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segunda-feira, 29 de abril de 2024

A economia está subordinada ao bem comum (2)

Amintore Fanfani professor de História das doutrinas econômicas na Universidade Católica de Milão, onde obteve a cátedra em 1936 | 30Giorni

Arquivo 30Dias – 05/2006

A economia está subordinada ao bem comum

Os escritos económicos que Amintore Fanfani publicou na década de 1930, quando era um jovem professor universitário, foram reimpressos. São uma crítica ao capitalismo feita a partir da tradição cristã.

por Fabio Silvestri

Estas conferências ajudaram a iluminar o significado peculiar deste ensaio. Também com base nos gravíssimos efeitos económicos e sociais produzidos pela Grande Depressão de 1929, foi portador de um reformismo de derivação social-cristã que visava moderar o egoísmo individualista, característico de grande parte do sistema capitalista, com uma concepção de economia inspirada em critérios de solidariedade. Pretendia também distanciar-se da então difundida posição weberiana que, trinta anos antes, afirmava, em controvérsia com a abordagem marxista, o papel decisivo desempenhado pela cultura religiosa e pelo sistema ético do protestantismo na génese do capitalismo. Como observou Antonio Fazio no prefácio do volume, Fanfani parecia concordar com a abordagem de Max Weber segundo a qual a essência mais profunda do capitalismo não consiste em ser «apenas um conjunto de instituições ou uma forma de desenvolver relações de produção», mas sim em ser «antes de mais uma cultura e uma hierarquia de valores que moldam a forma de pensar e de agir». Mas Fanfani opôs esta tese à primazia, na determinação da essência da própria atividade económica, do complexo papel histórico desempenhado pelo “espírito católico”, segundo o qual “a economia está subordinada, como meio para um fim, ao bem -ser do homem e da comunidade." Portanto, partindo do reconhecimento do papel decisivo desempenhado também pelos países de cultura católica na fundação das raízes económico-sociais do espírito do capitalismo, que dariam os primeiros sinais de si mesmos (ao contrário do que está exposto na tese weberiana ) «já no final da Idade Média», Fanfani não excluiu uma incompatibilidade fundamental com o pensamento cristão e, consequentemente, propôs uma reforma profunda inspirada nos princípios da doutrina social da Igreja, que na própria Rerum novarum alertara para a perigos ligados à afirmação de um sistema capitalista baseado na concorrência desenfreada e na concentração monopolista de riqueza.

Portanto, a proposta económico-social de Fanfani foi também significativa para a história do movimento católico, não só em Itália, porque estava ligada a toda uma tradição oitocentista de pensamento social cristão que, apesar de ter origens diferentes e apesar de se ter expressado em diferentes formas e experiências em vários países europeus, encontrou então o seu próprio momento de síntese teórica e programática na conhecida encíclica leonina, e articulou-se, no século seguinte, em toda uma série de experiências e passagens históricas. Entre estas últimas, a encíclica Quadragesimo anno , publicada por Pio XI apenas três anos antes da publicação dos escritos de Fanfani, teria assumido particular importância. Em particular, o pensamento de Fanfani, na referência coerente a esta tradição que sublinhou corajosamente a gravidade e a urgência da solução da chamada "questão social", e que representou de alguma forma o ponto de partida de uma autêntica política social da Igreja, retomou algumas ideias da teorização de seu professor e mentor Giuseppe Toniolo. Toniolo, como sublinha Piero Roggi na sua introdução, esteve entre os mais ativos apoiantes da ação católica no terreno social e político, conduzida com base na procura de uma solução, inspirada no corporativismo medieval, uma alternativa tanto ao liberalista como ao socialista. Uma perspectiva, a indicada por Toniolo, destinada a ter considerável influência no pensamento social católico da primeira metade do século XX (pense no Código Social de Malines, publicado em 1927, que representou uma releitura atualizada da própria Rerum novarum, ou ao caso do filósofo francês Jacques Maritain, que sublinhou «a derivação da ideologia comunista-marxista do humanismo antropocêntrico»). Uma perspectiva destinada, além disso, a desempenhar o seu próprio papel nos desenvolvimentos políticos e sociais subsequentes, como, entre outros, o Código Camaldoli, que representou um importante momento de convergência das diferentes "almas" e diferentes orientações teóricas presentes no movimento católico , em grande parte atribuível à Ação Católica, e em particular a alguns órgãos dirigentes do próprio Fuci, mas sobre os quais também tiveram um impacto significativo as soluções cooperativas propostas pelo partido cooperativista sinarquista de Adriano Ossicini e Franco Rodano, após cerca de dois anos tomará o nome do Partido da Esquerda Cristã. Sem esquecer, então, o papel desempenhado por Fanfani, e junto com ele pelas novas gerações de intelectuais formados na Universidade Católica de Milão, em ter trazido ao nível do debate científico e acadêmico problemas e hipóteses que até então estavam de alguma forma em debate. limitado ao âmbito das associações católicas, e por ter contribuído para a futura proposta política da Democracia Cristã, e na sede constituinte, para a constituição dos princípios e fundamentos económicos e sociais do então nascente Estado Republicano.

 Fonte: http://www.30giorni.it/

O Papa: num mundo dividido por egoísmos, compartilhar o dom da diversidade

Audiência do Santo Padre aos participantes dos Capítulos Gerais dos Filhos da Caridade e dos Irmãos de São Gabriel (Vatican Media)

Francisco recebe os Filhos da Caridade e os Irmãos de São Gabriel e recomenda ao primeiro grupo que olhe para o crucifixo e para as feridas dos pobres, como fazia a fundadora Madalena de Canossa, e ao segundo que valorize a variada internacionalidade que distingue a ordem: a uniformidade mata, a harmonia, fruto do Espírito, faz crescer.

Vatican News

O Papa Francisco encontrou na manhã desta segunda-feira, 29 de abril, na Sala Clementina, no Vaticano, os Filhos da Caridade Canossianos e os Irmãos de São Gabriel e lhes dirigiu um discurso por ocasião de seus capítulos gerais e dos aniversários de nascimento de seus fundadores, respectivamente 250 anos de Santa Madalena de Canossa e 350 anos de São Luís Maria Grignion de Montfort. O Pontífice releu a experiência deles à luz dos tempos contemporâneos, muitas vezes marcados por “egoísmos e particularismos”: as diversidades, disse o Santo Padre, são dons preciosos a serem compartilhados.

Os capítulos gerais, eventos sinodais de graça

Para ambas as ordens religiosas, o Pontífice recordou a importância dos Capítulos que, citando o beato Pironio, são eventos “de família”, mas também eventos de Igreja e eventos “salvíficos”, verdadeiros “eventos sinodais” dos quais especificou a peculiaridade:

Momentos de graça, um Capítulo é um momento de graça, a ser vivido, em primeiro lugar, na docilidade à ação do Espírito Santo, fazendo memória agradecida do passado, prestando atenção ao presente - ouvindo uns aos outros e lendo os sinais dos tempos - e olhando com coração aberto e confiante para o futuro, para uma verificação e uma renovação pessoal e comunitária, ou seja, passado, presente, futuro, entram em um Capítulo, para recordar, avaliar e avançar no desenvolvimento da Congregação.

Audiência do Santo Padre aos participantes dos Capítulos Gerais dos Filhos da Caridade e dos Irmãos de São Gabriel (Vatican Media)

Os religiosos não sejam “bombeiros”

Francisco confessou um pesar, e o fez em tom de brincadeira para ressaltar sua mensagem, partindo do tema escolhido pelos Canossianos para seu discernimento: “Quem não arde não incendeia”.

Fico triste quando vejo religiosos que mais parecem bombeiros do que homens e mulheres com o ardor de incendiar. Por favor, não sejam bombeiros; já temos muitos.

Olhar para o crucifixo e abrir os braços para os pequeninos

Lembrando que os Canossianos estão presentes em sete países, com membros de dez nacionalidades, e que são coadjuvados pelas irmãs Canossianas com uma realidade leiga cada vez mais ativa e envolvida, o Papa os exortou a olhar para a coragem da fundadora que trabalhou “em um mundo não menos difícil do que o nosso”, para “tornar conhecido e amado Jesus, que não é amado porque não é conhecido”.

Santa Madalena lhes mostrou como superar as dificuldades: com os olhos voltados para o Crucifixo e os braços abertos para os últimos, os pequenos, os pobres e os doentes, para cuidar, educar e servir nossos irmãos com alegria e simplicidade. Quando o caminho se tornar difícil, então, façam como ela: olhem para Jesus Crucificado e olhem para os olhos e as feridas dos pobres, e verão que, aos poucos, as respostas entrarão em seus corações com uma clareza cada vez maior.

Usar a coragem

No Capítulo, os religiosos de São Gabriel refletem sobre o tema “Escutar e agir com coragem”. E sobre essas palavras o Papa se deteve, enfatizando particularmente a coragem de que estava falando: “Aquela parresia apostólica”. É a coragem “que lemos, por exemplo, no livro dos Atos dos Apóstolos. Essa coragem. E há o Espírito para nos dar essa coragem, e devemos pedir por ela”.

São duas atitudes - escuta e coragem - que exigem humildade e fé, e que refletem bem o espírito e a ação de São Luís Maria e do padre Deshayes, que também lhe deixaram um tríptico precioso como bússola para suas decisões: “Só Deus”, a “Cruz” - gravada no coração - e “Maria”. “Só Deus”, a “Cruz” - gravada no coração - e “Maria”.

A internacionalidade é boa para o apostolado

Os Irmãos de São Gabriel são formados por mais de mil religiosos, engajados no cuidado pastoral, na promoção humana e social e na educação - especialmente em favor dos cegos e surdos-mudos - em 34 países. Francisco repetiu que é o Espírito Santo que cria a harmonia, porque Ele é seu “mestre”. E, insistiu o Papa: “A uniformidade em um instituto religioso, em uma diocese, em um grupo de leigos, mata! A diversidade em harmonia faz crescer. Não se esqueçam disso. Diversidade em harmonia”. Daí, o convite para sermos profetas da acolhida e da integração:

A Providência concedeu-lhes também a riqueza de uma internacionalidade variada: ela fará muito bem ao seu crescimento e ao seu apostolado, se souberem vivê-la acolhendo e compartilhando a diversidade de forma construtiva, entre vocês e com todos.

Audiência do Santo Padre aos participantes dos Capítulos Gerais dos Filhos da Caridade e dos Irmãos de São Gabriel (Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Catarina de Sena

Santa Catarina de Sena (A12)
29 de abril
Santa Catarina de Sena

Catarina Benincasa nasceu na cidade de Siena (Sena), Itália, 24ª filha de 25 irmãos, em 1347. De família pobre, sua infância foi difícil, com desenvolvimento frágil e doenças recorrentes, sem poder estudar. Mas com sete anos já falava das visões que tinha nos momentos de oração, e fazia rigorosas penitências, desaprovadas pelos pais; quis consagrar sua virgindade a Deus. Aos 15 anos entrou como irmã leiga na Ordem Terceira de Dominicana, continuando a ter êxtases durante as orações contemplativas, o que levou à conversão de centenas de pessoas.

Era a época do chamado “exílio de Avignon” (1305-1376), quando o Papado estava sediado nesta cidade francesa, e não em Roma. Esta situação levou à interferência do governo francês na Igreja, e por fim ao Grande Cisma do Ocidente, que a partir de 1378 produziu dois antipapas, Clemente VII e Bento XII, em oposição ao legítimo pontífice Urbano VI.

Catarina apoiava o verdadeiro Papa, mas inconformada com a triste situação da Igreja e inspirada por Deus, iniciou um movimento para que a vida eclesiástica voltasse à normalidade. Viajou por toda a Itália e outros países, pregando vigorosamente, e, como não sabia escrever, ditava cartas que eram endereçadas a reis, príncipes, governantes católicos, bispos e cardeais. Seu tema principal era a volta do Papado para Roma, mas também a pacificação da Itália, a necessidade de Cruzadas, a reforma da Igreja e a pureza de costumes dos membros do clero, lembrando a estes sua dignidade de “ministros do sangue de Cristo”. Por fim, em 1376 foi a Avignon e conseguiu que o Papa, então Gregório XI, antecessor imediato de Urbano VI, voltasse para Roma, em 1377.

Catarina cuidou também dos enfermos da peste, que chegou a matar um terço de toda a população europeia. Suas pregações eram ouvidas por grandes teólogos que viajavam para receber a profundidade dos seus ensinamentos. Fundou um mosteiro; e ditou muitas e importantes obras, incluindo cartas (das quais se conservam aproximadamente 400), orações e o livro "Diálogo sobre a Divina Providência", uma conversa entre uma alma em ascensão a Deus e o próprio Deus. Seus escritos têm enorme valor místico, teológico e histórico.

Desde 1375, Catarina portava os estigmas, incruentos, de Cristo, e segundo testemunhas revivia semanalmente a Paixão do Senhor.

 Santa Catarina faleceu em 29 de abril de 1380, em consequência de um derrame. É Doutora da Igreja e patrona da Itália com São Francisco de Assis. E também padroeira da Europa, junto com São Bento, os irmãos Santos Cirilo e Metódio, Santa Brígida da Suécia e Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein, judia convertida, morta no campo de concentração de Auschwitz em 1942).

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A verdadeira sabedoria vem de Deus, e por isso entre os Doutores da Igreja temos intelectuais do porte de São Tomás de Aquino mas também Santa Catarina de Sena, que pouco estudou e não sabia escrever. Algumas obras se tornam mais destacadas por causa da fragilidade de quem as pratica; assim, não chama tanto a atenção como cruzado São Luís, rei de França, na guerra contra os muçulmanos, quanto a jovem Joana d’Arc comandando os exércitos franceses na Guerra dos Cem Anos. Deus escolhe o que é fraco no mundo para confundir os fortes (cf. 1Cor 27,29)… e deixar claro que é o Seu poder que conduz o mundo. A extraordinária atividade de Santa Catarina de Sena, quando os grandes da época se debatiam, perdidos em controvérsia, é um grito do Senhor contra a prepotência humana. Neste sentido, particularmente ao clero – como hoje – foi fundamental a advertência para a retomada da pureza dos costumes e da consciência da sua alta vocação. Santa Catarina acreditava que a saúde do rebanho dependia da conversão e do bom exemplo dos pastores, o que vale para todas as fases da História. Somos todos chamados à grandeza da vida em Cristo e com Cristo, e por isso ela proclamava: “Não nos contentemos com as coisas pequenas. Deus quer coisas grandes! Se vocês fossem o que deveriam ser, incendiariam toda a Itália!”, isto é, com o fogo do Espírito Santo, com o assumirmos a nossa identidade de Imagem e Semelhança de Deus. Não fomos criados para a mediocridade, particularmente a espiritual, nem para os mesquinhos interesses mundanos. Somos filhos do Rei dos reis, e nossa grandeza está exatamente em servi-Lo no amor e cuidado ao próximo – seja isto efetivado no doar de um pão ou na admoestação a um Papa.

Oração:

Senhor Deus, cuja infinita bondade guia com sabedoria os rumos da História, tirando sempre o Bem ainda que dos maiores erros humanos, concedei-nos por intercessão de Santa Catarina de Sena a graça de Vos deixar agir em nós conforme Vos agrada, para podermos ser estigma de caridade na vida dos irmãos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

domingo, 28 de abril de 2024

Conselhos do segundo livro católico mais lido da história

Nicolas Oresme | Domínio público
Yohana Rodríguez publicado em 27/04/24
Você quer aprimorar suas virtudes para cumprir os desígnios de Cristo? Esses pontos resumidos deste excelente livro irão ensiná-lo como fazer isso.

Você provavelmente tem uma Bíblia em casa; Todos os católicos recebem uma na primeira comunhão e, com o tempo, mais Bíblias chegam até nós: com sacramentos, presentes e heranças de nossas famílias. Portanto, é óbvio que este é o livro católico mais lido e traduzido da história.

Contudo, poucos sabem que o segundo livro mais popular é Sobre a Imitação de Cristo , publicado em 1473 por Thomas Hermeken, monge e místico da ordem de Santo Agostinho, comumente conhecido como “Tomás de Kempis” ou “Kempis”.

É um clássico da literatura católica e, para muitas pessoas, o livro preferido para meditar. No caso de Santa Teresa de Lisieux, foi um livro que marcou a sua vida espiritual a ponto de aperfeiçoar a sua vida religiosa.

Assim, ao ler este livro , foi inevitável fazer uma breve compilação de pontos que Tomás de Kempis nos aconselha a meditar e agir: 

Aconselhamos que você reserve cerca de 10 minutos do seu dia para meditar em cada ponto que nos é apresentado no livro. Se o fizermos de forma consciente, haverá mudanças, não só na nossa forma de pensar, mas também na forma como agimos.

Fonte: https://es.aleteia.org/

O homem pode ser reduzido a uma máquina?

Homem e máquina em conexão (NSC Total)

O HOMEM PODE SER REDUZIDO A UMA MÁQUINA?

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

Baseado no livro “O Princípio da Humanidade”, de Jean-Claude Guillebaud, discutimos os desafios em redefinir a humanidade do homem na era da tecnociência.  Guillebaud ressalta que, se no passado os perigos para definir a humanidade do homem provinham dos totalitarismos e tiranias, hoje são os avanços da pesquisa científica que colocam em questão a essência do ser humano. A ciência contemporânea, ao ressuscitar questões denunciadas por Primo Levi sobre a redução do homem ao animal, objeto ou coisa, desperta preocupações sobre a possibilidade de equiparar o ser humano a uma máquina. As ciências cognitivas não nos sugerem a hipótese do cérebro eletrônico? A inteligência artificial não é uma concretização dessa hipótese que mostra a proximidade do homem com a máquina? 

As memórias do Holocausto servem como lembretes sombrios do que acontece quando a humanidade da pessoa humana é negada ou reduzida e, portanto, mostram que o homem jamais deve ser assemelhado ao animal, à máquina ou à coisa.  

A discussão sobre a redução do homem à máquina é um dilema filosófico e ético que se intensificou com os avanços da tecnologia e da ciência. Ela envolve questões fundamentais sobre a natureza do ser humano, consciência, alma e espírito. 

Guillebaud apresenta um embate entre duas perspectivas: a teoria forte da inteligência artificial (AI), que argumenta não haver diferença ontológica entre humanos e máquinas, e a teoria fraca, que reconhece limitações e diferenças fundamentais. A ideia de que não há diferença ontológica desafia concepções tradicionais sobre a singularidade e dignidade humanas.  

Os defensores da teoria forte da AI sugerem que os humanos são essencialmente máquinas complexas, prevendo que as máquinas realizarão todas as tarefas humanas. No entanto, críticos como Hubert L. Dreyfus contestam essa visão, argumentando que o cérebro humano não opera como um computador e que a compreensão da psique humana vai além das capacidades da inteligência artificial. 

Os elementos essenciais que definem a humanidade não se limitam apenas às habilidades cognitivas. Há aspectos como a subjetividade, emoções e responsabilidade moral, intrínsecos à profundidade da experiência humana, que não podem ser replicados por máquinas e que distinguem o homem delas, desafiando a ideia de uma redução simplista à tecnologia. O computador, por mais avançado que seja, é incapaz de experimentar emoções ou compreender a profundidade da experiência humana. A subjetividade faz a diferença no homem, separando-o da máquina e do animal, e nenhum estudo neurobiológico pode capturar completamente esse aspecto essencial da humanidade. 

O neurobiologista Antonio Damasio destaca a importância das emoções na racionalidade humana e como estão ligadas à percepção da alma ou espírito. Além disso, a crítica de Thomas Nagel sobre a incompreensibilidade da experiência subjetiva de outros seres, como morcegos, ressalta a lacuna na capacidade das teorias neurobiológicas em compreender a profundidade da consciência humana. 

As metáforas científicas, como a comparação do homem com uma máquina, especialmente o computador, refletem nossa tentativa de compreender aspectos complexos da inteligência humana, mas são limitadas e não devem ser tomadas como explicações definitivas. Embora o computador possa fornecer insights sobre certos aspectos do intelecto humano, é essencial reconhecer as limitações dessa metáfora, pois ela não pode ser considerada uma explicação completa nem dá fundamentos para negar a essência humana. A comparação do homem com uma máquina não é uma verdade objetiva, mas sim uma construção que reflete nossos próprios desejos e limitações. Em última análise, a interpretação em sentido realístico da metáfora coloca em risco a compreensão da verdadeira natureza e dignidade humanas. 

Portanto, a afirmação da humanidade do homem não depende apenas da pesquisa científica (genética, neurociência, teoria computacional), mas também de abordagens filosóficas e dos diversos ramos das ciências humanas que deem conta de considerar o ser humano em suas multifacetadas dimensões. A responsabilidade, emoção e subjetividade são aspectos fundamentais que distinguem o homem da máquina e devem ser levados em consideração em qualquer discussão sobre a relação entre o homem e a inteligência artificial. Afinal, a verdadeira compreensão do humano não pode ser reduzida a simples metáforas ou modelos simplificados. 

Em última análise, a tentativa de reduzir o homem à máquina coloca em risco a compreensão sobre sua natureza e dignidade. É necessário um diálogo ético e reflexivo sobre os limites e implicações de nossas tentativas de entender e replicar a complexidade da mente humana, celebrando a diversidade e singularidade do ser humano em vez de reduzi-lo a simples metáforas ou modelos simplificados.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Reflexão para o V domingo da Páscoa (B)

 

Videira (Vatican News)

O Evangelho de João nos fala da videira que é Jesus e do Agricultor que é o Pai. Jesus é a videira verdadeira porque só Ele produz os frutos desejados pelo Pai, ou seja, a justiça, a retidão e o amor.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

A liturgia deste domingo se refere ao crescimento da Igreja e, naturalmente, às tensões que se verificam em qualquer relacionamento humano.

A primeira leitura, tirada dos Atos dos Apóstolos, se refere a Paulo, a seu trabalho e à desconfiança que a Comunidade tinha em relação ao antigo perseguidor. A seu favor surge Barnabé que o apresenta aos Apóstolos e salienta suas qualidades de conhecedor da Sagrada Escritura e de ter dito sim ao chamado de Jesus no caminho de Damasco, de ter aderido totalmente ao Senhor e de se ter tornado o grande pregador do Evangelho.

Paulo vive plenamente o encontro com Jesus. Ele precisou e teve o apoio de um de seus companheiros na fé – Barnabé – e também da Comunidade.

O trecho da 1ª Carta de João, a segunda leitura na liturgia deste domingo, revela que Paulo estava totalmente imbuído do Espírito do Senhor, por isso suas ações eram frutos do amor que o Pai havia colocado nele. 

O Evangelho de João nos fala da videira que é Jesus e do Agricultor que é o Pai. Jesus é a videira verdadeira porque só Ele produz os frutos desejados pelo Pai, ou seja, a justiça, a retidão e o amor. O Pai é o agricultor porque cuida de sua videira para que ela dê os bons frutos que Ele deseja. Nesse trabalho de cuidar da videira, o Pai a poda. Ele o faz para que ela dê frutos excelentes e abundantes. A poda é um reforço e não um desejo de ver a videira sofrer. Ela não é castigo, provação e sim graça.

O texto evangélico nos fala em permanecer unido à videira. Ora, somos os ramos e permanecer unidos significa estar plenos de amor, unidos ao Amado. Será essa união que nos possibilitará dar frutos.

O batismo nos inseriu no tronco. Por ele nos tornamos membros da videira, seus ramos. Em nós passou a correr a seiva da graça de Deus, a força do Espírito Santo, a Vida!

Paulo passou de perseguidor a um dos ramos enxertados na videira que é o Corpo Místico de Cristo e que se deixou podar sempre que necessário. Ele se tornou um dos alicerces da Igreja, uma de suas grandes colunas.

A graça recebida não foi em vão!

Cada um tem sua vida, sua vocação, sua história. Vivamos a nossa, conscientes de que a graça nos é dada e de que o importante é nos abrirmos à ação de Deus, e não quem somos.

Lembremo-nos de Paulo, o convertido e de Maria, a cheia de graça, ambos unidos á Videira Verdadeira, Jesus Cristo.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A economia está subordinada ao bem comum (1)

Apresentação do livro de Amintore Fanfani na Pontifícia Universidade Gregoriana em 28 de fevereiro de 2006. No centro da mesa dos palestrantes estavam Giorgio Napolitano e Giulio Andreotti | 30Giorni

Arquivo 30Dias – 05/2006

A economia está subordinada ao bem comum

Os escritos económicos que Amintore Fanfani publicou na década de 1930, quando era um jovem professor universitário, foram reimpressos. São uma crítica ao capitalismo feita a partir da tradição cristã.

por Fabio Silvestri

O método histórico ensina que, na análise dos processos culturais e sociais, é necessário evitar a tentação de focar o olhar nos acontecimentos e “emergências” mais imediatamente evidentes, que de alguma forma constituem o lado consciente e consciente, para em vez disso centrar a atenção naqueles elementos “duradouros” que representam a estrutura profunda, na forma de elementos aparentemente “inconscientes” (mas ciclicamente sempre prontos a manifestar a sua presença), desses mesmos processos. Uma destas persistências que animam “profundamente” a história do mundo contemporâneo foi posta em causa, há poucos meses, pelo Cardeal Renato Raffaele Martino. Estes, apresentando o volume do Pontífice A Europa de Bento XVI , destacaram como a partir daquele fatídico 1989, que marcou definitivamente o fim da Segunda Guerra Mundial e a divisão do mundo em blocos de poder, e que quebrou "a camisa de força" das ideologias (" que de alguma forma dominou o mundo durante muitos anos"), o novo desafio e o novo horizonte histórico com que todos somos chamados a lidar diariamente, seja representado pela relação entre tecnologia e ética. Em particular, as palavras de Martino sublinharam como o destino da humanidade parece orientado para uma nova divisão em "dois blocos", isto é, entre aqueles que acreditam que a pessoa humana nada mais é do que um produto histórico e cultural artificial (cortando, neste caso, plano, a ligação com a natureza, a tradição e a criação) e aqueles que não partilham um processo de absolutização da tecnologia, que resulta numa concepção meramente pragmática e processual da política, da economia, do desenvolvimento, bem como da democracia e dos próprios direitos humanos. A questão levantada pelo Cardeal Martino, «dependendo se for considerada na esfera política, onde paira o risco da tecnocracia, ou na esfera da manipulação da vida, onde confiamos cegamente na biotecnologia, ou na esfera da comunicação, remodelada e perturbada pela tecnologia da informação", está claramente ligada às questões dramáticas que derivam da difusão cada vez mais preocupante à escala planetária de uma lógica de desenvolvimento económico completamente desvinculada de qualquer propósito ético e que, ao gerar desequilíbrios e desigualdades cada vez mais graves e preocupante, também se revela, não raro, como um desrespeito pela dignidade fundamental do ser humano.

A este nível, a afirmação de um processo de globalização que, como também sublinharam dois ilustres vencedores do Prémio Nobel, como Amartya Sen e Joseph Stiglitz, coloca o problema de «aproveitar bem a liberalização dos mercados e dos resultados para que todos os países possam dela beneficiar para alcançar um desenvolvimento adequado", obriga-nos a repensar em profundidade os fundamentos sobre os quais assentam os chamados "fundamentos" da economia e a perguntar-nos cada vez com mais insistência se e como é possível encontrar antídotos úteis para contrariar a lógica do “fundamentalismo de mercado”. E da mesma forma, mesmo a política, se não quiser registar mais uma derrota face à ameaça de uma “economicização do mundo” que abre caminho a uma “tecnociência” descontrolada, não pode evitar o dever de repensar , até culturalmente, as próprias fórmulas e soluções. E não pode, consequentemente, evitar a tarefa de chamar a atenção para as antigas questões históricas da relação entre a ética e o capitalismo e, mais amplamente, entre a ética e a economia, de cuja única solução depende a possibilidade concreta de que o processo de globalização da A economia não se traduz, quase automaticamente, numa crise moral cada vez mais dramática.

Neste sentido, o interesse despertado pelo regresso à impressão (mais de sessenta anos após a sua última publicação em Itália e graças à iniciativa da Fundação Amintore Fanfani e da editora Marsilio) do volume fundamental, Cattolicesimo, parece perfeitamente compreensível e protestante. na formação histórica do capitalismo , que o próprio Fanfani, então muito jovem professor de história econômica na Universidade Católica de Milão, escreveu em 1934. O interesse nesta análise aprofundada da formação da sociedade capitalista, conduzida em relação ao diferentes interpretações do mundo e em relação às diferentes concepções do destino humano de que o cristianismo católico e protestante se tornaram, respectivamente, portadores, foi também reafirmado pelas importantes conferências que se dedicaram à reconstrução da obra de Amintore Fanfani, primeiro (na apresentação do volume) pela Pontifícia Universidade Gregoriana e, mais recentemente, pela mesma Universidade Católica de Milão.

 Fonte: http://www.30giorni.it/

O Papa: a fé em Jesus, o vínculo com Ele, nos abre para receber a seiva do amor de Deus

Visita pastoral do Papa Francisco a Veneza (Vatican Media)

Permanecer no Senhor significa crescer no relacionamento com Ele, dialogar com Ele, acolher sua Palavra, segui-lo no caminho para o Reino de Deus. Portanto, trata-se colocar-nos a caminho atrás d’Ele, de nos deixarmos provocar por seu Evangelho e de nos tornarmos testemunhas de seu amor: disse o Papa Francisco em seu último compromisso em terras venezianas, este domingo, 28 de abril, na Missa celebrada na Praça São Marcos.

Raimundo de Lima – Vatican News

A fé em Jesus, o vínculo com Ele, não aprisiona nossa liberdade, mas, ao contrário, nos abre para receber a seiva do amor de Deus, que multiplica nossa alegria, cuida de nós com o cuidado de um bom vinhateiro e faz nascer brotos mesmo quando o solo de nossa vida se torna árido. Foi o que disse o Santo Padre na celebração da Eucaristia – centro e ápice da vida cristã –, ponto alto de sua visita pastoral a Veneza, este domingo, 28 de abril, numa Praça São Marcos repleta de fiéis e peregrinos, cerca de 10.500, de Veneza e das dioceses do Vêneto, norte da Itália.

Somente aquele que permanece unido a Jesus dá frutos. Em sua homilia, Francisco deteve-se sobre o Evangelho deste V Domingo do Tempo Pascal, que nos traz a parábola da videira.

Eu sou a videira e vós sois os ramos

Jesus é a videira, nós somos os ramos. E Deus, o Pai misericordioso e bom, como um agricultor paciente, trabalha conosco com cuidado para que nossa vida seja repleta de frutos. É por isso que Jesus recomenda que conservemos a dádiva inestimável que é o vínculo com Ele, do qual dependem nossa vida e fecundidade.

Assim, a metáfora da videira, ao mesmo tempo em que expressa o cuidado amoroso de Deus por nós, por outro lado nos adverte, pois se rompermos esse vínculo com o Senhor, não poderemos gerar frutos de boa vida e nós mesmos corremos o risco de nos tornarmos ramos secos, que serão jogados fora.

Tendo como pano de fundo a imagem usada por Jesus, continuou o Pontífice, penso também na longa história que liga Veneza ao trabalho das videiras e à produção de vinho, no cuidado de tantos viticultores e nos numerosos vinhedos que surgiram nas ilhas da Lagoa e nos jardins entre as calas da cidade, e naqueles que engajaram os monges na produção de vinho para suas comunidades.

Isso é o que conta, permanecer no Senhor, habitar n’Ele

Mas a metáfora que saiu do coração de Jesus também pode ser lida ao pensarmos nessa cidade construída sobre a água e reconhecida por essa singularidade como um dos lugares mais evocativos do mundo. Veneza é uma só com as águas sobre as quais está situada e, sem o cuidado e a proteção desse ambiente natural, poderia até deixar de existir. Assim também é nossa vida: nós também, imersos para sempre nas fontes do amor de Deus, fomos regenerados no Batismo, renascemos para uma nova vida pela água e pelo Espírito Santo e fomos inseridos em Cristo como ramos na videira. Em nós flui a seiva desse amor, sem o qual nos tornamos ramos secos que não dão frutos.

Francisco deteve-se sobre uma das palavras-chave dadas por Jesus aos seus apóstolos antes de concluir sua missão terrena: trata-se da palavra “permanecei”, exortando os apóstolos a manter vivo o vínculo com Ele, a permanecer unidos a Ele como os ramos à videira.

Irmãos e irmãs, isso é o que conta: permanecer no Senhor, habitar n’Ele. E esse verbo - permanecer - não deve ser interpretado como algo estático, como se quisesse nos dizer para ficarmos parados, estacionados na passividade; na realidade, ele nos convida a nos colocarmos em movimento, porque permanecer no Senhor significa crescer no relacionamento com Ele, dialogar com Ele, acolher sua Palavra, segui-lo no caminho para o Reino de Deus. Portanto, trata-se colocar-nos a caminho atrás d’Ele, de nos deixarmos provocar por seu Evangelho e de nos tornarmos testemunhas de seu amor.

Produzir os frutos do Evangelho em nossa realidade

E nós, cristãos, disse Francisco, que somos ramos unidos à videira, a videira do Deus que cuida da humanidade e criou o mundo como um jardim para que possamos florescer nele e fazê-lo florescer, como respondemos?

Permanecendo unidos a Cristo, seremos capazes de produzir os frutos do Evangelho na realidade em que vivemos: frutos de justiça e paz, frutos de solidariedade e cuidado mútuo; escolhas de cuidado com o meio ambiente, mas também com o patrimônio humano: precisamos que nossas comunidades cristãs, nossos bairros, nossas cidades se tornem lugares hospitaleiros, acolhedores e inclusivos. E Veneza, que sempre foi um lugar de encontro e de intercâmbio cultural, é chamada a ser um sinal de beleza acessível a todos, a começar pelos últimos, um sinal de fraternidade e de cuidado com a nossa casa comum. Veneza, terra que faz irmãos. Obrigado!

Concluída a celebração eucarística - último compromisso da visita pastoral do Papa a Veneza -, Francisco visitou de forma privada a Basílica de São Marcos para venerar as relíquias do Santo Evangelista, detendo-se por um breve momento em oração.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Pedro Chanel

São Pedro Chanel (A12)
28 de abril
São Pedro Chanel
Pedro Chanel nasceu em Cuet, próximo a Belley, França no ano de 1803, de uma família do campo. Foi batizado pelos próprios pais em 16 de julho, memória litúrgica da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo; ele manteve por toda a vida grande devoção a Nossa Senhora. Era simples e educado, e o pároco de Cras-sur-Reyssouze notou a vocação religiosa do menino, convidando-o a estudar na escola do Seminário da sua paróquia. Ao ser crismado, quis acrescentar ao nome o do seu protetor, São Luís Gonzaga, e descobrindo que sua mãe o consagrara antes do nascimento à Virgem, adotou também o de Maria: Pedro Luís Maria Chanel.

Com 21 anos entrou para o Seminário Maior em Bourg, onde começou a desejar ser missionário, e depois de três anos, em 1827, ordenou-se padre. Foi nomeado vice-pároco em Ambérieu e depois pároco em Crozet. Duas vezes pediu ao bispo para abraçar a vida missionária, sem obter a permissão. Porém conheceu o padre Jean-Claude Colin, com o qual, e outros sacerdotes, fundou uma nova Congregação, a Sociedade de Maria, cujo carisma era a evangelização missionária dos não cristãos. Foi assim um dos primeiros membros da Congregação dos Maristas, aprovada em 1836.

Em 1835 a Santa Sé pediu voluntários à diocese de Lyon para uma missão na Oceania, e os maristas aceitaram. Embarcou Pedro em 1837 para Futuna, com um confrade, o Irmão Delorme. Levaram mais de um ano para chegar a esta ilha do Oceano Pacífico, no arquipélago de Willis, onde o rei Niuliki os recebeu e hospedou na sua própria casa. Iniciaram os missionários o aprendizado da língua e dos costumes locais. A primeira Missa, em dezembro, foi celebrada em segredo na cabana construída para eles, e que depois se tornaria uma capela. Mas Pedro decidiu convidar para a Missa de Natal o rei e sua família. O evento foi muito apreciado, e logo muitos ilhéus vieram pedindo uma repetição. Aos poucos, Pedro dedicou-se à visitação das aldeias e ao cuidado dos idosos e enfermos, com bondade e mansidão, o que o tornou conhecido e atraiu a atenção para a Fé católica. Em dois anos, surgiram os primeiros pedidos para o Batismo.

A popularidade dos sacerdotes incomodou os idosos da ilha, desejosos de manter sua religião, tradições e costumes, bem como o rei Niuliki, temeroso de perder sua autoridade: impediu as missões, incitou que os religiosos fossem insultados, maltratados e roubados, promoveu a perseguição dos catecúmenos; Pedro e Delorme chegaram a ficar sem comida. Por fim tiveram que sair da ilha. Mas ao saber da conversão do próprio filho, o rei mandou matar os padres, executados a golpes de tacape em 28 de abril de 1841. Pedro foi o primeiro mártir marista e da Oceania.

Em 1842, novos missionários chegaram a Futuna, construindo uma igreja no local do martírio, e em 1844 toda a ilha havia se convertido, tornando-se inclusive um centro de evangelização missionária para outras ilhas. Atualmente pertencente à França, Futuna é um local turístico e pacífico. São Pedro Chanel é padroeiro da Oceania.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Não há dúvida de que o testemunho é o melhor método de evangelização. Em primeiro lugar vem sempre a caridade, a bondade, e depois as explicações, como fez São pedro Chanel. Mas o esplendor do culto público, particularmente o Santo Sacrifício da Missa, que torna visível e materializada a presença de Cristo nas espécies eucarísticas, também é fundamental. Também no Brasil, o primeiro contato com a celebração da Missa cativou os indígenas, ainda que não a compreendessem, entendendo porém o seu caráter sagrado. Os Sacramentos realizam as graças de Deus, e por isso são necessários os sacerdotes, escolhidos por Deus para cuidar do povo indefeso diante do pecado. Roguemos ao Pai pela vocação e santidade de muitos sacerdotes, pois de fato “a messe é grande e os operários são poucos” (cf. Lc 10,2).

Oração:

Senhor, Deus do universo, que nos enviais a todos os lugares como missionários do Vosso amor, concedei-nos pela intercessão de São Pedro Chanel a graça de jamais sermos uma ilha apartada de Vós, mas um oceano de virtudes para cercar de cuidados as necessidades dos irmãos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

sábado, 27 de abril de 2024

O Papa: o amor nos torna melhores, mais ricos e mais sábios, em todas as idades

Avós, Idosos e Netos, participantes do Encontro promovido pela Fundação Età Grande (Vatican Media)

Procurem seus avós e não os marginalize, para o próprio bem de vocês: “A marginalização dos idosos corrompe todas as estações da vida, não apenas a da velhice”. Vocês, por outro lado, aprendem a sabedoria do seu forte amor, e também da sua fragilidade, que é um “magistério” capaz de ensinar sem a necessidade de palavras, um verdadeiro antídoto contra o endurecimento do coração: isso os ajudará a saborear a vida como relacionamento. Foi a exortação do Papa no Encontro com avós, idosos e netos.

Raimundo de Lima – Vatican News

“Quando vocês, avós e netos, idosos e jovens, estão juntos, quando se veem e se ouvem com frequência, quando cuidam uns dos outros, o amor de vocês é um sopro de ar puro que refresca o mundo e a sociedade e nos torna todos mais fortes, para além dos laços de parentesco”, disse Francisco ao receber em audiência na manhã deste sábado, 27 de abril, na Sala Paulo VI, no Vaticano, em clima de festa, avós, idosos e netos, um evento promovido pela Fundação “Età Grande”.

O encontro "A carícia e o sorriso", que teve a participação de numerosos personagens do mundo do espetáculo, reuniu representantes das duas gerações para promover a pessoa idosa e o seu papel no mundo de hoje.

É bom recebê-los aqui, avós e netos, jovens e idosos. Hoje vemos, como diz o Salmo, como é bom estarmos juntos (Sl 133). Basta olhar para vocês para perceber isso, pois há amor entre vocês, frisou o Papa, convidando os presentes a refletir sobre isso, sobre o fato de que o amor nos torna melhores, mais ricos e mais sábios, em todas as idades.

O amor nos torna melhores

Primeiro: o amor nos torna melhores. Vocês também demonstram isso, que se tornam melhores reiprocamente ao se amarem. E digo isso a vocês como “avô”, com o desejo de compartilhar a fé sempre jovem que une todas as gerações. Eu também a recebi de minha avó, com quem aprendi pela primeira vez sobre Jesus, que nos ama, que nunca nos deixa sozinhos e que nos incentiva a estarmos próximos uns dos outros e a nunca excluirmos ninguém. Foi com ela que ouvi a história daquela família em que havia um avô que, por não comer mais bem à mesa e se sujar, foi mandado embora, colocado para comer sozinho. Não era uma coisa boa, na verdade, era muito ruim! Então, o neto ficou alguns dias mexendo em martelos e pregos e, quando seu pai perguntou o que ele estava fazendo, ele respondeu: “Estou construindo uma mesa para o senhor, para que possa comer sozinho quando ficar velho! Isso minha avó me ensinou, e nunca mais esqueci.

Não se esqueça disso também, observou o Pontífice, porque é somente estando juntos com amor, sem excluir ninguém, que se torna melhor, mais humano!

O amor nos torna mais ricos

Não só isso, mas você também se torna mais rico. Nossa sociedade está repleta de pessoas especializadas em muitas coisas, ricas em conhecimento e meios úteis para todos. Se, no entanto, não houver compartilhamento e cada um pensar apenas em si mesmo, toda a riqueza se perderá, tornando-se, de fato, um empobrecimento da humanidade. E esse é um grande risco para o nosso tempo: a pobreza da fragmentação e do egoísmo. Pensemos, por exemplo, em algumas das expressões que usamos: quando falamos de “mundo dos jovens”, de “mundo dos velhos”, de “mundo disso e daquilo”... Mas o mundo é apenas um! E é composto de muitas realidades que são diferentes justamente para que possam se ajudar e se complementar: gerações, povos e todas as diferenças, se harmonizadas, podem revelar, como as faces de um grande diamante, o maravilhoso esplendor do homem e da criação. Isso também é o que o fato de vocês estarem juntos nos ensina: não deixar que a diversidade crie fendas entre nós! Não pulverizar o diamante do amor, o mais belo tesouro que Deus nos deu.

Às vezes ouvimos frases como “pense em você!”, “não precise de ninguém!”. Essas são frases falsas, que enganam as pessoas, fazendo-as acreditar que é bom não depender dos outros, fazer por si mesmas, viver como ilhas, enquanto essas são atitudes que apenas criam muita solidão, continuou o Santo Padre.

O amor nos torna mais sábios

E isso nos leva ao último aspecto: ao amor que nos torna mais sábios. Queridos netos, seus avós são a memória de um mundo sem memória, e “quando uma sociedade perde a memória, está acabada”. Ouça-os, especialmente quando eles lhe ensinarem, por meio de seu amor e testemunho, a cultivar os afetos mais importantes, que não são obtidos pela força, não aparecem pelo sucesso, mas preenchem a vida.

Por fim, antes de despedir-se, o Santo Padre deixou-lhes uma forte exortação. Procurem seus avós e não os marginalize, para o próprio bem de vocês: “A marginalização dos idosos (...) corrompe todas as estações da vida, não apenas a da velhice”. Vocês, por outro lado, aprendem a sabedoria do seu forte amor, e também da sua fragilidade, que é um “magistério” capaz de ensinar sem a necessidade de palavras, um verdadeiro antídoto contra o endurecimento do coração: isso os ajudará a saborear a vida como um relacionamento.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF