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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Dos Sermões contra os Arianos, de Santo Atanásio, bispo

O conhecimento do Pai através da sabedoria criadora e humana (KYRIOS)

Dos Sermões contra os Arianos, de Santo Atanásio, bispo

(Oratio 2,78.81-82: PG 26,311.319)

(Séc. IV)

O conhecimento do Pai através da Sabedoria criadora e humana

A unigênita Sabedoria de Deus é quem cria e dá realidade a tudo. Tudo, como se disse, fizeste na sabedoria; e também: A terra está repleta de tua criação.

Para que as coisas não apenas existissem, mas existissem boamente, aprouve a Deus doar-se, por meio de sua Sabedoria, a todas as suas criaturas, imprimindo-lhes alguma coisa da semelhança e da beleza de si mesmo em todas e em cada uma. Deste modo tornou claro serem todas as criaturas ornadas de sabedoria e obras dignas de Deus.

Assim como nossa palavra ou verbo é a imagem do Verbo, o Filho de Deus, também a sabedoria posta em nós é a sua imagem da sabedoria do Verbo de Deus, isto é, da própria Sabedoria. Na sabedoria posta em nós, tendo a capacidade de saber e de compreender, nós nos tornamos aptos a receber a Sabedoria criadora e, por ela, a conhecer o seu Pai. Porque quem tem o Filho, diz ele, tem também o Pai, e: Quem me recebe, recebe aquele que me enviou. Por conseguinte, já que uma forma criada da Sabedoria existe em nós e em tudo, é justo que a verdadeira e criadora Sabedoria reconheça pertencer-lhe esta forma e diga: O Senhor me criou em suas obras.

Mas porque, como já explicamos, o mundo não conheceu a Deus pela sabedoria, foi do agrado de Deus salvar os que creem pela estupidez da pregação. Já não mais, como nos tempos antigos, Deus quis ser conhecido pela imagem e sombra da sabedoria existente nas coisas criadas, mas quis que a verdadeira Sabedoria, ela mesma, assumisse a carne, se fizesse homem e padecesse a morte da cruz, a fim de que nela firmados pela fé, todos os que creem pudessem ser salvos de então em diante.

Portanto, é a Sabedoria de Deus, a mesma que anteriormente, por sua própria imagem impressa nas criaturas – e por isso a chamamos sabedoria criada – se fazia conhecer não somente a si, como ainda, através de si, o seu Pai. Depois, ela ainda, que é o Verbo, fez-se carne, como disse São João e, destruída a morte e libertada nossa raça, manifestou-se a si mesma e, em si, também ao Pai, de modo ainda mais claro. Daí estas palavras: Dá-lhes que te conheçam a ti, único verdadeiro Deus, e ao que enviaste, Jesus Cristo.

Por isto, a terra inteira está cheia de seu conhecimento. Na verdade, um só é o conhecimento que temos do Pai através do Filho e do Filho a partir do Pai. O Pai alegra-se com a única e mesma alegria com que o Filho se delicia no Pai, dizendo: Era eu que fazia sua alegria, em sua presença, cada dia, eu me deliciava.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

A liberdade humana

A liberdade humana (Opus Dei)

A liberdade humana

A Igreja considera que a liberdade é sinal eminente da imagem divina no homem. A participação dos homens na bem-aventurança divina é um bem tão grande e tão desejado pelo Amor divino, que Deus quis correr o risco da liberdade humana. Em sentido moral, a liberdade não é tanto uma propriedade natural da pessoa, mas uma conquista, fruto da educação, das virtudes morais possuídas e da graça de Deus.

20/10/2022

1. Deus criou o homem livre

A Sagrada Escritura nos diz que Deus criou o homem como um ser livre. “Desde o princípio Deus criou o ser humano e o entregou às mãos do seu arbítrio. Acrescentou-lhe seus mandamentos e preceitos e a inteligência, para fazer o que lhe é agradável. Se quiseres guardar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu também viverás. Diante de ti, ele colocou o fogo e a água; para o que quiseres, tu podes estender a mão. Diante do ser humano estão a vida e a morte, o bem e o mal; ele receberá aquilo que preferir”[1].

A Igreja considera que a liberdade “é sinal eminente da imagem divina no homem”[2]. E ao mesmo tempo nos ensina porque e para que Deus nos deu a liberdade: “Deus quis ‘deixar ao homem o poder de decidir’, para que assim procure espontaneamente o seu Criador e livremente chegue à perfeição plena e feliz, aderindo a Ele”[3]. Criando o homem à sua imagem e semelhança, Deus coloca em prática seu desígnio de criar seres que sejam capazes de participar da sua própria vida divina e entrar em comunhão com Ele.

Para que os homens possam aderir livremente a Deus, como diz a constituição Gaudium et spes, é necessário que os homens sejam livres, ou seja, capazes de conhecer e afirmar o bem autonomamente. Isto supõe que haja no homem, que é um ser finito e falível, a triste possibilidade de fazer mau uso da liberdade que Deus lhe deu, negando o bem e afirmando o mal. Mas se não fosse verdadeiramente livre, o homem não poderia participar da felicidade divina, que consiste em conhecer e amar o Sumo Bem que é o próprio Deus. Os astros seguem com absoluta exatidão as leis que Deus lhes deu, mas não podem conhecer e amar, e, por isso, não podem participar da felicidade de Deus. Como escreve São Josemaria, “apenas nós, os homens – não falo aqui dos anjos – nos unimos ao Criador mediante o exercício da nossa liberdade”[4]. A participação dos homens na bem-aventurança divina é um bem tão grande e tão desejado pelo Amor divino, que Deus quis correr o risco da liberdade humana. Para entender melhor tudo isso, consideraremos a seguir os diversos sentidos em que se fala de liberdade, a essência da liberdade e depois a liberdade vista do ponto de vista da história da salvação.

2. As dimensões da liberdade humana

A liberdade humana tem várias dimensões. A liberdade de coação é a que tem a pessoa que pode realizar externamente o que decidiu fazer, sem imposição ou impedimentos de agentes externos. Geralmente se entende assim a liberdade em direito e política: fala-se assim de liberdade de expressão, liberdade de reunião etc, para expressar que ninguém pode impedir legitimamente uma pessoa de exprimir o seu pensamento e de se reunir com quem quiser, sempre dentro dos limites estabelecidos pelas leis. Os presos e prisioneiros de guerra, por exemplo, carecem desta liberdade.

liberdade de escolha ou liberdade psicológica significa a ausência de necessidade interna para escolher uma coisa ou outra; já não se refere às possibilidades de fazer, e sim a de decidir autonomamente, sem estar subordinado a um determinismo interior, ou seja, sem que uma força interna diferente da vontade leve a escolher necessariamente uma coisa, impedindo escolher as outras possíveis alternativas. A liberdade psicológica é a capacidade de autodeterminação. Algumas doenças mentais agudas, algumas drogas ou um estado de muita agitação (num incêndio, por exemplo) podem privar total ou parcialmente da liberdade psicológica.

liberdade moral é a que tem uma pessoa que não está escravizada pelas paixões ruins, pelos vícios ou pelo pecado. Entendida neste sentido, a liberdade não é tanto uma propriedade natural da pessoa, mas uma conquista, fruto da educação, das virtudes morais possuídas e da graça de Deus. A Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja falam com frequência da liberdade neste sentido, ao dizer que Cristo nos faz livres.

3. A essência da liberdade

Nas três dimensões que acabamos de explicar, a liberdade se apresenta como negação de algo. A liberdade nega a existência de impedimentos exteriores para agir, de condicionamentos interiores para escolher e de obstáculos morais para exercê-la retamente. A ausência desses impedimentos, condicionamentos e obstáculos é um requisito para que o homem seja livre, mas não manifesta a essência positiva da liberdade. Deus é livre, e a sua liberdade não pode ser a negação de condicionamentos exteriores, nem interiores, porque Ele não tem e nem pode ter. A liberdade tem que consistir em algo diferente da mera ausência de condições determinantes.

Efetivamente, a essência da liberdade (o que tem que existir para haver liberdade) e o seu ato próprio é a adesão autônoma ao bem, ou seja, o amor do bem, que é o ato por excelência da liberdade. Liberdade e amor estão unidos: não há amor verdadeiro que não seja livre, nem verdadeira liberdade que não se exercite como amor a algo ou alguém. A liberdade de Deus, a de Cristo e a dos homens se expressa como reconhecimento e amor do bem enquanto tal, simplesmente pela razão de que é bom.

A adesão autônoma ao bem expressa muito mais a essência da liberdade do que a possibilidade de escolher entre várias alternativas. Para uma boa mãe, não amar seu filho não se apresenta como uma alternativa possível, mas nem por isso o amor a seu filho deixa de ser uma escolha livre. Nem o sacrifício que esse amor pode trazer consigo diminui sua liberdade. São Josemaria o expressa assim: “Reparemos: quando uma mãe se sacrifica por amor aos seus filhos, fez uma opção; e, conforme for a medida desse amor, assim se manifestará a sua liberdade. Se esse amor for grande, a liberdade se mostrará fecunda, e o bem dos filhos procederá dessa bendita liberdade, que implica entrega, e procederá dessa bendita entrega, que é precisamente liberdade”[5].

O sacrifício e a entrega ao que se ama são expressão da liberdade, porque são sacrifício e entrega que nascem do amor, e o amor não pode não ser livre. Na oração no horto das oliveiras, foi muito difícil para Jesus carregar os pecados humanos e enfrentar a sua Paixão redentora, mas Ele entregou a sua vida livremente: “O Pai me ama, porque dou a minha vida, para depois recebê-la novamente. Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo; tenho poder de entregá-la”[6].

Além disso, em nós, a inclinação ao mal decorrente do pecado original pode fazer com que a livre adesão ao bem seja mais difícil. Como dizia São Josemaria, “a oposição entre liberdade e entrega é sinal de que o amor está vacilante, pois nele reside a liberdade”[7]. Se não houvesse uma adesão autônoma ao bem que requer sacrifício, se não se amasse verdadeiramente o bem que comporta sacrifício, então sim haveria oposição entre a liberdade e a entrega que esse bem requer. “Quereria gravá-lo a fogo em cada um: a liberdade e a entrega de si não se contradizem; apoiam-se mutuamente. A liberdade só pode ser entregue por amor; outro gênero de desprendimento, eu não o concebo. Não é um jogo de palavras, mais ou menos acertado. Na entrega voluntária, em cada instante dessa dedicação, a liberdade renova o amor, e renovar-se é ser continuamente jovem, generoso, capaz de grandes ideais e de grandes sacrifícios”[8].

4. A liberdade do ponto de vista histórico-salvífico

A Sagrada Escritura considera a liberdade humana com a perspectiva da história da salvação. Por causa da primeira queda, a liberdade que o homem tinha recebido de Deus fiou submetida à escravidão do pecado, apesar de não ter se corrompido por completo[9]. São Paulo afirma de modo claro, principalmente na Carta aos Romanos, que o pecado que se introduziu no mundo como consequência do pecado de Adão é mais forte que a inteligência e a vontade humanas, e inclusive do que a lei de Moisés, que ensinava o que se deve fazer, mas não dava a força para fazê-lo sempre. Cada um dos pecados humanos são um ato livre, senão não seriam pecados, mas a força do pecado se manifesta em que de fato, e considerando as coisas em conjunto, os homens, sem a graça de Cristo, não conseguiriam evitar o pecado sempre, porque têm a inteligência obscurecida e a vontade debilitada. Por sua Cruz gloriosa, anunciada e preparada pela economia do Antigo Testamento, “Cristo obteve a salvação de todos os homens. Resgatou-os do pecado que os mantinha na escravidão”[10]. Com a graça de Cristo os homens podem evitar o pecado, como se vê não só na vida dos santos canonizados, mas na vida de tantos cristãos que vivem em graça e evitam os pecados graves e inclusive quase sempre os veniais deliberados. Colaborando com a graça que Deus dá por meio de Cristo, o homem pode gozar da plena liberdade em sentido moral: “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou”[11].

A possibilidade de que o homem pecasse não fez com que Deus renunciasse a criá-lo livre. A necessidade que o homem tem de ser livre para ser feliz faz com que Deus leve a sério a liberdade humana e as consequências que os nossos atos livres têm no tempo[12]. O modo em que a redenção se realizou, mediante o sangue de Cristo, confirma o valor e o respeito de Deus pela liberdade humana. Nossa liberdade é verdadeira liberdade, o seu exercício tem um grande valor, positivo ou negativo, e traz consigo uma responsabilidade.

5. A liberdade e o bem moral

Como já dissemos, a liberdade está dirigida ao bem moral de modo que a sua posse faz ao homem feliz. Para ajudar a reconhecer e aderir a esse bem, o homem tem à sua disposição a lei moral, que é a capacidade de discernir o bom e o mau da realidade segundo os planos de Deus, que são sempre bons. As demais leis humanas também conduzem ao bem quando estão em harmonia com a lei moral.

De qualquer forma, às vezes, alguns consideram que a lei já delimita sua liberdade, como se a liberdade começasse onde acaba a lei e vice-versa.

A realidade é que o comportamento livre é regulado por cada pessoa de acordo com o conhecimento que ela tem do bem e do mal: realiza livremente o que considera bom e evita livremente o que vê como mau. A lei moral é como uma luz para facilitar a escolha do bom e evitar o mau.

Por isso, o que se opõe à lei moral é o pecado, não a liberdade. A lei certamente indica que é necessário corrigir os desejos de realizar ações pecaminosas que uma pessoa pode experimentar: os desejos de vingança, de violência, de roubar, etc., mas essa indicação moral não se opõe à liberdade, que visa sempre a afirmação livre do bom por parte das pessoas, e também não supõe uma coação da liberdade, que sempre conserva a triste possibilidade de pecar. “Entregar-se ao mal não é uma libertação, mas uma escravidão (...) Revela talvez que se comportou de acordo com as suas preferências, mas não conseguirá pronunciar a voz da verdadeira liberdade, porque se fez escravo daquilo por que se decidiu, e decidiu-se pelo pior, pela ausência de Deus, e nisso não há liberdade”[13].

Uma questão diferente é que as leis e regulamentos humanos, por causa da generalidade e concisão dos termos com que se expressam, podem não ser, em algum caso particular, um indicador fiel do que uma pessoa determinada deve fazer. A pessoa bem formada sabe que nesses casos concretos é preciso fazer o que sabe com certeza que é bom[14]. Mas não existe nenhum caso no qual seja bom realizar as ações intrinsecamente más, ou seja, ações proibidas pelos preceitos negativos da lei moral natural ou da lei divino-positiva (adultério, homicídio deliberado, etc.)[15].

Como dissemos, o homem pode usar mal a sua liberdade, porque tanto o seu conhecimento como a sua vontade são falíveis. Às vezes a consciência moral erra, e considera como bom o que, na realidade é mau, ou como mau o que na realidade não é mau. Por isso, o reto uso da liberdade e o agir segundo a própria consciência não são sempre a mesma coisa, por causa do possível erro da consciência. Daí a importância de formá-la bem, de modo que seja possível evitar os erros de juízo em que frequentemente caem as pessoas que têm pouca formação ou as que têm convicções deformadas pelo vício, ignorância ou superficialidade.

6. O respeito da liberdade

De tudo o que foi dito até agora se entende que a liberdade é um grande dom de Deus, que comporta uma enorme responsabilidade pessoal, e que os homens – as autoridades humanas, civis e eclesiásticas – não devem limitar além do exigido pela justiça e por claros imperativos do bem comum da sociedade civil e da eclesiástica. A este propósito, São Josemaria escrevia: “é necessário amar a liberdade. Evitai esse abuso que parece exasperado nos nossos tempos – está patente e continua se manifestando de fato em nações de todo o mundo – que revela o desejo, contrário à independência lícita dos homens, de obrigar a todos a formar um só grupo no que é opinável, a criar como dogmas doutrinais temporais; e a defender esse falso critério com intenções e propaganda de natureza e substância escandalosas, contra os que têm a nobreza de não se submeterem. (...) temos de defender a liberdade. A liberdade dos membros, mas formando um só corpo místico com Cristo, que é a cabeça, e com seu Vigário na terra”[16].

As relações interpessoais também, já fora do âmbito do governo humano, têm que ser presididas pelo respeito da liberdade e compreensão dos pontos de vista diferentes. E este mesmo estilo tem que ser o do apostolado cristão. “Amamos, em primeiro lugar, a liberdade das pessoas que ajudamos a se aproximarem do Senhor, no apostolado de amizade e confidência, que São Josemaria nos convida a realizar com o testemunho e a palavra (...) A verdadeira amizade implica um sincero carinho mútuo, que é a verdadeira proteção da liberdade e da intimidade recíprocas”[17].

O respeito à liberdade alheia não significa pensar que tudo o que outras pessoas fazem livremente é bom. O reto exercício da liberdade pressupõe o conhecimento do que é bom para cada um. Propor ou ensinar aos outros o que é verdadeiramente bom não é um atentado contra a liberdade alheia. Que uma pessoa livre proponha a verdade a outra pessoa igualmente livre, explicando as razões que a sustentam, é sempre algo bom. O que não se deve fazer é impor a verdade mediante violência física ou psicológica. Apenas a legitima autoridade pode usar a coação nos casos e com as modalidades previstas pelas leis justas.

Ángel Rodríguez Luño


Bibliografia básica

— Catecismo da Igreja Católica, 1730-1748.

— São Josemaria, homilia A liberdade, dom de Deus, em Amigos de Deus, 23-38.

Leituras recomendadas

— Fernando Ocáriz, Carta pastoral, 9/01/2018.

— E. Colom, A. Rodríguez Luño, Escolhidos em Cristo para ser santos. Curso de Teologia Moral, Quadrante, São Paulo.


[1] Sir 15, 14-18. Ver também Dt 30, 15-19.

[2] Gaudium et spes, n. 17; Cf. Catecismo, n. 1731.

[3] Gaudium et spes, n. 17.

[4] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 24.

[5] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 30.

[6] Jo 10, 17-18.

[7] São Josemaria, junho 1972, citado por dom Javier, Carta 14/02/1997, n. 15.

[8] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 31.

[9] Catecismo, n. 1739-1740.

[10] Ibid., n. 1741.

[11] Ga 5, 1; Cf. Catecismo, n. 1742.

[12] Como se disse antes, “Diante do ser humano estão a vida e a morte, o bem e o mal; ele receberá aquilo que preferir” (Ec 15, 18).

[13] São Josemaria, A liberdade, dom de Deus, em Amigos de Deus, n. 37.

[14] Cf. São Tomás de Aquino, Summa Theologiae, I-II, q. 96, a. 6 e II-II, q. 120.

[15] Cf. João Paulo II, Veritatis splendor, nn. 76, 80, 81 y 82.

[16] São Josemaria, Carta 9/01/1932, n. 1-2, no volume: Josemaria Escrivá de Balaguer, Cartas I, ed. crítica preparada por L. Cano, Rialp, Madrid 2020.

[17] Fernando Ocáriz, Carta pastoral 9/01/2018, n. 14.

 Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/tema-7-a-liberdade-humana/

A HISTÓRIA DE JOSEPH RATZINGER: Os anos difíceis de Tübingen (V)

Estudantes católicos e evangélicos manifestam-se nas ruas de Bonn em maio de 1966 | 30Giorni

A HISTÓRIA DE JOSEPH RATZINGER

Arquivo 30Giorni  n. 05 - 2006

Os anos difíceis de Tübingen

Antigos colegas e ex-alunos falam de Ratzinger como professor na cidadela teológica de Tubinga. Onde a sua adesão impenitente à reforma conciliar foi submetida ao teste dos novos triunfalismos clericais e das rebeliões burguesas.

por Gianni Valente

O orgulho profissional dos clérigos

As relações de Ratzinger com seus colegas em Tübingen permaneceram formalmente corretas e corteses até o fim. Em aula, Küng proclama em voz alta sua estima pelo teólogo bávaro e reafirma repetidamente suas visões compartilhadas. Ratzinger também confirma publicamente que não há problemas com seu mentor suíço. Desculpas não são pedidas .

Entre os dois grandes nomes do corpo docente, titulares das duas cátedras de Teologia Dogmática, as diferenças humanas e de caráter sempre foram evidentes. O impetuoso suíço dirige seu Alfa Romeo branco, vestido com elegância burguesa. Jornalistas o procuram quando precisam de alguém para contar histórias fantásticas sobre as polêmicas acaloradas que estão varrendo a Igreja pós-Vaticano II. O gentil bávaro caminha ou usa transporte público, celebra missa todas as manhãs na capela de uma residência estudantil feminina e, de outra forma, estuda e prepara suas aulas, permanecendo fiel ao seu estilo austero e reservado. “Certa vez, quando eu estava viajando com alguns estudantes e paramos em uma taverna para almoçar”, lembra Kuhn, “ele pediu apenas salsichas vienenses para ele e para nós também. Ele achava que éramos todos econômicos como ele. Naquela época não ousamos deixá-lo saber que éramos jovens e famintos. Talvez ele próprio o tenha compreendido e, em outras ocasiões deste género, certificou-se de que todos escolhiam cuidadosamente no menu os pratos que preferiam…». Mas é na experiência concreta da vida docente, entre aulas, seminários, conferências e exames, que, por trás da aparente unanimidade "conciliar", a distância crescente entre Ratzinger e alguns de seus colegas atinge níveis muito mais cruciais.

Ratzinger acredita que todas as coisas importantes que o fizeram exultar durante o Concílio – a renovação bíblica e patrística, a abertura ao mundo, o pedido sincero de unidade com outros cristãos, a libertação da Igreja de todas as armadilhas que a sobrecarregam e a impedem em sua missão – não têm nada a ver com a mania corrosiva e iconoclasta que agita muitos de seus colegas. O papel desempenhado por muitos teólogos na orientação dos trabalhos do Concílio transformou-se, para muitos deles, num orgulho profissional que pretende submeter até os fatores mais elementares da doutrina e da vida da Igreja ao tribunal dos "especialistas". «Durante as aulas», diz Moll, «parecia não haver consenso entre os vários professores, nem mesmo sobre dados essenciais da fé. E nossas cabeças como estudantes giravam. Sempre foi necessário tomar posição sobre coisas que antes pareciam inquestionáveis: o diabo existe ou não? Existem sete sacramentos ou apenas dois? Pessoas não ordenadas podem celebrar a Eucaristia? Existe uma primazia do bispo de Roma ou o papado é apenas um regime despótico a ser derrubado? O redentorista Réal Tremblay, que veio do Canadá para Tübingen em 1969 para obter seu doutorado com Ratzinger e agora é professor na Academia Alfonsiana, arrisca: «Sempre acreditei que uma certa agressividade de Küng também surgiu dos problemas que ele encontrou em Roma como estudante. Ele é um daqueles que não conseguiu expressar o ódio antirromano acumulado em suas próprias experiências pessoais de juventude. Ratzinger não teve esses problemas, também porque não havia estudado em Roma."

O teólogo bávaro, criado na escola de Santo Agostinho, Newman e Guardini, sofre com a nuvem de novo conformismo que parece ter infectado muitos de seus colegas: o exegeta Herbert Haag, o moralista Alfons Auer, o canonista Johannes Neumann. Ele, que no Concílio havia travado amizade com Congar e De Lubac, não escondeu seu não alinhamento com as palavras de ordem do novo triunfalismo “progressista”. O padre Martin Trimpe, um dos alunos mais próximos de Ratzinger durante seus anos em Tübingen e Regensburg, relembra: «Certa vez, em uma sala de aula lotada, houve um debate entre vários professores sobre a primazia do Papa. Küng havia dito que o tipo autêntico de papa era aquele representado por João XXIII, porque sua primazia era pastoral e não jurisdicional por natureza. Ratzinger não falou nada, e então os estudantes começaram a gritar seu nome: Ratzinger! Zoeira de rato! Eles queriam saber o que ele pensava. Ele respondeu calmamente que o quadro descrito por Küng precisava ser corrigido, pois era necessário levar em conta todos os aspectos ligados ao ministério petrino. Caso contrário, ao insistir apenas no aspecto pastoral, corremos o risco de retratar não o pastor da Igreja universal, mas um fantoche universal a ser manipulado a nosso bel-prazer." Ratzinger não se alinha, mantém seu espírito crítico, mas certamente não é aquele que busca polêmica e conflito com seus colegas. Por natureza ele não é um boxeador, não gosta de cruzar luvas e evita brigas acadêmicas. Ele não tem intenção de assumir o papel de opositor que organiza a resistência à tendência crescente. O fato é que durante os anos de Tübingen não houve conflitos evidentes entre Ratzinger e o resto do corpo acadêmico, que até o escolheu como reitor. Até mesmo a relação com Küng se desfaz através de um lento e silencioso distanciamento interno, um afastamento progressivo, mas sem confrontos sangrentos. “Küng atacou Ratzinger apenas uma vez”, observa Seckler, “e não foi por causa da teologia”. Houve um acordo entre os dois de que, a cada semestre, se um lecionasse a disciplina principal de Teologia Dogmática, o outro faria a disciplina de apoio e, assim, teria mais tempo disponível para planejar livremente suas próprias atividades. Quando Ratzinger anuncia que está prestes a deixar Tübingen após receber o “chamado” da nova faculdade de teologia de Regensburg, sua decisão atrapalha os planos do colega, que já havia preenchido a agenda do seu semestre “leve” com compromissos. Seckler continua: «Küng deu tudo de si. Ele atacou Ratzinger com veementes insultos, insistindo em respeitar o acordo. Ratzinger permaneceu calmo, mas inflexível em suas decisões." Antes dessa explosão, para convencer ainda mais Ratzinger de que era melhor mudar de ares, o movimento dos Sessenta e Oito caiu "na velocidade da luz" (como o então prefeito do antigo Santo Ofício expressou em sua autobiografia) sobre aquelas relações já desgastadas pela turbulência pós-conciliar.

Hans Kung | 30Giorni

De Tübingen a Regensburg

A burguesia contesta a si mesma. Crianças de classe média se rebelam contra seus pais. Em Berlim, durante manifestações contra leis de emergência introduzidas para proteger a segurança nacional, alguém morre. A explosão começou nos centros universitários de Berlim e Frankfurt, mas logo atingiu também as faculdades de teologia. É precisamente em Tübingen, na Faculdade de Filosofia, que Ernst Bloch leciona. Em seu livro O Princípio da Esperança, ele indica um messianismo judaico-cristão secularizado como a fonte última do vento revolucionário que está varrendo o Ocidente. Uma perspectiva que – escreve Ratzinger na sua autobiografia – «precisamente porque se baseava na esperança bíblica, distorceu-a, de modo a preservar o fervor religioso, mas eliminando Deus e substituindo-o pela ação política do homem». A fé – explica Ratzinger em seu ensaio introdutório escrito em 2000 para a reedição de seu best-seller Introdução ao Cristianismo – «cedeu à política o papel de força salvadora». Nessa "nova fusão de impulso cristão e ação política global", muitos cristãos experimentam a emoção de serem novamente protagonistas da história. Depois de a cultura ocidental mais avançada ter tentado relegar a religião à esfera subjetiva e íntima, agora com «uma Bíblia reinterpretada numa nova chave e uma liturgia celebrada como pré-conclusão simbólica da revolução e como preparação para ela […] o cristianismo com esta curiosa síntese reentrava no mundo, propondo-se como uma mensagem “de época”». Até mesmo a agenda “democratizante” dos teólogos à la pageé passado com um estrondo. Não se trata mais de fazer ajustes na estrutura eclesial e favorecer sua abertura ao mundo. A forma histórica assumida pela Igreja também deve ser demolida na derrubada do antigo regime. “Sob as batinas de mil anos”, gritam os estudantes das faculdades de teologia; sob as batinas dos padres, a imundície de mil anos. A convulsão revolucionária atinge os interstícios da vida cotidiana docente, derruba e desarticula práticas centenárias no relacionamento entre professores e alunos. Não há zonas seguras para protestos. Em Tübingen, Küng e seus amigos também pagam o preço. Os “rebeldes” também monopolizam a paróquia universitária de St. John e exigem a eleição democrática do capelão. Então eles se deitam nos degraus da faculdade, impedindo a entrada dos professores: não há mais tempo para ouvir palestras inúteis, precisamos nos preparar para a revolução que se aproxima. Ratzinger suporta repetidamente essas “provas populares” por parte dos estudantes. Martin Trimpe relata: «Eles interrompiam a aula gritando, ou subiam na mesa do professor e o forçavam a responder às suas perguntas “revolucionárias”». Outros professores tentam piscar para os manifestantes. O professor bávaro responde com seu argumento lógico e calmo. Mas sua voz fraca é frequentemente abafada por gritos. Seckler também observa: «Ele é muito bom em discussões calmas e fundamentadas. Mas na oposição violenta ele se perde. Ele não consegue gritar, é incapaz de falar de forma autoritária."

No entanto, Ratzinger sente sincera simpatia humana, tingida de tristeza, por muitos dos jovens que complicam sua vida.

Uma delas se chama Karin. Ela é uma linda garota loira e, embora pareça irritante, percebe-se que ela está em busca de algo, que seu sonho revolucionário expressa confusamente a expectativa de uma vida diferente, boa, o desejo de ser feliz. Ratzinger a escuta, ele perde seu tempo. Mas então acontece que Karin morre de repente. Trimpe diz: «Fui eu quem contou ao professor, durante o almoço. Ele ficou triste com isso e não falou mais. Então, tenho certeza, ele teria levado à missa, ao altar, sua compaixão pela vida e pela morte daquela menina, confiando a salvação de sua alma à misericórdia do Senhor."

Mesmo em suas palestras, como é seu costume, Ratzinger inicialmente leva a sério e valoriza as exigências da crítica marxista, que também pode expressar a expectativa de uma salvação histórica real, não encerrada no gueto da individualidade subjetiva. Mas seu choque é tremendo quando o protesto se torna uma paródia sacrílega, uma rebelião burguesa, uma corrosão devastadora das coisas que lhe são mais queridas. O ex-aluno de Ratzinger, Werner Hülsbusch, um pároco aposentado perto de Münster, diz hoje: «Ele não suportava mais ler cartazes que descreviam Jesus e São Paulo como sexualmente frustrados, nem ouvir discursos daqueles que ridicularizavam a cruz como um símbolo de sadomasoquismo. Ele estava se sentindo mal."

O clima cada vez mais venenoso de Tübingen atrasou sua transferência para a nova faculdade de teologia inaugurada em 1967 na Baviera. No último encontro com o círculo de estudantes de doutorado de Tübingen, o professor chega um pouco atrasado no Citroen “Dois Cavalos”, de Peter Kuhn. O motorista freia bruscamente na frente dos estudantes que esperavam, e a placa de Tübingen cai do carro. Todos caem na gargalhada. 

Fonte: https://www.30giorni.it/

Papa está sem febre e prossegue terapia

Novo boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé (Vatican News)

"O Papa Francisco está comovido com as numerosas mensagens de afeto e proximidade que continua recebendo nestas horas; em particular, deseja agradecer àqueles que estão atualmente hospitalizados", diz o comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé.

Vatican News

A Sala de Imprensa da Santa Sé publicou na tarde desta segunda-feira, 17 de fevereiro, o seguinte comunicado:

"O Santo Padre continua apirético e prossegue com a terapia prescrita.

Sua condição clínica é estável.

Esta manhã, ele recebeu a Eucaristia e depois se dedicou a algumas atividades de trabalho e à leitura de textos.

O Papa Francisco está comovido com as numerosas mensagens de afeto e proximidade que continua recebendo nestas horas; em particular, deseja agradecer àqueles que estão atualmente hospitalizados pelo carinho e amor que expressam através de desenhos e mensagens de pronta recuperação; reza pelos doentes e pede orações por ele."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Os sete fundadores da Ordem dos Servitas

Os sete fundadores da Ordem dos Servitas (A12)
17 de fevereiro
Localização: Itália
Os sete fundadores da Ordem dos Servitas

Nos séculos XII e XIII, desenvolveram-se na Europa “comunas” de adeptos das artes liberais, nas quais o gosto pelos prazeres, luxo, ganância e domínio inevitavelmente cresceu, gerando conflitos e contrastando com os valores cristãos então vigentes na sociedade. A reação de muitos leigos foi unirem-se em confrarias de penitência ou movimentos propondo uma vivência radical do Evangelho, como por exemplo os Humilhados, os Valdenses, os Pobres Lombardos, mas principalmente as iniciativas de São Francisco de Assis e São Domingos de Gusmão.

Na Itália, em Florença, surgiram os Laudesi, que se encontravam para, diante de uma imagem de Nossa Senhora, rezar e a Ela cantar louvores. Dentre os participantes havia os que mais seriamente queriam se comprometer com uma renovação da vida cristã, através de obras de caridade e de penitência. Sete amigos das mais aristocráticas e tradicionais famílias florentinas, da confraria chamada Associação-mor de Santa Maria, decidiram por este caminho: Amadeo degli Amidei, Manetto dell’Antella, Giovanni Buonagiunta, Alessio Falconieri, Buonfiglio Monaldi, Gherardion Sostegni e Ricovero dei Ugoccioni.

Eram todos prósperos comerciantes de lã, mas deixaram os negócios e venderam todos os seus bens, deixando o suficiente para suas famílias e distribuindo o resto aos pobres. Em seguida mudaram-se para uma casa abandonada na periferia da cidade, mais tarde conhecida como Santa Maria de Caffagio. Ali viviam em perfeita comunhão, numa vida austera dedicada à oração, contemplação, penitência, mendicância e obras de caridade junto aos pobres e doentes.

O bispo de Florença abençoou a iniciativa e solicitou que o governo municipal respeitasse a atuação daqueles “homens de paz”, um testemunho fundamental: a situação social era de guerras, e intrigas entre os guelfos, partidários do Papa, e os gibelinos, partidários do Império Germânico.

Nesta casa, logo acorreram muitas pessoas, animadas com o seu exemplo. Nasceu assim a Ordem dos Servos de Maria, ou Servitas, com hábito negro em sinal de luto, em devoção à Nossa Senhora das Dores ao pé da Cruz. Procurando uma situação mais solitária e contemplativa, eles se mudaram em 1245 para o Monte Senário, numa casa rústica com um oratório dedicado a Maria. Mas mesmo a 18 quilômetros da cidade, as visitas continuavam, e muitos queriam participar da comunidade (dentre eles o futuro São Filipe Benício, que viria a ser o grande defensor, organizador e propagador da Ordem).

A partir de então, novos conventos foram sendo criados. Dos sete fundadores, apenas Alessio não foi ordenado sacerdote; foi também o último a falecer, com 110 anos. Foram canonizados juntos, como se fossem um só, algo único na História da Igreja. Suas cinzas estão na mesma urna em Senário.

 Em 1267, São Filipe Benício, então Prior Geral, reformulou os Estatutos da Ordem, transformando-a em ordem mendicante. Junto com Santa Juliana Falconieri, sobrinha de Alessio, criou a Ordem Terceira da Congregação dos Servitas.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

O que mais imediatamente chama a atenção nos santos fundadores dos Servitas é a sua profunda amizade, enraizada no Evangelho e na devoção a Maria. Sem dúvida a amizade é um dom de Deus, e os Sete quiseram demonstrá-lo cabalmente com o seu exemplo de vida. Esta perfeita amizade é bem expressa pelo número sete, que na Bíblia indica perfeição... Mas o seu legado vai muito além: demonstra como a verdadeira mentalidade católica torna possível que comerciantes ricos tornem-se mendicantes, por não se apegarem às riquezas materiais, e valorizarem corretamente o tesouro da caridade, multiplicado infinitamente no Céu; e como esta mesma mentalidade levou, numa época onde o mundo civilizado era cristão, à reação espontânea não apenas dos Sete, mas de muitos cidadãos por toda a Europa, a combater as guerras de então e o surgimento das “comunas” liberais, de estilo mundano, com o empenho na formação de grupos, confrarias e movimentos voltados para uma vivência mais radical dos ensinamentos da Igreja. Hoje também vivemos muitas guerras e a ameaça de “comunas” mundanas, e também surgiram muitos movimentos católicos. Que não apenas estes movimentos, mas toda a Igreja, se dediquem a viver melhor o Evangelho, pois esta é a garantia única da boa – e possível – transformação da sociedade, a partir do revigoramento da santidade, pessoal e comunitária.

Oração:

Deus Pai, que quereis Vossos filhos numa única família de mesmo Sangue, o de Cristo, concedei-nos vivenciar a amizade que juntou os Sete Santos Fundadores dos Servitas aos pés da Cruz, com Maria; por sua intercessão, sabermos nos desapegar dos bens materiais para viver a riqueza da caridade para com os irmãos; e pelo exemplo deles reagir com os ensinamentos evangélicos às guerras, tentações, pecados e perseguições deste mundo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora, que no cenário do Monte Gólgota venceram as dores pelo Amor e levaram à perfeição o seguimento da Vossa vontade. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Solidão como oportunidade de crescimento

Antonio Guillem | Shutterstock

Cibele Battistini - publicado em 14/02/25

Este artigo explora como a fé pode ajudar a transformar a solidão em um espaço de crescimento espiritual e autoconhecimento.

A solidão é uma experiência universal que pode afetar pessoas de todas as idades e origens. Muitas vezes, ela é acompanhada de sentimentos de tristeza, isolamento e desespero. No entanto, a fé pode ser uma poderosa aliada para lidar com esses sentimentos, oferecendo consolo, propósito e um sentido de pertencimento.

1 - Compreendendo a Solidão

A solidão pode ser definida como a sensação de estar desconectado de outras pessoas, mesmo quando se está fisicamente presente. Essa desconexão pode levar a um estado de tristeza e desânimo. É importante reconhecer que a solidão não é apenas a ausência de companhia, mas também uma falta de conexão emocional e espiritual.

2 - A Fé como Conexão

A fé oferece uma conexão com algo maior, seja uma divindade, uma comunidade religiosa ou princípios espirituais. Essa conexão pode servir como um antídoto para a solidão, proporcionando um senso de pertencimento e propósito. Muitas tradições religiosas enfatizam a importância da comunidade e do apoio mútuo, o que pode ajudar a mitigar a solidão.

3 - A Oração e a Meditação

Práticas como a oração e a meditação podem ser especialmente úteis para aqueles que se sentem solitários. Essas atividades permitem um diálogo íntimo com Deus ou uma reflexão interna, criando um espaço seguro para expressar sentimentos e preocupações. A meditação, por exemplo, pode ajudar a acalmar a mente e a encontrar paz interior, mesmo em momentos de solidão.

4 - Solidão como Oportunidade de Crescimento

A solidão pode ser vista como uma oportunidade para o crescimento espiritual. Momentos de introspecção podem levar a uma maior compreensão de si mesmo e da própria fé. Em vez de temer a solidão, é possível abraçá-la como um tempo para refletir sobre a vida, os valores e a espiritualidade.

5 - A Comunidade de Fé

Participar de uma comunidade religiosa pode ser uma forma eficaz de combater a solidão. Grupos de oração, estudos bíblicos e atividades sociais promovem a interação e o apoio mútuo. Essas experiências podem criar laços significativos e ajudar a construir relacionamentos que oferecem suporte emocional.

6 - A Esperança em Tempos Difíceis

A fé também traz esperança. Em momentos de solidão, a crença em um futuro melhor ou em um propósito divino pode fornecer conforto. Essa esperança pode ser um farol em meio à escuridão, lembrando que a solidão é frequentemente temporária e que há um caminho para a reconexão.

7 - A Importância da Reflexão

A solidão pode proporcionar um espaço para a reflexão sobre a própria vida e a fé. Perguntas profundas, como "Qual é o meu propósito?" ou "Como posso servir aos outros?", podem surgir em momentos de solidão, levando a um crescimento espiritual e a uma vida mais significativa.

Conviver com a solidão pode ser desafiador, mas a fé oferece ferramentas valiosas para enfrentar essa experiência. Através da oração, da meditação, da participação em comunidades de fé e da reflexão, é possível transformar a solidão em um tempo de crescimento espiritual. Em última análise, a fé pode não apenas ajudar a aliviar a solidão, mas também enriquecer a vida, proporcionando um sentido de propósito e conexão que transcende as circunstâncias.

solidão, quando abordada com fé, pode se tornar um caminho para a descoberta e a renovação, lembrando-nos de que nunca estamos verdadeiramente sozinhos.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/02/14/solidao-como-oportunidade-de-crescimento

Efatá: abre-te ao milagre de Deus

Efatá -"Abre-te!" (Catequizar)

EFATÁ: ABRE-TE AO MILAGRE DE DEUS

Dom Jailton de Oliveira Lino
Bispo de Teixeira de Freitas-Caravelas (BA)

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, 

A Palavra de Deus nos conduz hoje ao encontro de Jesus, que, ao atravessar a região da Decápole, se depara com um homem surdo e com dificuldades para falar. Diante dele, Cristo age com compaixão e amor: leva-o para um lugar à parte, toca seus ouvidos e sua língua, olha para o céu e proclama a palavra transformadora: “Efatá!” – “Abre-te!” (Mc 7,34). 

Este gesto de Jesus não é apenas um milagre físico, mas um sinal profundo daquilo que Ele deseja realizar em cada um de nós. Quantos hoje vivem espiritualmente surdos, incapazes de ouvir a voz de Deus? Quantos, mesmo podendo falar, encontram-se mudos diante das injustiças, do sofrimento do próximo, da necessidade de proclamar a verdade e a esperança? 

O barulho do mundo, a pressa do dia a dia e as preocupações do coração muitas vezes nos tornam insensíveis ao chamado de Deus. Como aquele homem da Decápole, precisamos ser conduzidos até Jesus para que Ele nos toque e nos cure. E Ele o faz com ternura, levando-nos para um encontro pessoal, longe das distrações, onde Sua graça pode agir em nós com plenitude. 

“Efatá!” – Esta palavra ressoa até hoje como um convite para abrirmos nossos corações à escuta do Senhor. É um chamado para deixarmos de lado os medos que nos paralisam, para libertarmos nossa voz e anunciarmos com coragem o amor de Deus. 

O Evangelho nos recorda que, diante do milagre, as pessoas não conseguiram se conter e espalharam a notícia, mesmo após a recomendação de Jesus para que permanecessem em silêncio. Isso porque, quando experimentamos verdadeiramente o toque do Senhor, torna-se impossível não testemunhar Suas maravilhas. 

Que esta Palavra nos inspire a buscar essa abertura interior, permitindo que Cristo cure nossa surdez espiritual e nos dê coragem para proclamar a fé com nossas palavras e ações. Que Maria, aquela que guardava tudo no coração e ouvia atentamente a voz de Deus, nos ensine a escutar e a responder com fidelidade ao chamado do Senhor. 

Efatá! Abre-te ao amor de Deus e deixa-te transformar por Ele. 

Que o Senhor nos abençoe e nos conduza sempre! 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

VI Domingo do Tempo Comum (C)

Evangelho do domingo (Vatican News)

Que seria de nossa vida, perguntamos? O Senhor que está presente em nossa existência! Ele é a nossa segurança!

Padre Cesar Augusto dos Santos, SJ – Vatican News

A primeira leitura nos fala de quem é feliz em optar por confiar em Deus e da infelicidade e frustração daquele que confia no Homem.

Confiar em Deus supõe muita fé e , ao mesmo tempo, um coração que use a memória e a inteligência para verificar o quanto Deus fez por cada um de nós. À medida em que vamos repassando nossa vida, vamos reconhecendo a ação providente e generosa do Senhor. Quem seríamos nós sem Seu amor, sem seu carinho de Pai, exclamamos! Que seria de nossa vida, perguntamos? O Senhor que está presente em nossa existência! Ele é a nossa segurança!

Diante de uma multidão de pessoas desvalidas, famintas, doentes físicos e psíquicos, economicamente miseráveis, o Senhor proclama em alto e bom som que os pobres que estão diante dele são bem-aventurados, do mesmo modo os famintos, os que choram, os odiados e marginalizados. Ao mesmo tempo o Senhor proclama malditos os ricos.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A HISTÓRIA DE JOSEPH RATZINGER: Os anos difíceis de Tübingen (IV)

Joseph Ratzinger e, ao fundo, a Universidade de Tübingen | 30Giorni

A HISTÓRIA DE JOSEPH RATZINGER

Arquivo 30Giorni  n. 05 - 2006

Os anos difíceis de Tübingen

Antigos colegas e ex-alunos falam de Ratzinger como professor na cidadela teológica de Tubinga. Onde a sua adesão impenitente à reforma conciliar foi submetida ao teste dos novos triunfalismos clericais e das rebeliões burguesas.

por Gianni Valente

Em meados da década de 1960, para todo teólogo alemão que se preze, Tübingen parecia uma espécie de Terra Prometida. Com sua história centenária como um centro teológico “papista” que se converteu ao luteranismo desde o início, e com sua faculdade de Teologia Católica que começou com vigor em meados do século XIX, a cidadela teológica da Suábia parece o local de desembarque ideal para aqueles que desejam experimentar as novas efervescências conciliares e examinar os “sinais dos tempos” reconectando-se e comparando-se com uma grande e prestigiosa tradição.

Em 1966, Joseph Ratzinger ainda não tinha quarenta anos, mas seus cabelos já estavam brancos e sua fama de menino prodígio da teologia alemã já havia sido consagrada por sua intensa e decisiva participação na aventura conciliar. O Vaticano II está prestes a terminar, o ar ainda está vibrante com esperanças confiantes. Mas a espera por um bom momento para a Igreja no mundo é marcada por outros avisos estranhos. Já naquele ano, em uma de suas conferências resumindo o Concílio, José da Baviera fez um relato dessa condição de claro-escuro. «Parece-me importante», diz ele, «mostrar as duas faces do que nos encheu de alegria e de gratidão no Concílio […]. Penso que também é importante salientar o novo e perigoso triunfalismo em que muitas vezes caem os denunciantes do triunfalismo passado. Enquanto a Igreja for peregrina na terra, ela não tem o direito de se gabar. Essa nova forma de ostentação pode se tornar mais insidiosa do que tiaras e cadeiras gestacionais que, de qualquer forma, são hoje mais motivo de sorriso do que de orgulho."

Quem puxou os cordelinhos para que a faculdade católica de Tübingen enviasse a sua vocação ao professor que leciona em Münster há apenas três anos foi Hans Küng, apoiado pelo seu outro jovem colega Max Seckler, que hoje recorda a 30Giorni : «Houve uma rotatividade nesse período geracional com a aposentadoria de vários professores seniores. Para fortalecer o corpo docente, alguns pressionaram para chamar professores mais maduros e com perfil mais consolidado para a cadeira de Teologia Dogmática. Em 66 eu tinha trinta e nove anos, Küng trinta e oito. Fomos nós que lutamos para chamar outro jovem. E Ratzinger, então, era o homem do futuro." O gentil e reservado professor bávaro e seu impetuoso e polêmico colega suíço se conhecem desde 1957. Eles colaboraram como especialistas teológicos na última sessão do Concílio e divergências evidentes já surgiram entre eles sobre como o período conciliar deveria fluir de volta para o grande rio da vida cotidiana da Igreja. Mas então, como Ratzinger explica em sua autobiografia, "nós dois consideramos isso como uma diferença legítima em posições teológicas" que "não afetaria nosso consenso básico como teólogos católicos". Desde 1964, ambos estão entre os membros fundadores do Concilium , a revista internacional da “frente única” dos teólogos conciliares. Seckler explica: «Küng sabia que ele e Ratzinger pensavam de forma diferente sobre muitas coisas, mas ele disse: você pode negociar e colaborar com os melhores, são os mesquinhos que criam problemas». O professor Wolfgang Beinert, antigo aluno de Ratzinger em Tübingen, acrescenta: «Küng talvez tenha chamado Ratzinger precisamente porque queria que os alunos pudessem comparar-se com outro teólogo do Concílio diferente dele, que pudesse servir de contrapeso à sua teologia unilateral. Outros professores, mais fechados, nem sequer percebiam as distâncias entre os dois, e até viam Ratzinger como um perigoso reformador liberal. Eles disseram: um Küng é suficiente para nós." 

Um gravador para o best-seller

No novo começo de Tübingen, Ratzinger se envolve, como sempre, sem se conter. De seu novo cargo, ele espera estabelecer relacionamentos frutíferos com os teólogos evangélicos do corpo docente protestante. Seu entusiasmo e a textura inconfundível de suas lições – teologia substancial alimentada pelos Padres e pela liturgia, linguagem luminosa e leve com nuances poéticas, abordagem sem censura de todas as questões daqueles tempos confusos – acendem correspondências inesperadas nos corações de muitos estudantes de teologia, e não só. Suas palestras imediatamente ficaram lotadas, com mais de quatrocentos alunos. Mesmo os seminários são muito concorridos, então eles são selecionados com um teste de admissão em grego e latim. O Prelado Helmut Moll, que mais tarde colaborou por muitos anos com seu antigo professor na Congregação para a Doutrina da Fé, relembra: «Para participar de um seminário sobre Mariologia, tive que fazer um pré-exame sobre textos marianos dos primeiros séculos em grego e latim. Mas não havia comparação entre Ratzinger e os outros. As palestras que ouvi em Bonn de professores de orientação neoescolástica pareciam secas e frias, uma lista de definições doutrinárias exatas e nada mais. Quando ouvi em Tübingen como Ratzinger falava sobre Jesus ou o Espírito Santo, às vezes parecia que suas palavras tinham indícios de oração."

Em 1967, Ratzinger realizou um projeto que vinha cultivando há dez anos: um curso de aulas aberto não apenas aos estudantes de teologia, estruturado como uma exposição do Credo dos Apóstolos , que, abrangendo todos os fermentos e ansiedades da época, repetisse "o conteúdo e o significado da fé cristã", que para o novo professor aparece "hoje envolta em um halo nebuloso de incerteza, como talvez nunca antes na história". De manhã cedo, estudantes universitários de todas as faculdades, bem como párocos, religiosos e religiosas, e fiéis comuns vêm ouvi-lo. Peter Kuhn, que Ratzinger chamou para Tübingen como assistente, está acostumado a estudar até tarde da noite e nem sempre consegue manter a atenção nas primeiras aulas. “Quando eu adormecia”, ele diz, “meus vizinhos me cutucavam, porque viam que o professor havia notado. Tentei contornar isso assumindo uma postura pensativa." Em troca, Kuhn leva seu volumoso gravador para essas palestras e depois pede para sua secretária desenrolar as fitas. Dessas gravações nasceu o volume Introdução ao Cristianismo , o primeiro best-seller de Ratzinger, publicado pela editora Heinrich Wild: dez edições só no primeiro ano, foi depois traduzido para vinte idiomas. No mesmo ano, o novo professor participou ativamente das iniciativas organizadas por ocasião do centésimo quinquagésimo aniversário da Faculdade Católica de Teologia. Ele considera uma oportunidade propícia para traçar novas perspectivas, mergulhando no estudo da famosa Escola de Tübingen, a equipe de teólogos reunida em torno de Johann Adam Mohler, que nas primeiras décadas do século XIX deu um impulso decisivo ao surgimento da teologia histórica, inspirando aquela abordagem histórico-salvífica que o próprio Ratzinger favoreceu desde seus estudos em Freising e Munique. Seria bom – pensa Ratzinger – recuperar também a lição de Mohler e seus companheiros para dar força ao caminho do testemunho no mundo moderno sugerido pelo Concílio. Mas o clima da faculdade é condicionado e distraído por dinâmicas totalmente diferentes. «Ratzinger», Kuhn interrompe, «talvez esperasse reconectar-se com a grande tradição de Tübingen. Mas quando chegamos, essa grande tradição não existia mais."

Fonte: https://www.30giorni.it/

Papa: agradeço pelas orações com que me acompanhais nestes dias de internação

Fiéis no Policlínico Gemelli, onde o Papa se encontra internado deste sexta-feira, 14 de fevereiro (Vatican Media)

Internado no Hospital Policlínico Gemelli devido a uma bronquite de que foi acometido, Francisco entregou o Angelus dominical, difundido pela Sala de Imprensa da Santa Sé. No texto, o Pontífice agradece pelo carinho, a oração e a proximidade com que está sendo acompanhado nestes dias, assim como aos médicos e profissionais de saúde deste Hospital por seus cuidados. O Santo Padre se dirige aos artistas por ocasião de seu Jubileu e pede orações pelos países em guerra.

Raimundo de Lima – Vatican News

A seguir, o texto do Angelus do Papa Francisco, difundido ao meio-dia deste domingo (16/02) pela Sala de Imprensa da Santa Sé:

Hoje, no Vaticano, foi celebrada a Eucaristia dedicada em particular aos artistas que vieram de várias partes do mundo para viver os Dias do Jubileu. Agradeço ao Dicastério para a Cultura e a Educação pela preparação desse evento, que nos lembra a importância da arte como linguagem universal que difunde a beleza e une os povos, ajudando a trazer harmonia ao mundo e a silenciar todo grito de guerra.

Cumprimento aos artistas por ocasião de seu Jubileu

Quero cumprimentar todos os artistas que participaram: eu gostaria de ter estado no meio de vós, mas, como sabeis, estou aqui no Policlínico Gemelli porque ainda preciso de tratamento para minha bronquite.

Dirijo minhas saudações a todos os peregrinos presentes em Roma hoje, em particular aos fiéis da Diocese de Parma, que vieram em uma peregrinação diocesana, conduzidos por seu Bispo.

Orações pelos países em guerra

Convido todos a continuarem a rezar pela paz na atormentada Ucrânia, na Palestina, em Israel e em todo o Oriente Médio, em Mianmar, no Kivu e no Sudão.

Agradeço-vos pelo carinho, a oração e a proximidade com que me acompanhais nestes dias, assim como gostaria de agradecer aos médicos e profissionais de saúde deste Hospital por seus cuidados: eles fazem um trabalho precioso e tão cansativo, vamos apoiá-los com a oração!

E agora confiemo-nos a Maria, a “Cheia de graça”, para que nos ajude a ser, como Ela, cantores e artífices da beleza que salva o mundo.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF