As Igrejas do Oriente
frequentemente representam Nossa Senhora como a Odigitria, aquela que “indica o
caminho”, ou seja, o Filho Jesus Cristo”. O Papa Francisco se lembrou de uma
“pintura antiga da Odigitria na Catedral de Bari, numa de suas audiências gerais.
“Nossa Senhora que mostra Jesus nu. Depois, colocaram nele uma roupa para
cobrir a nudez, mas a verdade é que Jesus, nu, ele mesmo homem que nasceu de
Maria, é o mediador e ela mostra o mediador. É a Odigitria“.
Jackson
Erpen - Cidade do Vaticano
Nossa
Senhora Peregrina tem nos acompanhado nas últimas reflexões do Pe.
Gerson Schmidt*. O sacerdote gaúcho enriquece esse percurso mariano fazendo
hoje particular referência ao ícone da Madonna Odigitria (Odighítria, Odegétria),
ou seja, a “Condutora”, Nossa Senhora Guia.
Essa
iconografia cristã foi particularmente difundida na arte bizantina e russa do
período medieval. O ícone da Odigitria, em particular, consiste em Nossa
Senhora segurando o Menino Jesus nos braços, sentado em ato de bênção,
segurando na mão um pergaminho enrolado e que a Virgem indica com a mão direita
(daí a origem do epíteto).
Este tema
figurativo tem origem no ícone com o mesmo nome que representou, a partir do
século V, um dos principais objetos de culto de Constantinopla. Segundo a
hagiografia, de fato, esta relíquia teria sido um dos ícones marianos pintados
pelo evangelista Lucas que Elia Eudocia (Aelia Eudocia, cerca
de 401-460), esposa do imperador Teodósio II, teria encontrado na Terra Santa e
levado para Bizâncio.
O ícone
original, que era conservado na basílica do mesmo nome e levado em procissões
solenes e durante triunfos, foi perdido quando Constantinopla caiu nas mãos dos
otomanos em 1453. Diversas igrejas e locais de culto levam o seu nome,
especialmente na Grécia, sul da Itália, Sicília e Sardenha:
"Completemos
ainda nosso foco de Nossa Senhora peregrina, em base a LG nos números 52 a 69.
O Papa Francisco deu destaque à dinâmica de Maria como peregrina e
evangelizadora, confrontando com a missão atual da Igreja. No número 288
da Evangelii
Gaudium afirma que “há um estilo mariano na atividade
evangelizadora da Igreja. Porque sempre que olhamos para Maria, voltamos a
acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto. N’Ela, vemos que a
humildade e a ternura não são virtudes dos fracos, mas dos fortes, que não
precisam de maltratar os outros para se sentir importantes. Fixando-A,
descobrimos que aquela que louvava a Deus porque «derrubou os poderosos de seus
tronos» e «aos ricos despediu de mãos vazias» (Lc 1, 52.53) é mesma
que assegura o aconchego dum lar à nossa busca de justiça. E é a mesma também
que conserva cuidadosamente «todas estas coisas ponderando-as no seu coração» (Lc 2,
19). Maria sabe reconhecer os vestígios do Espírito de Deus tanto nos grandes
acontecimentos como naqueles que parecem imperceptíveis. É contemplativa do
mistério de Deus no mundo, na história e na vida diária de cada um e de todos.
É a mulher orante e trabalhadora em Nazaré, mas é também nossa Senhora da
prontidão, a que sai «à pressa» (Lc 1, 39) da sua povoação para ir
ajudar os outros. Esta dinâmica de justiça e ternura, de contemplação e de
caminho para os outros faz d’Ela um modelo eclesial para a evangelização.
Pedimos-Lhe que nos ajude, com a sua oração materna, para que a Igreja se torne
uma casa para muitos, uma mãe para todos os povos, e torne possível o nascimento
dum mundo novo”.
A
iconografia, sobretudo ortodoxa, sempre representou Maria apontando para Cristo
e como guia para àquele que é o Verdadeiro Caminho, Verdade por excelência e
vida em abundância. A devoção a Nossa Senhora Guia nasceu na Igreja Ortodoxa,
que é reconhecida pela Igreja Católica. Na Igreja Ortodoxa ela é conhecida como
Odigitria, que quer dizer 'Condutora', aquela que dirige, ou 'Guia'. Como seu
significado é realmente importante e expressa uma das grandes missões de Nossa
Senhora, esta devoção foi incorporada também na Igreja Católica. A imagem de
Nossa Senhora da Guia é cheia de símbolos que expressam esta sua missão de
Condutora da humanidade até Jesus. As figuras hieráticas dos ícones maravilham
os visitantes, com tons quentes de dourado e outras belas cores que desvanecem
do marrom, ao vermelho, e ao azul lazulite. Observamos a Mãe de Deus, com a mão
direita e a cabeça inclinada, em direção ao Menino Jesus sentado na sua mão
esquerda. As imagens são austeras, o rosto de Cristo e da Virgem Maria não se
tocam. Jesus é representado em um ato de benção tendo em
sua mão um pergaminho enrolado.
Nestes
ícones, a Virgem parece indicar para toda a humanidade, que o verdadeiro
caminho é aquele em direção a Cristo. A magnificência da figura de Maria
representa que Ela é a porta segura por onde se passa para viver bem a nossa
relação com Deus. Através de Maria podemos escutar a voz autêntica do único
verdadeiro e bom pastor que é Jesus, reconhecendo-O e seguindo-O.
As Igrejas
do Oriente representaram-na frequentemente como a Odigitria, aquela que “indica
o caminho”, ou seja, o Filho Jesus Cristo”. O Papa Francisco se lembrou de uma
“pintura antiga da Odigitria na Catedral de Bari, numa de suas audiências
gerais[1].
“Nossa Senhora que mostra Jesus nu. Depois, colocaram nele uma roupa para
cobrir a nudez, mas a verdade é que Jesus, nu, ele mesmo homem que nasceu de
Maria, é o mediador e ela mostra o mediador. É a Odigitria“. “Na iconografia
cristã a sua presença está em toda parte, às vezes até com grande destaque, mas
sempre em relação ao Filho e em função d’Ele. As suas mãos, o seu olhar, a sua
atitude são um “catecismo” vivo e indicam sempre o âmago, o centro: Jesus.
Maria está totalmente voltada para Ele a ponto de que podemos dizer que é ela
mais discípula do que mãe. A indicação nas Bodas de Caná. Ela sempre mostra
Cristo. É a primeira discípula”, sublinhou o Papa Francisco."
*Padre Gerson
Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da
Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação
pela FAMECOS/PUCRS.
_________
[1] Fonte:
Vatican News, Audiência Geral,
Vaticano 24 de março de 2021.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt