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sexta-feira, 14 de março de 2025

O cristianismo burguês (I)

O cristianismo burguês (Opus Dei)

O cristianismo burguês

Ao comparar o reino de Deus com um tesouro pelo qual se vende tudo, Jesus desvincula o cristianismo de valores como a segurança ou a estabilidade, para centrá-lo no risco, na missão, na aventura de melhorar o mundo.

12/09/2023

Numa das suas Cartas, São Josemaria faz um diagnóstico que continua sendo atual: “É frequente, de fato, mesmo entre católicos que parecem responsáveis e piedosos, o erro de pensar que só estão obrigados a cumprir seus deveres familiares e religiosos, e não querem ouvir falar de deveres cívicos”[1]. Depois, esclarece que, habitualmente, “não se trata de egoísmo: é simplesmente falta de formação, porque nunca ninguém lhes falou claramente que a virtude da piedade - parte da virtude cardeal da justiça - e o sentido da solidariedade cristã se concretizam também neste estar presente, neste conhecer e contribuir para resolver os problemas que interessam a toda a comunidade”[2].

Um cristianismo individualista?

Estas faltas de formação da consciência cristã não se devem apenas a problemas na catequese ou na educação religiosa, mas também são um resultado das transformações mentais e sociais que surgiram com os tempos modernos. Seriam, em grande medida, consequência de uma nova cultura que as pessoas foram adquirindo por osmose, desde o nascimento.

É assim que Bento XVI explica na sua encíclica Spe Salvi quando se pergunta como surgiu na modernidade a ideia de que “a mensagem de Jesus é estritamente individualista e dirigida somente ao indivíduo?”[3] ; ou, também, como “ é que se chegou a interpretar a 'salvação da alma' como fuga da responsabilidade geral e, consequentemente, a considerar o programa do cristianismo como busca egoísta da salvação”[4]. Ambas as ideias, explica ele, seriam o resultado de uma secularização da noção cristã de esperança. O que aconteceu é que nos tempos modernos as grandes possibilidades abertas pelo progresso científico e pelas novas formas de organização social levaram à crença de que o ser humano poderia restaurar, apenas por seus próprios meios, o “paraíso perdido”. Desta forma, a redenção do mundo tornou-se algo que já não se esperava, “da fé, mas da ligação recém-descoberta entre ciência e prática”[5]: a ciência e as estruturas políticas iriam trazer-nos o céu que a religião só parecia capaz de prometer para a outra vida.

Neste processo de secularização, a religião não desaparece, mas é privatizada; isto é, está confinada à esfera da vida individual. No âmbito público e social, Deus não parece mais necessário para enfrentar os desafios humanos. Além disso, com o passar do tempo, chega-se a afirmar que a restrição da religião à vida privada garantirá a paz nas sociedades com cidadãos que professem religiões diferentes ou que são ateus. Esta forma de compreender o lugar da religião na vida social tem sido também frequentemente interiorizada pelos próprios fiéis, a ponto de levá-los a adotar atitudes que se tornaram alvo de uma das críticas mais comuns à religião nos tempos modernos. Segundo esta crítica, a esperança cristã consistiria num “puro individualismo, que teria abandonado o mundo à sua miséria e teria se refugiado numa salvação eterna exclusivamente privada”[6]. Os cristãos são censurados porque o que realmente importa para eles não é esta vida, mas garantir um lugar na vida futura.

No entanto, nada poderia estar mais longe da realidade do Evangelho, que nos torna próximos de qualquer pessoa necessitada (cf. Lc 10,36-37). A nossa fé “implica sempre um desejo profundo de mudar o mundo, de transmitir valores, de deixar algo melhor quando passamos pela terra”[7]. São Josemaria dizia-o com força: o cristão deve se esforçar “para que haja cada dia menos pobres, menos ignorantes, menos almas sem fé, menos desesperados, menos guerras, menos insegurança, mais caridade e mais paz”[8]. Ao mesmo tempo, como recordou o Papa Francisco, a Igreja não é uma ONG[9] e deve estar alerta para evitar as diversas formas de mundanização, colocando sempre Cristo no centro da sua atividade – inclusive a social.

O apelo a contribuir com o desenvolvimento do reino de Deus necessita, portanto, harmonizar dois princípios: por um lado, a consciência de que este reino é um dom[10], e não algo que possamos alcançar com as nossas próprias forças; por outro, a convicção de que Deus não é indiferente ao nosso desejo de dar-Lhe cada vez mais espaço em nossa vida. Está verdadeiramente ao nosso alcance ajudar a “abrir o mundo para que Deus possa entrar: a verdade, o amor e o bem. (…) Podemos libertar as nossas vidas e o mundo de intoxicações e contaminações que poderiam destruir o presente e o futuro”[11]. Além disso, ainda que “aparentemente não consigamos ou nos encontremos impotentes perante a superioridade das forças hostis”[12], a virtude da esperança permite-nos experimentar que é Deus quem, em última instância, guia a História.

As crises mundiais

Desde o início do Opus Dei, São Josemaria convidava aqueles que eram próximos a ele a dedicarem a sua própria vida ao trabalho pelo Reino de Deus, com aquele lema ardente: Regnare Christum volumus! Justamente numa homilia sobre a esperança cristã escreveu: “Não nos criou o Senhor para construirmos aqui uma Cidade definitiva, porque este mundo é caminho para o outro, que é morada sem pesar. No entanto, os filhos de Deus não devem desinteressar-se das atividades terrenas, em que Deus os coloca para santificá-las. (…) Esta tem sido a minha pregação constante desde 1928: urge cristianizar a sociedade; levar a todos os estratos desta nossa humanidade o sentido sobrenatural, de modo que todos nos empenhemos em elevar à ordem da graça os afazeres diários, a profissão ou o ofício. Desta forma, todas as ocupações humanas se iluminam com uma esperança nova”[13].

Para conseguir isso, é decisivo que Cristo reine no coração de cada pessoa, pois o reino de Deus não se reduz a uma forma concreta de organização social, nem é o resultado de um conjunto de estruturas humanas[14]. Para que os cristãos sejam sal e fermento na sociedade civil, eles devem primeiro cultivar seu relacionamento com Deus. “O reino de Cristo deve se estabelecer antes de tudo nos corações (...), mas não para que cada um dê glória a Deus independentemente dos outros, mas em comunhão com eles na Igreja (...) e na própria sociedade civil, onde os cristãos são chamados a ser sal e fermento (...). Cristo só reina plenamente no coração de quem quer que Ele reine também na sociedade em que vive”[15].

Um ponto conhecido de Caminho expressa esta convicção de forma significativa: “Um segredo. Um segredo em voz alta: estas crises mundiais são crises de santos. Deus quer um punhado de homens “seus” em cada atividade humana. Depois... ‘pax Christi in regno Christi’ - a paz de Cristo no reino de Cristo”[16]. Fica claro que São Josemaria não concebia a vida cristã como algo meramente íntimo, mas como um impulso que abrange todas as dimensões humanas, incluindo as sociais[17]. Em outro lugar escreve: “Esta é a tua tarefa de cidadão: contribuir para que o amor e a liberdade de Cristo presidam a todas as manifestações da vida moderna - a cultura e a economia, o trabalho e o descanso, a vida de família e o convívio social”[18]. Ao respeitar a liberdade dos outros, os cristãos são chamados a levar a luz do Evangelho a todos os cantos.

O núcleo da mensagem do Opus Dei, a busca de Deus no trabalho e na vida cotidiana, pressupõe que o mundo é um lugar de encontro com Deus. O Concílio Vaticano II recorda-nos isto ao ensinar que os cristãos são chamados a redimir as estruturas temporais a partir de dentro, por meio do trabalho profissional e da colaboração com outros cidadãos[19]. Na raiz deste ensinamento está a verdade da criação: “Se o mundo e tudo o que nele existe - exceto o pecado - é bom, porque é obra de Deus Nosso Senhor, o cristão, esforçando-se continuamente por evitar ofensas a Deus - um luta positiva de amor - ,tem que se dedicar a tudo o que é terreno, lado a lado com os demais cidadãos; deve defender todos os bens derivados da dignidade da pessoa. E há um bem que deves sempre procurar especialmente: o da liberdade pessoal”[20].

Ao falar do trabalho como lugar de encontro com Deus, São Josemaria especificava que se trata de “santificar o seu trabalho, santificar-se no trabalho e santificar os outros com o trabalho”[21]. O trabalho configura e transforma tanto quem o realiza quanto a realidade sobre a qual atua, ou seja, o mundo[22]. Neste sentido, pode-se dizer que a santificação do trabalho é, ao mesmo tempo, o caminho para a pessoa se aproximar de Deus e resgatar estruturas temporárias: colaborar nesse movimento pelo qual o Senhor atrai todos a si ( cf. Jo 12,32).

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Notas:

[1] São Josemaria, Carta 3, n. 46.

[2] Ibidem.

[3] Bento XVI, Spe Salvi, n. 16

[4] Ibidem, n. 16.

[5] Ibidem, n. 17.

[6] Ibidem, n. 13.

[7] Francisco, Evangelii gaudium, n. 183.

[8] São Josemaria, Carta 8, n. 1.

[9] Francisco, Homilia, 16/05/2020.

[10] Spe Salvi, n. 35.

[11] Ibidem.

[12] Ibidem.

[13] São Josemaria, Amigos de Deus, n. 210.

[14] Cfr. Spe Salvi nn. 24-25.

[15] E. Burkhart – J. López, Vida cotidiana y santidad en la enseñanza de São Josemaria, Rialp, Madrid, 2011, vol. I, pp. 411-412.

[16] São Josemaria, Caminho, n. 301.

[17] Cfr. E. Burkhart – J. López, Vida cotidiana y santidad, vol. I, p. 412.

[18] São Josemaria, Sulco, n. 302.

[19] Cfr. Lumen Gentium, n. 36.

[20] São Josemaria, É Cristo que passa, n. 184.

[21] São Josemaria, Entrevistas, n. 55.

[22] Cfr. São João Paulo II, Laborens Exercens, n. 5-6.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/o-cristianismo-burgues/

Exercícios Espirituais no Vaticano, 4ª Meditação: "A segunda morte" (IV)

Padre Roberto Pasolini durante os Exercícios Espirituais da Cúria Romana  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Exercícios Espirituais no Vaticano, 4ª Meditação: "A segunda morte"

O pregador da Casa Pontifícia, padre Roberto Pasolini, fez na manhã desta terça-feira, 11 de março, a sua quarta meditação no âmbito dos Exercícios Espirituais da Quaresma à Cúria Romana sobre o tema "A esperança da vida eterna: A segunda morte". O religioso capuchinho sublinha que Deus não espera a nossa morte para nos dar a vida eterna. Os Exercícios Espirituais estão em andamento sem a presença do Papa Francisco que está internado no Hospital Gemelli. Publicamos a síntese da quarta Meditação.

Vatican News

A Bíblia descreve a história humana como uma tensão entre a promessa da vida eterna e a realidade da morte. Israel, com sua fidelidade e infidelidade, encarna essa luta, permanecendo em busca perpétua da terra prometida. São Paulo fala do homem como um homem agonizante que vive (2 Cor 6, 9), expressando o paradoxo da existência.

Entre os profetas, Ezequiel descreve esta condição na visão do vale dos ossos secos (Ez 37): Israel aparece como um cemitério a céu aberto, desprovido de vida e esperança. Deus ordena ao profeta que fale aos ossos, que se juntam e se revestem de carne, mas permanecem sem vida até que seu Espírito sopre sobre eles.

Essa visão não se refere apenas ao retorno do exílio, mas reflete a condição humana: muitas vezes existimos sem realmente viver. Os ossos secos simbolizam a “primeira morte”, a interior, que se manifesta no medo, na apatia e na perda da esperança. Foi isso que aconteceu com Adão e Eva depois do pecado: seus corpos estavam vivos, mas separados de Deus.

Somente o Espírito de Deus pode restaurar a vida autêntica. No entanto, há também uma “segunda morte”, muitas vezes entendida como condenação eterna, mas que também pode ser vista como morte biológica. Aquele que já superou a primeira morte – isto é, o medo, o egoísmo e a ilusão de controle – enfrenta a segunda sem terror. São Francisco de Assis expressa isso no Cântico do Irmão Sol, louvando quem acolhe a morte em Deus.

O Apocalipse afirma que “o vencedor ficará livre da segunda morte” (Ap 2, 11): quem vive na fé e na esperança pode passar por ela sem ser esmagado por ela. A visão de Ezequiel nos ensina que a ressurreição começa agora: Deus não espera nossa morte para nos dar a vida eterna, mas a oferece já no presente, se acolhermos seu Espírito. A verdadeira pergunta é: queremos permanecer como ossos secos ou deixar-nos reanimar pela vida verdadeira?

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Aprender com o silêncio de São José

O silêncio melodioso de José (Revista Ava Maria)

APRENDER COM O SILÊNCIO DE SÃO JOSÉ 

Dom Leomar Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)

No próximo dia 19, celebraremos a solenidade de São José, pai legítimo de Jesus, o homem cujo silêncio ecoa mais do que palavras. Nos evangelhos, São José não fala nada, mas sua vida ecoa por si. Mais do que discursos, ele nos ensina com atitudes: acolheu, protegeu e confiou nos planos de Deus. Foi aquele que recebeu, com coragem e fé, o maior presente de Deus para a humanidade – Jesus Cristo. 

José era um carpinteiro, morador da pequena cidade de Nazaré. Como todo homem de sua época, levava uma vida simples, até que Deus entrou de forma surpreendente em sua história. Prometido em casamento a Maria, ele se viu diante de uma situação inesperada: sua noiva estava grávida. Imagine o susto, a dúvida e o medo! Mas José, chamado de “homem justo”, não quis expor Maria. Decidiu afastar-se em segredo para protegê-la. Foi então que Deus lhe falou através de um anjo, em sonho: “Não tenhas medo de receber Maria, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo” (Mt 1,20). 

E José, sem questionar, acreditou e acolheu. A partir desse momento, ele entrou definitivamente na história da salvação. Assumiu a missão de ser pai terreno de Jesus, protegendo, cuidando e educando aquele que é o próprio Filho de Deus. José não gerou Jesus biologicamente, mas o recebeu como um dom precioso vindo do Pai, mostrando que a verdadeira paternidade está no amor, na proteção e na presença. Foi um pai legítimo. 

São José aparece nos momentos mais importantes da infância de Jesus. Ele estava presente no nascimento, na fuga para o Egito, no retorno para Nazaré e até na aflição ao perder o Menino no Templo de Jerusalém. Esse pai garantiu a segurança e o sustento da Sagrada Família, ensinando não apenas o ofício de carpinteiro a Jesus, mas também testemunhando valores como a justiça, o respeito e o amor ao próximo. 

Mesmo sendo o último nome da genealogia de Jesus (Mt 1,16), José nos ensina algo profundo: nem sempre nossa missão é brilhar ou ser reconhecido. Às vezes, nossa maior grandeza está justamente em acolher os planos de Deus, mesmo quando eles nos surpreendem, e viver a fé no dia a dia, com humildade e serviço. 

José nos ensina que podemos confiar nos planos de Deus, mesmo quando não entendemos tudo. Ele nos lembra que ser pai, mãe, educador ou cuidador é uma missão nobre e valiosa. Que o trabalho simples, quando feito com amor, também é caminho de santidade. Nos mostra que a fé verdadeira não precisa de discursos grandiosos, mas sim de gestos vigorosos. 

José é também modelo de fé. Ele teve dúvidas, sentiu medo e se achou indigno da missão, mas confiou e seguiu em frente. Assim, tornou-se parte da família de Deus. Ele nos mostra que, quando ouvimos a Palavra de Deus e a colocamos em prática, também nos tornamos parentes de Jesus e colaboradores no seu projeto de amor.  

Por isso tudo, São José é patrono da Igreja, protetor das famílias, dos trabalhadores e daqueles que buscam viver segundo a vontade de Deus. Com ele, aprendemos a acolher a vida, cuidar com carinho dos que nos são confiados e a caminhar com fé, mesmo no silêncio e na humildade. Que seu exemplo nos inspire a viver a fé não apenas com palavras, mas com atitudes concretas! 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

A Amazônia no coração do Papa: 12 marcos do seu pontificado

Amazônia (Vatican News)

O dia 13 de março de 2024 marca os doze anos do pontificado do Papa Francisco, caracterizado pela sua profunda preocupação com o cuidado da Casa Comum, especialmente da Amazônia. Aqui estão 12 marcos que refletem o seu amor por esta região e pelos seus povos.

Júlio Caldeira, IMC

Desde o início do seu pontificado, a 13 de março de 2013, o Papa Francisco tem sublinhado a importância de cuidar do planeta, a que chama “Casa Comum”. Através de discursos, mensagens e encontros, tem demonstrado grande afeto e preocupação com a Amazônia e os seus povos. Aqui estão 12 momentos-chave em que ele abordou esta causa:

1. Ser guardiões da criação

No seu primeiro discurso como Papa (19 de março de 2013), Francisco apelou à humanidade para que fosse guardiã da criação e protegesse tanto a natureza como os outros seres humanos. Sublinhou a importância da bondade e da ternura como elementos essenciais deste compromisso.

“Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito económico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos «guardiões» da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo! Mas, para «guardar», devemos também cuidar de nós mesmos. Lembremo-nos de que o ódio, a inveja, o orgulho sujam a vida; então guardar quer dizer vigiar sobre os nossos sentimentos, o nosso coração, porque é dele que saem as boas intenções e as más: aquelas que edificam e as que destroem. Não devemos ter medo de bondade, ou mesmo de ternura”.

2) Reforçar o “rosto amazônico” da Igreja

Durante a sua viagem ao Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude (27 de julho de 2013), o Papa apelou a uma presença pastoral reforçada na Amazônia, promovendo um clero indígena adaptado às condições locais.

“A obra da Igreja [na Amazônia] deve ser mais incentivada e relançada. Fazem falta formadores qualificados, especialmente formadores e professores de teologia, para consolidar os resultados alcançados no campo da formação de um clero autóctone, inclusive para se ter sacerdotes adaptados às condições locais e consolidar por assim dizer o «rosto amazônico» da Igreja”.

3. Alegria pela criação da REPAM

Em setembro de 2014, o Papa celebrou a fundação da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) como uma iniciativa fundamental para a defesa da Amazônia e dos seus povos.

“O Papa Francisco, alegrando-se por ver o seu pedido para a criação desta rede inovadora, concretamente orientada para as questões ecológicas da Amazônia, deseja-lhe o maior sucesso, recordando a todos que a rede digital deve ser um lugar rico em humanidade: não é uma rede de cabos, mas de pessoas humanas. (...) Com a esperança de que o trabalho quotidiano daqueles que colaboram na Rede Eclesial Pan-Amazônica contribua para alargar os espaços de compreensão e de solidariedade entre os homens e os povos, refletindo constantemente aquela “Luz das nações” - Cristo - que brilha no rosto da Igreja Universal e das Igrejas locais, o Santo Padre, com amizade e confiança, concede-lhes a Bênção Apostólica que implora”.

4. Laudato Si': um apelo ao cuidado da casa comum

Com a encíclica Laudato Si' (15 de maio de 2015), Francisco reafirmou a necessidade de uma ecologia integral, recordando que “tudo está interligado” e defendendo mudanças estruturais na economia e na política para proteger o planeta.

A proposta central reside numa ecologia integral que “incorpora o lugar particular do ser humano neste mundo e as suas relações com a realidade que o rodeia” (LS 15), e no “compromisso com outro modo de vida” (LS 203) que exerce “uma pressão saudável sobre os detentores do poder político, económico e social” (LS 206). Apresenta a necessidade do cuidado do planeta, que se baseia na relação entre Deus, os seres humanos e a natureza, onde “tudo está interligado” (LS 138).

5. Pedagogia da ecologia integral

Em Quito, Equador (7 de julho de 2015), o Papa sublinhou a responsabilidade de preservar a Amazônia para as gerações futuras, promovendo uma consciência ecológica global.

“Estão aqui conosco irmãos dos povos indígenas da Amazônia equatoriana. (...) E aqui o Equador - juntamente com os outros países do bioma amazônico - tem a oportunidade de exercer a pedagogia de uma ecologia integral. Recebemos o mundo como herança dos nossos pais, mas lembremo-nos também que o recebemos como um empréstimo dos nossos filhos e das gerações futuras, a quem temos de o devolver! E melhorado. E isto é gratuidade! Da fraternidade vivida na família, nasce o segundo valor, a solidariedade na sociedade, que não consiste apenas em dar aos necessitados, mas em sermos responsáveis uns pelos outros. Se virmos no outro um irmão, ninguém pode ser excluído, ninguém pode ser deixado de fora”.

6. Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação

Estabelecido em 1º de setembro de 2015, como é o caso na Igreja Ortodoxa, esse dia convida os fiéis e as comunidades a renovar seu compromisso com a proteção do meio ambiente.

“Anualmente, o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação oferecerá a cada fiel e às comunidades a preciosa oportunidade para renovar a adesão pessoal à própria vocação de guardião da criação, elevando a Deus o agradecimento pela obra maravilhosa que Ele confiou ao nosso cuidado, invocando a sua ajuda para a proteção da criação e a sua misericórdia pelos pecados cometidos contra o mundo em que vivemos, (...) implementar oportunas iniciativas de promoção e de animação, para que esta celebração anual seja um momento forte de oração, reflexão, conversão e uma oportunidade para assumir estilos de vida coerentes” (Francisco, 06 de agosto de 2015).

7. Aprender com os povos indígenas

Durante a sua visita à Colômbia (7 de setembro de 2017), Francisco destacou a “sabedoria arcana” dos povos da Amazônia e a necessidade de aprender com a sua visão da vida e da natureza.

“Gostaria de dedicar um pensamento aos desafios da Igreja na Amazônia, uma região da qual justamente vos sentis orgulhosos, porque é parte essencial da maravilhosa biodiversidade deste país. (...) Penso sobretudo na arcana sabedoria dos povos indígenas da Amazônia, interrogando-me se ainda somos capazes de aprender deles a sacralidade da vida, o respeito pela natureza, a consciência de que a razão instrumental não é suficiente para colmar a vida do homem e dar resposta aos seus interrogativos mais inquietantes. Por isso, convido-vos a não abandonar a si mesma a Igreja na Amazônia. A consolidação dum rosto amazônico para a Igreja que peregrina aqui é um desafio para todos vós, que depende do crescente e consciencioso apoio missionário de todas as dioceses colombianas e de todo o seu clero”.

8. Convocação do Sínodo da Amazônia

Em 15 de outubro de 2017, o Papa anunciou um Sínodo especial para a Pan-Amazônia, a realizar em outubro de 2019, com o objetivo de encontrar novos caminhos para a evangelização e a ecologia integral.

“O objetivo principal desta convocação é encontrar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, sobretudo dos indígenas, muitas vezes esquecidos e sem a perspectiva de um futuro sereno, também por causa da crise da floresta Amazônica, pulmão de importância fundamental para o nosso planeta. Os novos Santos intercedam por este evento eclesial, para que, no respeito da beleza da criação, todos os povos da terra louvem a Deus, Senhor do universo, e por Ele iluminados percorram caminhos de justiça e de paz”.

9. Defesa da vida, da terra e das culturas

Durante a sua visita a Puerto Maldonado, no Peru (19 de janeiro de 2018), Francisco denunciou as ameaças contra os povos indígenas e defendeu a proteção dos seus direitos e territórios.

“Quis vir visitar-vos e escutar-vos, para estarmos juntos no coração da Igreja, solidarizarmo-nos com os vossos desafios e, convosco, reafirmarmos uma opção sincera em prol da defesa da vida, defesa da terra e defesa das culturas. Provavelmente, nunca os povos originários amazônicos estiveram tão ameaçados nos seus territórios como o estão agora. (...) Devemos romper com o paradigma histórico que considera a Amazônia como uma despensa inesgotável dos Estados, sem ter em conta os seus habitantes. Considero imprescindível fazer esforços para gerar espaços institucionais de respeito, reconhecimento e diálogo com os povos nativos, assumindo e resgatando a cultura, a linguagem, as tradições, os direitos e a espiritualidade que lhes são próprios. Um diálogo intercultural, no qual sejais «os principais interlocutores, especialmente quando se avança com grandes projetos que afetam os [vossos] espaços» (LS 146)”.

10. Paz através da conversão ecológica

No Dia Mundial da Paz (1 de janeiro de 2020), o Papa associou a paz à necessidade de reconciliação ecológica, apelando a uma mudança na relação entre a humanidade e a natureza.

“Vendo as consequências da nossa hostilidade contra os outros, da falta de respeito pela casa comum e da exploração abusiva dos recursos naturais – considerados como instrumentos úteis apenas para o lucro de hoje, sem respeito pelas comunidades locais, pelo bem comum e pela natureza –, precisamos duma conversão ecológica. O Sínodo recente sobre a Amazônia impele-nos a dirigir, de forma renovada, o apelo em prol duma relação pacífica entre as comunidades e a terra, entre o presente e a memória, entre as experiências e as esperanças. Este caminho de reconciliação inclui também escuta e contemplação do mundo que nos foi dado por Deus, para fazermos dele a nossa casa comum.

11. “Querida Amazônia”: sonhos para a região

A exortação apostólica “Querida Amazônia” (12 de fevereiro de 2020) apresenta quatro sonhos: social, cultural, ecológico e eclesial, como pilares para um futuro sustentável e justo na região.

“Sonho com uma Amazônia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos últimos, de modo que a sua voz seja ouvida e sua dignidade promovida. Sonho com uma Amazônia que preserve a riqueza cultural que a caracteriza e na qual brilha de maneira tão variada a beleza humana. Sonho com uma Amazônia que guarde zelosamente a sedutora beleza natural que a adorna, a vida transbordante que enche os seus rios e as suas florestas. Sonho com comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar de tal modo na Amazônia, que deem à Igreja rostos novos com traços amazônicos” (QA 7).

12. Fundação da CEAMA

Em resposta ao Sínodo da Amazônia, foi fundada a 29 de junho de 2020 a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), uma estrutura sinodal que envolve todo o Povo de Deus na missão da Igreja na região.

É reforçada pelo pedido do Papa Francisco, juntamente com os seus quatro sonhos para este território e para toda a Igreja, de que “os pastores, consagrados e fiéis leigos da Amazônia se empenhem na sua realização” (QA 4). O cardeal Claudio Hummes recordou que foi o próprio Papa Francisco que propôs que a nova Conferência não fosse apenas episcopal, mas que avançasse numa estrutura eclesial que “envolvesse todas as categorias do Povo de Deus, onde todos são membros”. Isto foi confirmado por um quirógrafo enviado a 16 de dezembro de 2021:

“Confirmo a criação da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), erigida com o reconhecimento formal da Congregação para os Bispos, com data de 9 de outubro de 2021. A sua criação implica o reconhecimento da sua personalidade jurídica eclesiástica pública” (Francisco).

Com estes e vários outros marcos, o Papa Francisco consolidou o seu compromisso com a Amazônia, promovendo um modelo de Igreja que respeita, escuta e defende os seus povos e a sua biodiversidade.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 13 de março de 2025

FOTOS: Linha do tempo dos 12 anos de pontificado do papa Francisco

Papa Francisco em audiência geral na praça de São Pedro, no Vaticano, em 5 de outubro de 2016. | Daniel Ibáñez/EWTN

Por Redação central

13 de março de 2025

Hoje (13) completam-se 12 anos do pontificado do papa Francisco, 265º sucessor de são Pedro Apóstolo. Segue abaixo uma linha do tempo dos principais eventos em seu papado:

2013

13 de março — Cerca de duas semanas depois do papa Bento XVI deixar o papado, o arcebispo de Buenos Aires, cardeal Jorge Mario Bergoglio é eleito papa. Ele toma o nome de Francisco em homenagem a são Francisco de Assis e diz da sacada central da basílica de São Pedro: “Comecemos esta jornada, bispo e povo, esta jornada da Igreja de Roma, que preside em caridade sobre todas as Igrejas, uma jornada de fraternidade no amor, de confiança mútua. Rezemos sempre uns pelos outros”.

14 de março — No dia seguinte ao início de seu pontificado, o papa Francisco volta ao hotel para pagar pessoalmente sua conta e pegar sua bagagem.

8 de julho — O papa Francisco visita a ilha de Lampedusa, Itália, e se encontra com um grupo de 50 migrantes, a maioria dos quais, jovens da Somália e da Eritreia. A ilha, a cerca de 320 km da costa da Tunísia, é um ponto de entrada comum para migrantes da África e do Oriente Médio para a Europa. Foi a primeira visita pastoral do papa fora de Roma.

Papa Francisco em audiência geral na Praça de São Pedro, no Vaticano, em 2 de outubro de 2013. Elise Harris/CNA

23 a 28 de julho — O papa Francisco vai ao Rio de Janeiro para participar da Jornada Mundial da Juventude 2013. Mais de 3 milhões de pessoas de todo o mundo comparecem ao evento.

29 de julho — No voo de volta do Brasil, o papa Francisco dá sua primeira entrevista coletiva e diz "se uma pessoa é gay, busca a Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgar?" A frase foi motivada pela repórter brasileira Ilze Scamparini, da Rede Globo de TV que fez uma pergunta ao papa sobre um escândalo ligado a um prelado a serviço da Cúria no Uruguai.

24 de nov. — O papa Francisco publica sua primeira exortação apostólica Evangelii gaudium (A Alegria do Evangelho). O documento sobre a evangelização no mundo moderno é uma espécie de programa do pontificado de Francisco.

2014

22 de fevereiro — O papa Francisco realiza seu primeiro consistório e cria 19 novos cardeais, alguns de países em desenvolvimento que nunca tinham tido um cardeal antes, como o Haiti.

22 de março — O papa Francisco cria a Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores, para lidar com vítimas de abuso sexual.

Papa Francisco cumprimenta peregrinos em audiência geral no Vaticano em 29 de novembro de 2014. Bohumil Petrik/CNA

5 de outubro — Começa o Sínodo sobre a Família. Bispos discutem várias preocupações, como lares monoparentais, coabitação, adoção de crianças por uniões homossexuais e casamentos inter-religiosos.

6 de dezembro — Depois de iniciar a reforma da Cúria Romana, o papa Francisco fala ao jornal argentino La Nación: “A resistência agora é evidente. E isso é um bom sinal para mim, expor a resistência, sem resmungos furtivos quando há desacordo. É saudável expor as coisas, é muito saudável”.

2015

18 de janeiro — Para concluir uma viagem à Ásia, o papa Francisco celebra a missa em Manila, Filipinas. Cerca de 6 milhões de pessoas comparecem à missa recorde, apesar da chuva forte.

23 de março — O papa Francisco visita Nápoles, Itália, para mostrar o comprometimento da Igreja em ajudar na luta contra a corrupção e o crime organizado na cidade.

24 de maio — O papa Francisco publica a encíclica Laudato si', que exorta as pessoas a cuidar do meio ambiente e incentiva a ação política para enfrentar os problemas climáticos.

Papa Francisco em audiência geral na Praça de São Pedro, no Vaticano, em 17 de junho de 2015. Bohumil Petrik

19 a 22 de setembro — O papa Francisco visita Cuba e se encontra com Fidel Castro na primeira visita de um papa ao país desde o papa são João Paulo II em 1998. Em sua homilia, Francisco fala sobre a dignidade da pessoa humana: “Ser cristão implica promover a dignidade de nossos irmãos e irmãs, lutar por ela, viver por ela”.

22 a 27 de setembro — Depois de deixar Cuba, o papa Francisco faz sua primeira visita papal aos EUA. Em Washington, D.C., o papa fala numa sessão conjunta do Congresso do país, na qual exorta os legisladores a trabalharem para promover o bem comum, e canoniza o missionário franciscano são Junípero Serra. Francisco também participa do Encontro Mundial das Famílias na Filadélfia, que se concentra em celebrar o dom da família.

Papa Francisco discursa no Congresso dos EUA em Washington, D.C., em 24 de setembro de 2015. L'Osservatore Romano

4 de outubro — O papa Francisco inicia o segundo Sínodo sobre a Família para abordar questões na família moderna, como lares monoparentais, coabitação, pobreza e abuso.

18 de outubro — O papa canoniza são Luís Martinho e santa Maria Zélia Guérin. O casal foi pai de cinco freiras, entre elas santa Teresinha do Menino Jesus. Eles são o primeiro casal a ser canonizado junto.

8 de dezembro — Começa o Jubileu da Misericórdia do papa Francisco. O jubileu foca na misericórdia e no perdão de Deus e na redenção das pessoas do pecado. O papa delega certos padres em cada diocese para serem missionários da Misericórdia. Eles têm autoridade para perdoar pecados geralmente reservados para a Santa Sé.

2016

19 de março — O papa Francisco publica a exortação apostólica Amoris Laetitia, com base nas discussões dos dois sínodos sobre a família. O ponto mais controverso está no capítulo oitavo, entendido por alguns bispos e conferências episcopais como autorização para dar comunhão aos divorciados em nova união.

16 de abril — Depois de visitar refugiados na ilha de Lesbos, Grécia, o papa Francisco permite que três famílias de refugiados muçulmanos se juntem a ele em seu voo de volta a Roma. Ele diz que a mudança não foi uma declaração política.

Papa Francisco em audiência geral na praça de São Pedro, no Vaticano, em 24 de fevereiro de 2016. Daniel Ibánez/EWTN

26 a 31 de julho — O papa Francisco vai a Cracóvia, Polônia, para a Jornada Mundial da Juventude. Cerca de 3 milhões de jovens peregrinos de todo o mundo comparecem.

4 de setembro — O papa canoniza santa Teresa de Calcutá, conhecida como madre Teresa. A freira da Albânia dedicou sua vida ao trabalho missionário e de caridade, principalmente na Índia.

30 de set. a 2 de out. — O papa Francisco visita a Geórgia e o Azerbaijão em sua 16ª viagem fora de Roma desde o início de seu papado. Sua viagem foca nas relações da Igreja com cristãos ortodoxos e muçulmanos.

4 de outubro — O papa Francisco faz uma visita surpresa a Amatrice, na Itália, para rezar pelas vítimas de um terremoto no centro da Itália que matou cerca de 300 pessoas.

2017

12 e 13 de maio — Francisco viaja a Fátima, Portugal, para visitar o Santuário de Nossa Senhora de Fátima. O dia 13 de maio marca o 100º aniversário da primeira aparição de Nossa Senhora a três crianças na cidade.

11 de julho — O papa Francisco acrescenta outra categoria de vida cristã para ser considerada em uma canonização: “oferta de vida”. A categoria é distinta do martírio, que só se aplica a alguém que é morto por sua fé. A nova categoria se aplica aos que morreram prematuramente por meio de uma oferta de sua vida a Deus e ao próximo.

Papa Francisco cumprimenta participante do Dia Mundial dos Pobres em Roma, em 16 de novembro de 2017. L'Osservatore Romano.

19 de novembro — No primeiro Dia Mundial dos Pobres, o papa Francisco almoça com 4 mil pobres e pessoas necessitadas em Roma.

27 de nov. a 2 de dez. — Mais uma vez na Ásia, o papa Francisco vai a Mianmar e Bangladesh. Ele visita monumentos e se encontra com autoridades governamentais, clérigos católicos e monges budistas. O papa também prega o Evangelho e promove a paz na região.

2018

15 a 21 de janeiro — O papa faz outra viagem à América Latina, desta vez visitando o Chile e o Peru. Francisco se encontra com autoridades governamentais e membros do clero e exorta os fiéis a permanecerem próximos ao clero e rejeitarem o secularismo. A visita ao Chile causa uma controvérsia sobre escândalos de abuso sexual do clero no país.

2 de agosto — A Santa Sé revisa formalmente o nº 2267 do Catecismo da Igreja Católica, sobre pena de morte. O texto anterior dizia que a pena de morte poderia ser permitida em certas circunstâncias. A forma revista diz que a pena de morte é “inadmissível”.

25 de agosto — O arcebispo Carlo Viganò, ex-núncio apostólico nos EUA, publica uma carta de 11 páginas pedindo a renúncia do papa Francisco e acusando-o e outras autoridades da Santa Sé de encobrir abusos sexuais, como acusações contra o ex-cardeal Theodore McCarrick. O papa inicialmente não responde diretamente à carta, mas nove meses depois de ela ser publicada, Francisco nega ter conhecimento prévio sobre a conduta de McCarrick.

25-26 de agosto — O papa Francisco visita Dublin, Irlanda, para participar do Encontro Mundial das Famílias. O tema é “O Evangelho da Família, alegria para o mundo”.

Papa Francisco no Encontro Mundial das Famílias de 2018, na Irlanda. Daniel Ibanez/EWTN

3 a 28 de outubro — Ocorre o Sínodo sobre Jovens, Fé e Discernimento Vocacional. O sínodo foca nas melhores práticas para ensinar a fé aos jovens e ajudá-los a discernir a vontade de Deus.

2019

22 a 27 de janeiro — A terceira Jornada Mundial da Juventude no pontificado do papa Francisco acontece nesses seis dias na Cidade do Panamá, capital do Panamá. Jovens fiéis do mundo todo se reúnem para o evento, com cerca de 3 milhões de pessoas presentes.

4 de fev. — O papa Francisco assina um documento conjunto com o xeque Ahmed el-Tayeb, grande imã de Al-Azhar, em Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos, chamado "Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da Convivência Comum" . O documento se concentra em pessoas de diferentes religiões se unindo para viver em paz e promover uma cultura de respeito mútuo.

Papa Francisco e Ahmed el-Tayeb, grande imã de al-Azhar, assinam declaração conjunta sobre a fraternidade humana em encontro inter-religioso em Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos, em 4 de fevereiro de 2019. Vatican Media

21 a 24 de fev. — Ocorre o Encontro sobre a Proteção de Menores na Igreja, sobre abusos sexuais. O encontro enfatiza responsabilidade, prestação de contas e transparência.

6 a 27 de outubro — A Igreja faz o Sínodo dos Bispos para a região Pan-Amazônica, também conhecido como Sínodo da Amazônia. O sínodo tem o objetivo de apresentar modos pelos quais a Igreja pode evangelizar melhor a região amazônica, mas causa controvérsia quando imagens esculpidas de uma mulher amazônica grávida, chamada pelo papa de Pachamama, são usadas em vários eventos e exibidas numa basílica perto do Vaticano.

13 de outubro — São João Henry Newman, anglicano convertido ao catolicismo e cardeal, é canonizado pelo papa Francisco.

2020

15 de março — O papa Francisco faz uma peregrinação a pé em Roma até a capela do Crucifixo e reza pelo fim da pandemia de covid-19. Fiéis levaram o crucifixo pela cidade de Roma na praga que atingiu a cidade em 1522.

27 de março — O papa Francisco dá uma bênção extraordinária urbi et orbi na praça de São Pedro, no Vaticano, vazia e coberta de chuva, rezando pelo mundo na pandemia de coronavírus.

Papa Francisco venera o crucifixo milagroso da igreja San Marcello al Corso na praça de São Pedro, no Vaticano, em bênção Urbi et Orbi em 27 de março de 2020. Vatican Media

2021

5 a 8 de março — O papa Francisco se torna o primeiro papa da história a visitar o Iraque. Em sua viagem, o papa assina uma declaração conjunta com o grande aiatolá Ali al-Sistani condenando o extremismo e promovendo a paz.

3 de julho — O cardeal Giovanni Angelo Becciu, criado cardeal pelo papa Francisco, é indiciado no Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano por peculato, lavagem de dinheiro e outros crimes. O papa aprova a acusação.

4 de julho — O papa Francisco passa por uma cirurgia de cólon para diverticulite, condição comum em pessoas mais velhas. A Santa Sé divulga uma declaração dizendo que o papa “reagiu bem” à cirurgia. Francisco deixa o Hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, depois de dez dias.

16 de julho — O papa Francisco emite o motu proprio Traditionis custodes . O documento impõe pesadas restrições à celebração da missa tradicional anterior à reforma do Concílio Vaticano II (1962-1965).

2 a 6 de dezembro — O papa viaja para Chipre e Grécia. Na viagem, há outra visita à ilha grega de Lesbos para se encontrar com migrantes.

Papa Francisco cumprimenta Sua Beatitude Jerônimo II em Atenas, Grécia, em 5 de dezembro de 2021. Vatican Media

2022

11 de janeiro — O papa Francisco faz uma visita surpresa à loja de discos StereoSound, em Roma. O papa abençoa a loja recém-reformada.

19 de março — O papa publica a constituição apostólica Praedicate Evangelium, que reforma a Cúria Romana. As reformas descartam a exigência de que os chefes de departamentos da cúria sejam bispos e permite até a nomeação de leigos.

5 de maio — O papa Francisco aparece em cadeira de rodas pela primeira vez em público por causa de problemas no joelho de que sofre há meses.

Papa Francisco cumprimentou a multidão numa cadeira de rodas no fim de sua audiência geral em 3 de agosto de 2022. Daniel Ibánez/EWTN

24 a 30 de julho — Em sua primeira visita ao Canadá, o papa Francisco pede desculpas pelo tratamento dado aos indígenas canadenses, dizendo que muitos cristãos e membros da Igreja foram cúmplices.

2023

31 de janeiro a 5 de fevereiro — O papa Francisco viaja para a República Democrática do Congo e para o Sudão do Sul. Em sua visita, o papa condena a violência política nos países e promove a paz. Francisco também participa de um culto ecumênico com o arcebispo da Cantuária, Justin Welby; e o moderador da Igreja da Escócia, Iain Greenshields.

Papa Francisco cumprimenta criança em missa em Juba, Sudão do Sul, em 5 de fevereiro de 2023. Vatican Media

29 de março a 1º de abril — O papa Francisco é internado por uma infecção respiratória. Em sua estadia no Hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, o papa visita a ala oncológica pediátrica do hospital e batiza um recém-nascido. 

5 de abril — O papa aparece no documentário da Disney "Amém: Perguntando ao Papa”, feito em espanhol, respondendo a seis questões “quentes” de membros da geração Z de várias origens. O grupo discute imigração, depressão, aborto, abuso sexual e psicológico do clero, mudança de sexo, pornografia e perda da fé.

28 a 30 de abril — O papa Francisco visita a Hungria para se encontrar com autoridades governamentais, membros da sociedade civil, bispos, padres, seminaristas, jesuítas, homens e mulheres consagrados e agentes pastorais. O papa celebra a missa no último dia da viagem na praça Kossuth Lajos em Budapeste, capital do país.

Papa Francisco em altar erguido do lado de fora do Parlamento da Hungria na praça Kossuth Lajos, em Budapeste, capital do pais, em missa pública ao ar livre em 30 de abril de 2023. Vatican Media

7 de junho — O papa Francisco passa por uma cirurgia abdominal sob anestesia geral devido a uma hérnia cada vez mais dolorosa. Na audiência geral na manhã antes da cirurgia, Francisco diz que pretende publicar uma carta apostólica sobre santa Teresinha do Menino Jesus, “padroeira das missões”, para marcar o 150º aniversário de seu nascimento.

15 de junho — Depois de cirurgia bem-sucedida e uma semana de recuperação, o papa Francisco tem alta do Hospital Policlínico Agostino Gemelli.

2 a 6 de agosto — O papa Francisco vai à Jornada Mundial da Juventude de 2023 em Lisboa, Portugal. Ele se encontra com líderes da Igreja e líderes civis antes de celebrar a missa de boas-vindas e as Estações da Cruz. Ele também ouve as confissões de vários peregrinos. Em 5 de agosto, visita o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, onde reza o terço com jovens com deficiência. À noite, celebra a vigília e no domingo, 6 de agosto, celebra a missa de encerramento, onde exorta os 1,5 milhão de jovens presentes a "não terem medo", repetindo as palavras do fundador das Jornadas Mundiais da Juventude, são João Paulo II.

Papa Francisco acena para multidão de 1,5 milhão de pessoas em missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude 2023 em Lisboa, Portugal, em 6 de agosto de 2023. Vatican Media

31 de agosto a 4 de setembro — O papa Francisco vai à Mongólia. A viagem faz de Francisco o primeiro papa a visitar o país que tem fronteira de 4.634 km com a China. A Mongólia tem cerca de 1,3 mil católicos entre os cerca de 3 milhões de habitantes.

Papa Francisco se encontra com padres e religiosos locais da Mongólia, país só com 25 padres (19 religiosos e seis diocesanos), 33 religiosas e um bispo — o cardeal Giorgio Marengo — na Catedral de São Pedro e São Paulo de Ulaanbaatar em 2 de setembro de 2023. Vatican Media

22 e 23 de setembro — Em viagem de dois dias a Marselha, França, o papa Francisco se encontra com líderes civis e religiosos locais e participa do Encontro Mediterrâneo, com cerca de 120 jovens de vários credos e bispos de 30 países.

Papa Francisco pede um momento de silêncio em memorial dedicado aos marinheiros e migrantes perdidos no mar no primeiro dia de uma visita de dois dias a Marselha, França, em 22 de setembro de 2023. Daniel Ibáñez/EWRN

4 a 29 de outubro — A Santa Sé sedia a primeira de duas assembleias globais de um mês do Sínodo da Sinodalidade, iniciadas pelo papa Francisco em 2021. O papa Francisco celebra a missa de encerramento do sínodo na basílica de São Pedro, no Vaticano, em 29 de outubro. A segunda e última assembleia global ocorrerá no Vaticano em outubro de 2024.

Papa Francisco na missa de encerramento do Sínodo da Sinodalidade na basílica de São Pedro, no Vaticano, em 29 de outubro de 2023. Vatican Media

25 de novembro — O papa Francisco visita o hospital brevemente para testes de precaução depois de pegar gripe no início do dia. Embora ele ainda participe de atividades programadas, outras autoridades leem seus comentários preparados. A Santa Sé cancela em 28 de novembro a viagem planejada do papa de 1 a 3 de dezembro para Dubai, Emirados Árabes Unidos, para a conferência climática COP28, onde ele deveria fazer um discurso, devido à sua doença.

18 de dezembro — O Dicastério para a Doutrina da Fé da Santa Sé publica a declaração Fiducia supplicans, que autoriza bênçãos não litúrgicas para uniões homossexuais e casais em situações irregulares. Vários bispos criticam e outros apoio o documento.

2024

14 de janeiro — O papa Francisco responde publicamente pela primeira vez a perguntas sobre Fiducia supplicans em entrevista num programa de televisão italiano. O papa ressalta que “o Senhor abençoa a todos” e que uma bênção é um convite para entrar em uma conversa “para ver qual é o caminho que o Senhor propõe a eles”.

11 de fev. — Em cerimônia com a presença do presidente da Argentina, Javier Milei, o papa Francisco canoniza María Antonia de São José, chamada de Mama Antula na Argentina, em missa na basílica de São Pedro, no Vaticano. O presidente e o papa se abraçam depois da cerimônia. O papa Francisco, que não voltou à sua terra natal desde que se tornou papa em 2013, disse que quer visitar a Argentina no segundo semestre desse ano.

Papa Francisco se encontra com o presidente argentino Javier Milei em audiência privada no Vaticano em 12 de fevereiro de 2024. Vatican MEDIA

13 de março — O papa Francisco celebra 11 anos como papa da Igreja.

8 de abril — O Dicastério para a Doutrina da Fé da Santa Sé divulga  Dignitas infinita (“Dignidade Infinita”), documento que reafirma a oposição perene da Igreja ao aborto, à eutanásia e à ideologia de gênero.

19 de maio — O papa Francisco aparece no programa 60 Minutes da rede de televisão americana CBS em entrevista com Norah O'Donnell, e diz categoricamente que a ordenação de mulheres ao sacerdócio e ao diaconato está fora de questão.

Papa Francisco fala sobre “críticos conservadores” nos EUA em entrevista com Norah O'Donnell do programa de TV americano 60 Minutes. CBS News/Adam Verdugo

14 de junho — Na Apúlia, sul da Itália, o papa Francisco se torna o primeiro papa a discursar na cúpula do G7. Em seus comentários, o papa enfatiza que a dignidade humana exige que as decisões da inteligência artificial (IA) estejam sob o controle de seres humanos. No evento de três dias, o papa também se encontra com o então presidente dos EUA, Joe Biden.

2 a 13 de setembro — O papa Francisco embarca em uma viagem de 12 dias de mais de 32 mil km em sete voos pela Ásia e pela Oceania. A viagem para a Indonésia, Papua-Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura é sua viagem internacional mais ambiciosa até agora e é a mais longa de seu pontificado de 11 anos. Em Timor-Leste, 600 mil católicos assistem à missa com Francisco.

Papa Francisco celebra missa na Esplanada de Taci Tolu em Díli, Timor-Leste, em 10 de setembro de 2024. Daniel Ibáñez/EWTN

2 a 27 de outubro — O Sínodo de três anos da sinodalidade termina com a sessão final em Roma e a adoção do relatório final, que o papa Francisco endossa imediatamente, dizendo que não vai publicar um documento pós-sinodal separado, forma inédita para encerrar um sínodo.

7 de dezembro — O papa Francisco faz um consistório no Vaticano em que cria 21 cardeais, como o arcebispo de Toronto, Canadá, dom Frank Leo; o arcebispo de Teerã-Isfahan, Irã, dom Dominique Joseph Mathieu; e o arcebispo de Tóquio, Japão, dom Tarcísio Isao Kikuchi; refletindo a ênfase do papa na missão global da Igreja.

Papa Francisco coloca barrete vermelho no arcebispo de Nápoles, cardeal Domenico Battaglia, em consistório para a criação de 21 novos cardeais na Basílica de São Pedro, em 7 de dezembro de 2024. Daniel Ibáñez/EWTN

24 de dezembro — Na véspera de Natal, o papa Francisco abre a Porta Santa da Basílica de São Pedro, no Vaticano, para lançar oficialmente o Jubileu Ordinário do Ano Santo de 2025.

Papa Francisco abre a porta santa da Basílica de São Pedro, no Vaticano, antes da missa na véspera de Natal, em 24 de dezembro de 2024, lançando oficialmente o Ano Jubilar de 2025. Vatican Media

A Agência Católica de Informação - ACI Digital, faz parte das agências de notícias do Grupo ACI, um dos maiores geradores de conteúdo noticioso católico em cinco idiomas e que, desde junho de 2014, pertence à família EWTN Global Catholic Network, a maior rede de televisão católica do mundo, fundada em 1981 por Madre Angélica em Irondale, Alabama (EUA), e que atinge mais de 85 milhões de lares em 110 países e 16 territórios.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/61711/fotos-linha-do-tempo-dos-12-anos-de-pontificado-do-papa-francisco

O Apocalipse da Esperança e os Apocalipses do Medo

O Apolalipse de João (Esboçando Ideias)

Arquivo 30Dias – 03/2009

O Apocalipse da Esperança e os Apocalipses do Medo.

por Gianni Valente

A coluna “Nova et vetera” continua com a republicação de O Senhorio de Cristo no Tempo , que já apareceu no número 11 de 30Giorni em 2003, escrito por Lorenzo Cappelletti.

Assim como o artigo de Cappelletti publicado no número anterior, baseado no comentário de Ceslas Spicq às Cartas Pastorais do Apóstolo Paulo, também este nada mais é do que a revisitação de um comentário exegético autorizado, precisamente aquele feito em várias obras e em vários momentos por Heinrich Schlier, sobre algumas passagens do Apocalipse de João.

A intenção não era e não é buscar premonições da catástrofe iminente, mas ser ajudado por Schlier a ler o Apocalipse de João pelo que ele é, ou seja, "a revelação de Jesus Cristo", como diz o primeiro versículo, uma revelação feita por Ele e que diz respeito a Ele, à Sua vitória sobre a morte, ao senhorio de Cristo no tempo (não é à toa que na liturgia o Apocalipse de João é lido naquele tempo litúrgico de Sua vitória que é o tempo da Páscoa).

Schlier ensina que esta revelação, hoje como na época em que o Apocalipse de João foi escrito, ocorre num contexto de absoluta precariedade, é indefesa, está exposta a toda forma de perseguição, tanto de fora como de dentro. Aqui está o primeiro elemento atual. O Papa Bento XVI escreve em sua recente carta aos bispos (que publicamos em outra parte desta edição): «Em nosso tempo, em vastas áreas da Terra, a fé corre o risco de se extinguir como uma chama que não encontra mais alimento». Palavras que soam idênticas em substância àquelas que Dom Giussani escreveu em seu retorno de uma peregrinação à Terra Santa, há mais de vinte anos: «O que você leva daqueles lugares é o desejo, o anseio de que as pessoas percebam o que aconteceu. E, em vez disso, o que aconteceu parece ser possível de apagar hoje, assim como se apaga com o pé uma letra na areia - uma letra na areia do mundo" (de Um acontecimento da vida, isto é, uma história , p. 29). Ora, se esta é a condição, a "profecia" do Apocalipse de João ilustrada no artigo seguinte, que enfatiza antes de tudo que é Cristo quem dá testemunho de Si mesmo,parece extremamente pertinente ao momento presente e não é de forma alguma sibilina. O «testemunho de Jesus Cristo", do qual é citado o segundo versículo, tem como sujeito o Senhor (no genitivo subjetivo, de fato, no texto grego). O testemunho do seu povo, pequeno, disperso, escarnecido, sujeito a grandes tentações e fraquezas, reside simplesmente, pela sua graça e pela sua renovada misericórdia, na «observância dos mandamentos de Deus» e na «guarda do testemunho de Jesus» ( Ap 12, 17; cf. Ap 19, 10). Ele é a luz do povo, a Igreja é um simples reflexo da Sua luz, como afirma a introdução à Lumen gentium e como disse o Cardeal Ratzinger num memorável discurso no Meeting de Rimini em 1990, sempre em relação à diferença entre o que obscurece e o que permite o olhar: «Pensa-se que se deve sempre falar da Igreja ou que se deve fazer alguma coisa nela ou por ela. Mas um espelho que reflete apenas a si mesmo não é mais um espelho; uma janela que, em vez de permitir uma visão livre para o horizonte distante, se coloca como uma tela entre o observador e o mundo, perdeu seu significado" (de Una compagnia sempre riformanda , p. 11).

Um segundo conteúdo de relevância e esperança na profecia do Apocalipse de João é a futilidade da guerra desencadeada pela besta apocalíptica. Tanto que sua ferocidade acaba manifestando uma impotência radical. «O testemunho do Filho de Deus emerge cada vez mais forte e a impotência do mal torna-se a figura dominante de toda a história», escreveu Dom Giussani no seu último discurso dois meses antes da sua morte ( Tg2 , 24 de Dezembro de 2004), «o poder da história está agora quebrado», ecoado por Schlier. E há também momentos de descanso, espaços históricos de ordem e renovação que podem beneficiar aqueles que permanecem fiéis ao Seu nome e não negaram a Sua fé (ver Ap 2:13), revelando que "a vitória de Jesus Cristo está oculta, mas é real". De fato, "a vitória na terra sempre recai aproximadamente, mas não completamente, sobre a besta" (ênfase nossa).

Esses momentos de alívio, que dão um vislumbre da vitória de Cristo no tempo presente, podem simplesmente ser pedidos em oração. Pedindo que o Senhor venha e se manifeste, como repetem os últimos versículos do Apocalipse de João e de toda a Escritura. No fim dos tempos, a vitória de Cristo será evidente para todos; com o tempo é “uma aposta” ligada à “oração”: assim conclui Dom Giussani a citada intervenção ( Tg2 , 24 de dezembro de 2004). Quando em vez da pergunta que sempre surge da gratidão pelo dom (ver Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, n. 534) há a presunção de antecipar a evidência da vitória de Jesus Cristo ou de impedir aquela graça que, ao contrário, sempre nos precede, então, em vez de participar da esperança no Apocalipse de Jesus Cristo, caímos novamente na agitação e no medo dos apocalipses que são típicos da besta.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Exercícios Espirituais no Vaticano, 3ª Meditação: A esperança da vida eterna (III)

Pregador da Casa Pontifícia, padre Roberto Pasolini  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

O pregador da Casa Pontifícia, padre Roberto Pasolini, conduziu na tarde desta segunda-feira, 10 de março, a sua terceira meditação aos membros da Cúria Romana no âmbito dos Exercícios Espirituais da Quaresma. Na tarde desta segunda-feira o franciscano centralizou a sua atenção sobre o tema: A esperança da vida eterna. O Papa Francisco, internado no Hospital Gemelli segue as meditações através de uma coligação vídeo. Publicamos a síntese da terceira Meditação.

Vatican News

A primeira morte

Por que temos dificuldades em reconhecer que a vida eterna já começou? A Bíblia sugere que o ser humano, desde o início, se descobre insensível e hostil à ação de Deus. Os profetas do Antigo Testamento denunciaram a incapacidade do povo de perceber as “coisas novas” que Deus faz, enquanto o próprio Jesus, percebendo a incompreensão de que quem o ouvia, falava em parábolas. Isso não era para simplificar sua mensagem, mas para destacar a dureza do coração humano, fechado à possibilidade de uma vida plena.

O Novo Testamento descreve essa condição com uma afirmação paradoxal: já estamos mortos, mas não nos damos conta disso. A morte, de fato, não é apenas o evento final da vida (morte biológica), mas também uma realidade que já experimentamos, por meio de um fechamento em nós mesmos que nos impede de perceber a vida como algo eterno que Deus quer nos dar. O Gênesis relata essa perda de sensibilidade por meio do que a tradição chamou de “pecado original”: o homem, em vez de acolher a vida como um dom, procura controlá-la, ultrapassando o limite imposto por Deus. O resultado não é a autonomia prometida pela serpente, mas um sentimento de vergonha e desorientação.

Essa primeira “morte interior” se manifesta em nossa tentativa contínua de cobrir nossas fragilidades com imagens, cargos e sucessos, sem enfrentar o profundo vazio que habita em nosso interior. No entanto, na Bíblia, Deus não parece alarmado com essa condição: Sua primeira reação é procurar o homem, perguntando: “Onde você está?” (Gn 3,9). Isso indica que a morte interior não é o fim, mas o ponto a partir do qual iniciar um caminho de salvação.

Essa lógica também surge no drama de Caim e Abel: Deus não intervém para evitar o fratricídio, mas protege Caim de seu sentimento de culpa. Isso mostra que nossa “primeira morte” não é um destino inevitável, mas uma oportunidade de redescobrir a vida eterna como uma realidade presente, não apenas futura. O próprio Jesus nos convida a ler as tragédias da vida como oportunidades de conversão, não como sinais de condenação (Lc 13,4-5).

Deus vê nossa morte interior não como uma derrota, mas como o ponto de partida para uma nova existência. O verdadeiro obstáculo à vida eterna não é a morte biológica, mas nossa incapacidade de reconhecer que já estamos imersos em uma realidade que vai além do tempo, se somente escolhermos vivê-la com confiança e abertura para Deus.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 12 de março de 2025

“Um Certo Galileu” de Padre Zezinho ganha nova versão

Padre-Zezinho Opinião CE

Paulo Teixeira - publicado em 11/03/25

“Um Certo Galileu” comemora 50 anos e ganha nova versão com diversos cantores católicos.

Um grande encontro reuniu mais de 20 artistas da música católica para gravar a canção e o clipe comemorativos dos 50 anos da música, que é sucesso de todos os tempos. O ilustre catequista, Padre Zezinho, através da música relata que essa composição é fruto do Concílio Vaticano II: “Certa vez, eu ouvi de um bispo: ‘você canta o Concílio’. Esta foi, realmente, uma decisão que tomei em 1966, quando também me encantei com o documento Gaudium et spes porque a minha vida estava ali”. O jovem sacerdote assumiu, portanto, em seu trabalho a constituição pastoral do concílio ecumênico, além de outros documentos, como seu programa de missão e ministério.

O espírito daquele tempo o impeliu a escrever “Um Certo Galileu” a sentir as dores do povo em tantas viagens mundo afora e a reafirmar: “Eu vou cantar o Concílio Vaticano II! E a proposta da Igreja, naquele momento, era o diálogo e a atualização da Teologia, da sociologia e da comunicação da Igreja”. Não restou dúvida e disse para si mesmo: “Isso é comigo mesmo!”

Um dia Ele voltará

Originalmente lançada em 1975 no álbum homônimo, a música é uma catequese completa da vida, morte e ressurreição de Jesus. Mas nem sempre foi assim. A famosa quinta estrofe , que fala da ressureição de Jesus, só ganhou voz em 2011. Mais uma vez, a opinião da Igreja norteou o padre cantor, conforme relata: “Depois de quase 40 anos cantando Um Certo Galileu, alguns bispos, em especial o então Arcebispo de Salvador, Dom Geraldo Majella Agnelo, alertaram que faltava a Ressurreição de Cristo na letra. Os prelados até brincaram: ‘Você deixou Jesus morrer!’”. Surgiu assim a última estrofe que com a letra e a música aborda a ressureição.

Os escolhidos

Foi nas margens do Mar da Galileia que Cristo chamou os discípulos a se tornarem pescadores de homens, segundo os Evangelhos. A participação dos artistas da gravadora na nova versão dessa canção expressa esse chamado e a atualização que a Igreja busca sempre viver, conforme destacou o compositor.

Na gravação especial participam dois padres cantores, 13 cantores e cantoras, e quatro grupos. Sob a regência do maestro Luiz Karam e a direção de voz de Karla Fioravante, a nova versão foi gravada com as notas de uma emocionante orquestra para marcar também os 65 anos da gravadora Paulinas-Comep. Lançada em 6 de março, a versão comemorativa de “Um Certo Galileu” está disponível nas plataformas digitais de Paulinas-COMEP.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/03/11/um-certo-galileu-de-padre-zezinho-ganha-nova-versao

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF