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terça-feira, 29 de junho de 2021

1989 segundo Marx

O arcebispo Reinhard Marx recebido pelas crianças da creche de São José,
da paróquia de Pedro e Paulo, em Munique, 30 de janeiro de 2008
[© Katharina Ebel/KNA-Bild]

VINTE ANOS DEPOIS. Da queda do Muro à crise global

Acreditar que dali teria renascido a fé foi uma ilusão. A ideologia messiânica neoliberal aumentou as pobrezas. Entrevista com Reinhard Marx, arcebispo de Munique e de Freising que do seu famoso homônimo diz...


Entrevista com Reinhard Marx de Gianni Valente


Vinte anos podem ser um tempo suficiente para rever os fatos do passado com realismo. O passar do tempo faz decantar as emoções, ajuda a tomar a distância correta dos truques da propaganda e das pré-compreensões ideológicas do que acontece. Vinte anos atrás, a queda do Muro de Berlim foi recebido por muitos como o início de uma nova era. Também na Igreja, a passagem de poder mundano foi vista com uma chave mística, como prelúdio de um tempo de renascimento espiritual e material para os povos da Europa.
À luz dos acontecimentos que se seguiram, talvez seria melhor ter sido mais sóbrios. Palavra de Reinhard Marx, arcebispo de Munique e Freising.
No dia 9 de novembro de vinte anos atrás caía o Muro de Berlim. O senhor recorda o que estava fazendo, naquele momento?
REINHARD MARX: Recordo muito bem daquele dia. Tínhamos feito uma peregrinação com os estudantes a Santiago de Compostela. Estávamos fazendo um encontro no Sozialinstitut para comentar sobre aqueles dias maravilhosos. Vimos pela televisão as imagens do que estava acontecendo em Berlim. Logo entendi que era um evento histórico. Eu estava emocionado, também porque já tinha viajado várias vezes para a República Democrática Alemã: naquela época, a diocese de Paderbon, à qual eu pertencia, estendia-se até o território de Magdeburgo, na Alemanha Oriental. Portanto tínhamos uma relação estreita com o clero local, eu mesmo tinha ido várias vezes para lá, e até com um pouco de medo, porque levava escondido, não poucas vezes, livros para serem distribuídos. Poucos dias depois da queda do Muro, vieram alguns sacerdotes do Leste, e nos faziam perguntas políticas e sociais. Perguntavam se com a queda do Muro se chegaria logo à reunificação da Alemanha. Eu respondia que sim. Era uma coisa desejada há tempo, mas nunca pensei que aconteceria tão rapidamente.
Depois da queda do comunismo, nos anos Noventa iniciaram a circular as teorias das escolas econômicas neoliberais. Anunciavam a progressiva e irrefreável conquista de uma condição de bem-estar universal e consumista para todos os povos e as nações. Fukuyama preconizava o fim da história. Depois, o que aconteceu?
MARX: Recordo Bush senior que dizia que depois da queda do Muro e a queda do comunismo havia a possibilidade de construir uma Nova Ordem Mundial. João Paulo II, já em 1991, na Centesimus annus, advertia que a ideologia capitalista radical não teria aberto a estrada do futuro. E que era preciso de uma economia de mercado eticamente percebida, orientada para o bem comum global. De fato, justamente aquela ideologia capitalista radical tornou-se o modelo social. Predominou a visão estreita que deixa ao mercado o monopólio de todas as relações humanas. E isso levou o mundo para um beco sem saída. Se hoje olharmos para trás, aos pensamentos e aos slogans de vinte anos atrás, que enfatizavam o nascimento de uma nova ordem social depois do fim do comunismo, pode-se dizer com certeza que a primeira tentativa fracassou.
Como pastor, concretamente, onde o senhor viu e percebeu pela primeira vez o engano da utopia neoliberal?
MARX: Os problemas sociais das pessoas concretas, como o desemprego, eu já encontrava antes da queda do Muro, há tempos. Desde quando eu era bispo em Trier, junto às grandes agências caritativas, tínhamos tomado iniciativas em favor das famílias para deter os efeitos do aumento do desemprego. Mas agora há uma radicalização, com trabalhos informais que envolvem uma faixa de trabalhadores cada vez maior ou com o que acontece, por exemplo, no campo da assistência médica, onde uma aplicação rígida da deregulation e da privatização aumentou a insegurança das famílias, a sua dificuldade real em permanecer acima dos limites da simples sobrevivência. Nos refeitórios administrados pelos institutos caritativos apresentam-se, também na Alemanha, inteiros núcleos familiares que antes pertenciam à classe média. E tudo o que foi dito e feito do ano 2000 até hoje deu apenas respostas ilusórias e aparentes, sem que fossem realmente procuradas soluções aos problemas reais. O mundo perfeito não chegará nunca. Isso um bispo sabe muito bem. Mas, certamente este “turbocapitalismo” global levou a uma deterioração das condições cotidianas de vida de milhões de pessoas.
A queda do Muro de Berlim marcava o fracasso histórico do comunismo. Mesmo assim o senhor no seu livro O capital releva como a situação global que temos hoje diante de nossos olhos confirme algumas previsões de Karl Marx sobre as dinâmicas do capitalismo.
MARX: Na análise do liberalismo e do capitalismo Karl Marx reconheceu algumas coisas assim como eram na realidade. E algumas de suas análises funcionam também para entender as dinâmicas do momento atual. Por exemplo, a globalização dos capitais e a redução do trabalho a mercadoria em escala mundial. A terapia que propunha estava errada. A sua concepção materialista do homem, mais do que estar em contraste com a visão da antropologia cristã, não corresponde aos dados da realidade. Por outro lado, isso vale também para a outra imagem materialista, a triunfante veiculada pela ideologia capitalista, segundo a qual o único homem real no plano do existente é o homo oeconomicus, o homem como função dos processos econômicos, e o resto são bobagens acidentais e excessivas.
Então Karl Marx não estava completamente errado. Sem entrar no jogo das reabilitações fictícias, os seus instrumentos de análise da economia capitalista podem servir para uma visão realista e concreta do presente?
MARX: Talvez nem fosse preciso de Karl Marx para entender essas dinâmicas. A sua originalidade não era essa. Naquele momento havia também expoentes da doutrina social cristã que tinham alcançado o mesmo nível de desânimo crítico em relação aos mecanismos do capitalismo, e aonde tais mecanismos teriam levado se fossem deixados sem freio. Mas certamente, quando Marx tem razão, é preciso dá-la...
Centenas de berlinenses atravessam o Muro de Berlim na
noite de 9 de novembro de 1989
[© Associated Press/LaPresse]
Alguns políticos, na busca de caminhos para sair da crise, estão propondo algumas modificações os muito precisos. Porque em uma economia global, onde há uma flexibilidade enorme, não é fácil estabelecer as modalidades com as quais o trabalhador pode co-participar aos balanços da empresa. Por exemplo, se o trabalhador deve participar também nas perdas, isso poderia colocar em risco a sua própria existência. Isso quer dizer que o salário não pode de modo algum ser totalmente absorvido pela participação. A participação deve ser definida como um surplus com relação ao salário-base garantido, de modo que não exista o risco de os trabalhadores ficarem na miséria perdendo um salário que para eles é vital. Certamente é preciso favorecer de todos os modos possíveis o envolvimento do trabalhador nas potencialidades de desenvolvimento das empresas, para que ele sinta-se participante dos bons resultados assim como dos riscos e das dificuldades. Mas não há um modelo pré-confeccionado, e é preciso ter coragem de experimentar e encontrar em campo os caminhos para verificar essas hipóteses.
O modelo alemão de Estado Social, enriquecido pelo pensamento social da Igreja alemã, é julgado por muitos obsoleto. E os liberais, vencedores das últimas eleições, são os principais críticos deste modelo. Haverá uma ulterior redução do Estado Social também na Alemanha?
MARX: Na Alemanha todas as forças políticas afirmam que se inspiram no modelo da economia social de mercado. Mas nos últimos tempos viu-se que há mais de uma interpretação deste modelo. E certamente comparando à situação anterior, o Estado Social enfraqueceu-se. Agora parece até que tenha se tornado um obstáculo e um problema, mas ao contrário, faz parte da solução do problema. Viu-se muito bem que no momento agudo da crise, a Alemanha manteve-se justamente graças ao Estado Social que funciona: o seguro desemprego, salário para os trabalhadores suspensos pelas empresas e sustento para os trabalhadores informais, assistência médica pública. Graças a estes instrumentos evitaram-se os efeitos a que foram submetidas as populações dos países que reduziram ao mínimo ou desmantelaram toda a rede de garantias sociais. E não me convencem por nada os que dizem que a despesa para o Estado Social pode ser diminuída porque “aqui ninguém passa fome”. Acho isso primitivo. Em situações de total ausência de justiça social, a garantia da alimentação para todos podia ser um objetivo mínimo a ser alcançado, mas certamente, essa não é uma vida digna de um ser humano. Portanto eu diria que os que consideram que na Alemanha deveria ser abolido o Estado Social, as chances de prevalecer este pensamento diminuíram, por enquanto. Esperemos.
Não há nada para ser revisto, ou mudado? Corre-se o risco de expor-se à crítica de cultivar nostalgias estatalistas ou assistencialistas já ultrapassadas.
MARX: Certamente nas coisas políticas e sociais tudo é dinâmico e pode ser melhorado e adaptado às novas exigências, quanto a isso não há dúvida. Também a Conferência dos Bispos da Alemanha sugeriu a utilidade de uma renovação do Estado Social. Por exemplo, investindo na formação e na qualificação profissional. Não se trata apenas de transferir dinheiro daqui para lá, mas de dar a todos a possibilidade de atualizar a própria formação e portanto de não serem marginalizados da vida social. Ou senão enfrentando realmente a questão dos imigrantes. É um problema social enorme. Na Alemanha, como na Itália, esse ponto foi um pouco deixado de lado. Não se focalizou o fato de que os maiores fatores de integração são o trabalho e a escola. É preciso dizer com clareza que somos um país de uma nova imigração e estamos felizes por sê-lo, estamos felizes por receber as pessoas, jamais fechar as portas para elas. Falemos claro: em um país com estes índices demográficos, ficamos contentes em ver os imigrantes que têm filhos. E o Estado Social desenvolve um papel decisivo nos processos de integração.
Na Igreja, com relação aos fatos de 1989, foi enfatizado o protagonismo de personagens ligados às diversas comunidades eclesiais. E a passagem histórica, aquela mudança de cenário histórico-político, foi vivida e descrita por muitos como a premissa de um reflorescimento da fé e da Igreja como força social.
MARX: Isso foi uma ilusão. O fato de pensar: vamos nos empenhar pela mudança porque assim, mais tarde, as pessoas em agradecimento, irão se tornar cristãs e voltarão às igrejas, foi uma ilusão. Porque se tornar cristão é um presente. Eu não posso comprar a fé, não posso nem mesmo pensar em capturar o interesse de alguém para a fé através de performance políticas, como parecem acreditar alguns. Recordo que ainda no tempo do comunismo, eu falava com alguns padres poloneses, que se perguntavam: o que aconteceria se no nosso país se vivesse como no de vocês? Respondi-lhes que teriam os mesmos problemas nossos. Em uma sociedade livre como a sociedade em que nós vivemos, as pessoas tornam-se cristãs apenas por uma graça. E é essa a condição que devemos esperar. Mas na Igreja há os que não entendem isso. Não querem entender que na condição em que estamos apenas assim alguém se torna cristão: as pessoas olham os cristãos, e veem que a fé é um dom, uma riqueza, que vai bem além de tudo o que podemos fazer, e pedem para poder gozar da mesma riqueza. Por isso a liturgia é tão importante.
Em alguns círculos, principalmente os neoconservative americanos, souberam frutificar em termos de política (também de política eclesiástica) a euforia de 1989...
MARX: Deve-se repetir sempre com clareza: a Igreja não é contra o mundo moderno, a liberdade, a democracia, o pluralismo. Como se fosse melhor que essas coisas não existissem. Mas isso não tem nada a ver com a redução do cristianismo a ideologia religiosa de apoio à economia de mercado. Com relação aos chamados neoconservative, em algumas questões, como as da defesa da vida e da família, eles estão plenamente em linha com a Igreja. Mas não entendo como podem definir-se neoconservadores e colocar toda a confiança no modelo capitalista. O capitalismo é dinâmico, não é conservativo, é muito progressivo. Não conserva as situações sociais e culturais assim como as encontra, modifica-as e muitas vezes revira-as, introduzindo novos paradigmas e clichês. No entanto, encontra-se com frequência esta espécie de pacto que liga os que cultivam valores tradicionalistas de conservação e o capitalismo. Mas são duas coisas que não combinam.
A Catedral de Munique
[© Katharina Ebel/KNA-Bild]
O senhor escreve no seu livro que a Igreja foi levada também pelos fatos da história a modificar o próprio magistério social. Pode dar alguns exemplos concretos desses casos de descontinuidade, e de como foram favorecidos de algum modo por contingências históricas até mesmo hostis?
MARX: Por exemplo, podemos pensar no início do século XIX. Na Europa tinha-se a sensação de uma queda de todas as estruturas eclesiásticas. A opinião pública das classes cultas e também os grandes movimentos populares pareciam inspirar-se em filosofias e concepções hostis para com a Igreja. E a Igreja reagia, diante dessa situação de hostilidade generalizada, com as rejeições e condenações que atingiam também os novos fenômenos ligados ao crescimento da base democrática da vida social. Foi preciso algum tempo antes que se aceitassem os critérios modernos da democracia, da liberdade de consciência, da liberdade religiosa. Sobre estes pontos houve uma mudança progressiva. E isso pode acontecer nas questões sociais e políticas. Por exemplo sobre o que quer dizer Estado Social, sobre relações entre a Igreja e Estado, sobre as relações entre trabalho e capital, sobre os sindicatos...Também a Igreja aprende com o decorrer do tempo. Aprende também a ter um pouco de humildade. Ecclesia audiens, não apenas docens.
Gostaria de colocar algumas perguntas sobre a Igreja alemã. Sobre o momento que está vivendo. E em que termos a sua condição foi descrita à recente assembleia episcopal de Fulda.
MARX: Nos últimos trinta anos vivemos uma grande mudança. Não tanto no sentido que todos hoje ficam competindo para repetir como papagaios de que a Alemanha não é mais cristã. Sobre este ponto da fé, por exemplo, há uma grande diferença entre o Leste e o Oeste. Foram uniformizadas muitas coisas entre os länder da Alemanha Oriental e a Ocidental, mas não neste ponto. Na parte Oriental os não batizados são cerca de 80% da população, enquanto que na parte Ocidental cerca de 80% são batizados. Estamos diante de uma sociedade semelhante à qual estão todas as outras Igrejas da Europa de hoje: sociedades liberais, plurais, abertas. Nunca tivemos uma situação assim. Todas as camadas sociais podem escolher o que querem, qual religião professar, quantas vezes se casar, mesmo cinco ou seis. É uma estrada inédita, vertiginosa, e que para cada uma das partes envolvidas, mesmo para os bispos, pode ser penosa e dolorosa. Mas não a atravessaremos em virtude de slogans sobre a maldade da sociedade, ou sobre pressupostos erros feitos pelo Papa, ou sobre o celibato sacerdotal e outras questões secundárias. Todas essas coisas servem apenas para esconder e escapar da única questão importante. Ou seja, o que quer dizer ser cristãos hoje. O quer dizer: seguir hoje Jesus é um ganho do outro mundo, um prêmio enorme para a própria vida.
A Igreja alemã recebe muitas críticas, por várias partes, pela sua estrutura poderosa, pelo número de funcionários leigos com salários e com responsabilidades importantes nas dioceses, pelas ligações estruturais com o Estado e com as instituições civis. O emblema deste modelo é a taxa para a Igreja. No último ano 120 mil pessoas pediram para sair da Igreja para não ter que pagá-la. Na sua opinião este modelo está em crise? Este modus essendi da Igreja é causa da secularização?
MARX: É uma questão delicada. Sobre os motivos da crise há muitas palavras e muitas opiniões. Por exemplo a Fraternidade Lefebvriana de São Pio X nos diz: existe a descristianização porque a Igreja não é como nós a queremos, por isso todos vão embora. Se vocês fossem como nós tudo voltaria ao seu lugar. O movimento “Nós somos a Igreja” diz exatamente o contrário: a crise existe porque vocês não querem abolir o celibato eclesiástico, se vocês fossem mais modernos as coisas não iriam tão mal. Um terceiro grupo diz: é suficiente cancelar a taxa para a Igreja, assim ninguém mais irá embora para não precisar pagar. Enfim não há um diagnóstico homogêneo. Pessoalmente não considero errado o fato de as pessoas serem chamadas a decidir-se, a dizerem: “Sim, eu faço parte da Igreja, e estou disposto a pagar para sustentar as suas obras”. Certo, muita coisa é melhorável, mas eu não creio que este sistema seja superado. E não entendo os observadores estrangeiros que julgam estas coisas sem considerar em qual tradição e em qual percurso histórico se desenvolveu esse modelo. Cada Igreja tem os seus acontecimentos particulares, a sua história particular e é preciso considerá-los e respeitá-los. A Igreja não é uma ideia, é uma comunidade visível. E quanto à taxa, é paga apenas pelos que têm uma renda de trabalho, ou seja, um terço da população, e é proporcional à renda.
Quais foram os efeitos em Munique do caso lefebvriano?
MARX: Na minha opinião é preciso ser magnânimos também em conceder o rito extraordinário. Considero que aquilo que o Papa fez foi muito sábio. Agora ninguém mais precisa ir aos lefebvrianos para participar de missas com o rito antigo. Na nossa diocese o número dos que participam às missas com o rito antigo é muito baixo. De qualquer modo faço questão de que as nossas funções dominicais sejam celebradas de modo liturgicamente correto. Como disse uma vez o Papa, na liturgia se decide o destino da Igreja. Se a missa não é bem celebrada, não servem para nada todos os nossos discursos, os nossos pronunciamentos, as nossas encíclicas.
Reinhard Marx com o bispo luterano Johannes Friedrich,
presidente da Comunidade Evangélica, durante os
trabalhos do Kirchentag Ecumênico regional
realizado em Germering, na Baviera a 3 de julho de 2009
[© Katharina Ebel/KNA-Bild]
No próximo ano, católicos e protestantes alemães se encontrarão aqui em Munique para o Kirchentag. Qual é a relação com os luteranos?
MARX: Daqui a algumas semanas recordaremos os dez anos da Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação. E também no ecumenismo é preciso ter paciência. Se penso o que foi conseguido na Alemanha nos últimos cinquenta anos, não se pode dizer que foi pouca coisa. Gostei muito da imagem usada pelo cardeal Lehmann quando fala do ecumenismo: quando se sobe uma montanha, o último trecho antes de chegar no cume é o mais fatigante. É preciso paciência, e às vezes é preciso até passar a noite na montanha.
O senhor teme, como em outras ocasiões, polêmicas ou reações públicas sobre o tema da intercomunhão?
MARX: Já concordei com o bispo protestante. Ele reconhece comigo que se celebrássemos juntos a Eucaristia, estaríamos em perfeita comunhão e não seria mais necessário o ecumenismo. Enquanto não estivermos realmente unidos, a intercomunhão seria um gesto errado, sem fundamento, feito para a televisão, seguindo a lógica do evento espetacular. E daria origem, no final, a novas divisões e irritações entre os católicos, protestantes e ortodoxos. Espero, ao invés, que o Kirchentag ecumênico seja um sinal para a sociedade de que nós cristãos somos unidos na fé. Nós confessamos juntos a fé no Deus Uno e Trino, em cujo nome recebemos o batismo. Não me parece pouca coisa. Diante do mundo devemos confessar juntos esta fé comum, e não colocar em mostra as nossas brigas.
Antes o senhor falou da integração dos imigrantes. Na Alemanha a minoria turca é imponente. Mas a Igreja não protestou contra as mesquitas.
MARX: A Conferência dos Bispos Alemães publicou um documento sobre a construção de mesquitas que causou muitas críticas. A linha principal é esta: se temos entre nós numerosas pessoas de fé muçulmana, estas pessoas têm o direito de viver a sua religião com dignidade, dentro do respeito das leis do Estado. Claro, estamos atentos para que a mesquita não seja construída ao lado da catedral, talvez cem metros mais alta. Mas isso é responsabilidade dos funcionários dos bens culturais.
O seu lema é Ubi Spiritus Domini, ibi libertas. Onde estiver o Espírito do Senhor, ali há liberdade.
MARX: Nunca gostei do fato de a liberdade ser contraposta à pregação da Igreja. E que muitos pensem que Igreja e liberdade sejam incompatíveis. É uma expressão-chave de São Paulo. A questão sobre o que quer dizer liberdade será crucial no tempo que temos diante de nós.
A equivalência presente no seu lema deve ser considerada também para os acontecimentos da Igreja de hoje?
MARX: Liberdade significa escolher o bem em liberdade. E na Igreja vale a mesma coisa. A frase mais livre que um homem pode pronunciar é “te amo”. E quando é pronunciada, de algum modo se depende do objeto do próprio amor. Isso vale para o matrimônio, para a vida sacerdotal, vale para cada batizado que à pergunta de Jesus: “tu me amas?”, responde: “Senhor, tu sabes que te amo”. E também para a Igreja é por aquele amor que se pode viver na liberdade.

Fonte: Revista 30Dias (Nº 09/2009)

Cardeal denuncia: leis antidiscriminação são manipuladas contra liberdade religiosa

Cardeal Gerhard Müller / CC
Por Francisco Vêneto

"A crise do coronavírus não pode ser uma oportunidade para minar a liberdade da sociedade em prol do paternalismo de uma elite autoproclamada".

Leis antidiscriminação são manipuladas contra liberdade religiosa, denunciou o cardeal Gerhard Müller, ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, durante recente entrevista a Lothart Rilinger, do site Kath.net. Müller declarou que existe uma poderosa elite engajada em impor um pensamento único, baseado na sua própria ideologia, que ameaça a liberdade de pensamento, de crença e de expressão dos indivíduos.

O cardeal também constatou a inversão que se procura impor a respeito do real papel e sentido do Estado nas sociedades humanas:

“O Estado existe para o povo e não o povo para o Estado. O cidadão não é propriedade daqueles que estão no poder, mas o povo é o soberano a quem o governo deve prestar contas. Nenhum homem tem o direito de decidir sobre a vida, a integridade corporal e a liberdade de consciência e de crença do outro. Não se devem limitar os direitos fundamentais”.

A propósito dos direitos fundamentais da pessoa humana, o cardeal reafirmou que eles nos são dados pelo Criador e não pelo Estado:

“[Os direitos fundamentais] nos chegam por natureza ou, segundo nós, são concedidos por nosso Deus e Criador. Não podem ser revogados ou limitados. Só pode ser punido o seu abuso ou seu uso em detrimento dos outros. Em caso de guerras, desastres ou pandemias, as autoridades legítimas devem tomar as medidas necessárias para o bem comum. Mas a crise do coronavírus não pode ser uma oportunidade para minar a democracia e a liberdade da sociedade civil em prol do paternalismo de uma elite autoproclamada, que pretende ensinar à grande massa do povo o que é bom para eles. O Estado não é como um professor que trata ou maltrata seus cidadãos como ‘alunos estúpidos'”.

Müller enfatizou a limitação do Estado perante os direitos fundamentais dos indivíduos:

“Conceder e retirar [direitos] provém do dicionário das ditaduras educacionais autocráticas. Num Estado constitucional, distinto de um Estado unitário ideológico, cabe aos três poderes separados proteger e garantir o exercício dos direitos naturais dos cidadãos. Também não precisamos de políticos, juízes ou seus porta-vozes na mídia estatal, que, como crianças menores de idade, às vezes nos tratam com dureza e outras vezes nos deixam correr com uma coleira”.

Leis antidiscriminação são manipuladas contra liberdade religiosa

O cardeal denunciou também o que chamou de “ditadura da opinião”, que tenta impedir os outros de discordarem – inclusive mediante a imposição de leis baseadas apenas em ideologia. E exemplificou:

“Atualmente, por causa da agenda agressiva de descristianização nas instituições da União Europeia, na administração Biden, nos países islâmicos e ateus, a liberdade de crença e culto dos cristãos está irrefutavelmente ameaçada de forma sutil ou brutal (…) Não se pode conceber que a polícia e o ministério público sejam os pilares da discussão acadêmica. Isso é pura decadência, quando os professores são convidados e depois expulsos por ativistas de gênero, fanáticos Black Lives Matter e LGBT. Afinal, Sócrates foi condenado à morte por medíocres políticas do poder”.

Müller não se furtou a denunciar “certos superbilionários americanos, grandes gigantes tecnológicos e a indústria farmacêutica” por se aproveitarem da crise do coronavírus e impulsionarem as teses do assim chamado “Grande Reset”:

“Estão tentando impor ao mundo inteiro a sua concepção pobre de humanidade e a sua visão de mundo economicamente limitada ao modelo do Partido Comunista Chinês”.

Fonte: Aleteia

Quem são os 34 Arcebispos metropolitanos que receberão o pálio abençoado pelo Papa

Entrega do Pálio | Guadium Press

Dentre estes novos Arcebispos metropolitanos estão representantes de todos os continentes, com exceção da Oceania e ainda há um Cardeal na lista.

Cidade do Vaticano (28/06/2021 15:43, Gaudium Press) Na manhã da próxima terça-feira, 29 de junho, Solenidade de São Pedro e São Paulo, o Papa Francisco presidirá a tradicional celebração litúrgica na qual serão abençoados os pálios dos novos Arcebispos metropolitanos.

A tradição era o Pontífice também impor os pálios abençoados aos novos arcebispos metropolitanos nomeados durante o ano anterior. Entretanto, o rito foi mudado pelo próprio Francisco e atualmente os pálios são recebidos pelos Arcebispos em seus respectivos países e a imposição é feita de forma solene nas Igrejas locais.

Os novos Arcebispos metropolitanos nomeados pelo Papa no ano passado, e que, portanto, receberão o pálio abençoado pelo pontífice, são provenientes de todos os continentes, excetuando a Oceania.

Guadium Press

Arcebispos europeus

Os europeus são: Dom Francesco Lomanto, Arcebispo Metropolitano de Siracusa; Dom Georgios Altouvas, Arcebispo Metropolitano de Corfù, Zante e Cefalonia; Dom Mario Iceta Gavicagogeascoa, Arcebispo Metropolitano de Burgos; Dom Carlos Manuel Escribano Subías, Arcebispo Metropolitano de Saragoça; Dom Olivier de Germay, Arcebispo Metropolitano de Lyon; Dom Giuseppe Satriano, Arcebispo Metropolitano de Bari-Bitonto; Dom Domenico Battaglia, Arcebispo Metropolitano de Nápoles; Dom Dermot Pius Farrell, Arcebispo Metropolitano de Dublin; Dom Josif Printezis, Arcebispo Metropolitano de Naxos, Andros, Tinos, Mykonos; Dom Tadeusz Wojda, S.A.C., Arcebispo Metropolitano de Gdańsk; Dom Fortunato Morrone, Arcebispo Metropolitano de Reggio Calabria-Bova; Dom Josep Àngel Saiz Meneses, Arcebispo Metropolitano de Sevilha; Dom Alessandro Damiano, Arcebispo Metropolitano de Agrigento.

Guadium Press

Arcebispos da América Latina

Os representantes da América Latina são: Dom Severino Clasen, O.F.M., Arcebispo Metropolitano de Maringá (Brasil); Dom Gonzalo de Villa y Vásquez, S.I., Arcebispo Metropolitano de Santiago da Guatemala (Guatemala); Dom Omar Alberto Sánchez Cubillos, O.P., Arcebispo Metropolitano de Popayán (Colômbia); Dom Paulo Cezar Costa, Arcebispo Metropolitano de Brasília (Brasil); Dom Francisco Javier Múnera Correa, I.M.C., Arcebispo Metropolitano de Cartagena (Colômbia); Dom José Miguel Gómez Rodríguez, Arcebispo Metropolitano de Manizales (Colômbia); Dom Gilberto Pastana de Oliveira, Arcebispo Metropolitano de São Luís do Maranhão (Brasil); Dom Leomar Antônio Brustolin, Arcebispo Metropolitano de Santa Maria (Brasil).

Pálio | Guadium Press

Arcebispos da América do Norte

Os Arcebispos da América do Norte são: Dom Marcel Damphousse, Arcebispo Metropolitano de Ottawa-Cornwall (Canadá) e Dom Joseph Dunn, Arcebispo Metropolitano de Halifax-Yarmouth (Canadá).

Arcebispos da Ásia

Entre os Arcebispos asiáticos estão Dom Bejoy Nicephorus D’Cruze, O.M.I., Arcebispo Metropolitano de Dhaka (Bangladesh); Dom Petrus Canisius Mandagi, M.S.C., Arcebispo de Merauke (Indonésia); Dom Anthony Poola, Arcebispo Metropolitano de Hyderabad (Índia); Dom Sebastian Kallupura, Arcebispo Metropolitano de Patna (Índia); Dom Victor Lyngdoh, Arcebispo Metropolitano de Shillong (Índia); o Cardeal Jose Fuerte Advincula, Arcebispo Metropolitano de Manila (Filipinas); Dom Martin Kmetec, OFM, Arcebispo Metropolitano de Izmir (Turquia), Dom Benny Mario Travas, Arcebispo Metropolitano de Karachi (Paquistão).

Guadium Press

Arcebispos da África

Por fim, os novos Arcebispos africanos são: Dom Ignace Bessi Dogbo, Arcebispo Metropolitano de Korhogo (Costa do Marfim); Dom Fulgence Muteba Mugalu, Arcebispo Metropolitano de Lubumbashi (República Democrática do Congo); Dom Mandla Siegfried Jwara, C.M.M., Arcebispo Metropolitano de Durban (África do Sul). (EPC)

https://gaudiumpress.org/

Papa Francisco: só uma Igreja liberta é uma Igreja credível

Solenidade de S. Pedro e S. Paulo | Vatican News

“É dando a vida que o Pastor, liberto de si mesmo, se torna instrumento de libertação para os irmãos”. Nesta Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo (29/06), o Papa Francisco celebrou a Eucaristia na Basílica de São Pedro, com a bênção dos pálios dos Arcebispos.

Jane Nogara - Vatican News

Nesta Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo (29/06), o Papa Francisco celebrou a Eucaristia com a bênção dos pálios. No decorrer do último ano foram nomeados 34 novos arcebispos dos quais 4 brasileiros: Dom Gilberto Pastana de Oliveira, Arcebispo de São Luís do Maranhão; Dom Leomar Antônio Brustolin, Arcebispo de Santa Maria; Dom Severino Clasen O.F.M., Arcebispo de Maringá e Dom Paulo Cezar Costa, Arcebispo de Brasília. Por causa da pandemia na celebração de hoje estavam presentes apenas 12 arcebispos representando todos os demais. Nenhum brasileiro estava presente.

Na sua homilia o Papa recordou que o pálio é “sinal de unidade com Pedro que recorda a missão do pastor que dá a vida pelo rebanho”. Francisco iniciou a homilia convidando a observar de perto Pedro e Paulo, duas testemunhas da fé pois “no centro da sua história, não está a própria destreza, mas o encontro com Cristo que lhes mudou a vida”. "Pedro e Paulo – Continuou - são livres unicamente porque foram libertados. Detenhamo-nos neste ponto central".

Pedro

Do que os Apóstolos foram libertados, iniciou o Pontífice: “Pedro, o pescador da Galileia, foi libertado em primeiro lugar da sensação de ser inadequado e da amargura de ter falido, e isso verificou-se graças ao amor incondicional de Jesus”. Embora fosse hábil pescador sentia tentação de desânimo, fosse forte era tomado pelo medo, fosse apaixonado do Senhor, continuava a pensar à maneira do mundo. “Mas Jesus amou-o desinteressadamente e apostou nele”. Jesus encorajou-o disse o Papa, “a não desistir, a lançar novamente as redes ao mar, a caminhar sobre as águas, a olhar com coragem para a sua própria fraqueza, a segui-Lo pelo caminho da Cruz, a dar a vida pelos irmãos, a apascentar as suas ovelhas”. Por fim Jesus confiou-lhe “as chaves para abrir as portas que levam a encontrar o Senhor e o poder de ligar e desatar: ligar os irmãos a Cristo e desatar os nós e as correntes das suas vidas”.

“A libertação de Pedro é uma nova história de abertura, de libertação, de correntes quebradas, de saída do cárcere que o prende. Pedro faz a experiência da Páscoa: o Senhor libertou-o”

Paulo

Em seguida o Papa descreve a libertação de Paulo: “Também o apóstolo Paulo experimentou a libertação por obra de Cristo. Foi libertado da escravidão mais opressiva, a de si mesmo, e de Saulo, tornou-se Paulo, que significa ‘pequeno’. Foi libertado também daquele zelo religioso que o tornara fanático na defesa das tradições recebidas e era violento ao perseguir os cristãos: foi libertado “.

Porém, pondera Francisco: Deus “não o poupou a tantas fraquezas e dificuldades que tornaram mais fecunda a sua missão evangelizadora: as canseiras do apostolado, a enfermidade física, as violências e perseguições, os naufrágios, a fome e sede”. “Paulo compreendeu assim que ‘o que há de fraco no mundo é que Deus escolheu para confundir o que é forte’, que tudo podemos n’Ele que nos dá força, que nada poderá jamais separar-nos do seu amor’".

“Por isso, no final da sua vida, Paulo pode dizer: ‘o Senhor esteve comigo’ e ‘me livrará de todo o mal’. Paulo fez a experiência da Páscoa: o Senhor libertou-o”

Pedro e Paulo

O Papa recorda que “a Igreja olha para estes dois gigantes da fé e vê dois Apóstolos que libertaram a força do Evangelho no mundo, só porque antes foram libertados pelo encontro com Cristo. Ele não os julgou, nem humilhou, mas partilhou de perto e afetuosamente a sua vida”.

E nos conforta afirmando:

“De igual modo procede Jesus também conosco: assegura-nos a sua proximidade, rezando por nós e intercedendo junto do Pai; e repreende-nos com doçura quando erramos, para podermos encontrar a força de nos levantar novamente e retomar o caminho”.

“Tocados pelo Senhor, também nós somos libertados. E sempre temos necessidade de ser libertados, porque só uma Igreja liberta é uma Igreja credível”

O que significa sermos libertos?

Papa Francisco esclarece o que significa sermos libertos como os Santos Apóstolos: “Como Pedro, somos chamados a ser libertos da sensação da derrota face à nossa pesca por vezes malsucedida; a ser libertos do medo que nos paralisa e torna medrosos, fechando-nos nas nossas seguranças e tirando-nos a coragem da profecia”.

“Como Paulo, somos chamados a ser libertos das hipocrisias da exterioridade; libertos da tentação de nos impormos com a força do mundo, e não com a debilidade que deixa espaço a Deus; libertos duma observância religiosa que nos torna rígidos e inflexíveis; libertos de vínculos ambíguos com o poder e do medo de ser incompreendidos e atacados”.

Por fim o Papa nos descreve: “Pedro e Paulo oferecem-nos a imagem duma Igreja confiada às nossas mãos, mas conduzida pelo Senhor com fidelidade e ternura; duma Igreja débil, mas forte com a presença de Deus; duma Igreja libertada que pode oferecer ao mundo aquela libertação que ele, sozinho, não se pode dar a si mesmo”.

Francisco conclui saudando os irmãos arcebispos que recebem o Pálio: “Este sinal de unidade com Pedro recorda a missão do pastor que dá a vida pelo rebanho. É dando a vida que o Pastor, liberto de si mesmo, se torna instrumento de libertação para os irmãos”.

Fonte: Vatican News

São Pedro Apóstolo

S. Pedro | ArquiSP
29 de junho

São Pedro Apóstolo

São Pedro (1a.C-67) foi apóstolo de Cristo. É tido como o fundador da Igreja Cristã em Roma. É considerado pela Igreja Católica como seu primeiro papa. As principais fontes que relatam a vida de São Pedro são os quatro Evangelhos Canônicos, pertencentes ao novo testamento. Escritos originalmente em grego, em diferentes épocas, pelos discípulos Mateus, Marcos, João e Lucas, Pedro aparece com destaque em todas as narrativas evangélicas.

São Pedro (1a.C-67) nasceu na Betsaida, na Galileia. Filho de Jonas e irmão do apóstolo André, seu nome de nascimento era Simão. Pescador, trabalhava com o irmão e o pai. Por indicação de João Batista, foi levado por seu irmão André, para conhecer Jesus Cristo. No primeiro encontro Jesus o chamou de Kepha, que em aramaico significava pedra, e traduzido para o grego Petros, determinando ser ele o apóstolo escolhido para liderar os primeiros pregadores da fé cristã pelo mundo. Nessa época de seu encontro com Cristo, Pedro morava em Cafarnaum, com a família de sua mulher.

Pedro foi escolhido como o chefe da cristandade aqui na terra: "E eu te digo: Tu és pedra e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares sobre a terra, será ligado também nos céus". Convertido, despontou como líder dos doze apóstolos, foi o primeiro a perceber em Jesus o filho de Deus.

Junto com seu irmão e os irmãos Tiago e João Evangelista, Pedro fez parte do círculo íntimo de Jesus entre os doze apóstolos. Participou dos mais importante milagres do Mestre sobre a terra. Foi o primeiro apóstolo a ver Cristo após a Ascensão. Presidiu a assembléia dos apóstolos que escolheu Matias para substituir Judas Iscariotes. Fez seu primeiro sermão no dia de Pentecostes e peregrinou por várias cidades.

Encontrou-se com São Paulo em Jerusalém, e apoiou a iniciativa deste, de incluir os não judeus na fé cristã, sem obrigá-los a participarem dos rituais de iniciação judaica. Após esse encontro foi preso por ordem do rei Agripa I. Foi encaminhado à Roma durante o reinado de Nero, onde passou a viver. Ali fundou e presidiu a comunidade cristã, base da Igreja Católica Romana, e por isso segundo a tradição, foi executado por ordem de Nero. Conta-se também que pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, por se julgar indigno de morrer na mesma posição de Cristo.

Seu túmulo se encontra sob a catedral de S. Pedro, no Vaticano, e é autenticado por muitos historiadores. É festejado no dia 29 de junho, um dia de importantes manifestações folclóricas, principalmente no Nordeste brasileiro.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Arquidiocese de São Paulo

São Paulo Apóstolo

S. Paulo | Portal das Missões
29 de junho
São Paulo Apóstolo

    Muitos confundem que Paulo foi discípulo de Jesus, na verdade ele se converte após a morte de Cristo, era um dos homens que caçava os cristões. 
    Viveu 62 anos e seu dia é comemorado em 25 de janeiro padroeiro dos evangelizadores e protetor dos que se dizem ateus ou se afastam do caminho da fé. Sua imagem, por sua origem guerreira e sua dedicação a evangelizar é sempre acompanhada de um livro e uma espada.
    São Paulo e São Pedro são considerados os pilares do Cristianismo. 
    Frases de Paulo de Tarso ou São Paulo:
    Todas as coisas me são lícitas; mas nem todas convêm.
    Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor.
    Ainda que eu falasse a língua dos homens, e falasse a língua dos anjos, sem amor, eu nada seria.

  • Sobre

  • Paulo de Tarso, também chamado de Apóstolo Paulo, Saulo de Tarso e São Paulo, foi um dos mais influentes escritores do cristianismo primitivo, cujas obras compõem parte significativa do Novo Testamento. A influência que exerceu no pensamento cristão, chamada de "paulinismo", foi fundamental por causa do seu papel como proeminente apóstolo do Cristianismo durante a propagação inicial do Evangelho pelo Império Romano.
    Conhecido também como Saulo , se dedicava à perseguição dos primeiros discípulos de Jesus na região de Jerusalém. De acordo com o relato na Bíblia, durante uma viagem entre Jerusalém e Damasco, numa missão para que, encontrando fiéis por lá, "os levasse presos a Jerusalém", Saulo teve uma visão de Jesus envolto numa grande luz, ficou cego, mas teve a visão recuperada após três dias por Ananias que também o batizou. Começou então a pregar o Cristianismo.
    Do maior inimigo dos Cristões passou a ser um dos seus maiores defensores e propagador do cristianismo.
    Juntamente com Simão Pedro e Tiago, o Justo, ele foi um dos mais proeminentes líderes do nascente cristianismo. Era também cidadão romano, o que lhe conferia uma situação legal privilegiada.
    Treze epístolas no Novo Testamento são atribuídas a Paulo, mas a sua autoria em sete delas é contestada por estudiosos modernos. Agostinho desenvolveu a ideia de Paulo que a salvação é baseada na fé e não nas "obras da Lei". A interpretação de Martinho Lutero das obras de Paulo influenciou fortemente sua doutrina de "sola fide".
    A conversão de Paulo mudou radicalmente o curso de sua vida. Com suas atividades missionárias e obras, Paulo acabou transformando as crenças religiosas e a filosofia de toda a região da bacia do Mediterrâneo. Sua liderança, influência e legado levaram à formação de comunidades dominadas por grupos gentios que adoravam o Deus de Israel, aderiam ao código moral judaico, mas que abandonaram o ritual e as obrigações alimentares da Lei Mosaica por causa dos ensinamentos de Paulo sobre a vida e obra de Jesus e seu "Novo Testamento", fundamentados na morte de Jesus e na sua ressurreição. 

    Portal: http://www.portaldasmissoes.com.br/

segunda-feira, 28 de junho de 2021

Por que me confessar, se não cometo pecados graves?

Di Dee Angelo|Shutterstock
Por Carlos Padilla Esteban

Nós nos habituamos a fazer certas coisas que passam a ser parte da nossa rotina e não lhes damos importância.

É preciso aprender a pedir perdão. Quando foi a última vez que você se preparou bem para uma confissão? Parece sempre faltar tempo. Muitas pessoas dizem, ao começar a confessar-se: “Desculpe, padre, não deu tempo de preparar bem a confissão”. Sim, isso é muito comum.

Queremos receber o perdão de Deus. Limpar-nos para voltar a começar. A alma pesa e sua pele parece ter endurecido – tanto, que se torna escura e seca. Nesses momentos, compreendemos que precisamos nos confessar.

Mas é verdade que outras vezes parece que não fizemos nada de ruim, que somos generosos e bons, e não cometemos nenhum dos grandes pecados indicados pela Igreja.

O confessor precisa de matéria para poder absolver, e a matéria são os pecados. Mas às vezes, parece incrível, as pessoas fazem malabarismos para encontrar algum pecado. “Isso não, isso tampouco, não, isso eu não faço…”. E não há matéria, faltam os pecados. Parece que a pessoa só tem obras boas.

Há pecados que desconhecemos, há sentimentos que quase não percebemos ou com os quais nos acostumamos. Nós nos habituamos a fazer certas coisas que passam a ser parte da nossa rotina e não lhes damos importância.

Não fazemos silêncio suficiente para refletir sobre a nossa vida, para pensar em nosso pecado mais habitual. E assim, na superfície, não sabemos em que aspectos precisamos melhorar.

Enganamos, excluímos, somos preconceituosos, descuidados, não ouvimos os outros, negamos favores, ofendemos, mentimos, às vezes sem perceber.

O mal nunca pode ser justificado

Certamente, somos inimigos de alguém e nem sabemos disso. Pode ser que já tenhamos ferido algum coração, mas pensamos que não é culpa nossa.

Mas pode ser que saibamos, sim. Fizemos, ferimos, falhamos e depois esquecemos. Às vezes ferimos sem perceber. Pecamos com as nossas palavras, gestos ou omissões. Porque, quando omitimos no amor, também estamos ferindo.

Mas como é difícil pedir perdão! Sentimos orgulho, amor próprio? Queremos fazer tudo bem e não falhar nunca? Precisamos aprender a pedir perdão a Deus, mas também é fundamental pedir perdão às pessoas.

É muito custoso pedir perdão pelas coisas que fazemos mal. Pode ser que ajamos sempre assim e tenhamos nos acostumado. Fazemos coisas más e depois nos justificamos. Colocamos a culpa nas circunstâncias, nos outros, no mundo, Buscamos culpados para fugir do sentimento de culpa.

As pessoas costumam fazer o que veem. E vemos em todos os lugares a atitude de atirar a pedra e esconder a mão: no esporte, na política, no trabalho… Então, acabamos repetindo aquilo que vemos. Agimos mal e fazemos cara de inocentes.

Mas a verdade é que causamos danos. Não importa se os outros também agem mal ou não; não importa se merecem ou não; não importa se eu tinha razão ou não. O mal nunca pode ser justificado.

A Igreja, no ano 2000, guiada por João Paulo II, olhou para a sua história, uma história de santos e pecadores, e pediu perdão publicamente. São gestos de humildade, sinceros e arrependidos.

É verdade que os santos também são pecadores, mas isso não nos isenta de aspirar ao que há de mais alto.

Fonte: Aleteia

O Papa e os líderes religiosos rezam pelo Líbano martirizado, em 1º de julho

O Papa Francisco em oração | Vatican News

Foi apresentado o programa para o dia convocado pelo Papa para reacender luzes de esperança numa terra carregada por uma dura crise política e econômica: orações na Basílica Vaticana e mesa redonda ecumênica. Sandri: "É o fruto de um longo caminho iniciado por João Paulo II e Bento XVI". Gallagher: "Uma viagem do Papa talvez no início de 2022, quando o governo será formado".

Salvatore Cernuzio/Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Dia de Oração e Reflexão pelo Líbano em 1º de julho é o resultado de um longo percurso de cerca de trinta anos. O evento foi convocado pelo Papa na esperança de abrir fendas de paz no país oprimido por uma crise política, econômica e social multifacetada, cenário da violenta explosão no porto de Beirute, em agosto de 2020.

"Um caminho que começou com o Sínodo para o Líbano convocado por João Paulo II, em 1995, depois prosseguiu com a Exortação Apostólica "Uma esperança para o Líbano", entregue ao País dos Cedros na visita do Papa, em maio de 1997", lembrou o prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, cardeal Leonardo Sandrio, durante a coletiva de apresentação do evento, nesta sexta-feira (25/06), realizada na Sala de Imprensa da Santa Sé. Bento XVI também seguiu estes passos e escolheu o Líbano para assinar e entregar o Documento na conclusão do Sínodo Especial para o Oriente Médio, em setembro de 2012, Ecclesia in Medio Oriente, em sua última viagem apostólica antes da renúncia.

A viagem do Papa talvez no início do próximo ano

Agora é Francisco quem está chamando a atenção do mundo para esta terra que Wojtyla definiu "uma mensagem". Na coletiva no avião de retorno do Iraque, o Pontífice argentino revelou que tinha recebido um pedido para parar em Beirute antes de ir a Bagdá. Uma etapa difícil de organizar naquele momento, mas que Francisco prometeu, mais cedo ou mais tarde, fazer. "Talvez até o final deste ano, mesmo que seja mais provável no início do próximo ano", disse o secretário das Relações com os Estados, dom Paul Richard Gallagher, explicando aos jornalistas que, além de alguns compromissos já na agenda papal, espera-se a formação definitiva de um governo com o qual se possa interagir.

Gallagher: Santa Sé preocupada com o colapso do país

Na expectativa dessa peregrinação, diante da emergência da situação libanesa, o Papa quis convocar este dia, na sequência de outras grandes iniciativas do pontificado, como a vigília pela Síria na Praça São Pedro, em 2013, a oração pela paz, nos Jardins Vaticanos, pela Terra Santa, em 2014, o encontro bilateral na Santa Marta com os líderes políticos e religiosos do Sudão do Sul, em 2019. "Tudo nasce da preocupação com o agravamento da crise no Líbano", confirmou dom Gallagher: "A Santa Sé está fortemente preocupada com o colapso do país, que afeta particularmente a comunidade cristã." Não há apenas o "impasse político", mas também a "forte emigração dos jovens". Um fenômeno que "ameaça destruir o equilíbrio" e reduzir pela metade a presença cristã no Oriente Médio. O Líbano, "o último bastião da democracia árabe", deve ser ajudado a "manter sua identidade única a fim de garantir um Oriente Médio pluralista, tolerante e diversificado", disse o arcebispo.

Logo do Dia de Oração e Reflexão pelo Líbano

O programa: um "caminhar juntos"

"Em termos concretos, o Dia de Oração de 1º de julho será um contínuo “caminhar juntos” entre o Papa e os chefes das Igrejas e Comunidades eclesiais", disse o cardeal Sandri. "Trata-se das Igrejas ortodoxa e católica, presentes com seus diversos ritos e tradições", explicou dom Brian Farrell, secretário do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e também de várias comunidades eclesiais nascidas da Reforma.

Todos juntos se encontrarão na Santa Marta, onde serão hospedados de 30 de junho a 2 de julho, para um momento de acolhimento. Logo depois, seguirão em direção à Basílica de São Pedro. Na Basílica, depois da oração do Pai-Nosso, descerão as escadas da Confissão do Apóstolo Pedro e cada um ascenderá uma vela como sinal da oração que arde, pedindo a intercessão do Apóstolo. "Durante o evento não poderemos vê-los ou ouvi-los, porque as portas da Sala Clementina da Residência Apostólica permanecerão fechadas aos nossos olhares", explicou Sandri, exortando as pessoas a seguirem o Dia de oração à distância com uma oração de intercessão em suas paróquias e comunidades religiosas.

Mesa redonda ecumênica

Como na Basílica de São Nicolau em Bari, para o evento ecumênico de 7 de julho de 2018, a mesa de encontro será redonda e em torno dela se sentará o núncio no Líbano, dom Joseph Spiteri, como moderador, e dez Chefes das comunidades cristãs. Dentre eles talvez esteja o sucessor do patriarca da Cilícia dos Armênios, Gregório Pedro XX Ghabroyan, que faleceu em 25 de maio. O sucessor do patriarca falecido será eleito no Sínodo iniciado três dias atrás.

Entre a manhã e a tarde, haverá três sessões de trabalho, cada uma apresentada por um relator. A oração conclusiva na Basílica Vaticana contará com a presença dos embaixadores da Santa Sé e todas as comunidades religiosas masculinas e femininas foram convidadas, assim como os leigos libaneses residentes em Roma. Não estarão presentes expoentes políticos, já que foi decidido dar ao evento uma dimensão exclusivamente religiosa.

As esperanças de paz dos jovens

O Papa e os convidados irão em procissão até São Pedro, seguindo um sacerdote que levará o Evangelho. Em seguida, será feita uma oração ecumênica com a proclamação de algumas passagens da Palavra de Deus, alternadas com orações e cantos das diferentes tradições rituais presentes no Líbano. Textos em árabe, sírio, armênio e caldeu ressoarão em São Pedro. No final da celebração, alguns jovens entregarão uma lâmpada acesa, que será então colocada num candelabro. "É a esperança de paz que as gerações jovens entregam, pedindo ajuda para que não seja apagada pelas tribulações do presente", destacou o cardeal Sandri. A conclusão será confiada ao Papa Francisco que fará um discurso conclusivo e, antes de se despedir, doará um ladrilho com o logotipo do evento, em memória do dia. Não está previsto um apelo conjunto, mas o discurso do Papa "irá conter apelos e considerações, fruto das reflexões daquele dia que poderão ser indicações para o futuro do Líbano".

O logotipo com Nossa Senhora de Harissa

Quanto ao logotipo, ele representa a imagem de Nossa Senhora de Harissa que protege o Líbano e é reconhecível chegando do mar, no santuário que acolhe os peregrinos de todas as idades e credos. Será confiado à Virgem a realização do evento de 1º de julho para que "um novo sol possa surgir em breve", disse o cardeal Sandri, evocando as palavras do poeta libanês Kahil Gibran: "Além da cortina escura da noite, há um novo amanhecer que nos espera."

O agradecimento à Santa Sé de um correspondente libanês

Durante a conferência, as palavras comoventes de um jornalista libanês, correspondente em Roma da agência governamental, que agradeceu à Santa Sé porque "é a única a ajudar o Líbano sem interesse". "Uma ajuda fornecida graças à colaboração internacional", explicou Gallagher, acrescentando: "Não há ninguém que tenha passado até agora na Secretaria de Estado a quem não tenhamos dirigido uma palavra em favor do Líbano. É quase um hábito... Perguntamos: o que você pode fazer nestas circunstâncias difíceis e trágicas"? Gallagher também respondeu a uma pergunta sobre a situação em Hong Kong, que a diplomacia vaticana olha com atenção: "Obviamente, Hong Kong é um objeto de interesse para nós. O Líbano é um lugar onde pensamos que podemos dar uma contribuição. Não vemos esta possibilidade em Hong Kong. Podemos dizer palavras apropriadas que serão apreciadas pela imprensa internacional e em muitos países do mundo, mas eu e muitos dos meus colegas não estamos convencidos de que possam fazer alguma diferença". 

Fonte: Vatican News

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF