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quinta-feira, 13 de março de 2025

FOTOS: Linha do tempo dos 12 anos de pontificado do papa Francisco

Papa Francisco em audiência geral na praça de São Pedro, no Vaticano, em 5 de outubro de 2016. | Daniel Ibáñez/EWTN

Por Redação central

13 de março de 2025

Hoje (13) completam-se 12 anos do pontificado do papa Francisco, 265º sucessor de são Pedro Apóstolo. Segue abaixo uma linha do tempo dos principais eventos em seu papado:

2013

13 de março — Cerca de duas semanas depois do papa Bento XVI deixar o papado, o arcebispo de Buenos Aires, cardeal Jorge Mario Bergoglio é eleito papa. Ele toma o nome de Francisco em homenagem a são Francisco de Assis e diz da sacada central da basílica de São Pedro: “Comecemos esta jornada, bispo e povo, esta jornada da Igreja de Roma, que preside em caridade sobre todas as Igrejas, uma jornada de fraternidade no amor, de confiança mútua. Rezemos sempre uns pelos outros”.

14 de março — No dia seguinte ao início de seu pontificado, o papa Francisco volta ao hotel para pagar pessoalmente sua conta e pegar sua bagagem.

8 de julho — O papa Francisco visita a ilha de Lampedusa, Itália, e se encontra com um grupo de 50 migrantes, a maioria dos quais, jovens da Somália e da Eritreia. A ilha, a cerca de 320 km da costa da Tunísia, é um ponto de entrada comum para migrantes da África e do Oriente Médio para a Europa. Foi a primeira visita pastoral do papa fora de Roma.

Papa Francisco em audiência geral na Praça de São Pedro, no Vaticano, em 2 de outubro de 2013. Elise Harris/CNA

23 a 28 de julho — O papa Francisco vai ao Rio de Janeiro para participar da Jornada Mundial da Juventude 2013. Mais de 3 milhões de pessoas de todo o mundo comparecem ao evento.

29 de julho — No voo de volta do Brasil, o papa Francisco dá sua primeira entrevista coletiva e diz "se uma pessoa é gay, busca a Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgar?" A frase foi motivada pela repórter brasileira Ilze Scamparini, da Rede Globo de TV que fez uma pergunta ao papa sobre um escândalo ligado a um prelado a serviço da Cúria no Uruguai.

24 de nov. — O papa Francisco publica sua primeira exortação apostólica Evangelii gaudium (A Alegria do Evangelho). O documento sobre a evangelização no mundo moderno é uma espécie de programa do pontificado de Francisco.

2014

22 de fevereiro — O papa Francisco realiza seu primeiro consistório e cria 19 novos cardeais, alguns de países em desenvolvimento que nunca tinham tido um cardeal antes, como o Haiti.

22 de março — O papa Francisco cria a Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores, para lidar com vítimas de abuso sexual.

Papa Francisco cumprimenta peregrinos em audiência geral no Vaticano em 29 de novembro de 2014. Bohumil Petrik/CNA

5 de outubro — Começa o Sínodo sobre a Família. Bispos discutem várias preocupações, como lares monoparentais, coabitação, adoção de crianças por uniões homossexuais e casamentos inter-religiosos.

6 de dezembro — Depois de iniciar a reforma da Cúria Romana, o papa Francisco fala ao jornal argentino La Nación: “A resistência agora é evidente. E isso é um bom sinal para mim, expor a resistência, sem resmungos furtivos quando há desacordo. É saudável expor as coisas, é muito saudável”.

2015

18 de janeiro — Para concluir uma viagem à Ásia, o papa Francisco celebra a missa em Manila, Filipinas. Cerca de 6 milhões de pessoas comparecem à missa recorde, apesar da chuva forte.

23 de março — O papa Francisco visita Nápoles, Itália, para mostrar o comprometimento da Igreja em ajudar na luta contra a corrupção e o crime organizado na cidade.

24 de maio — O papa Francisco publica a encíclica Laudato si', que exorta as pessoas a cuidar do meio ambiente e incentiva a ação política para enfrentar os problemas climáticos.

Papa Francisco em audiência geral na Praça de São Pedro, no Vaticano, em 17 de junho de 2015. Bohumil Petrik

19 a 22 de setembro — O papa Francisco visita Cuba e se encontra com Fidel Castro na primeira visita de um papa ao país desde o papa são João Paulo II em 1998. Em sua homilia, Francisco fala sobre a dignidade da pessoa humana: “Ser cristão implica promover a dignidade de nossos irmãos e irmãs, lutar por ela, viver por ela”.

22 a 27 de setembro — Depois de deixar Cuba, o papa Francisco faz sua primeira visita papal aos EUA. Em Washington, D.C., o papa fala numa sessão conjunta do Congresso do país, na qual exorta os legisladores a trabalharem para promover o bem comum, e canoniza o missionário franciscano são Junípero Serra. Francisco também participa do Encontro Mundial das Famílias na Filadélfia, que se concentra em celebrar o dom da família.

Papa Francisco discursa no Congresso dos EUA em Washington, D.C., em 24 de setembro de 2015. L'Osservatore Romano

4 de outubro — O papa Francisco inicia o segundo Sínodo sobre a Família para abordar questões na família moderna, como lares monoparentais, coabitação, pobreza e abuso.

18 de outubro — O papa canoniza são Luís Martinho e santa Maria Zélia Guérin. O casal foi pai de cinco freiras, entre elas santa Teresinha do Menino Jesus. Eles são o primeiro casal a ser canonizado junto.

8 de dezembro — Começa o Jubileu da Misericórdia do papa Francisco. O jubileu foca na misericórdia e no perdão de Deus e na redenção das pessoas do pecado. O papa delega certos padres em cada diocese para serem missionários da Misericórdia. Eles têm autoridade para perdoar pecados geralmente reservados para a Santa Sé.

2016

19 de março — O papa Francisco publica a exortação apostólica Amoris Laetitia, com base nas discussões dos dois sínodos sobre a família. O ponto mais controverso está no capítulo oitavo, entendido por alguns bispos e conferências episcopais como autorização para dar comunhão aos divorciados em nova união.

16 de abril — Depois de visitar refugiados na ilha de Lesbos, Grécia, o papa Francisco permite que três famílias de refugiados muçulmanos se juntem a ele em seu voo de volta a Roma. Ele diz que a mudança não foi uma declaração política.

Papa Francisco em audiência geral na praça de São Pedro, no Vaticano, em 24 de fevereiro de 2016. Daniel Ibánez/EWTN

26 a 31 de julho — O papa Francisco vai a Cracóvia, Polônia, para a Jornada Mundial da Juventude. Cerca de 3 milhões de jovens peregrinos de todo o mundo comparecem.

4 de setembro — O papa canoniza santa Teresa de Calcutá, conhecida como madre Teresa. A freira da Albânia dedicou sua vida ao trabalho missionário e de caridade, principalmente na Índia.

30 de set. a 2 de out. — O papa Francisco visita a Geórgia e o Azerbaijão em sua 16ª viagem fora de Roma desde o início de seu papado. Sua viagem foca nas relações da Igreja com cristãos ortodoxos e muçulmanos.

4 de outubro — O papa Francisco faz uma visita surpresa a Amatrice, na Itália, para rezar pelas vítimas de um terremoto no centro da Itália que matou cerca de 300 pessoas.

2017

12 e 13 de maio — Francisco viaja a Fátima, Portugal, para visitar o Santuário de Nossa Senhora de Fátima. O dia 13 de maio marca o 100º aniversário da primeira aparição de Nossa Senhora a três crianças na cidade.

11 de julho — O papa Francisco acrescenta outra categoria de vida cristã para ser considerada em uma canonização: “oferta de vida”. A categoria é distinta do martírio, que só se aplica a alguém que é morto por sua fé. A nova categoria se aplica aos que morreram prematuramente por meio de uma oferta de sua vida a Deus e ao próximo.

Papa Francisco cumprimenta participante do Dia Mundial dos Pobres em Roma, em 16 de novembro de 2017. L'Osservatore Romano.

19 de novembro — No primeiro Dia Mundial dos Pobres, o papa Francisco almoça com 4 mil pobres e pessoas necessitadas em Roma.

27 de nov. a 2 de dez. — Mais uma vez na Ásia, o papa Francisco vai a Mianmar e Bangladesh. Ele visita monumentos e se encontra com autoridades governamentais, clérigos católicos e monges budistas. O papa também prega o Evangelho e promove a paz na região.

2018

15 a 21 de janeiro — O papa faz outra viagem à América Latina, desta vez visitando o Chile e o Peru. Francisco se encontra com autoridades governamentais e membros do clero e exorta os fiéis a permanecerem próximos ao clero e rejeitarem o secularismo. A visita ao Chile causa uma controvérsia sobre escândalos de abuso sexual do clero no país.

2 de agosto — A Santa Sé revisa formalmente o nº 2267 do Catecismo da Igreja Católica, sobre pena de morte. O texto anterior dizia que a pena de morte poderia ser permitida em certas circunstâncias. A forma revista diz que a pena de morte é “inadmissível”.

25 de agosto — O arcebispo Carlo Viganò, ex-núncio apostólico nos EUA, publica uma carta de 11 páginas pedindo a renúncia do papa Francisco e acusando-o e outras autoridades da Santa Sé de encobrir abusos sexuais, como acusações contra o ex-cardeal Theodore McCarrick. O papa inicialmente não responde diretamente à carta, mas nove meses depois de ela ser publicada, Francisco nega ter conhecimento prévio sobre a conduta de McCarrick.

25-26 de agosto — O papa Francisco visita Dublin, Irlanda, para participar do Encontro Mundial das Famílias. O tema é “O Evangelho da Família, alegria para o mundo”.

Papa Francisco no Encontro Mundial das Famílias de 2018, na Irlanda. Daniel Ibanez/EWTN

3 a 28 de outubro — Ocorre o Sínodo sobre Jovens, Fé e Discernimento Vocacional. O sínodo foca nas melhores práticas para ensinar a fé aos jovens e ajudá-los a discernir a vontade de Deus.

2019

22 a 27 de janeiro — A terceira Jornada Mundial da Juventude no pontificado do papa Francisco acontece nesses seis dias na Cidade do Panamá, capital do Panamá. Jovens fiéis do mundo todo se reúnem para o evento, com cerca de 3 milhões de pessoas presentes.

4 de fev. — O papa Francisco assina um documento conjunto com o xeque Ahmed el-Tayeb, grande imã de Al-Azhar, em Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos, chamado "Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da Convivência Comum" . O documento se concentra em pessoas de diferentes religiões se unindo para viver em paz e promover uma cultura de respeito mútuo.

Papa Francisco e Ahmed el-Tayeb, grande imã de al-Azhar, assinam declaração conjunta sobre a fraternidade humana em encontro inter-religioso em Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos, em 4 de fevereiro de 2019. Vatican Media

21 a 24 de fev. — Ocorre o Encontro sobre a Proteção de Menores na Igreja, sobre abusos sexuais. O encontro enfatiza responsabilidade, prestação de contas e transparência.

6 a 27 de outubro — A Igreja faz o Sínodo dos Bispos para a região Pan-Amazônica, também conhecido como Sínodo da Amazônia. O sínodo tem o objetivo de apresentar modos pelos quais a Igreja pode evangelizar melhor a região amazônica, mas causa controvérsia quando imagens esculpidas de uma mulher amazônica grávida, chamada pelo papa de Pachamama, são usadas em vários eventos e exibidas numa basílica perto do Vaticano.

13 de outubro — São João Henry Newman, anglicano convertido ao catolicismo e cardeal, é canonizado pelo papa Francisco.

2020

15 de março — O papa Francisco faz uma peregrinação a pé em Roma até a capela do Crucifixo e reza pelo fim da pandemia de covid-19. Fiéis levaram o crucifixo pela cidade de Roma na praga que atingiu a cidade em 1522.

27 de março — O papa Francisco dá uma bênção extraordinária urbi et orbi na praça de São Pedro, no Vaticano, vazia e coberta de chuva, rezando pelo mundo na pandemia de coronavírus.

Papa Francisco venera o crucifixo milagroso da igreja San Marcello al Corso na praça de São Pedro, no Vaticano, em bênção Urbi et Orbi em 27 de março de 2020. Vatican Media

2021

5 a 8 de março — O papa Francisco se torna o primeiro papa da história a visitar o Iraque. Em sua viagem, o papa assina uma declaração conjunta com o grande aiatolá Ali al-Sistani condenando o extremismo e promovendo a paz.

3 de julho — O cardeal Giovanni Angelo Becciu, criado cardeal pelo papa Francisco, é indiciado no Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano por peculato, lavagem de dinheiro e outros crimes. O papa aprova a acusação.

4 de julho — O papa Francisco passa por uma cirurgia de cólon para diverticulite, condição comum em pessoas mais velhas. A Santa Sé divulga uma declaração dizendo que o papa “reagiu bem” à cirurgia. Francisco deixa o Hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, depois de dez dias.

16 de julho — O papa Francisco emite o motu proprio Traditionis custodes . O documento impõe pesadas restrições à celebração da missa tradicional anterior à reforma do Concílio Vaticano II (1962-1965).

2 a 6 de dezembro — O papa viaja para Chipre e Grécia. Na viagem, há outra visita à ilha grega de Lesbos para se encontrar com migrantes.

Papa Francisco cumprimenta Sua Beatitude Jerônimo II em Atenas, Grécia, em 5 de dezembro de 2021. Vatican Media

2022

11 de janeiro — O papa Francisco faz uma visita surpresa à loja de discos StereoSound, em Roma. O papa abençoa a loja recém-reformada.

19 de março — O papa publica a constituição apostólica Praedicate Evangelium, que reforma a Cúria Romana. As reformas descartam a exigência de que os chefes de departamentos da cúria sejam bispos e permite até a nomeação de leigos.

5 de maio — O papa Francisco aparece em cadeira de rodas pela primeira vez em público por causa de problemas no joelho de que sofre há meses.

Papa Francisco cumprimentou a multidão numa cadeira de rodas no fim de sua audiência geral em 3 de agosto de 2022. Daniel Ibánez/EWTN

24 a 30 de julho — Em sua primeira visita ao Canadá, o papa Francisco pede desculpas pelo tratamento dado aos indígenas canadenses, dizendo que muitos cristãos e membros da Igreja foram cúmplices.

2023

31 de janeiro a 5 de fevereiro — O papa Francisco viaja para a República Democrática do Congo e para o Sudão do Sul. Em sua visita, o papa condena a violência política nos países e promove a paz. Francisco também participa de um culto ecumênico com o arcebispo da Cantuária, Justin Welby; e o moderador da Igreja da Escócia, Iain Greenshields.

Papa Francisco cumprimenta criança em missa em Juba, Sudão do Sul, em 5 de fevereiro de 2023. Vatican Media

29 de março a 1º de abril — O papa Francisco é internado por uma infecção respiratória. Em sua estadia no Hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, o papa visita a ala oncológica pediátrica do hospital e batiza um recém-nascido. 

5 de abril — O papa aparece no documentário da Disney "Amém: Perguntando ao Papa”, feito em espanhol, respondendo a seis questões “quentes” de membros da geração Z de várias origens. O grupo discute imigração, depressão, aborto, abuso sexual e psicológico do clero, mudança de sexo, pornografia e perda da fé.

28 a 30 de abril — O papa Francisco visita a Hungria para se encontrar com autoridades governamentais, membros da sociedade civil, bispos, padres, seminaristas, jesuítas, homens e mulheres consagrados e agentes pastorais. O papa celebra a missa no último dia da viagem na praça Kossuth Lajos em Budapeste, capital do país.

Papa Francisco em altar erguido do lado de fora do Parlamento da Hungria na praça Kossuth Lajos, em Budapeste, capital do pais, em missa pública ao ar livre em 30 de abril de 2023. Vatican Media

7 de junho — O papa Francisco passa por uma cirurgia abdominal sob anestesia geral devido a uma hérnia cada vez mais dolorosa. Na audiência geral na manhã antes da cirurgia, Francisco diz que pretende publicar uma carta apostólica sobre santa Teresinha do Menino Jesus, “padroeira das missões”, para marcar o 150º aniversário de seu nascimento.

15 de junho — Depois de cirurgia bem-sucedida e uma semana de recuperação, o papa Francisco tem alta do Hospital Policlínico Agostino Gemelli.

2 a 6 de agosto — O papa Francisco vai à Jornada Mundial da Juventude de 2023 em Lisboa, Portugal. Ele se encontra com líderes da Igreja e líderes civis antes de celebrar a missa de boas-vindas e as Estações da Cruz. Ele também ouve as confissões de vários peregrinos. Em 5 de agosto, visita o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, onde reza o terço com jovens com deficiência. À noite, celebra a vigília e no domingo, 6 de agosto, celebra a missa de encerramento, onde exorta os 1,5 milhão de jovens presentes a "não terem medo", repetindo as palavras do fundador das Jornadas Mundiais da Juventude, são João Paulo II.

Papa Francisco acena para multidão de 1,5 milhão de pessoas em missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude 2023 em Lisboa, Portugal, em 6 de agosto de 2023. Vatican Media

31 de agosto a 4 de setembro — O papa Francisco vai à Mongólia. A viagem faz de Francisco o primeiro papa a visitar o país que tem fronteira de 4.634 km com a China. A Mongólia tem cerca de 1,3 mil católicos entre os cerca de 3 milhões de habitantes.

Papa Francisco se encontra com padres e religiosos locais da Mongólia, país só com 25 padres (19 religiosos e seis diocesanos), 33 religiosas e um bispo — o cardeal Giorgio Marengo — na Catedral de São Pedro e São Paulo de Ulaanbaatar em 2 de setembro de 2023. Vatican Media

22 e 23 de setembro — Em viagem de dois dias a Marselha, França, o papa Francisco se encontra com líderes civis e religiosos locais e participa do Encontro Mediterrâneo, com cerca de 120 jovens de vários credos e bispos de 30 países.

Papa Francisco pede um momento de silêncio em memorial dedicado aos marinheiros e migrantes perdidos no mar no primeiro dia de uma visita de dois dias a Marselha, França, em 22 de setembro de 2023. Daniel Ibáñez/EWRN

4 a 29 de outubro — A Santa Sé sedia a primeira de duas assembleias globais de um mês do Sínodo da Sinodalidade, iniciadas pelo papa Francisco em 2021. O papa Francisco celebra a missa de encerramento do sínodo na basílica de São Pedro, no Vaticano, em 29 de outubro. A segunda e última assembleia global ocorrerá no Vaticano em outubro de 2024.

Papa Francisco na missa de encerramento do Sínodo da Sinodalidade na basílica de São Pedro, no Vaticano, em 29 de outubro de 2023. Vatican Media

25 de novembro — O papa Francisco visita o hospital brevemente para testes de precaução depois de pegar gripe no início do dia. Embora ele ainda participe de atividades programadas, outras autoridades leem seus comentários preparados. A Santa Sé cancela em 28 de novembro a viagem planejada do papa de 1 a 3 de dezembro para Dubai, Emirados Árabes Unidos, para a conferência climática COP28, onde ele deveria fazer um discurso, devido à sua doença.

18 de dezembro — O Dicastério para a Doutrina da Fé da Santa Sé publica a declaração Fiducia supplicans, que autoriza bênçãos não litúrgicas para uniões homossexuais e casais em situações irregulares. Vários bispos criticam e outros apoio o documento.

2024

14 de janeiro — O papa Francisco responde publicamente pela primeira vez a perguntas sobre Fiducia supplicans em entrevista num programa de televisão italiano. O papa ressalta que “o Senhor abençoa a todos” e que uma bênção é um convite para entrar em uma conversa “para ver qual é o caminho que o Senhor propõe a eles”.

11 de fev. — Em cerimônia com a presença do presidente da Argentina, Javier Milei, o papa Francisco canoniza María Antonia de São José, chamada de Mama Antula na Argentina, em missa na basílica de São Pedro, no Vaticano. O presidente e o papa se abraçam depois da cerimônia. O papa Francisco, que não voltou à sua terra natal desde que se tornou papa em 2013, disse que quer visitar a Argentina no segundo semestre desse ano.

Papa Francisco se encontra com o presidente argentino Javier Milei em audiência privada no Vaticano em 12 de fevereiro de 2024. Vatican MEDIA

13 de março — O papa Francisco celebra 11 anos como papa da Igreja.

8 de abril — O Dicastério para a Doutrina da Fé da Santa Sé divulga  Dignitas infinita (“Dignidade Infinita”), documento que reafirma a oposição perene da Igreja ao aborto, à eutanásia e à ideologia de gênero.

19 de maio — O papa Francisco aparece no programa 60 Minutes da rede de televisão americana CBS em entrevista com Norah O'Donnell, e diz categoricamente que a ordenação de mulheres ao sacerdócio e ao diaconato está fora de questão.

Papa Francisco fala sobre “críticos conservadores” nos EUA em entrevista com Norah O'Donnell do programa de TV americano 60 Minutes. CBS News/Adam Verdugo

14 de junho — Na Apúlia, sul da Itália, o papa Francisco se torna o primeiro papa a discursar na cúpula do G7. Em seus comentários, o papa enfatiza que a dignidade humana exige que as decisões da inteligência artificial (IA) estejam sob o controle de seres humanos. No evento de três dias, o papa também se encontra com o então presidente dos EUA, Joe Biden.

2 a 13 de setembro — O papa Francisco embarca em uma viagem de 12 dias de mais de 32 mil km em sete voos pela Ásia e pela Oceania. A viagem para a Indonésia, Papua-Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura é sua viagem internacional mais ambiciosa até agora e é a mais longa de seu pontificado de 11 anos. Em Timor-Leste, 600 mil católicos assistem à missa com Francisco.

Papa Francisco celebra missa na Esplanada de Taci Tolu em Díli, Timor-Leste, em 10 de setembro de 2024. Daniel Ibáñez/EWTN

2 a 27 de outubro — O Sínodo de três anos da sinodalidade termina com a sessão final em Roma e a adoção do relatório final, que o papa Francisco endossa imediatamente, dizendo que não vai publicar um documento pós-sinodal separado, forma inédita para encerrar um sínodo.

7 de dezembro — O papa Francisco faz um consistório no Vaticano em que cria 21 cardeais, como o arcebispo de Toronto, Canadá, dom Frank Leo; o arcebispo de Teerã-Isfahan, Irã, dom Dominique Joseph Mathieu; e o arcebispo de Tóquio, Japão, dom Tarcísio Isao Kikuchi; refletindo a ênfase do papa na missão global da Igreja.

Papa Francisco coloca barrete vermelho no arcebispo de Nápoles, cardeal Domenico Battaglia, em consistório para a criação de 21 novos cardeais na Basílica de São Pedro, em 7 de dezembro de 2024. Daniel Ibáñez/EWTN

24 de dezembro — Na véspera de Natal, o papa Francisco abre a Porta Santa da Basílica de São Pedro, no Vaticano, para lançar oficialmente o Jubileu Ordinário do Ano Santo de 2025.

Papa Francisco abre a porta santa da Basílica de São Pedro, no Vaticano, antes da missa na véspera de Natal, em 24 de dezembro de 2024, lançando oficialmente o Ano Jubilar de 2025. Vatican Media

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Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/61711/fotos-linha-do-tempo-dos-12-anos-de-pontificado-do-papa-francisco

O Apocalipse da Esperança e os Apocalipses do Medo

O Apolalipse de João (Esboçando Ideias)

Arquivo 30Dias – 03/2009

O Apocalipse da Esperança e os Apocalipses do Medo.

por Gianni Valente

A coluna “Nova et vetera” continua com a republicação de O Senhorio de Cristo no Tempo , que já apareceu no número 11 de 30Giorni em 2003, escrito por Lorenzo Cappelletti.

Assim como o artigo de Cappelletti publicado no número anterior, baseado no comentário de Ceslas Spicq às Cartas Pastorais do Apóstolo Paulo, também este nada mais é do que a revisitação de um comentário exegético autorizado, precisamente aquele feito em várias obras e em vários momentos por Heinrich Schlier, sobre algumas passagens do Apocalipse de João.

A intenção não era e não é buscar premonições da catástrofe iminente, mas ser ajudado por Schlier a ler o Apocalipse de João pelo que ele é, ou seja, "a revelação de Jesus Cristo", como diz o primeiro versículo, uma revelação feita por Ele e que diz respeito a Ele, à Sua vitória sobre a morte, ao senhorio de Cristo no tempo (não é à toa que na liturgia o Apocalipse de João é lido naquele tempo litúrgico de Sua vitória que é o tempo da Páscoa).

Schlier ensina que esta revelação, hoje como na época em que o Apocalipse de João foi escrito, ocorre num contexto de absoluta precariedade, é indefesa, está exposta a toda forma de perseguição, tanto de fora como de dentro. Aqui está o primeiro elemento atual. O Papa Bento XVI escreve em sua recente carta aos bispos (que publicamos em outra parte desta edição): «Em nosso tempo, em vastas áreas da Terra, a fé corre o risco de se extinguir como uma chama que não encontra mais alimento». Palavras que soam idênticas em substância àquelas que Dom Giussani escreveu em seu retorno de uma peregrinação à Terra Santa, há mais de vinte anos: «O que você leva daqueles lugares é o desejo, o anseio de que as pessoas percebam o que aconteceu. E, em vez disso, o que aconteceu parece ser possível de apagar hoje, assim como se apaga com o pé uma letra na areia - uma letra na areia do mundo" (de Um acontecimento da vida, isto é, uma história , p. 29). Ora, se esta é a condição, a "profecia" do Apocalipse de João ilustrada no artigo seguinte, que enfatiza antes de tudo que é Cristo quem dá testemunho de Si mesmo,parece extremamente pertinente ao momento presente e não é de forma alguma sibilina. O «testemunho de Jesus Cristo", do qual é citado o segundo versículo, tem como sujeito o Senhor (no genitivo subjetivo, de fato, no texto grego). O testemunho do seu povo, pequeno, disperso, escarnecido, sujeito a grandes tentações e fraquezas, reside simplesmente, pela sua graça e pela sua renovada misericórdia, na «observância dos mandamentos de Deus» e na «guarda do testemunho de Jesus» ( Ap 12, 17; cf. Ap 19, 10). Ele é a luz do povo, a Igreja é um simples reflexo da Sua luz, como afirma a introdução à Lumen gentium e como disse o Cardeal Ratzinger num memorável discurso no Meeting de Rimini em 1990, sempre em relação à diferença entre o que obscurece e o que permite o olhar: «Pensa-se que se deve sempre falar da Igreja ou que se deve fazer alguma coisa nela ou por ela. Mas um espelho que reflete apenas a si mesmo não é mais um espelho; uma janela que, em vez de permitir uma visão livre para o horizonte distante, se coloca como uma tela entre o observador e o mundo, perdeu seu significado" (de Una compagnia sempre riformanda , p. 11).

Um segundo conteúdo de relevância e esperança na profecia do Apocalipse de João é a futilidade da guerra desencadeada pela besta apocalíptica. Tanto que sua ferocidade acaba manifestando uma impotência radical. «O testemunho do Filho de Deus emerge cada vez mais forte e a impotência do mal torna-se a figura dominante de toda a história», escreveu Dom Giussani no seu último discurso dois meses antes da sua morte ( Tg2 , 24 de Dezembro de 2004), «o poder da história está agora quebrado», ecoado por Schlier. E há também momentos de descanso, espaços históricos de ordem e renovação que podem beneficiar aqueles que permanecem fiéis ao Seu nome e não negaram a Sua fé (ver Ap 2:13), revelando que "a vitória de Jesus Cristo está oculta, mas é real". De fato, "a vitória na terra sempre recai aproximadamente, mas não completamente, sobre a besta" (ênfase nossa).

Esses momentos de alívio, que dão um vislumbre da vitória de Cristo no tempo presente, podem simplesmente ser pedidos em oração. Pedindo que o Senhor venha e se manifeste, como repetem os últimos versículos do Apocalipse de João e de toda a Escritura. No fim dos tempos, a vitória de Cristo será evidente para todos; com o tempo é “uma aposta” ligada à “oração”: assim conclui Dom Giussani a citada intervenção ( Tg2 , 24 de dezembro de 2004). Quando em vez da pergunta que sempre surge da gratidão pelo dom (ver Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, n. 534) há a presunção de antecipar a evidência da vitória de Jesus Cristo ou de impedir aquela graça que, ao contrário, sempre nos precede, então, em vez de participar da esperança no Apocalipse de Jesus Cristo, caímos novamente na agitação e no medo dos apocalipses que são típicos da besta.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Exercícios Espirituais no Vaticano, 3ª Meditação: A esperança da vida eterna (III)

Pregador da Casa Pontifícia, padre Roberto Pasolini  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

O pregador da Casa Pontifícia, padre Roberto Pasolini, conduziu na tarde desta segunda-feira, 10 de março, a sua terceira meditação aos membros da Cúria Romana no âmbito dos Exercícios Espirituais da Quaresma. Na tarde desta segunda-feira o franciscano centralizou a sua atenção sobre o tema: A esperança da vida eterna. O Papa Francisco, internado no Hospital Gemelli segue as meditações através de uma coligação vídeo. Publicamos a síntese da terceira Meditação.

Vatican News

A primeira morte

Por que temos dificuldades em reconhecer que a vida eterna já começou? A Bíblia sugere que o ser humano, desde o início, se descobre insensível e hostil à ação de Deus. Os profetas do Antigo Testamento denunciaram a incapacidade do povo de perceber as “coisas novas” que Deus faz, enquanto o próprio Jesus, percebendo a incompreensão de que quem o ouvia, falava em parábolas. Isso não era para simplificar sua mensagem, mas para destacar a dureza do coração humano, fechado à possibilidade de uma vida plena.

O Novo Testamento descreve essa condição com uma afirmação paradoxal: já estamos mortos, mas não nos damos conta disso. A morte, de fato, não é apenas o evento final da vida (morte biológica), mas também uma realidade que já experimentamos, por meio de um fechamento em nós mesmos que nos impede de perceber a vida como algo eterno que Deus quer nos dar. O Gênesis relata essa perda de sensibilidade por meio do que a tradição chamou de “pecado original”: o homem, em vez de acolher a vida como um dom, procura controlá-la, ultrapassando o limite imposto por Deus. O resultado não é a autonomia prometida pela serpente, mas um sentimento de vergonha e desorientação.

Essa primeira “morte interior” se manifesta em nossa tentativa contínua de cobrir nossas fragilidades com imagens, cargos e sucessos, sem enfrentar o profundo vazio que habita em nosso interior. No entanto, na Bíblia, Deus não parece alarmado com essa condição: Sua primeira reação é procurar o homem, perguntando: “Onde você está?” (Gn 3,9). Isso indica que a morte interior não é o fim, mas o ponto a partir do qual iniciar um caminho de salvação.

Essa lógica também surge no drama de Caim e Abel: Deus não intervém para evitar o fratricídio, mas protege Caim de seu sentimento de culpa. Isso mostra que nossa “primeira morte” não é um destino inevitável, mas uma oportunidade de redescobrir a vida eterna como uma realidade presente, não apenas futura. O próprio Jesus nos convida a ler as tragédias da vida como oportunidades de conversão, não como sinais de condenação (Lc 13,4-5).

Deus vê nossa morte interior não como uma derrota, mas como o ponto de partida para uma nova existência. O verdadeiro obstáculo à vida eterna não é a morte biológica, mas nossa incapacidade de reconhecer que já estamos imersos em uma realidade que vai além do tempo, se somente escolhermos vivê-la com confiança e abertura para Deus.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 12 de março de 2025

“Um Certo Galileu” de Padre Zezinho ganha nova versão

Padre-Zezinho Opinião CE

Paulo Teixeira - publicado em 11/03/25

“Um Certo Galileu” comemora 50 anos e ganha nova versão com diversos cantores católicos.

Um grande encontro reuniu mais de 20 artistas da música católica para gravar a canção e o clipe comemorativos dos 50 anos da música, que é sucesso de todos os tempos. O ilustre catequista, Padre Zezinho, através da música relata que essa composição é fruto do Concílio Vaticano II: “Certa vez, eu ouvi de um bispo: ‘você canta o Concílio’. Esta foi, realmente, uma decisão que tomei em 1966, quando também me encantei com o documento Gaudium et spes porque a minha vida estava ali”. O jovem sacerdote assumiu, portanto, em seu trabalho a constituição pastoral do concílio ecumênico, além de outros documentos, como seu programa de missão e ministério.

O espírito daquele tempo o impeliu a escrever “Um Certo Galileu” a sentir as dores do povo em tantas viagens mundo afora e a reafirmar: “Eu vou cantar o Concílio Vaticano II! E a proposta da Igreja, naquele momento, era o diálogo e a atualização da Teologia, da sociologia e da comunicação da Igreja”. Não restou dúvida e disse para si mesmo: “Isso é comigo mesmo!”

Um dia Ele voltará

Originalmente lançada em 1975 no álbum homônimo, a música é uma catequese completa da vida, morte e ressurreição de Jesus. Mas nem sempre foi assim. A famosa quinta estrofe , que fala da ressureição de Jesus, só ganhou voz em 2011. Mais uma vez, a opinião da Igreja norteou o padre cantor, conforme relata: “Depois de quase 40 anos cantando Um Certo Galileu, alguns bispos, em especial o então Arcebispo de Salvador, Dom Geraldo Majella Agnelo, alertaram que faltava a Ressurreição de Cristo na letra. Os prelados até brincaram: ‘Você deixou Jesus morrer!’”. Surgiu assim a última estrofe que com a letra e a música aborda a ressureição.

Os escolhidos

Foi nas margens do Mar da Galileia que Cristo chamou os discípulos a se tornarem pescadores de homens, segundo os Evangelhos. A participação dos artistas da gravadora na nova versão dessa canção expressa esse chamado e a atualização que a Igreja busca sempre viver, conforme destacou o compositor.

Na gravação especial participam dois padres cantores, 13 cantores e cantoras, e quatro grupos. Sob a regência do maestro Luiz Karam e a direção de voz de Karla Fioravante, a nova versão foi gravada com as notas de uma emocionante orquestra para marcar também os 65 anos da gravadora Paulinas-Comep. Lançada em 6 de março, a versão comemorativa de “Um Certo Galileu” está disponível nas plataformas digitais de Paulinas-COMEP.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/03/11/um-certo-galileu-de-padre-zezinho-ganha-nova-versao

O pecado e a misericórdia de Deus (II)

O pecado e a misericórdia de Deus (Opus Dei)

O pecado e a misericórdia de Deus

A perda do sentido do pecado levou à perda da necessidade de salvação, e daí ao esquecimento de Deus por causa da indiferença. No entanto, o triunfo de Cristo é expressão de sua misericórdia para com o ser humano, uma expressão de que “o amor é mais forte do que o pecado”. A misericórdia é a lei fundamental que habita no coração de cada pessoa quando olha para o irmão que encontra no caminho da vida.

01/10/2022

Consequências do pecado original para a humanidade

A existência humana mostra a evidência do pecado em nossas vidas, juntamente com a realidade de que o pecado não é o resultado de sermos maus por natureza, mas vem da livre escolha do mal. O mal moral não pertence, portanto, à estrutura humana, não provém nem da natureza social do homem nem de sua materialidade, nem obviamente de Deus ou de um destino imóvel. O realismo cristão coloca o homem diante da sua própria responsabilidade: ele pode fazer o mal por causa da sua liberdade, e o responsável por isso não é outro senão ele mesmo (cf. Catecismo, 387).

“O que a Revelação divina nos dá a conhecer, concorda com os dados da experiência. Quando o homem olha para dentro do próprio coração, descobre-se inclinado também para o mal, e imerso em muitos males, que não podem provir de seu Criador, que é bom. Muitas vezes, recusando reconhecer Deus como seu princípio, perturbou também a devida orientação para o fim último e, ao mesmo tempo, toda a sua ordenação quer para si mesmo, quer para os demais homens e para toda a criação” (GS 13.1).

Ao longo da história, a Igreja formulou o dogma do pecado original em contraste com o otimismo exagerado e o pessimismo existencial (cf. Catecismo, 406). Frente a Pelágio, que afirmou que o homem só pode fazer o bem com suas forças naturais, e que a graça é um mero auxílio externo, minimizando assim tanto o alcance do pecado de Adão quanto a redenção de Cristo — reduzida a um mero exemplo mau ou bom, respectivamente — o Concílio de Cartago (418), seguindo Santo Agostinho, ensinou a prioridade absoluta da graça, pois o homem depois do pecado foi prejudicado (cf. DH 223.227; cf. também o Concílio II de Orange, no ano 529: DH 371-372). Ao contrário de Lutero, que sustentava que depois do pecado o homem é essencialmente corrompido em sua natureza, que sua liberdade é anulada e que há pecado em tudo o que ele faz, o Concílio de Trento (1546) afirmou a relevância ontológica do batismo, que apaga o pecado original. Embora suas sequelas permaneçam — entre elas, a concupiscência, que não deve ser identificada, como fez Lutero, com o próprio pecado — o homem é livre em seus atos e pode merecer com boas obras, sustentado pela graça (cf. DH 1511-1515).

No fundo da posição luterana, e de algumas interpretações recentes de Gn 3, está em jogo uma compreensão adequada da relação entre 1) natureza e história, 2) o plano existencial-psicológico e o plano ontológico, 3) o individual e o coletivo.

1) Embora existam alguns elementos de natureza mítica no Gênesis (compreendendo o conceito de “mito” em seu melhor sentido, ou seja, como palavra-narração que dá origem e está, portanto, na base da história posterior), seria um erro interpretar a história da queda como uma explicação simbólica da original condição humana pecaminosa. Essa interpretação transforma um fato histórico em natureza, mitificando-o e tornando-o inevitável: paradoxalmente, o sentimento de culpa que leva a reconhecer-se “naturalmente” como pecador conduziria a atenuar ou eliminar a responsabilidade pessoal pelo pecado, pois o homem não poderia evitar aquilo a que ele tende espontaneamente. O correto, porém, é afirmar que a condição pecaminosa pertence à historicidade do homem, e não à sua natureza original.

2) Como após o batismo ficaram algumas sequelas do pecado, o cristão pode experimentar fortemente a tendência ao mal, sentindo-se profundamente pecador, como ocorre na vida dos santos. No entanto, esta perspectiva existencial não é a única, nem a mais fundamental, pois o batismo realmente apagou o pecado original e nos fez filhos de Deus (cf. Catecismo 405). Ontologicamente, o cristão em graça é justo diante de Deus. Lutero radicalizou a perspectiva existencial, compreendendo toda a realidade a partir dela, que se tornava, assim, marcada ontologicamente pelo pecado.

3) O terceiro ponto leva à questão da transmissão do pecado original, “um mistério que não somos capazes de compreender plenamente” (Catecismo, 404). A Bíblia ensina que nossos primeiros pais passaram o pecado para toda a humanidade. Os capítulos seguintes do Gênesis (cf. Gn 4-11; cf. Catecismo, 401) narram a progressiva corrupção do gênero humano. Estabelecendo um paralelismo entre Adão e Cristo, São Paulo afirma: “Assim como pela desobediência de um só homem foram todos constituídos pecadores, assim pela obediência de um só [Cristo] todos se tornarão justos” (Rm 5,19). Este paralelismo ajuda a compreender corretamente a interpretação que se costuma dar ao termo adamáh como de um coletivo específico: como Cristo é um só ao mesmo tempo cabeça da Igreja, assim Adão é um e ao mesmo tempo cabeça da humanidade[9]. “Em virtude desta ‘unidade do gênero humano’, todos os homens estão implicados no pecado de Adão, como todos estão implicados na justiça de Cristo” (Catecismo, 404).

A Igreja entende de forma analógica o pecado original dos primeiros pais e o pecado herdado pela humanidade. Adão e Eva cometem um pecado pessoal, mas este pecado será transmitido por propagação à humanidade inteira, isto é, pela transmissão de uma natureza humana privada da santidade e da justiça originais. E é por isso que o pecado original é denominado “pecado” de maneira analógica: é um pecado “contraído” e não “cometido”, um estado e não um ato (Catecismo, 404). Assim, “embora próprio a cada um, o pecado original não tem, em nenhum descendente de Adão, um caráter de falta pessoal (Catecismo, 405)[10].

Para algumas pessoas é difícil aceitar a ideia de um pecado herdado[11] , principalmente se têm uma visão individualista da pessoa e da liberdade. O que eu tenho a ver com o pecado de Adão? Por que eu deveria pagar as consequências do pecado dos outros? Essas questões refletem uma ausência do sentimento de solidariedade real que existe entre todos os homens como criados por Deus. Paradoxalmente, essa ausência pode ser entendida como manifestação do pecado transmitido a cada um. Ou seja, o pecado original obscurece a compreensão daquela profunda fraternidade da raça humana que torna possível sua transmissão.

Diante das lamentáveis consequências do pecado e da sua difusão universal, vale perguntar: “Mas por que Deus não impediu o primeiro homem de pecar? São Leão Magno responde: ‘A graça inefável de Cristo deu-nos bens melhores do que aqueles que a inveja do Demônio nos havia subtraído’ (sermão 73,4). ‘Nada obsta’ a que a natureza humana tenha sido destinada a um fim mais elevado após o pecado. Com efeito, Deus permite que os males aconteçam para tirar deles um bem maior. Donde a palavra de São Paulo: ‘Onde abundou o pecado superabundou a graça’ (Rm 5,20). E o canto do Exultet: ‘Ó feliz culpa, que mereceu tal e tão grande Redentor’ (Summa Theologiae, III, 1, 3, ad 3)” (Catecismo, 412).

A vida como combate

Este olhar sobre o pecado a partir da Redenção de Cristo proporciona um realismo lúcido sobre a situação do homem e seu agir no mundo. O cristão deve estar consciente tanto da grandeza de ser filho de Deus quanto de ser pecador. Este realismo:

a) Adverte tanto contra o otimismo ingênuo quanto o pessimismo desesperado e “propicia um olhar de discernimento lúcido sobre a situação do homem e de sua ação no mundo [...]. Ignorar que o homem tem uma natureza lesada, inclinada ao mal, dá lugar a graves erros no campo da educação, da política, da ação social e dos costumes” (Catecismo, 407).

b) Dá uma serena confiança em Deus, Criador e Pai misericordioso, que não abandona a sua criatura, perdoa sempre e tudo conduz para o bem, mesmo nas adversidades. “Repete: ‘Omnia in bonum!’, tudo o que sucede, ‘tudo o que me sucede’, é para meu bem... Por conseguinte - e esta é a conclusão acertada-, aceita isso, que te parece custoso, como uma doce realidade”[12].

c) Desperta uma atitude de profunda humildade, que leva a reconhecer sem surpresa os próprios pecados e a entristecer-se por eles serem uma ofensa a Deus e não tanto porque supõem ser frutos de um defeito pessoal.

d) Ajuda a distinguir o que é próprio da natureza humana enquanto tal do que é consequência da ferida do pecado na natureza humana. Depois do pecado, nem tudo que experimentamos como espontâneo é bom. A vida humana tem, portanto, o caráter de um combate: é preciso lutar para se comportar de maneira humana e cristã (cf. Catecismo, 409). “Ao longo de toda a tradição da Igreja, retratam-se os cristãos como milites Christi, soldados de Cristo. Soldados que levam a serenidade aos outros, enquanto combatem continuamente contra as más inclinações pessoais”[13]. O cristão que se esforça para evitar o pecado não perde nada daquilo que torna a vida boa e bela. Perante a ideia de que é necessário que o homem pratique o mal para experimentar a sua liberdade autônoma, pois no fundo uma vida sem pecado seria aborrecida, ergue-se a figura de Maria, concebida imaculada, mostrando que uma vida totalmente entregue a Deus, longe de produzir tédio, torna-se uma aventura cheia de luz e infinitas surpresas[14].

A Ternura de Deus: Pecado, Salvação, Misericórdia

Diante da realidade do pecado, levanta-se imponente a misericórdia de Deus. Jesus Cristo é o rosto desta misericórdia, como podemos ver na sua atitude para com os pecadores (“não vim chamar os justos, mas os pecadores”) como Zaqueu, o paralítico, a mulher adúltera, a samaritana, Maria Madalena, o bom ladrão, Pedro, e inúmeros outros personagens.

De maneira especialmente relevante, vemos nas parábolas de misericórdia, como a do filho pródigo, que realmente completam todo o ensino do Antigo Testamento sobre o Deus “compassivo e misericordioso, lento para a cólera, rico em bondade e em fidelidade” (Ex 34,6). Os salmos referem-se a isso repetidamente: o Senhor é “bondoso e compassivo; lento para a ira, cheio de clemência e fidelidade” (Sl 85,15); “bom e misericordioso, lento para a cólera e cheio de clemência” (Sl 102,8); “clemente e justo, o nosso Deus é compassivo” (Sl 116,5); “clemente e compassivo, generoso e cheio de bondade” (Sl 145, 8).

Na Paixão de Jesus, toda a sujeira do mundo entra em contato com o Puríssimo, com o Filho de Deus[15]. Se o normal é que o impuro contagie e contamine em contato com o Puro, aqui temos o contrário: pois onde o mundo, com toda sua injustiça e com suas crueldades que o contaminam, entra em contato com o imensamente Puro, nesse contato, a sujeira do mundo é realmente absorvida, anulada, transformada pelo amor infinito.

A realidade do mal, da injustiça que deteriora o mundo e ao mesmo tempo contamina a imagem de Deus, é uma realidade que existe, e por nossa culpa. Não pode simplesmente ser ignorada, tem que ser eliminada. Mas não é que um Deus cruel exija algo infinito. É justamente o contrário: o próprio Deus se coloca como lugar de reconciliação e, em seu Filho, assume o sofrimento. O próprio Deus introduz sua pureza infinita no mundo como um dom. O próprio Deus “bebe o cálice” de tudo o que é terrível, e assim restaura a lei pela grandeza do seu amor, que através do sofrimento transforma as trevas.

Jesus na Paixão clama ao Pai com todas as suas forças. De alguma forma, “todas as misérias da humanidade de todos os tempos, escrava do pecado e da morte, todos os pedidos e intercessões história da salvação estão recolhidos neste Grito do Verbo encarnado. Eis que o Pai os acolhe e, indo além de todas as esperanças, ouve-os, ressuscitando seu Filho”[16] . Este sofrimento concentra a miséria, o pecado e a morte dos homens, todo o mal da história. E o supera, o redime, o salva.

A Cruz é a última palavra do amor de Cristo por nós. Mas não é a última palavra do Deus da aliança. Esta última palavra será pronunciada na madrugada de domingo: “Ele ressuscitou”. Deus ressuscita seu Filho Jesus Cristo, e em Cristo nos dá a vida cristã para sempre.

Pablo Martí del Moral


Bibliografia

— Catecismo da Igreja Católica, nn. 374-421.

— São João Paulo II, Creio em Deus Pai. Catequese sobre o Credo (I), Paulus, São Paulo.

— Francisco, Misericordiae Vultus, 11-IV-2015.

Notas:

[9] Esta é a principal razão pela qual a Igreja sempre tenha lido a história da queda em uma perspectiva de monogenismo (origem do gênero humano de um único casal). A hipótese oposta, o poligenismo, pareceu se impor como dado científico (e até exegético) por alguns anos, mas hoje em dia, em nível científico, a descendência biológica de um único casal é considerada mais plausível (monofiletismo). Do ponto de vista da fé, o poligenismo é problemático, pois não se vê como possa se conciliar com a Revelação sobre o pecado original (cf. Pio XII, Humani Generis, DH 3897), embora seja uma questão que ainda precisa ser investigada e refletida.

[10] Nesse sentido, tem-se tradicionalmente feito uma distinção entre o pecado original originário (o pecado pessoal cometido por nossos primeiros pais) e pecado original originado (o estado de pecado em que nascemos seus descendentes).

[11] Cf. São João Paulo II, Audiência Geral, 24/09/1986, n. 1.

[12] São Josemaria, Sulco, 127.

[13] São Josemaria, É Cristo que passa, 74.

[14] Cf. Bento XVI, Homilia, 8-XII-2005

[15] Este comentário sobre a pureza de Cristo e a imundície do pecado encontra-se em Bento XVI, Jesus de Nazaré, v. 2, Planeta, São Paulo.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/10-o-pecado-e-a-misericordia-de-deus/

Exercícios Espirituais no Vaticano, 2ª Meditação: “O fim de todo Juízo” (II)

Exercícios Espirituais no Vaticano - Sala Paulo VI (Vatican News)

O pregador da Casa Pontifícia, padre Roberto Pasolini, fez na manhã desta segunda-feira, 10 de março, a sua segunda meditação no âmbito dos Exercícios Espirituais da Quaresma à Cúria Romana, sobre o tema “A esperança da vida eterna”. O tema: “O fim de todo Juízo”. Os Exercícios Espirituais sem a presença do Papa Francisco, que está internado no Hospital Gemelli. Publicamos a síntese da segunda Meditação.

Vatican News

O fim de todo Juízo

A parábola do Juízo Final, narrada no Evangelho de Mateus e retratada no famoso afresco de Michelangelo, é comumente interpretada como um chamado à caridade. No entanto, uma análise mais detalhada revela uma perspectiva surpreendente: não se trata de um julgamento no sentido tradicional, mas de uma declaração que revela a realidade já vivenciada por cada pessoa. O critério para o acesso ao Reino não é a pertença religiosa, mas o amor concreto para com os irmãos e irmãs mais humildes, que, na perspectiva evangélica, representam os discípulos de Cristo. Portanto, a responsabilidade dos cristãos não é primordialmente fazer o bem, mas permitir que outros o façam.

Além disso, a parábola subverte o senso comum de julgamento: tanto os justos quanto os ímpios demonstram espanto com as palavras do Rei, sinal de que o bem praticado neles foi vivido de forma natural e inconsciente. Isso sugere que o acesso à vida eterna não depende do desempenho moral, mas da capacidade de viver no amor sem cálculos.

O Catecismo afirma que, no final dos tempos, o Reino de Deus se manifestará plenamente, transformando a humanidade e o cosmo em “novos céus e nova terra” (CIC 1042-1044). Essa esperança está enraizada na promessa de Cristo, que nos chama a viver já agora nessa perspectiva, sem ansiedade de desempenho, mas com a confiança de que é o próprio Deus que transformará nossa humanidade à sua imagem e semelhança, de acordo com o desígnio de amor que vem desde o princípio.

Jesus anunciou a vida eterna não como uma realidade futura e distante, mas como uma condição já acessível àqueles que ouvem sua palavra e acreditam no Pai (Jo 5,24). O Evangelho nos convida a reconhecer que a vida eterna já começou: ela se manifesta na maneira como vivemos e amamos, abrindo-nos à presença transformadora de Deus. A verdadeira surpresa do Juízo Final será descobrir que Deus não tinha nenhuma expectativa em relação a nós, exceto a de nos reconhecer plenamente como seus filhos, já imersos na sua eternidade.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 11 de março de 2025

“Com o rearmamento nuclear, caminhamos para a aniquilação da humanidade”

Nicolás Paz Alcaide é membro do Comitê de Coordenação do Instituto Católico para a Não-Violência. | Victoria Cardiel/ EWTN News

“Com o rearmamento nuclear, caminhamos para a aniquilação da humanidade”, diz diretor de Pax Christi.

Por Victoria Cardiel*

11 de março de 2025

O rearmamento nuclear está levando “à aniquilação da humanidade”, disse Nicolás Paz Alcalde, diretor da Iniciativa Católica de Não-Violência, ligada à Pax Christi International.

"É absolutamente incoerente investir em armas para evitar um conflito, mas nos parece que a não-violência é uma atitude ingênua e que o rearmamento é o mais racional", disse Alcalde à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.

Paz Alcalde é membro do Comitê Coordenador do Instituto Católico para a Não-Violência, inaugurado  em Roma em setembro do ano passado, do qual também faz parte o cardeal americano Robert W. McElroy, que toma posse hoje (11) como arcebispo de Washington D.C., EUA.

O aumento dos gastos com defesa a nível europeu já é uma realidade. Na semana passada, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, anunciou que estava prestes a iniciar a era do “rearmamento europeu” com medidas que vão mobilizar até € 800 bilhões (cerca de R$ 5 trilhões) no continente.

Isso mostra que o que predomina na corrente dominante é a crença “de que a violência é uma ferramenta que funciona”, diz Alcaide.

No entanto, o Instituto Católico para a Não-Violência tem várias investigações acadêmicas que indicam o oposto.

Paz Alcalde cita como exemplo as pesquisas acadêmicas lideradas pelas especialistas Erica Chenoweth e Maria J. Stephan, da Universidade de Columbia, sobre a efetividade de diferentes campanhas civis de resistência pacifica.

Marie Dennis é outra das maiores autoridades em campanhas antiguerra.

A especialista e ex-presidente da Pax Christi International, a quem o cardeal McElroy pediu para acompanhá-lo em sua posse, liderou uma investigação que mostra que os movimentos sociais mais bem-sucedidos são os que mantêm a não-violência como disciplina, mesmo quando são sujeitos à repressão ou tortura.

Para Paz Alcalde, o rearmamento da Europa é um assunto sério, sobretudo porque é completamente "contrário" aos princípios que nortearam o nascimento da União Europeia depois da Segunda Guerra Mundial.

“Foi uma resposta institucional, não violenta, para organizar a convivência. Mas agora entramos numa dinâmica política em que, em vez de organizar a convivência, o que queremos é acabar com ela", diz Alcalde.

12.121 armas nucleares no mundo

Atualmente, há 12.121 armas nucleares no mundo, segundo dados do anuário do ano passado do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês).

Uma “figura aberrante”, diz Alcalde, que é professor associado da Faculdade de Filosofia e do Mestrado em Orientação e Mediação Familiar da Pontifícia Universidade de Salamanca, Espanha.

“O horizonte da possibilidade de uso de armas nucleares leva à autodestruição da própria humanidade. Houve momentos em nossa história em que estivemos muito perto disso e não aprendemos com isso", diz Alcalde.

Para ele, o debate político não é “entre violência ou não-violência, a escolha é entre a aniquilação total ou a não-violência”.

Alcalde também disse que se a escalada militar continuar aumentando, é porque há "provavelmente um problema de liderança moral".

“O papa Francisco está sendo assim no mundo. O problema é que ele é muito solitário”, conclui.

A Pax Christi International é um movimento pacifista católico global que trabalha pela paz, pelo respeito aos direitos humanos, pela justiça e pela reconciliação.

*Victoria Cardiel é jornalista especializada em temas de informação social e religiosa. Desde 2013, ela cobre o Vaticano para vários veículos, como a agência de notícias espanhola Europa Press, e o semanário Alfa y Omega, da arquidiocese de Madri (Espanha).

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/61675/com-o-rearmamento-nuclear-caminhamos-para-a-aniquilacao-da-humanidade-diz-diretor-de-pax-christi

ENSAIOS: Pedro e as Pedras da Cidade Eterna (III)

Acima, São Pedro sendo levado para tortura, detalhe de um sarcófago do século IV preservado nas catacumbas de San Sebastiano; abaixo, Crucificação de São Pedro, afresco do século XIII, Sancta Sanctorum em Lateran | 30Giorni

Arquivo 30Giorni n. 03 - 2005

Pedro e as Pedras da Cidade Eterna

Uma reflexão do presidente do Pontifício Conselho para a Cultura.

pelo Cardeal Paul Poupard

Os Santos Roma também é um ímã para santos. Não apenas os fundadores de ordens religiosas, mas também os santos do povo, os mais populares, como Bento Labre. Seminarista, cartuxo e depois trapista em Sept-Fons, chegou a Roma por volta de 1771 para rezar e ali permaneceu, vagabundo, sem-teto e mendigo. Milagre de Roma! Esta cidade, cujo luxo e poder tinham sido castigados com palavras ardentes por São Bernardo e cuja vaidade cortesã tinha sido criticada por Joaquim de Bellay, compreendeu sem hesitação aquele mendigo cheio de parasitas, admirou-o e amou-o na sua pobreza silenciosa e na sua oração hierática. Quando sua morte foi anunciada em 16 de abril de 1783, a cidade inteira correu para Santa Maria ai Monti. Seus trapos foram cortados para fazer relíquias. Seu funeral, no domingo de Páscoa, foi um triunfo. A tropa que guardava a igreja foi levada pela multidão.
Então, no século XIX, houve um avanço contínuo em direção a Roma em toda a cristandade, começando pela França, onde o galicanismo estava lentamente se transformando em ultramontanismo.

 A revolução perseguiu a Igreja. Napoleão havia humilhado o Papa. Mas o pai humilhado , segundo a bela expressão de Claudel, tornou-se objeto de intensa veneração. Diante dos sucessivos colapsos dos regimes mais sólidos, o papado e Roma pareciam agora a rocha sólida sobre a qual se apoiar na tempestade. A aventura dos peregrinos da liberdade com Lamennais é bem conhecida. Muitos outros, menos famosos, vieram como peregrinos a Roma e tiraram dela, com um amor renovado pela Igreja, uma profunda convicção, a mesma de "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja".

Assim como, embora muito diferentes em sua psicologia e orientações, mas unidos nas mesmas motivações, Dom Guéranger, restaurador beneditino de Solesmes, na França, e Lacordaire, que restabeleceu ali os Frades Pregadores. Conhecemos o famoso retrato de Théodore Chassériau que o retrata no dia seguinte à sua profissão religiosa, em 12 de abril de 1840, no claustro romano de Santa Sabina. Ou como Teresa de Lisieux e Carlos de Foucauld, os “dois faróis que a mão de Deus acendeu no limiar do século atômico”, segundo a intensa expressão do Padre Congar. Madalena Delbrel

Mais perto de nós, Madeleine Delbrêl, convertida do ateísmo e testemunha do amor de Deus no coração da cidade pagã e marxista de Ivry, sentiu um dia de maio de 1952 a necessidade urgente de vir a Roma para rezar no túmulo de São Pedro. Objeta-se que isso custa pouco mais de uma hora de oração. E ela declara ao seu grupo cético que irá, se o preço da viagem chegar inesperadamente…, o que acontece, na forma de um bilhete premiado da loteria nacional oferecido a ela por um amigo latino-americano! Ao custo de dois dias e duas noites no trem, ele passou seu dia de doze horas em oração na Basílica de São Pedro: «Diante do altar papal e no túmulo de São Pedro, rezei com o coração perdido... e acima de tudo para perder meu coração. Eu não pensei nisso nem pedi "iluminação", eu não estava lá para isso. No entanto, muitas coisas se impuseram a mim e permanecem dentro de mim. Primeiro: Jesus disse a Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. Ele se tornaria uma pedra e a Igreja seria construída. Jesus, que tanto falou do poder do Espírito, da sua vitalidade, quando falou da Igreja, disse que a construiria sobre aquele homem que se tornaria como uma pedra. Foi Cristo quem pensou que a Igreja não é apenas algo vivo, mas algo construído. Segundo: descobri os bispos… Descobri durante a minha viagem, e em Roma, a imensa importância dos bispos na fé e na vida da Igreja. “Eu farei de vocês pescadores de homens.” Pareceu-me que, diante do que chamamos de autoridade, às vezes agimos como fetichistas, às vezes como liberais. Estamos sob o regime de autorizações, não de autoridade. Quando falamos da obediência dos santos, creio que não compreendemos quão próxima ela está, no corpo da Igreja, daquela luta interna dos organismos vivos, em que a unidade é alcançada por meio de atividades, por meio de oposições. Por fim, pensei também que, se João era “o discípulo a quem Jesus amava”, foi a Pedro que Jesus perguntou: “Tu me amas?”, e foi depois das suas afirmações de amor que lhe confiou o rebanho. Ele também disse tudo o que havia para amar: “O que vocês fizeram ao menor dos meus irmãos, a mim o fizeram”.

Ficou claro para mim quão necessário seria que a Igreja hierárquica fosse conhecida pelos homens, por todos os homens, como alguém que os ama. Pedro: uma pedra a quem se pede amor. Compreendi quanto amor deve ser transmitido em todos os sinais da Igreja" (5). Conclusão Concluo. Roma é o centro do mundo? A resposta é óbvia para o peregrino que visita Roma, não importa de onde venha: ele não se sente em casa nesta cidade universal?

E então o brilho do seu sol, a pureza do seu céu, o brilho das suas obras de arte, o charme dos seus bairros, o pitoresco dos seus habitantes, algo que atrai e comove, que impede você de ir embora e te impulsiona a voltar. Há cidades que você visita, tesouros que você contempla, lugares que você deve ter visto. Roma não é vista de fora, mas penetrada de dentro. Não nos cansamos de voltar à Praça de São Pedro, de ir rezar na cripta, de descer às catacumbas, de ir ao Coliseu, de subir novamente aos Santos Quatro Coroados, de descer novamente em direção a São Clemente, de parar novamente na Madalena, de retornar a Santa Sabina. Sempre e em todo lugar há peregrinos e romanos conversando ou rezando, ambos verdadeiramente em casa, na casa do bom Senhor, como costumavam dizer em Angers quando eu era pequeno. Alguns são mais sensíveis ao brilho dos mosaicos, outros ao esplendor do mármore, outros à luz deslumbrante de Caravaggio. Todos se comovem com a candura dos afrescos primitivos, onde uma ninharia de matéria se torna mensageira do Espírito que a anima, e daquela água viva que murmura em nós, segundo Santo Inácio, de Roma: vinde do Pai.

De Pedro e Paulo a João Paulo II, o gênio da Roma cristã assumiu o legado da Roma pagã. Os templos foram convertidos em igrejas, com as colunas se tornando novos suportes, e Santa Maria foi erguida sobre o templo de Minerva. Longe de se deixar abalar por tanto esplendor, o peregrino aqui descobre a mensagem de Pedro inscrita nas pedras das basílicas e encarnada nos santos. Cada um se encontra em seu lugar entre o povo de Deus, não empurrado para as margens de alguma capela estreita ou empurrado para alguma cripta escura, mas exatamente em seu lugar, em plena luz, na grande nave, diante da confissão do Apóstolo, cujo sangue derramado atesta a salvação que Cristo trouxe a todos os homens. Marcado pela marca de Roma, o cristão se descobre católico.

Com o peso da história, a Roma dos papas e dos santos nos lembra que as coisas espirituais também são carnais e que o Evangelho está escrito no coração da cidade dos homens para conduzi-los do tempo à eternidade, à Cidade de Deus.

Portanto, à pergunta se Roma está no centro do mundo, respondo sem hesitação: sim, para conduzi-lo a Deus. 

Nota:
5 Madeleine Delbrêl, Nous autres, gens des rues , introdução de Jacques Loew, Paris 1966, pp. 138-139.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF