acontece algo que nunca havia acontecido antes.

Dois anciãos, Simeão e Ana, profetizam sobre Jesus: ambos louvam a Deus e falam do menino «a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém” (v. 38). Suas vozes comovidas ressoam entre as velhas pedras do Templo, anunciando o cumprimento das expectativas de Israel. Verdadeiramente Deus está presente no meio do seu povo: não porque habita entre quatro paredes, mas porque vive como homem entre os homens. E esta é a novidade de Jesus...Na velhice de Simeão e Ana, acontece a novidade que muda a história do mundo.

Da sua parte, Maria e José «estavam admirados com o que diziam» a respeito de Jesus. De fato, quando Simeão toma o menino nos braços, o chama de três maneiras belíssimas, que merecem uma reflexão. Três modos, dá a ele três nomes. Jesus é a salvação; Jesus é a luz; Jesus é sinal de contradição.

Antes de tudo, Jesus é a salvação. Assim diz Simeão, rezando a Deus: «Meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos». Isso sempre nos maravilha: a salvação universal concentrada em um só! Sim, porque em Jesus habita toda a plenitude de Deus, do seu Amor.

Segundo aspecto: Jesus é «luz para iluminar as nações» (v. 32). Assim como o sol que surge sobre o mundo, este menino o resgatará das trevas do mal, da dor e da morte. Como precisamos, também hoje de luz, dessa luz!

Por fim, o menino abraçado por Simeão é sinal de contradição «assim serão revelados os pensamentos de muitos corações». Jesus revela o critério para julgar toda a história e o seu drama, e também a vida de cada um de nós. E qual é este critério? É o amor: quem ama vive, quem odeia morre. Isto é: Jesus é a salvação, Jesus é a luz e Jesus é o sinal de contradição.

Iluminados por este encontro com Jesus, podemos então nos perguntar: eu, tu, tu , tu ,eu, o que espero na minha vida? Qual é a minha grande esperança? Meu coração deseja ver a face do Senhor? Aguardo a manifestação do seu plano de salvação para a humanidade?

Rezemos juntos a Maria, mãe puríssima, para que nos acompanhe nas luzes e nas sombras da história, que nos acompanhe sempre ao encontro com o Senhor.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 1 de fevereiro de 2025

Três meses após o casamento, um jovem casal espanhol parte em missão missionária para… Tanzânia!

Gloria E Pablo Participaram De Várias Experiências Missionárias Durante Os Verões Foto: Arquidiocese De Madrid

Desde criança, Glória sonhava em conhecer o mundo da missão e, aos 18 anos, deu o primeiro passo acompanhando os tios ao Peru. Por sua vez, Paulo sentiu o chamado missionário na adolescência, quando o Senhor plantou essa preocupação em seu coração. Durante o namoro, ambos colaboraram ativamente na Delegação Missionária de Madri, divulgando histórias de outros missionários.

Sandra Madrid

(ZENIT News – InfoMadrid / Roma, 01.30.2025).- Gloria Rey e Pablo de Mergelina, um jovem casal da  diocese de Madrid , casaram-se no dia 12 de outubro de 2024. Meses antes do casamento, o cardeal José Cobo os enviou como missionários para a diocese de Bunda, na Tanzânia.

Por ocasião do  Encontro Diocesano da Infância Missionária , que aconteceu no próximo sábado, 25 de janeiro, eles compartilharam seu testemunho com os pequenos missionários que participaram do evento. Glória começou sua fala explicando “por que eles vão em missão”, uma resposta que eles têm clara: “Porque é um chamado que Deus nos fez e ao qual nós respondemos sim”.

Foto: Arquidiocese De Madrid

Desde criança, Glória sonhava em conhecer o mundo da missão e, aos 18 anos, deu o primeiro passo acompanhando os tios ao Peru. Por sua vez, Paulo sentiu o chamado missionário na adolescência, quando o Senhor plantou essa preocupação em seu coração. Durante o namoro, ambos colaboraram ativamente na Delegação Missionária de Madri, divulgando histórias de outros missionários. "Essas vidas nos parecem incríveis e sempre encheram nossos corações de alegria", diz Gloria.

Gloria e Pablo participaram de várias experiências missionárias durante os verões e agora estão embarcando em um novo capítulo na Tanzânia, onde permanecerão por pelo menos três anos.

Foto: Arquidiocese De Madrid

“Vamos como missionários e nos colocamos à disposição do bispo e da diocese”, explica Pablo. Ela explica que seus dias serão divididos: "De manhã, trabalharemos no Hospital Kibara, perto da margem do Lago Vitória, e à tarde colaboraremos em tarefas pastorais, visitaremos famílias e realizaremos outras atividades".

Em relação ao lema do Dia da Infância Missionária, celebrado no domingo, 19 de janeiro, “Eu compartilho o que tenho”, Glória e Pablo destacam o profundo impacto que Deus teve em suas vidas, especialmente por meio de suas famílias. e amigos. "Nós nos sentimos muito amados e cuidados", eles dizem. Por isso, sentem a necessidade de partilhar a fé que receberam: “Queremos dar a conhecer ao mundo inteiro, transmitir a alegria e a felicidade que encontramos em Jesus, ter um coração missionário e anunciar Cristo em lugares onde ele ainda não é conhecido".

Foto: Arquidiocese De Madrid

Em suma, na Tanzânia eles buscam viver como uma autêntica família cristã, totalmente integrada à comunidade local. "Isso também significa compartilhar o que temos em qualquer momento", concluem.

Fonte: https://es.zenit.org/2025/01/30/con-tres-meses-de-matrimonio-jovenes-esposos-espanoles-se-van-de-misioneros-a-tanzania/

A misericórdia muda o coração e recoloca a vida nos sonhos de Deus

A misericórdia muda o coração e recoloca a vida nos sonhos de Deus |
Audiência Jubilar do Papa Francvisco (Vatican News)

"Em vez de olhar para a escuridão do passado, para o vazio de um sepulcro, de Maria Madalena aprendemos a nos voltar para a vida. Nosso Mestre nos espera lá. Nosso nome é pronunciado ali. Porque na vida real há um lugar para nós, sempre e em todo lugar. Há um lugar para ti, para mim, para todos. Ninguém pode pegá-lo, porque ele sempre foi projetado para nós", disse o Papa aos milhares de peregrinos que lotavam a Sala Paulo VI na Audiência Jubilar deste sábado.

https://youtu.be/EW3K-_cBLRU

Jane Nogara - Cidade do Vaticano

Neste sábado, 1º de fevereiro foi realizada a 2ª Audiência Jubilar deste Ano Santo dedicado à esperança. Nesta ocasião o Santo Padre recebeu na Sala Paulo VI os peregrinos das Dioceses de Cápua e Caserta, que vieram em peregrinação ao Vaticano acompanhados por seu pastor, dom Pietro Lagnese.

Na sua catequese intitulada "Esperar é voltar-se. Maria Madalena", o Papa recordou a importância de reconhecer o Ressuscitado nas pessoas comuns e voltar-nos para a vida, citando o exemplo de Maria Madalena narrado no Evangelho de João. O Jubileu é um novo começo, disse Francisco, "é um tempo onde tudo deve ser repensado dentro do sonho de Deus. E sabemos que a palavra 'conversão' indica uma mudança de direção. Tudo é visto sob outra perspectiva e assim também nossos passos vão em direção a novas metas". E acrescenta:

Também para nós, a experiência da fé foi estimulada pelo encontro com pessoas que na vida souberam mudar e entraram, por assim dizer, nos sonhos de Deus. De fato, ainda que no mundo haja tanta maldade, podemos distinguir quem é diferente: a sua grandeza, que muitas vezes coincide com a sua pequenez, conquista-nos.

Neste sentido, observou o Papa, "nos Evangelhos a figura de Maria Madalena destaca-se acima de todas as outras por causa disso. Jesus curou-a com misericórdia e ela mudou (...). A misericórdia muda o coração e, a Maria Madalena, a misericórdia recolocou nos sonhos de Deus e deu novos objetivos a seu caminho".

Maria Madalena "voltou-se para"

O Papa citou o Evangelho de João que narra o encontro de Maria Madalena com o Ressuscitado. Naquele encontro diante do sepulcro, "é repetido várias vezes que Maria se voltou. O Evangelista escolhe bem as suas palavras!", explicou o Papa. "Em lágrimas, Maria Madalena olha primeiro para o sepulcro, e então volta-se: o Ressuscitado não está do lado da morte, mas do lado da vida".

Ao ouvir o seu nome pronunciado por Jesus, Maria volta-se novamente. "É assim que a sua esperança cresce: agora vê o sepulcro, mas não como antes". Agora "pode enxugar as suas lágrimas, porque ouviu o próprio nome: só o seu Mestre o pronuncia assim. O velho mundo parece ainda estar lá, mas já não está. Quando sentimos o Espírito Santo agindo em nosso coração e ouvimos o Senhor nos chamando pelo nome, sabemos distinguir a voz do Mestre".

Aprender a esperança

"De Maria Madalena, a quem a tradição chamou 'apóstola dos apóstolos', aprendemos a esperança", disse Francisco. "Entra-se no mundo novo convertendo-se mais de uma vez. A nossa caminhada é um convite constante para mudar de perspectiva". Neste ponto Francisco convida a nos perguntamos: sei como me voltar e olhar para as coisas de forma diferente? Tenho desejo de conversão?".

Reconhecer o Ressuscitado

O Santo Padre chama a atenção para o fato que "um eu demasiado confiante e orgulhoso impede-nos de reconhecer Jesus Ressuscitado: ainda hoje, com efeito, a sua aparência é a de pessoas comuns que facilmente ficam para trás".

Referindo-se à passagem do Evangelho de João afirma ainda: "Em vez de olharmos para as trevas do passado, para o vazio de um sepulcro, com Maria Madalena aprendemos a voltar-nos para a vida. É ali onde o nosso Mestre espera-nos. É ali onde o nosso nome é pronunciado".

"Porque na vida real - disse Francisco ao concluir - há um lugar para nós, sempre e em todo o lugar. Há um lugar para ti, para mim, para cada um. Ninguém o pode pegar, porque desde sempre foi concebido para nós. Todos podem dizer: eu tenho um lugar, eu sou uma missão":

Pensem nisso: onde é o meu lugar? Qual é a missão que o Senhor nos dá? Que esse pensamento nos ajude a ter uma atitude corajosa na vida. Obrigado!

A saudação aos peregrinos na Basílica de São Pedro

A Audiência Jubilar deste sábado, onde os peregrinos italianos eram a grande maioria, teve dois momentos: inicialmente na Sala Paulo VI, lotada pelos fiéis da Diocese de Cápua e Caserta - que assim também retribuíram a visita Pastoral de Francisco realizada em 26 de julho de 2014 - e depois na Basílica de São Pedro, onde estavam cerca de dois mil peregrinos da Diocese de Sulmona Valva, além de fiéis de diversas paróquias italianas e movimentos.

Após saudar e abençoar os presentes na Sala Paulo VI ao final da audiência, incluindo os presentes no saguão de entrada, Francisco foi até a Basílica de São Pedro, para agradecer a presença tão numerosa desses fiéis e rezar com eles a oração do Pai Nosso, seguida pela sua bênção. Após, se entreteve com os presentes, saudando, abençoando e distribuindo Terços e balas para as crianças.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

HISTÓRIA: "A fé nasce da vontade, não da coerção" (I)

Fé prática na providência divina (Schoenstatt)

Arquivo 30Giorni n. 01 - 2001

"A fé nasce da vontade, não da coerção"

Com estas palavras de De civitate Dei , Alcuíno, o conselheiro mais ouvido de Carlos Magno, dirige-se ao rei franco que tentou forçar o batismo dos saxões. Na história da Igreja, a autoridade de Santo Agostinho, desde que reconhecida, representou um elemento de crítica à imposição da prática cristã pela força. E a toda idealização doentia das realidades mundanas. Entrevista com Alessandro Barbero.

por Paolo Mattei

Em 23 de novembro de 800, o rei dos francos Carlos Magno, o "novus Christianissimus Dei Costantinus Imperator", como o Papa Adriano I o havia chamado anos antes, apresentou-se às portas de Roma. O Papa Leão III foi recebê-lo pessoalmente a doze milhas da cidade, dobrando a distância tradicional exigida pelo ritual do "adventus Caesaris", que regulamentava as entradas imperiais na cidade. Quase um mês após as boas-vindas papais, na manhã de Natal, Carlos foi coroado e recebeu os títulos de Augusto e Imperador. Do Império Romano, é claro. De fato, aos olhos dos protagonistas, naquele dia floresceu novamente o Império Romano Cristão, cujo curso havia sido interrompido cerca de três séculos antes pelas invasões dos bárbaros (em 23 de agosto de 476, o herúlio Odoacro depôs o último imperador romano, Rômulo Augusto, tomando para si o título de rex ). E foi precisamente diante de um bárbaro, um franco (descendente daquele conjunto de tribos germânicas que se fixaram na Gália e que se converteram posteriormente ao cristianismo no final do século V), que o Papa Leão III se curvou, com o gesto de proskynesis , sancionando, com isso um ritual propriamente oriental, a distância irredutível – política, cultural, teológica – com o Oriente cristão e com o basileu de Constantinopla. O Império, naquela manhã de Natal em que Leão III ungiu Carlos com óleo sagrado, foi reconstituído, nas crenças dos protagonistas, em Roma.

Mas olhando para esses eventos da nossa perspectiva histórica, é claro como a fisionomia "mediterrânica" (as costas europeia, africana e asiática do Mare Nostrum ) do antigo Império Romano se dissolve no novo perfil "continental", com o seu centro de gravidade no vale do Reno. , do Império Carolíngio. Portanto, não podemos deixar de concordar com aqueles que definiram Carlos como "rex pater Europae", fundador de um "espaço político" ocidental que ainda hoje está diante de nossos olhos.

Por ocasião do décimo segundo centenário daquela coroação, o Pontifício Comitê de Ciências Históricas e a Direção Geral dos Monumentos, Museus e Galerias Pontifícios montaram a exposição “Carlos Magno em Roma” nos Museus do Vaticano (aberta até 31 de março). e provavelmente além), focado na relação entre o imperador franco e a cidade. Carlos, provavelmente nascido por volta de 742 e falecido em 814, visitou Roma quatro vezes, em 774, 781, 787 e, a última vez, no fatídico ano de 800. Os aspectos capitolinos do famosíssimo “renascimento” carolíngio estão bem documentados pela exposição (um exemplo entre todos, a reprodução em miniatura do complexo de Latrão, renovado e ampliado por Leão III), que apresenta um rico e significativo catálogo de testemunhos sobre as relações do imperador com os papas Adriano I e Leão III, sobre as peregrinações em Roma, sobre a cultura clássica de Carlos Magno e sobre muitos outros aspectos da cultura e da sociedade carolíngia.

O aniversário da sua coroação e a exposição no Vaticano são dois excelentes motivos para falar sobre Carlos Magno e o período histórico em que trabalhou, com Alessandro Barbero, professor de História Medieval na Universidade do Piemonte Oriental em Vercelli e escritor consagrado ( Strega Prêmio 1995), cujo romance (histórico, claro) L'ultimo rosa di Lautrec está prestes a ser lançado nas livrarias. Em junho de 2000, ele publicou uma bela biografia do «pater Europae» ( Carlos Magno. Um Pai da Europa , Editori Laterza, Roma-Bari 2000). 

O que a ascensão de Carlos Magno ao trono significou para o cristianismo no início da Idade Média? ALESSANDRO BARBERO: A era de Carlos Magno marca o fim de uma realidade. O cristianismo nos primeiros séculos foi uma realidade predominantemente grega e oriental. Os lugares onde o cristianismo nasceu e depois foi pregado, os lugares onde os apóstolos e depois os primeiros Padres da Igreja viveram, eram todas regiões muito mais influenciadas pela cultura e tradições gregas do que pelas latinas. Pois bem, nesse sentido, certamente com a era de Carlos Magno gerou-se uma fratura incurável, que ainda não foi cicatrizada. O fim do cristianismo, inerente a um império romano greco-latino, está consumado, e o espaço de ação é dividido em duas esferas distintas: uma grega do Oriente e uma latina do Ocidente. 

Esta situação não corresponde, contudo, ao fim da ideia de um império cristão…
BARBERO: Não podemos falar do fim da utopia imperial, porque naquele momento ela era mais forte do que nunca. Podemos dizer que a utopia naquele período aceitou alguns "ajustes" realistas, que levaram a parte ocidental a um distanciamento fundamental, a um desinteresse substancial pela parte grega, pelos cristãos do Oriente: eles estavam muito distantes, falavam uma ' outra língua… Nesta ideia de um império cristão, os cristãos do Oriente são tacitamente esquecidos. Um pouco como hoje, quando, falando de uma Europa unida, esquecemos tacitamente, por exemplo, as regiões greco-eslavas do Leste (e, por outro lado, desconfiamos das populações mediterrânicas). Nesse sentido, a utopia imperial não morreu, mas mudou, modificou-se.

Podemos identificar naquele momento o início da autoidentificação da Igreja de Roma com o Ocidente do mundo?
BARBERO: Pelos nossos padrões históricos, sim. Com nosso critério de avaliação histórica podemos registrar o fato de que a ação da Igreja Romana se reduz naquele momento àquela parte do mundo que está disposta a reconhecer a primazia de Roma. O resto do mundo… não importa. Contudo, ao mesmo tempo, é preciso dizer que o espírito missionário era muito forte na época de Carlos Magno (e de uma forma que não seria mais o caso mais tarde, por exemplo, na época das Cruzadas). É claro que missionários não são enviados ao Japão (isso foi feito mais tarde pelos jesuítas no século XVI).

Entretanto, na era carolíngia, a ideia era clara de que no Ocidente havia vastos territórios e ainda havia tribos a serem cristianizadas. Carlos Magno passou trinta anos tentando subjugar os saxões. Subjugá-los não significava apenas expandir seu poder político sobre o norte da Alemanha, mas também recuperar as últimas tribos germânicas (portanto, tribos relacionadas aos francos e lombardos) que ainda eram pagãs para o cristianismo. Então Charles dá um passo adiante e descobre que existem os dinamarqueses, os escandinavos, em suma... Eles também são alemães, nós também nos entendemos, eles também são pagãos. E aí também surge a atividade missionária. Em suma, há uma clara vocação missionária, que também é cheia de riscos. Há, a esse respeito, uma bela anedota: um dia, Carlos enviou um poema a Paulo, o Diácono, um intelectual lombardo da corte, no qual lhe perguntava se ele preferiria ser jogado na prisão ou ir converter os dinamarqueses. .. Isso dá uma ideia do fato de que tínhamos plena consciência de que a missão era algo difícil, de que estávamos arriscando nossa pele. Ao mesmo tempo, porém, era uma intenção deliberada…

Enquanto isso, e volto ao parêntesis sobre as cruzadas, não é de todo verdade que elas ainda tivessem como objetivo a conversão dos pagãos. As Cruzadas foram feitas para conquistar a Terra Santa, para manter Jerusalém. E hoje podemos compreender melhor a força simbólica que tal objetivo poderia – e pode – ter… Pensemos hoje em Jerusalém, como por razões puramente simbólicas… Essas foram as Cruzadas. Não havia interesse algum em converter muçulmanos, não havia tal propósito. Então, em resumo: é na época de Carlos Magno que o espaço de ação da Igreja se estreita e que ela começa a se identificar com o Ocidente. No entanto, ainda não há consciência dos riscos desse fenômeno, não há plena consciência dele, ainda há um espírito missionário muito vivo.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF