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quinta-feira, 30 de maio de 2024

Santa Joana d'Arc

Santa Joana d'Arc (A12)
30 de maio
Santa Joana d'Arc
Joana nasceu no vilarejo de Domrémy, Ducado de Lorena, França, em 1412. Era filha de camponeses, demonstrando desde a infância muita piedade; gostava da contemplação e das celebrações litúrgicas, interessando-se pelo Catecismo e Doutrina Católica, embora analfabeta – assinava o nome com uma cruz. Trabalhava em casa e às vezes com as ovelhas do pai.

Aos 13 anos começou a ter experiências místicas, ouvindo as vozes que identificou mais tarde como sendo as do Arcanjo São Miguel, Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida de Antioquia. O anjo dizia que ela deveria socorrer o rei da França. Os pais pensaram que a menina estivesse enlouquecendo.

Neste período, a França, um dos maiores países católicos do mundo, mas dividida internamente e sofrendo decadência moral e religiosa, lutava na chamada Guerra dos Cem Anos (1337-1453) contra a invasora Inglaterra, que reivindicava o trono francês. Aos 17 anos, Joana, orientada pelas vozes celestes, entendeu que deveria encontrar o legítimo rei francês, Carlos VII, e trabalhar para a sua coroação (Henrique V da Inglaterra, neste período da guerra, tinha mais comando do país, e seu filho Henrique VI, então ainda um menino, veio a ser coroado rei da Inglaterra em 1429 e rei da França em 1431), bem como liderar os exércitos para combater os ingleses e expulsá-los da França.

Obviamente, o processo de uma camponesa iletrada chegar ao rei não foi simples, mas por fim ela o conseguiu em 1429. Para testar o que se dizia dela, que era enviada por Deus, Carlos VII disfarçou-se e um impostor foi colocado em seu lugar, com todo o aparato real. Joana, que nunca tinha visto a face de Carlos, sem se importar com o falso regente procurou e encontrou entre os presentes o legítimo monarca, dirigindo-se a ele e apresentando sua missão divina. Isto impressionou a todos, mas só após muitos testes, e a evidência de que ela conhecia coisas que só lhe poderiam ter sido reveladas por Deus, o rei concordou em seguir as suas orientações.

Joana, sempre vestida como um homem, tanto para não chamar a atenção dos adversários como para não provocar o desejo dos combatentes, passou a comandar os exércitos franceses. Sua presença disciplinava os soldados, e ela exigia deles um comportamento digno e orações: as prostitutas que acompanham a soldadesca foram expulsas, o jogo e a bebida proibidos; os soldados passaram a ter acesso aos Sacramentos e à Santa Missa, confessando e comungando antes das batalhas. O carisma sobrenatural de Joana impunha respeito e animava os soldados, que a viam como um ser angelical. Jamais a desrespeitaram.

Foi-lhe infundido um conhecimento militar que não possuía, e, montada num cavalo, com um estandarte trazendo as imagens de Jesus e Nossa Senhora em uma mão e uma espada na outra, que entretanto nunca usou, ela não apenas organizava as ações, como participava na vanguarda das batalhas. Sua primeira ação militar foi debelar o cerco que os ingleses faziam na cidade de Orleans. Seguiram-se várias campanhas, nas quais nem sempre os generais a obedeciam totalmente. Ainda assim sucederam-se as vitórias francesas, até que no vale de Loire os ingleses perderam 2.200 soldados e seu comandante foi preso. Isto permitiu a Carlos chegar à cidade de Reims, onde finalmente foi coroado, em julho de 1429.

A guerra continuou, sempre a favor da França, na qual restavam ainda poucas regiões invadidas. Mas o rei não foi verdadeiramente grato a Joana. Contrariamente à vontade dela, insistiu para que participasse na reconquista de Paris. No cerco de Compiègne, em 1430, Joana foi capturada à traição pelos borgonheses, colaboradores dos ingleses, que a receberam em troca de dinheiro.

Foi então montado um processo iníquo, grotesco e ilegal contra ela, conduzido por Pedro Cauchon, um bispo traidor membro do Conselho Inglês em Rouen, e que agiu como “autoridade” inquisitorial. Sem qualquer auxílio, do rei ou advogados, a que tinha direito e que lhe foi negado, ela enfrentou todo tipo de acusações, sob maus tratos e pressões, num proceder cada vez mais arbitrário e contrário às leis – pois, divinamente inspirada, a tudo respondia com exatidão, de modo que por mais que a tentassem confundir, não conseguiam que desse motivos para nenhuma condenação.

Durante quatro semanas, presa numa cadeia de ferro e humilhada constantemente, Joana manteve-se fiel às suas razões e missão divina; por proteção divina, sua virgindade foi mantida. Por fim, sem mais argumentos, foi condenada por usar roupas masculinas – as de quando capturada em batalha – e sob a alegação de bruxaria, por dizer que ouvia vozes divinas na ordem para restaurar o reinado francês: o tribunal “interpretou” tais vozes como demoníacas e a condenou à fogueira. Foi executada a 30 de maio de 1431, com 19 anos, numa praça pública de Rouen, afirmando até o final a veracidade das vozes e da sua missão divina.

Depois da sua morte, os ingleses continuaram perdendo a guerra, definida com a derrota em Castillon, 1453. Apenas Calais permaneceu como posse inglesa continental, mas também foi capturada em 1558.

O Papa Calisto III, a pedido dos pais de Joana, reviu seu processo 20 anos depois, constatando a sua completa injustiça, e a reabilitando publicamente. Joana d’Arc foi canonizada, reconhecida como Mártir da Pátria e da Fé e proclamada padroeira da França.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A vocação de Santa Joana d’Arc é uma das mais insólitas dentre a dos santos. Deus a cumulou de dons especialíssimos, e lhe deu uma missão original, de reconquistar militarmente um país para a sua identidade católica – sendo ela uma mulher pobre e iletrada, muito jovem e inexperiente. Deste modo, quis o Senhor evidenciar que é Ele, mesmo através dos fracos, que age nos destinos do mundo, ainda que sempre respeitando a liberdade que deu ao Homem: “Mas Deus escolheu o que é louco aos olhos do mundo, para confundir os sábios. E Deus escolheu o que é fraco diante do mundo, para confundir os fortes. (…) Para que, como está escrito: ‘Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor’” (1Cor 1,27-28.31). Deus quis preservar a França, maior país católico do mundo, que contudo, mais tarde, pela desobediência de não se consagrar a Ele, sofreu a punição da Revolução Francesa, em muitos aspectos parecida com a Revolução comunista Bolchevique: falsas promessas de igualdade, baseadas no abandono a Deus e desrespeito à hierarquia, e responsáveis por incontáveis mortes, a começar as dos próprios cidadãos e depois em outros países. Sempre com a propaganda falaciosa das ideias atraentes de igualdade, liberdade e fraternidade (as quais, obviamente, não podem existir sem Deus, fonte da verdadeira liberdade e fraternidade espiritual, e da única igualdade possível, a de sermos Seus filhos amados, e por este único motivo devermos ser tratados todos com caridade e justiça – o que não implica absolutamente em paridade material, de funções, etc., mas sim de dignidade existencial). Toda a trajetória de Joana é milagrosa, desde a consciência pessoal da sua missão até a sua efetiva defesa individual diante de um tribunal malicioso, e a determinação intransigente de morrer pela Fé. Seu mérito está, é claro, em aceitar tudo o que Deus lhe propôs, a começar pelo mais importante: nas suas próprias palavras, "Quando eu tinha mais ou menos 13 anos, ouvi a voz de Deus que veio ajudar-me a me governar. (…) Ela me ensinou a me conduzir bem e a frequentar a igreja". Ouvir e obedecer à voz de Deus, que nos chegue por meios sobrenaturais se for a vontade divina, quer através da Doutrina da Igreja, é o caminho que nos é oferecido para a realização das boas obras, grandes ou pequenas, que nos levarão à salvação, segundo o plano de Deus para cada filho Seu, individualmente.

Oração:

Senhor Deus, que sempre combateis por nós, concedei-nos por intercessão de Santa Joana d’Arc expulsar de nossas vidas a invasão das tentações e pecados, que de Vós nos afastam, e pretendem nos dominar com falsas promessas de bens deturpados; pois só Vos ouvindo, e obedecendo à Palavra que ensinas é que restauraremos Vosso reinado na alma e poderemos participar da Vossa corte celestial. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 29 de maio de 2024

Dom Paulo Cezar Costa: “A Eucaristia edifica a Igreja”

Cardeal dom Paulo Cez\ar Costa - Arcebispo de Brasília (arqbrasilia)

Arcebispo de Brasília escreve carta para o povo de Deus sobre “A Eucaristia edifica a Igreja”

Em preparação para a Solenidade de Corpus Christi, o Arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa, dirigiu-se à população com uma carta pastoral intitulada "A Eucaristia edifica a Igreja". A mensagem foi destinada aos bispos auxiliares, presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas, leigas e leigos.

  • maio 28, 2024

Confira a carta:

A Eucaristia edifica a Igreja

Quero, em preparação para a Solenidade de Corpus Christi, meus amados bispos auxiliares, presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas, leigas e leigos, oferecer algumas reflexões sobre a Eucaristia.

Já é tradicional, na nossa amada Arquidiocese de Brasília, reunirmo-nos na Esplanada dos Ministérios, manifestando, como Arquidiocese, que a Eucaristia é a grande riqueza da Igreja, pois é o próprio Cristo que Se dá a nós no pão e no vinho consagrados. Por isso, dia 30 de maio, às 17 horas, estaremos todos juntos para esta grande celebração eucarística seguida da nossa tradicional procissão luminosa. Neste ano, traremos um quilo de alimento não perecível como nossa solidariedade aos irmãos sofridos do Rio Grande do Sul.

Para iluminar a nossa reflexão, quero me guiar pelo texto da Epístola de São Paulo aos Coríntios: 1Cor 11,23-26. Poderíamos pegar uma das narrações da instituição da Eucaristia feita pelos evangelhos sinóticos: Lc 22,19-20; Mt 26,26-28; Mc 14,22-24; ou ainda poderíamos nos deter no belíssimo capítulo sexto do Evangelho de João, que foi escrito por último, quando os sinóticos já tinham sido escritos e, por isso, não narra a instituição da Eucaristia, mas dedica todo um capítulo sobre o pão da vida, que é a Eucaristia.

A celebração da Eucaristia deu margens a alguns inconvenientes. O ágape fraterno (uma refeição que se fazia antes da Eucaristia), ao invés de preparar em espírito de caridade para celebrar mais dignamente o banquete eucarístico, havia se convertido numa espécie de banquete, no qual a caridade já não era observada, o que impedia participar dignamente na Ceia do Senhor (11, 17-22). São Paulo, neste contexto, narra a instituição da Eucaristia:

«Com efeito, eu mesmo recebi do Senhor o que vos transmiti: na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim”. Do mesmo modo, após a ceia, também tomou o cálice dizendo: “Este cálice é a nova Aliança em meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim”. Todas as vezes, pois, que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha.»

São Paulo inicia mostrando que narrou o que recebeu do Senhor, isto significa dizer, dos apóstolos, da Igreja. A Eucaristia era celebrada todos os domingos, como é hoje, pela Igreja apostólica e pós-apostólica (At 2,42).

Vejamos alguns elementos do texto:

  1.  

1 – «Na noite em que foi entregue (…)» O apóstolo acena a situação histórica e teológica, aludindo à narração da Paixão. Alude ao fato daquela fatídica noite em que Jesus foi entregue à morte. Foi entregue: não se refere somente à entrega de Judas, que traiu Jesus, mas também ao sentido de que é o Pai que, por amor a nós, entregou o Seu Filho à morte. O Pai entregou Jesus à morte por nós e Jesus Se entregou por nós. Mediante a entrega de Judas, realiza-se essa entrega que o Pai faz do Filho e a entrega que o Filho faz de Si mesmo.

2 – «Tomou …deu graças…. e partiu»: é a terminologia eucarística que aparece também na multiplicação dos pães. As narrações das multiplicações dos pães prenunciam a Eucaristia.

3 – «Isto é o meu corpo…. Este cálice é a nova aliança em meu sangue….» (v. 24). Jesus fala aqui de algo bem concreto e imediato: pão e vinho que são alimentos essenciais para um judeu, que se tornam o corpo e o sangue de Cristo. O verbo ser (é) cria a identidade entre corpo e sangue e os dois elementos (pão e vinho), aos quais se aplica o demonstrativo toûto (isto). Jesus fala, na última ceia, de Seu corpo, que vai oferecer ao Pai pelos homens, e de Seu sangue que será derramado: «Isto é meu corpo, que é para vós». A palavra corpo significa carne, a pessoa viva, a humanidade de Jesus entregando-Se todo inteiro pelos discípulos, tal como se entregará todo inteiro na cruz. «Este cálice é a nova aliança em meu sangue». A identificação do vinho com o sangue de Jesus simboliza toda a pessoa. O conceito de aliança faz a ligação profunda que unia o antigo Israel com Deus e o fazia «seu povo». O dom de Cristo sacrificado por nós tem como fim (finalidade) a criação do novo Israel, que somos nós. A aliança recorda o incansável amor com que Deus, desde a criação, tratou o homem como amigo, prometeu uma salvação depois do pecado, escolheu os patriarcas, libertou Israel do Egito, acompanhou pelo deserto, introduziu na terra e lhe abriu para a esperança do Messias e do Espírito Santo. A aliança plasma, momento por momento, toda a existência de Israel. Prometida como nova e eterna Aliança na pregação dos profetas, essa é vista como princípio divino que reside na profundidade dos corações, e de dentro, do mais profundo do coração, orienta e influencia toda a vida (Jr 31,31-34; Ez 36,26-27).

Aliando a Eucaristia com a aliança, Jesus quer dizer que a Eucaristia nos doa forças para nos deixarmos atrair totalmente pelo movimento do amor misericordioso de Deus, anunciado no Antigo Testamento, celebrado definitivamente na Páscoa e que culmina na plenitude escatológica: na espera de Sua vinda. São João expressa esta realidade afirmando a dimensão escatológica da Eucaristia: «quem come deste pão viverá eternamente».

4 -A Eucaristia é, assim, memorial de Nova e eterna Aliança. Jesus diz: «fazei isto em memória de mim» (Lc 22,19). O conceito de memória (anamnese) deriva do verbo zakar (recordar) que os LXX traduzem por mnemoneuein. Este termo, ao invés de ser uma simples lembrança, implica uma invocação litúrgica que realiza o que recorda (Ex 3,15;34,5-10). Na recordação (anamnese) as palavras de Jesus adquirem todo o valor original. Essa recordação se dá de maneira cultual, com a presença sacramental e sacrifical do Senhor, o qual torna operante e vivo Seu sacrifício na vida dos fiéis que, na celebração litúrgica, celebram essa nova e eterna Aliança. (A Igreja, repetindo o que aconteceu na cruz, de forma ritual, oferece, no Espírito, Cristo ao Pai). A Eucaristia é então também sacrifício. Este aspecto se torna mais claro nos elementos (pão, vinho, cálice), como também nos gestos de Jesus. Se torna mais evidente com as palavras «… corpo (entregue) por vós». «Este cálice é a nova aliança…», que exprime uma evidente relação com a morte de Jesus. O significado expiatório sacrifical se deduz de forma clara na referência aos cânticos do Servo de Javé (Is 42.1-4;49,1-6;50,4-9;52,13-53,12), referência que aparece em Paulo mediante a preposição hyper com genitivo, que no Novo Testamento é a fórmula mais comum relacionada com a morte de Cristo.

Na Eucaristia, memorial da nova e eterna Aliança, celebramos aquilo que somos: «Povo da nova e eterna Aliança», celebramos a nossa identidade. Somos envolvidos na dinâmica do Seu amor misericordioso, tocamos o ápice do amor de Cristo por nós. Nas palavras do Papa Bento XVI: «Em Sua morte de cruz cumpre-se aquele virar-se de Deus contra Si próprio com o qual Ele Se entrega para levantar o homem e salvá-lo – amor em sua forma mais radical»1.

A Eucaristia arrasta-nos neste amor oblativo de Jesus e nos torna Corpo de Cristo. Diz Santo Agostinho: Aquilo que vedes sobre o altar de Deus […] é o pão e o cálice: isto vos asseguram os ossos próprios olhos. Ao invés, segundo a fé que deve formar em vós, o pão é o corpo de Cristo, o cálice é o sangue de Cristo. […] Se quereis compreender [o mistério] do corpo de Cristo, escutai o apóstolo que disse: Vós sois o corpo de Cristo e seus membros (1 Cor 12, 27). Se vós, portanto, sois o corpo e os membros de Cristo, sobre a mesa do Senhor está posto o mistério que sois vós: recebei o mistério que sois vós. Àquilo que sois, respondei: Amém, e respondendo o subscreveis. Diz-se a ti de fato: O Corpo de Cristo, e tu respondes: Amém. Sê membro do corpo de Cristo, a fim de que seja autêntico o teu Amém2.

Participar da celebração eucarística, comungar o Corpo e o Sangue do Senhor, significa tornar-se cada vez mais íntima e profunda a própria pertença Àquele que morreu por nós. Mas a Eucaristia nos compromete também com o Corpo eclesial. É notória a identificação que faz Santo Agostinho entre o corpo eclesial e o corpo sacramental de Cristo. A comunhão do Corpo de Cristo compromete com o ser corpo de Cristo, conduz ao ser Igreja, à edificação da Igreja. Assim, uma comunidade eucarística vai se desenvolvendo nas suas diversas dimensões: o testemunho, a comunhão, a caridade, a missão – evangelização etc. O compromisso eucarístico vai comprometendo todos na edificação da Igreja, Povo de Deus, Corpo de Cristo e Templo do Espírito. É onde cada batizado vai colocando seus dons e carismas a serviço da edificação da comunidade e a Igreja vai se tornando missionária, evangelizadora, porque todos se doam com alegria nas pastorais, movimentos e diversos serviços na vida da comunidade e na sua atuação no mundo. Assim, o ministério presbiteral não é vivido de forma isolada, mas torna-se aquele ministério que anima e reconhece a diversidade de dons que o Espírito semeou nas nossas comunidades: «reconhecer com alegria e promover com diligência os carismas multiformes dos leigos, tanto os mais modestos como os mais altos»3.

1 BENTO XVI, Deus Caritas est, 12.
2 Sermones 272,1.
3 Papa Francisco, Carta do Santo Padre Francisco aos párocos.

A Eucaristia conduz à caridade e compromete com os pobres. São João Crisóstomo lembra-nos que quem recebe verdadeiramente o Corpo e Sangue do Senhor deve reconhecê-lo no irmão pobre: «Degustaste o sangue do Senhor e não reconheces sequer o teu irmão. Desonras esta própria mesa, não julgando digno de compartilhar do teu alimento aquele que foi julgado digno de participar desta mesa. Deus te libertou de todos os teus pecados e te convidou para esta mesa. E tu, nem mesmo assim, não te tornaste mais misericordioso»4.

Neste sentido, na Solenidade de Corpus Christi, lançaremos um projeto de dignificação da mulher e luta contra o feminicídio. O projeto quer, a partir da antropologia católica, dignificar a mulher e fazer de nossas comunidades locais de proteção e promoção da dignidade da mulher.

A Eucaristia conduz à Missão: «Não poderíamos abeirar-nos da mesa eucarística sem nos deixarmos arrastar pelo movimento da missão que, partindo do próprio Coração de Deus, visa atingir todos os homens; assim, a tensão missionária é parte constitutiva da forma eucarística da existência cristã»5.

O Amor que celebramos e recebemos, por sua natureza, pede para ser comunicado a todos. Por isso, «a Eucaristia é fonte e ápice não só da vida da Igreja, mas também da sua missão: «Uma Igreja autenticamente eucarística é uma Igreja missionária»6. A missão nasce da experiência do amor de Cristo celebrado, recebido e vivenciado em cada celebração eucarística. A experiência do Seu amor nos abre à dinâmica do amor, torna a nossa existência dom de amor. O amor de Cristo dilata o coração, insere a existência humana na dinâmica do extasis, do sair de si, tornando-se dom de amor na evangelização, na missão e na caridade.

Cada cristão é missionário à medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus, pois «todos somos chamados a dar aos outros o testemunho explícito do amor salvífico do Senhor que, sem olhar às nossas imperfeições, oferece-nos a sua proximidade, a sua Palavra, a sua força, e dá sentido à nossa vida»7.

4 Catecismo da Igreja Católica, 1397.
5 BENTO XVI, Sacramentum Caritatis, 84.
6 BENTO XVI, Sacramentum Caritatis, 84.
7 PAPA FRANCISCO, Evangelii Gaudium, 121.

Na origem da transformação missionária da Igreja está o amor de Cristo, celebrado e recebido na Eucaristia. Papa Francisco afirma: «Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à autopreservação. A reforma das estruturas, que a conversão pastoral exige, só se pode entender neste sentido: fazer com que todas elas se tornem mais missionárias, que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante de “saída” e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade»8. A comunidade eucarística é uma comunidade sinodal e verdadeiramente missionária.

       8 PAPA FRANCISCO, Evangelii Gaudium, 27.

Comunico que a festa da dedicação de nossa Catedral, neste ano de 2024, será celebrada no dia 1º de junho, uma vez que 31 de maio é festa da Visitação de Nossa Senhora.

Com minha benção apostólica e minha saudação fraterna,

Dom Paulo Cezar Costa

 Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

São Paulo VI

São Paulo VI (A12)
29 de maio
São Paulo VI

Paulo VI nasceu em 26 de setembro de 1897. Seu nome de batismo era Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini, e ele era natural da cidade de Concesio, na Itália.

Aos 19 anos entrou para o seminário, mas desde pequeno possuía uma proximidade com a Igreja. Ordenou-se padre no ano de 1920 e na sequência estudou na Universidade Gregoriana, na Universidade de Roma e na Pontifícia Academia Eclesiástica.

Paulo VI teve um papel importantíssimo para a continuidade do Concílio Vaticano II (1962-1965) convocado por João XXII, que veio a falecer. Quando eleito, em 1963, Paulo VI retomou o processo para refletir sobre os desafios da Igreja.

Uma das mudanças feitas por ele foi a de abolir o uso da tiara pontifícia (uma mitra composta por tríplice coroa, incrustada com joias e pedrarias), costume que surgiu no Período Medieval).

Em 22 de agosto de 1968, foi o primeiro Papa a pisar em solo latino-americano. Ele abriu, em Bogotá, na Colômbia, a II Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e participou do XXXIX Congresso Eucarístico Internacional.

Paulo VI era devoto da Virgem Maria e tinha um carinho especial pelo título de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, expresso, de modo particular, em 15 de agosto de 1967, ao enviar uma rosa de ouro para o Santuário Nacional de Aparecida, por ocasião dos 250 do encontro da Imagem no rio Paraíba do Sul.

Na década de 1970 fez uma viagem apostólica para a Ásia e Oceania e sofreu um atentado no aeroporto de Manila, nas Filipinas. Um pintor boliviano, Benjamin Mendoza y Amor, vestido de padre, segurava um crucifixo dourado em uma mão e, na outra, escondida por um pano, um kriss (punhal malaio).

Paulo VI foi ferido no pescoço, felizmente protegido pelo seu colarinho rígido, e outro golpe no peito, perto do coração. Paul Marcinkus, arcebispo norte-americano, foi quem impediu o homem de esfaquear o Papa.

Foi canonizado em 14 de outubro de 2018, junto a Dom Oscar Romero, pelo Papa Francisco.

Reflexão:

O testemunho de vida do Papa Paulo VI é marcado por sua dedicação e liderança durante um período de muitas mudanças na Igreja Católica, no período da Guerra Fria e do Concílio Vaticano II. Suas decisões firmes mudaram para sempre a história e o legado da Igreja.

Oração:

Senhor nosso Deus, que chamastes o papa são Paulo VI, solícito apóstolo do Evangelho do vosso Filho, para governar a vossa Igreja, fazei que, iluminados pelos seus ensinamentos, colaboremos generosamente, para que se dilate em todo o mundo a civilização do amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

Fonte: https://www.a12.com/

Papa: adorar o Corpo e o Sangue de Cristo com viva fé

Soçenidade de Corpus Christi em junho de 2019 (Photo by AFP/Tiziane Fabi)

No mistério da Eucaristia Jesus "se faz presente por meio do Espírito Santo para permanecer sempre conosco e transformar a nossa vida", disse o Papa Francisco, que no domingo presidirá a Santa Missa na Solenidade de Corpus Christi na Basílica de São João de Latrão, que será seguida da procissão até a Basílica Santa Maria Maior.

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Jesus está próximo de nós com um perene “partir” o pão: "Este é o meu Corpo! Este é o meu Sangue"! A Eucaristia é a antecipação do que viveremos juntos na eternidade.

Ao saudar os diversos grupos na Audiência Geral - que precede a Solenidade de Corpus Christi celebrada nesta quinta-feira - o Papa Francisco recordou deste grande mistério, central na vida de cada cristão e na vida da Igreja.

Que o Espírito Santo nos conduza a Jesus presente na Eucaristia, mistério de amor, fonte de graça, de alegria e de luz, amparo nas dificuldades e conforto na dor”, disse ao saudar os peregrinos de língua francesa.

Já aos peregrinos de língua alemã, recordou que a Solenidade de Corpus Christi “convida-nos a adorar o Corpo e o Sangue de Cristo com viva fé. No mistério da Eucaristia ele se faz presente por meio do Espírito Santo para permanecer sempre conosco e transformar a nossa vida.”

Ao aproximarmo-nos da Solenidade de Corpus Christi – disse ao dirigir-se aos peregrinos de língua espanhola - peçamos ao Senhor que o seu Espírito de amor faça de nós uma oferta perene, para a glória de Deus e o bem do seu Povo santo. Que Jesus Sacramentado vos abençoe e a Virgem Santa, sacrário puríssimo de sua presença, cuide de vós”.

A recordar, que neste ano a Solenidade de Corpus Christi continua a ser celebrada no domingo, mas o Bispo de Roma retoma a tradição de celebrar a Santa Missa na Basílica de São João de Latrão, seguida pela procissão  até a Basílica de Santa Maria Maior.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

As Festas do Senhor durante o Tempo Comum (2)

(Crédito: Opus Dei)

As Festas do Senhor durante o Tempo Comum

Neste editorial dedicado às festas do Senhor que a Igreja nos apresenta ao longo do Tempo comum, recolhemos algumas considerações de quatro delas: a Apresentação e a Anunciação do Senhor, a Santíssima Trindade e o Corpus Christi.

13/06/2019

A SANTÍSSIMA TRINDADE

No primeiro domingo depois de Pentecostes, a Igreja celebra a solenidade da Santíssima Trindade. Nesse dia, glorificamos ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, Deus uno, trino em pessoas: “ao proclamar nossa fé na verdadeira e eterna Divindade, adoramos três Pessoas distintas, de única natureza e iguais em dignidade” [12].“Ouvistes-me dizer muitas vezes que Deus está no centro de nossa alma em graça. Portanto, todos temos uma linha direta com Deus Nosso Senhor. De que valem todas as comparações humanas, com essa realidade divina, maravilhosa? No outro lado da linha esperando por nós está, não só o Grande Desconhecido, mas a Trindade inteira: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (...). É uma pena que os cristãos nos esqueçamos de que somos trono da Trindade Santíssima. Aconselho-vos que desenvolvais o costume de procurar a Deus no mais profundo de vosso coração. Isso é a vida interior” [13].

Ainda que essa festa tenha sido introduzida no calendário romano em meados do século XIV, suas origens se remontam ao período patrístico. Já São Leão Magno costumava desenvolver a doutrina sobre o mistério trinitário durante o período de Pentecostes. Algumas das suas expressões aparecerão recolhidas mais tarde no prefácio da Missa do domingo da oitava de Pentecostes. Sucessivamente, no reino franco, será composta uma Missa da Santíssima Trindade que conhecerá uma primeira difusão por todo o Ocidente, talvez como um meio para ensinar, assiduamente, ao povo cristão a verdadeira fé em Deus.

Porém, a Igreja Romana não definiu uma festa especial no calendário para a Santíssima Trindade, porque as invocações ao Deus uno e trino e as doxologias já lhe dão um lugar central na liturgia. Esta situação não impediu que algumas dioceses ou comunidades monásticas celebrassem anualmente uma festa litúrgica trinitária, ainda que a data não fosse uniforme. Seria o Papa João XXII quem, finalmente, em 1334, introduziria no calendário romano a festa da Santíssima Trindade, no domingo anterior ao domingo de Pentecostes. Por outra parte, ainda que as Igrejas do Oriente cristão não tenham estabelecido uma festa específica, dedicam a maior parte dos cantos do domingo de Pentecostes a contemplar o mistério trinitário.

O SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO

A solenidade do Corpo e Sangue de Cristo (o dia de Corpus Christi) nasce na Idade Média, fruto da piedade eucarística e da reafirmação dos dogmas depois de várias controvérsias teológicas. A festa foi celebrada pela primeira vez em Liége, Bélgica, no ano de 1247, a pedido da Santa Juliana de Mont Cornillon, religiosa que dedicou grande parte da sua vida a promover a devoção ao santo Sacramento do altar. Em 1264, o Papa Urbano IV, impressionado pelo milagre eucarístico de Bolsena – testemunhado em pedra pelo monumental domo de Orvieto, que é como um grande relicário – instituiu, com caráter universal, a solenidade em honra do Santíssimo Sacramento para a quinta-feira posterior à oitava de Pentecostes. A bula de instituição da festa apresenta, em apêndice, os textos da Missa e do Ofício do dia, redigidos, segundo a tradição, por São Tomás de Aquino. A antífona O sacrum convivium das segundas vésperas da festa, sintetiza de modo admirável a fé da Igreja, o mysterium fidei: “Ó Sagrado banquete em que se recebe Cristo! Renova-se a memória de sua Paixão e a alma se enche de graça e nos é dada o penhor da glória futura” [14]. “Cada um de nós – dizia o papa nessa solenidade – pode se perguntar: e eu? Onde quero comer? Em que mesa quero me alimentar? Na mesa do Senhor? Ou sonho com comer gostosos manjares, mas na escravidão? Além disso, cada um de nossos pode se perguntar: qual é a minha lembrança? A do Senhor que me salva ou a do alho e das cebolas da escravidão? Com que lembrança sacio a minha alma?” [15].

Como essa festa gira em torno da adoração do Santíssimo Sacramento e a fé na presença real de Cristo sob as espécies eucarísticas, é lógico que, já no século XIV, surgisse o costume de acompanhar o Senhor sacramentado pelas ruas das cidades. Anteriormente, o Santíssimo tinha presidido a procissão dos ramos no Domingo de Ramos, ou sido transladado solenemente na manhã de Páscoa, a partir do “monumento” ou “sepulcro” até o tabernáculo principal do templo. A procissão do Corpo de Cristo como tal será definitivamente acolhida em Roma, no século XV. Graças a Deus, nos últimos anos estamos assistindo a um reflorescimento dessa devoção também nos lugares em que ela tinha desaparecido durante séculos. Fazemos nossos os sentimentos de São Josemaria na festa de Corpus Christi de 1971: “enquanto celebrava a Missa hoje de manhã, disse a Nosso Senhor com o pensamento: eu te acompanho em todas as procissões do mundo, em todos os Sacrários onde te honram, e em todos os lugares onde estejas e não te honrem” [16].

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Notas:

[12] Missal Romano, Prefácio da Missa da solenidade da Santíssima Trindade.

[13] São Josemaria, Anotações de sua pregação, 8-XII-1972.

[14] Antífona ad Magnificat, Vésperas II da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo.

[15] Francisco, Homilia, 19-VI-2014 (cfr. Núm 11, 4-6)

[16] Javier Echevarría, Recordações sobre Monsenhor Escrivá.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

A oração do Papa por Papua Nova Guiné e países em guerra. As crianças sofrem

Audiência Geral de 29/05/2024 com o Papa Francisco (Vatican Media)

Na audiência geral desta quarta-feira, o pensamento do Santo Padre por Papua Nova Guiné após o trágico deslizamento de terra que deixou mais de dois mil mortos, e a oração também pelas vítimas das guerras na Ucrânia, Palestina, Israel e Mianmar e em tantos outros países que sofrem com a guerra, que “é sempre uma crueldade”. Na Praça São Pedro, um grupo de 13 cadeirantes que vieram de Ancona até Roma em peregrinação, um percurso de quase 300Km. Entre eles, a brasileira Josemare de Cristo Reis.

Raimundo de Lima - Vatican News

Ao término da audiência geral desta quarta-feira (29/05), na Praça São Pedro, Francisco voltou seu pensamento a Papua Nova Guiné, após o trágico deslizamento de terra que deixou mais de dois mil mortos, assegurando suas orações e lembrando que proximamente visitará o país.

Gostaria de assegurar minhas orações pelas vítimas do grande deslizamento de terra que varreu alguns vilarejos em Papua Nova Guiné. Que o Senhor conforte suas famílias, aqueles que perderam suas casas e o povo papuásio que, se Deus quiser, encontrarei em setembro próximo.

Generosidade em responder pobrezas causadas pela guerra

Na saudação aos fiéis e peregrinos de língua polonesa, o Santo Padre lembrou o beato Stefan Wyszynski, convidando a aprender dele a generosidade em responder as pobrezas causadas pela guerra, especialmente na Ucrânia.

Saúdo cordialmente os poloneses. Dirijo um pensamento especial aos peregrinos reunidos em Roma em memória orante do beato cardeal Stefan Wyszynski. Que o Primaz do Milênio seja para a Igreja na Polônia e no mundo um modelo de fidelidade a Cristo e a Nossa Senhora. Aprendamos com ele a generosidade na resposta às pobrezas de nosso tempo, incluindo aquelas causadas pela guerra em tantos países, especialmente na Ucrânia.

As crianças em guerra sofrem

Na saudação aos de língua italiana, pedindo que o Senhor nos dê a graça da paz, o Pontífice pediu para não esquecer a Palestina, Israel, Mianmar e tantos países em guerra, ressaltando que as crianças sofrem com a guerra, com um pensamento particular pela Ucrânia.

Meu pensamento se volta para a atormentada Ucrânia. Outro dia, recebi meninos e meninas que sofreram queimaduras, perderam as pernas na guerra: a guerra é sempre uma crueldade. Esses meninos e meninas têm de começar a andar, a se movimentar com braços artificiais... perderam o sorriso. É muito ruim, muito triste quando uma criança perde seu sorriso. Oremos pelas crianças ucranianas. E não nos esqueçamos da Palestina e de Israel, que sofrem tanto: que a guerra acabe. E não nos esqueçamos de Mianmar e de tantos países que estão em guerra. As crianças sofrem, as crianças em guerra sofrem. Oremos ao Senhor para que esteja perto de todos e nos dê a graça da paz.

Cadeirantes em 300Km de peregrinação de Ancona até Roma

Na Praça São Pedro, entre os numerosos grupos de fiéis e peregrinos presentes encontrava-se um grupo muito particular, 13 cadeirantes que vieram de Ancona até Roma em peregrinação em cadeira de rodas, um percurso de quase 300Km feito em 12 dias. Entre eles encontrava-se a brasileira Josemare de Cristo Reis, que vive há 14 anos em Bergamo, norte a Itália, e nos conta a experiência sua e de seu grupo:

“Meu nome é Josemare de Cristo Reis. Sou brasileira, mas moro em Bergamo há 14 anos e viemos de Ancona até Roma em cadeira de rodas com um grupo de 13 pessoas por 12 dias fazendo uma peregrinação. Percorremos o caminho de Francisco (Via Francigena). Fizemos todo esse caminho: passamos por Assis, Spoleto, por diversas cidades que fazem parte desse percurso, desse trajeto maravilhoso. Partimos dia 17 e chegamos aqui ontem. Viemos aqui para fechar esse ciclo maravilhoso e hoje vimos estar mais próximo do grande Papa, do nosso Papa.”

Brasileira Josemare de Cristo Reis na audiência geral desta quarta-feira (29/05), na Praça São Pedro (Vatican Media)

 Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Úrsula Ledochowska

Santa Úrsula Ledochowska (A12)
29 de maio
Santa Úrsula Ledochowska

Júlia Ledochowska nasceu em 1865, filha de nobres pais poloneses residentes na Áustria. Sua irmã mais velha, Maria Teresa, fundadora de uma congregação, foi canonizada. Seu irmão Vladimiro, sacerdote, foi o 26º preposto-geral dos jesuítas. A família permaneceu na Áustria até o final dos seus estudos na adolescência, voltando depois para a terra natal e estabelecendo-se na Croácia.

Com 21 anos, entrou no convento das irmãs ursulinas de Cracóvia, adotando o nome de Úrsula em homenagem à fundadora da Ordem quando da profissão dos votos perpétuos, em 1899. Possuía um pendor educativo e por isso fundou um pensionato para as jovens estudantes, entre as quais promovia a Associação das Filhas de Maria. Durante quatro anos foi superiora do convento, quando, chamada pelo pároco da igreja de Santa Catarina em Petersburgo, foi para a Rússia, a dirigir um internato de estudantes polonesas, exiladas.

O governo do país reprimia atividades religiosas, mesmo as assistenciais, e por isso ela e demais freiras (em número crescente) tinham que usar roupas civis, por segurança. A comunidade, uma casa autônoma das Ursulinas, vivia escondida do contínuo monitoramento da polícia secreta nacional, realizando intenso trabalho de formação religiosa e educativa, e buscando a aproximação entre russos e polacos.

Em 1909 fundou uma casa das ursulinas na Finlândia, seguindo um modelo inglês de pensionato e escola ao ar livre para moças doentes, e outra casa ursulina em Petersburgo, no mesmo ano. Foi perseguida pela polícia russa durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), por causa da sua origem austríaca, e por isso foi para a Suécia no início da guerra. Aí fundou um pensionato e uma escola, e ainda o jornal Solglimstar (“Vislumbres do Sol”), voltado para o apostolado católico, e que até hoje é editado. Em 1917 foi para a Dinamarca, assistindo aos poloneses perseguidos, voltando para a Polônia em 1919.

Mas em 1920, abandonou a Ordem, para fundar uma nova: as Irmãs Ursulinas do Sagrado Coração Agonizante, dedicada ao cuidado dos jovens abandonados, pobres, velhos e crianças, e aprovada pelo Vaticano em 1930. Por causa da cor do hábito, as novas irmãs ficaram conhecidas na Polônia como “ursulinas cinzas”; e na Itália por “irmãs polonesas”. Rapidamente a Ordem espalhou-se pela Europa, e quando Madre Úrsula Ledochowska faleceu, aos 29 de maio de 1939 em Roma, existiam já 35 casas e mais de 1.000 irmãs.

 Santa Úrsula Ledochowska escreveu vários livros em Polonês, que tiveram tradução para o Italiano.

Reflexão:

Mesmo perseguida, Santa Úrsula Ledochowska fez o bem por onde esteve. Este fruto de santidade teve origem sem dúvida no seio familiar, de onde sua irmã também veio a ser canonizada. Nunca será suficientemente enfatizada a importância de uma família bem estruturada em Cristo… Úrsula seguiu o exemplo do próprio lar e preocupou-se com o cuidado dos jovens abandonados, pobres, velhos e crianças, mas sobretudo no que mais a marcou na casa paterna: a formação educacional e acima de tudo espiritual. A ênfase na atenção às moças, durante a maior parte da sua vida, reflete também uma herança da família, pois esta é estruturada, numa concepção católica, com base na esposa e mãe. Não à toa os que combatem Deus e a Igreja se esforçam de forma tão agressiva, atualmente, para deturpar a condição feminina, procurando convencer as jovens de que elas não devem ter qualquer responsabilidade como esposas e mães, e nem mesmo em serem o que são, mulheres! As falsas promessas de “igualdade” apenas escondem apelos à luxúria (o que na prática as torna, então sim, submissas e desvalorizadas), à ambição material e à ilusão de que devem competir (e não cooperar do seu modo único e específico) com os homens – como se fossem homens e não do sexo feminino, um contrassenso espiritual, moral, natural e biológico. E que, naturalmente, não traz a felicidade de anuncia, na medida em que é uma violência contra a própria natureza feminina. Que Deus suscite muitas outras mulheres como Úrsula, capazes de reconhecer a realidade e a verdade, e viver e ensinar com propriedade a condição divina da mulher, segundo o plano de Deus. A Igreja sempre teve que enfrentar perseguições, que aliás teve modernamente grande incremento a partir da mesma Rússia em que trabalhou Santa Úrsula, com o advento do seu governo comunista, condenado diretamente por Nossa Senhora em Fátima no ano mesmo (1917) da sua implementação regada a sangue. A necessidade de levar a Boa Nova, a Verdade, portanto, não apenas continua, mas aumentou, e este mandato de Cristo deve ser sempre obedecido pela oração, exemplo de santidade e evangelização perseverante.

Oração:

Senhor Deus dos Exércitos, concedei-nos, por intercessão de Santa Úrsula Ledochowska, enfrentar as guerras, sobretudo espirituais, contra Vós, a Igreja e as famílias, vivendo de forma santa e caridosa, para que como ela sirvamos ao Vosso Sagrado Coração, em consolo à agonia que O fere e em favor da salvação nossa e dos irmãos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF