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segunda-feira, 8 de julho de 2024

Sinal verde para Maria Rosa Mística de Fontanelle

Fiéis em oração no Santuário Rosa Mística de Montichiari, em Brescia, norte da It[ália (Vatican Media)

De acordo com as novas normas, o Dicastério para a Doutrina da Fé torna público o parecer positivo sobre a Nossa de Montichiari (Brescia) por meio de uma carta ao bispo Tremolada com a aprovação do Papa.

Vatican News

O Dicastério para a Doutrina da Fé "não encontrou elementos nas mensagens divulgadas por Pierina Gilli que contradigam diretamente o ensinamento da Igreja católica sobre a fé e a moral". É o que afirma a carta publicada esta segunda-feira, assinada pelo prefeito Victor Manuel Fernandez com a aprovação escrita do Papa e enviada ao bispo de Brescia Pierantonio Tremolada. Refere-se à devoção a Maria Rosa Mística e às mensagens que a vidente Pierina Gilli diz ter recebido de Nossa Senhora em 1947 e 1966. "Nos fatos relacionados a essa experiência espiritual", diz a carta, "não se encontram aspectos morais negativos ou outros aspectos críticos. Em vez disso, é possível encontrar vários aspectos positivos que se destacam nas mensagens como um todo e outros que, por sua vez, merecem esclarecimento para evitar mal-entendidos". O "sinal verde" para a experiência espiritual de Nossa Senhora de Fontanelle ocorre com base nas novas Normas para o discernimento de supostos fenômenos sobrenaturais, publicadas em 17 de maio passado, segundo as quais o principal objetivo do discernimento não é mais estabelecer a possível sobrenaturalidade do fenômeno, mas sim avaliar, do ponto de vista doutrinal e pastoral, o que resultou de sua propagação.

Uma celebração no Santuário Rosa Mística de Montichiari, em Brescia, norte da Itália (Vatican Media)

A humildade da vidente

Na carta articulada sobre a Rosa Mística e as mensagens recebidas por Pierina Gilli, o Dicastério destaca, em primeiro lugar, os aspectos positivos, o mais importante dos quais é o fato de que os escritos da vidente "expressam uma humilde e completa confiança na ação materna de Maria e é por isso que não encontramos nela atitudes de vanglória, autossuficiência ou vaidade, mas sim a consciência de ter sido gratuitamente abençoada pela proximidade da bela Senhora, a Rosa mística". Assim, são citados vários textos dos diários de Gilli que exaltam Maria, a Rosa, destacando sua beleza, ligada à bondade, e ao mesmo tempo os efeitos experimentados por aqueles que a encontram: um sentimento de insuficiência unido com uma experiência de amor e grande alegria. O Dicastério observa que "ao mesmo tempo em que exalta essa beleza de Maria com todo o seu afeto e admiração, Pierina reconhece claramente que tudo o que Maria faz em nós sempre nos direciona a Jesus Cristo". Entre as manifestações citadas na carta encontra-se uma do próprio Cristo, que inspirou na vidente uma profunda confiança n’Ele: "Ao olhar para ele, senti-me fortemente atraída por Ele, para amá-lo: como era bom, belo, misericordioso! Não consigo encontrar palavras para expressar o que fez com que minha alma se arrebatasse n’Ele...! [O Senhor disse:] "Mantenha sempre o seu olhar fixo em Mim para examinar e adivinhar o que quero de você, ou seja, desejo tomar posse total de suas faculdades, para que você possa sempre realizar ações inspiradas pelo Meu Amor" (27 de fevereiro de 1952). Entre as mensagens de Pierina, há algumas que "expressam um forte senso de comunhão eclesial":

"Escute Minha Senhora, desde que o Concílio tornou a nova Liturgia tão bela, porque juntos rezamos...". [Maria continuou explicando os símbolos que se mostravam na aparição: "Estas bolas [referindo-se a esferas de luz] que tenho em minhas mãos são para manifestar ao mundo inteiro o símbolo do Concílio Ecumênico e o quanto ele foi agradável ao Senhor" (27 de abril de 1965).

Uma processão noturna no Santuário Rosa Mística de Montichiari, em Brescia, norte da Itália (Vatican Media)

A imagem correta de Deus

Nos diários da vidente, explica o Dicastério para a Doutrina da Fé, há também "expressões que nem sempre são apropriadas e exigem interpretação". Expressões que sempre devem ser lidas junto com as mensagens positivas que acabaram de ser enfatizadas. São os textos em que Nossa Senhora é apresentada como medianeira, exercendo um papel moderador da justiça divina e dos "terríveis castigos". O contexto representado pelas mensagens como um todo, escreve o Dicastério, deixa claro, no entanto, que "a intenção certamente não é transmitir uma imagem de Deus ou de Cristo que seja distante ou carente de misericórdia, que deveriam ser "contidos" pela "mediação" de Maria". Isso é confirmado por outras mensagens, como esta: "[Maria disse:] "Meu Divino Filho está sempre pronto para fazer descer sobre o mundo a graça de Sua misericórdia"" (5 de abril de 1960).

O significado das três rosas

A carta do prefeito ao bispo de Brescia afirma que a imagem de Maria "como uma mediadora 'para-raios', frequentemente usada em outros tempos e também herdada por Pierina, deve ser evitada". E se recorda que as novas normas para o discernimento de supostos fenômenos sobrenaturais mencionam a possibilidade de que os verdadeiros frutos do Espírito Santo possam às vezes aparecer ligados a experiências humanas confusas e expressões teologicamente imprecisas. Ademais, o Dicastério ressalta que as três rosas com o significado de "oração - sacrifício - penitência", apropriadas e centrais para a vidente e sua experiência espiritual particular, não devem "necessariamente ser pensadas como dirigidas a todos os crentes" e, portanto, é melhor evitar apresentá-las como "o núcleo, o centro ou a síntese do Evangelho, que só pode ser a caridade, como o Novo Testamento lembra em várias passagens".

Jesus, o único Redentor

Por fim, a carta se refere a expressões que Pierina não explica:

"Maria Redenção", "Maria da Graça", "Maria Medianeira" e outras semelhantes. "Deve-se lembrar", afirma o Dicastério, "que somente Jesus Cristo é nosso único Redentor.... Ao mesmo tempo, deve-se manter que somente o Senhor pode agir no coração das pessoas, concedendo a graça santificante que eleva e transforma". A cooperação de Maria "deve ser sempre entendida no sentido de sua intercessão materna e no contexto de sua ajuda para criar disposições para que possamos nos abrir à ação da graça santificante". Interpretada sob essa luz", conclui a carta, "podemos sustentar que a proposta espiritual que brota das experiências narradas por Pierina Gilli em relação a Maria Rosa Mística não contém elementos teológicos ou morais contrários à doutrina da Igreja".

A história das aparições

As aparições de Maria "Rosa Mística" e "Mãe da Igreja" estão ligadas a uma localidade, Fontanelle, situada ao sul de Montichiari, na província de Brescia, norte da Itália. A vidente é Pierina Gilli, nascida em uma família de camponeses, que trabalhava como perpétua e como enfermeira em um hospital e levava uma vida muito simples até sua morte em 1991, aos 80 anos de idade. Os fenômenos místicos que a envolveram abrangem dois períodos de tempo: o primeiro data de 1947, quando Nossa Senhora teria aparecido a Pierina, apresentando-se com os títulos de "Rosa Mística" e "Mãe da Igreja". No manto branco de Maria, Gilli diz que também viu três rosas - uma branca, uma vermelha e uma amarela - simbolizando a oração, a penitência e o sofrimento. O segundo ciclo de aparições ocorreu em 1966, precisamente em Fontanelle. Aí, em 13 de maio, uma data significativamente mariana, Nossa Senhora indicou uma fonte específica para Pierina como um local de purificação e fonte de graças. Já em 1966, um santuário começou a ser construído no local, não como uma igreja, mas como um anfiteatro aberto. De um lado, há uma capela para a celebração da Eucaristia e, do outro, uma segunda capela menor para proteger a fonte indicada pela aparição.

O parecer dos bispos

Na década de 1960, o então bispo de Brescia Giacinto Tredici não acreditava que as aparições tivessem uma origem sobrenatural, e a mesma atitude foi mantida por seus sucessores. Em abril de 2001, no décimo aniversário da morte de Pierina Gilli, o bispo Giulio Sanguineti nomeou um padre para acompanhar o culto em Fontanelle. Posteriormente, em 17 de dezembro de 2019, o local mariano foi proclamado "Santuário Diocesano Rosa Mística - Mãe da Igreja". A proclamação ocorreu durante uma celebração eucarística presidida pelo atual bispo de Brescia, destinatário da carta do Dicastério.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Beato Papa Eugênio III

Beato Papa Eugênio III (A12)
08 de julho
Beato Papa Eugênio III

Píer Bernardo Paganelli nasceu em Montemagno, Itália, em nobre, rica e cristã família. De temperamento reservado, inteligente, calmo e ponderado, estudou e recebeu a ordenação sacerdotal na diocese de Pisa, centro cultural próximo da sua cidade natal.

Em 1130 conheceu pessoalmente São Bernardo de Claraval, fundador da Ordem dos Monges Cistercienses, com quem desenvolveu forte amizade, entrando para o seu mosteiro em 1135. Foi designado para abrir um novo mosteiro em Farfa, na Diocese de Viterbo, tornando-se abade por determinação do Papa Inocêncio II.

Sucedeu a ele na Cátedra de Pedro em 1145, tomando o nome de Eugênio III. Sua escolha foi motivada por não pertencer ao colégio cardinalício, pois então as casas de vários deles haviam sido saqueadas por instigação de Arnaldo de Bréscia, um clérigo revoltado que pregava a pobreza absoluta da Igreja, e políticos que exigiam (!) a escolha de um Papa que entregasse o seu poder político ao seu partido… bem como desejavam se apropriar dos bens da Igreja.

Mas horas após a eleição, teve que fugir de Roma, à noite, pois a situação era insegura. Foi sagrado no mosteiro de Farfa, e diante da grave situação o novo Papa e os cardeais decidiram mudar para Viterbo, onde ficaram por oito meses. Os habitantes de Roma, contudo, pediram e apoiaram a sua volta, tornando possível que Eugênio controlasse a cidade, impondo a paz.

Porém em 1146 outra vez Eugênio teve que fugir por causa de novas agitações, indo para a França e Alemanha, de onde promoveu a Segunda Cruzada pregada por São Bernardo (que fracassou, em 1148, pela desunião entre os soberanos que a comandavam, pela traição dos bizantinos e por doenças).

Mesmo com as dificuldades em Roma, Eugênio cuidou da pureza da fé, convocando quatro concílios para impor disciplina aos insubordinados da Igreja que se aproveitavam da situação conturbada; depôs os arcebispos de York e Mainz, que não zelavam pela comunhão católica, e reformou os estudos de temas eclesiásticos e teológicos na Cúria Romana e na Igreja em favor da ortodoxia. Enquanto pessoalmente trabalhava neste sentido, visitando o norte da Itália, enviou o cardeal Breakspear, futuro Papa Adriano IV, com o mesmo objetivo na região da Escandinávia.

Em 1152 pôde voltar a Roma, apoiada pelo imperador germânico Frederico “Barba-Roxa” (na verdade, “Barbarossa” em Italiano, isto é, de barba ruiva), como mediador entre as facções romanas. Iniciou a construção do palácio pontifício, durante um ano de paz, falecendo em 8 de julho de 1153.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

É sempre possível constatar, ao longo da História, como essencialmente as mesmas situações – pois o Homem é sempre o mesmo na sua miséria pessoal e na sua potencial grandeza em Cristo – acontecem, ainda que com roupagens diferentes. O empenho da Igreja, hoje, internamente exige disciplinar as insubordinações doutrinárias e litúrgicas, reformar o ensino de clérigos e leigos na ortodoxia da Fé, e excluir os que, de dentro dela, não agem em comunhão com os preceitos universais de Jesus; e externamente reagir à política dos que pretendem (!) lhe subtrair partidariamente o poder que lhe é legítimo e conferido por Deus, bem como se apropriar dos seus bens materiais (e espirituais) para fins mundanos. Santo Eugênio teria hoje os seus mesmos trabalhos, e nós fiéis também temos o dever de apoiar a volta da santidade para a nossa residência espiritual, com orações e ações.

Oração:

Senhor, santo e supremo Pontífice, concedei-nos pela intercessão de São Eugênio III a paz e a proteção da Igreja, e a graça de Vos deixar comandar soberanamente as nossas almas, para que não fracasse, pela desunião Convosco, a cruzada da nossa santificação; e, assim curados das enfermidades de traição de alma por nossos pecados, com o apoio da Vossa realeza iniciemos a construção do retorno para a nossa casa definitiva, o Vosso palácio Celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

domingo, 7 de julho de 2024

A Rejeição à Pessoa de Jesus

Palavra do Pastor - Dom Paulo Cezar Costa (arqbrasilia)

A Rejeição à Pessoa de Jesus

14º Domingo do Tempo Comum

  • julho 6, 2024

Papa Francisco nos explica o Evangelho de hoje: «A hodierna página evangélica (Mc 6, 1-6) apresenta Jesus que regressa a Nazaré e, no dia de sábado, começa a ensinar na sinagoga. Desde que tinha ido embora para começar a pregar nos povoados e aldeias circunvizinhas, nunca voltara à Sua pátria. Voltou. Portanto, toda a cidade terá ido ouvir este filho do povo, cuja fama de mestre sábio e de poderoso curador já se alastrava pela Galileia e além. Mas aquilo que se poderia apresentar como um sucesso, transformou-se numa clamorosa recusa, a ponto de Jesus não poder realizar ali prodígio algum, mas apenas umas poucas curas (v. 5). A dinâmica daquele dia foi reconstruída detalhadamente pelo evangelista Marcos. O povo de Nazaré inicialmente ouve e fica admirado. Depois questiona-se perplexo: “de onde lhe vêm estas coisas”, essa sabedoria?; e, no final, escandaliza-se ao reconhecer n’Ele o carpinteiro, o filho de Maria, que eles viram nascer (vv. 2-3). Por isso Jesus conclui com a expressão que se tornou proverbial: “um profeta só é desprezado na sua pátria” (v. 4).

Perguntemo-nos: por que passam os concidadãos de Jesus da admiração à incredulidade? Eles fazem um confronto entre a origem humilde de Jesus e as suas capacidades atuais: é um carpinteiro, não estudou, contudo prega melhor que os escribas e faz milagres. Mas em vez de se abrirem à realidade, escandalizam-se. Segundo os habitantes de Nazaré, Deus é demasiado grande para se abaixar e falar por meio de um homem tão simples! É o escândalo da encarnação: o evento desconcertante de um Deus que Se fez carne, que pensa com mente de homem, trabalha e age com mãos de homem, ama com coração de homem, um Deus que trabalha, come e dorme como um de nós. O Filho de Deus inverte qualquer esquema humano: não foram os discípulos que lavaram os pés ao Senhor, mas foi o Senhor que lavou os pés dos discípulos (Jo 13, 1-20). É esse o motivo de escândalo e de incredulidade não só naquela época, mas em todas as épocas e também hoje.

A inversão realizada por Jesus engaja os Seus discípulos de ontem e de hoje numa verificação pessoal e comunitária. […] O Senhor convida-nos a assumir uma atitude de escuta humilde e de expectativa dócil, porque a graça de Deus se apresenta, com freqüência, de maneiras surpreendentes, que não correspondem às nossas expectativas. Pensemos juntos na Madre Teresa de Calcutá, por exemplo. Uma religiosa pequenina — ninguém dava dez tostões por ela — que ia pelas ruas recuperar os moribundos para que tivessem uma morte digna. Essa pequenina religiosa fez maravilhas com as orações e com as suas obras! A pequenez de uma mulher revolucionou as obras de caridade na Igreja. É um exemplo para os nossos dias. Deus não se conforma com os preconceitos.

Devemos esforçar-nos por abrir o coração e a mente, para acolher a realidade divina que vem ao nosso encontro. Trata-se de ter fé: a falta de fé é um obstáculo à graça de Deus. Muitos batizados vivem como se Cristo não existisse: repetem-se gestos e os sinais da fé, mas a eles não corresponde uma adesão real à pessoa de Jesus nem ao seu Evangelho». […] (Papa Francisco, Angelus de 8 de julho de 2018).

 Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

A fé comprometida

Viver pele fé (Crédito: Paz e Vida)

A FÉ COMPROMETIDA

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Partindo do princípio de que a fé cristã não é somente uma doutrina, uma sabedoria, um conjunto de regras morais ou uma tradição, mas que a vida de fé tem o poder de nos proporcionar um encontro real com Jesus Cristo, transmitir a fé significa, então, criar em cada lugar e em cada tempo as condições para que este encontro entre os homens e Jesus aconteça. O objetivo de toda evangelização é, pois, ajudar as pessoas a fazer a experiência deste encontro, que é, ao mesmo tempo, íntimo e pessoal, público e comunitário. 

O grande desafio que temos na atualidade não é só ajudar aqueles que participam das nossas comunidades a cultivarem a vida de fé, mas ir ao encontro da ovelha ferida e dispersa, isto é, dos que foram batizados e fazem parte das estatísticas das nossas comunidades, mas se afastaram e já não celebram mais a vida de fé em comunidade. Devemos trabalhar para ajudar estas pessoas a fazerem um novo encontro com o Senhor Jesus. Ele é o único que dá um profundo significado a nossa existência, e nos ajuda a redescobrir a importância da fé, como fonte de graça, que dá alegria e esperança à vida pessoal, familiar e comunitária. 

A fé deve se tornar em nós a chama do amor, que ascende realmente o meu ser, e assim pode iluminar também a vida do próximo. O homem atinge a sua maturidade amando a Deus e aos irmãos. Este é o mandamento que recebeu e que é também o seu destino mais belo e verdadeiro. O princípio pastoral enunciado pelo Catecismo diz: “Toda finalidade da doutrina e do ensinamento deve ser posta no amor que não acaba. Com efeito, pode-se facilmente expor que é preciso crer, esperar ou fazer; mas sobretudo, é preciso fazer sempre que apareça o Amor de Nosso Senhor, para que cada um compreenda que cada ato de virtude perfeitamente cristão não tem outra origem, senão o Amor, e outro fim, senão o Amor” (ClgC, n. 25). Cada um de nós recebeu a fé por intermédio de outros, e a outros tem a obrigação de transmiti-la. 

Num mundo, que valoriza o sucesso da ascensão social, podemos correr o risco de ser discípulos que anunciam mais os valores da realidade do mundo, do que os valores do Evangelho anunciado por Jesus. É na experiência do encontro com o Senhor, através da sua Palavra, da oração e da caridade, que os discípulos podem oferecer um testemunho capaz de tocar a mente e o coração dos homens e das mulheres do nosso tempo, ajudando-os a percorrerem um caminho de vida, marcado pelo encontro com o Senhor da paz, do diálogo, da esperança e da misericórdia, que se inclina para curar o ferido. Ele, de braços abertos, acolhe o afastado, e com amor e ternura percorre conosco o caminho da vida, para podermos chegar à vida eterna, na casa do Pai. 

O nosso crescimento espiritual não acontece por acaso. Precisamos ter a humildade de deixar a graça de Deus agir em nós, deixando o Espírito Santo oxigenar o nosso coração, a nossa vida de comunidade de fé, através da escuta e da leitura da Palavra de Deus. “Quando conhecemos a Palavra de Deus, não temos o direito de não acolhê-la; e, uma vez acolhida, não temos o direito de impedi-la de encarnar-se em nós; quando ela se encarna em nós, não temos o direito de conservá-la para nós: a partir daquele momento pertencemos a àqueles que a esperam” (Madeleine Delbrêl). 

Os discípulos do Senhor Jesus são enviados para a missão, “como operários do amor”, porque participam da missão junto ao Pai e ao Espírito Santo. Mas esta missão não poderá ser vivida intensamente pelos discípulos, se antes não fizerem uma experiência viva de comunhão com o Senhor Jesus, que anunciou o Reino de Deus, mas também carregou a cruz, e na cruz entregou a vida nas mãos do Pai, para que tivéssemos vida e vida em abundância.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Para defender a fé

Para defender a fé (Canção Nova)

Para defender a fé

Carta apostólica do Santo Padre João Paulo II dada motu proprio Ad tuendam fidem, com a qual são inseridas algumas normas no Código de Direito Canônico e no Código dos Cânones das Igrejas Orientais.

Carta Apostólica de João Paulo II Ad tuendam fidem

Defender a fé da Igreja Católica contra os erros que surgem por parte de alguns fiéis, especialmente daqueles que se dedicam propositadamente às disciplinas da teologia sagrada, pareceu-nos absolutamente necessário a Nós, cuja tarefa principal é confirmar os nossos irmãos na fé (cf. Lucas 22, 32), que nos textos atuais do Código de Direito Canônico e do Código dos Cânones das Igrejas Orientais se acrescentam normas que impõem expressamente o dever de observar as verdades definitivamente propostas pelo Magistério do Igreja, fazendo também menção às sanções canônicas sobre o mesmo assunto. 

1. Desde os primeiros séculos até os dias de hoje, a Igreja professa as verdades sobre a fé de Cristo e o mistério da sua redenção, que foram posteriormente recolhidas nos Símbolos da fé; hoje, de fato, são comumente conhecidos e proclamados pelos fiéis na celebração solene e festiva das missas como o Credo Apostólico ou o Credo Niceno-Constantinopolitano. O mesmo Credo Niceno-Constantinopolitano está contido na Profissão de Fé, recentemente elaborada pela Congregação para a Doutrina da Fé (1) , que de maneira especial é imposta a certos fiéis para ser emitida quando assumem um cargo relacionado direta ou indiretamente com a busca mais profunda no âmbito das verdades relativas à fé e aos costumes ou vinculadas a um poder particular no governo da Igreja (2) . 

2. A Profissão de Fé, devidamente precedida do Credo Niceno-Constantinopolitano, contém também três proposições ou parágrafos que pretendem explicar as verdades da fé católica que a Igreja, sob a orientação do Espírito Santo, que "lhe ensinará todas as verdade" ( Jo 16, 13), ao longo dos séculos esquadrinhou ou examinará mais profundamente (3) . O primeiro parágrafo que afirma: «Creio também com fé firme em tudo o que está contido na Palavra de Deus escrita ou transmitida e que a Igreja, quer com julgamento solene, quer com Magistério ordinário e universal, propõe que se acredite como divinamente revelado» (4) , convenientemente afirma e tem as suas disposições na legislação universal da Igreja nos cân. 750 do Código de Direito Canônico e 598 do Código dos Cânones das Igrejas Orientais.

O terceiro parágrafo que diz: «Aderi também com religiosa subserviência de vontade e de intelecto às doutrinas que o Romano Pontífice ou o Colégio dos Bispos propõem quando exercem o seu magistério autêntico, mesmo que não pretendam proclamá-las com um ato definitivo », encontra o seu lugar nos cânones. 752 do Código de Direito Canônico e 599 do Código dos Cânones das Igrejas Orientais. 

3. Contudo, o segundo parágrafo que afirma: «Aceito e mantenho firmemente todas as verdades individuais relativas à doutrina relativa à fé ou aos costumes definitivamente propostos pela Igreja», não tem cânone correspondente nos Códigos da Igreja Católica. Este parágrafo da Profissão de Fé é de extrema importância, pois indica as verdades necessariamente ligadas à revelação divina. Estas verdades, que na exploração da doutrina católica expressam uma inspiração particular do Espírito de Deus para a compreensão mais profunda da Igreja de alguma verdade relativa à fé ou aos costumes, estão ligadas tanto por razões históricas como por uma consequência lógica. 

4. Portanto, movidos por esta necessidade, decidimos oportunamente preencher esta lacuna no direito universal da seguinte forma: A) Can. 750 do Código de Direito Canônico passará a ter dois parágrafos, sendo que o primeiro consistirá no texto do cânon atual e o segundo apresentará um novo texto, para que globalmente possa. 750 soará: Can. 750 – § 1. Pela fé divina e católica devem-se acreditar todas as coisas que estão contidas na Palavra escrita ou transmitida de Deus, isto é, no único depósito de fé confiado à Igreja, e que juntas são propostas como divinamente revelado, quer pelo Magistério solene da Igreja, quer pelo seu Magistério ordinário e universal, isto é, aquele que se manifesta pela adesão comum dos fiéis sob a orientação do Magistério sagrado; conseqüentemente, todos são obrigados a evitar qualquer doutrina que lhes seja contrária. § 2. É preciso também aceitar e reter com firmeza todas e cada uma das coisas que são definitivamente propostas pelo Magistério da Igreja em matéria de fé e de costumes, ou seja, aquelas que são necessárias para guardar santamente e expor fielmente o próprio depósito da fé; portanto, aqueles que recusam que as mesmas proposições sejam definitivamente sustentadas opõem-se à doutrina da Igreja Católica. Na lata. 1371, n. 1º do Código de Direito Canônico, a citação do cân. 750 § 2º, para que o mesmo possa. 1371 de agora em diante soará como um todo: Can. 1371 – Seja castigado com castigo justo:

1) quem, além do caso mencionado no cân. 1364 § 1, ensina uma doutrina condenada pelo Romano Pontífice ou pelo Concílio Ecuménico ou rejeita obstinadamente a doutrina mencionada no cân. 750 § 2 ou no cân. 752, e admoestado pela Sé Apostólica ou pelo Ordinário não retratado;

2) que de qualquer outra forma não obedece à Sé Apostólica, ao Ordinário ou ao Superior que legitimamente o ordena ou proíbe, e depois da admoestação persiste na sua desobediência.
[…]

Roma, junto de São Pedro, 18 de maio de 1998, vigésimo ano do Nosso Pontificado. 

João Paulo II 

Notas 

1) Congregatio pro doctrina fidei, Professio fidei et Iusiurandum fidelitatis in suscipiendo officio nomina Ecclesiae exercendo , 9 de janeiro de 1989, in AAS 81 (1989) 105. 

2) Cf. 833. 

3) Cf. Código de Direito Canônico, cân. 747 § 1; Código dos Cânones das Igrejas Orientais, cân. 595 § 1. 

4) Cf. Sacrosanctum Concilium oecumenicum Vaticano II, constitutio dogmatica Lumen gentium , De Ecclesia, n. 25, 21 de novembro de 1964, em AAS 57 (1965) 29-31; constitutio dogmatica Dei Verbum , De divina Revelatione, 18 de novembro de 1965, n. 5, em AAS 58 (1966) 819; Congregatio pro doctrina fidei, instructio Donum Veritatis , De ecclesiali theologi vocatione, 24 de maio de 1990, n. 15, in AAS 82 (1990) 1556. […] Texto retirado do L'Osservatore Romano de 30 de junho a 1 de julho de 1998

Arquivo 30Dias 07/08 – 1998

Fonte: https://www.30giorni.it/

Reflexão para o XIV Domingo do Tempo Comum (B)

Evangelho do domingo (Vatican News)

Foi na cruz de Jesus que se manifestou a força de Deus! Portanto, concluindo nossa reflexão, deixemos Paulo falar em nós: “Por isso, de bom grado, eu me gloriarei das minhas fraquezas, para que a força de Cristo habite em mim.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

A primeira leitura nos ensina o que é um profeta e qual sua função, quando Deus, como nos relata o livro de Ezequiel, o convoca e o envia aos israelitas para lhes dizer: “Filho do homem, eu te envio aos israelitas, nação de rebeldes, que se afastaram de mim.” Mais adiante, acrescenta: “e tu lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus.” O profeta é um homem comum, escolhido dentre os demais, que se dirige a todos com a autoridade recebida de Deus, para alertar os mesmos, com o objetivo de salvá-los da infelicidade.

Do mesmo modo como costuma acontecer conosco, quando alguém vem nos alertar de algum erro que estamos cometendo, nós não gostamos e até agredimos o amigo. Também o povo de Israel não gostava dos profetas porque eles os incomodavam, fazendo mudar de vida e retomar o caminho certo.

No Evangelho, Marcos nos fala que Jesus é esse profeta. Os presentes na sinagoga não o aceitam, pois além de perturbar a ordem, corrigindo as interpretações da Lei feita pelos doutores, ele era não apenas um homem comum, mas filho de pessoas muito simples. Isso causou uma admiração negativa, um espanto. Como o filho do José carpinteiro e de Dona Maria, vem nos ensinar? Que escola ele frequentou? Quem ele pensa que é? E assim Jesus foi rejeitado até ser crucificado, apesar de suas palavras de carinho, de perdão, apesar de seus milagres e de seu ensinamento trazer a felicidade ao coração das pessoas. Mas apesar disso, seu ensinamento exigia mudança de vida, reconhecer-se pecador, deixar a vidinha acomodada e egoísta para ser feliz de verdade.

Na segunda leitura temos aquele famoso trecho da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios, onde ele fala de que lhe foi dado um espinho na carne, que é como um anjo de Satanás. Muito já se escreveu sobre isso. Mas afinal, que espinho é esse? Certamente Paulo se refere à fragilidade do profeta, do apóstolo, do missionário, do catequista, do cristão, quando ser humano que é, sente-se em conflito quando, exercendo sua função, é confrontado pelas atitudes hostis daqueles a quem é enviado. E a resposta de Deus para Paulo e para todos nós que vivenciamos nossa humildade, nossos limites é: “Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder.”

Foi na cruz de Jesus que se manifestou a força de Deus!

Portanto, concluindo nossa reflexão, deixemos Paulo falar em nós: “Por isso, de bom grado, eu me gloriarei das minhas fraquezas, para que a força de Cristo habite em mim. Pois, quando sou fraco, então é que sou forte.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Vilibaldo

São Vilibaldo (A12)
07 de julho
São Vilibaldo

Vilibaldo (Guilhebaldo; Wilibaldo) nasceu em 700, na cidade de Wessel, Inglaterra, da família real de Kent. Sua mãe, Winna, teria sido irmã de São Bonifácio (de nome original Vinfrido, Wynfrith ou Winfrid); e seu pai, o rei Ricardo I da Saxônia, bem como seus irmãos Vilibaldo e Valburga, foram igualmente canonizados.

Gravemente doente aos três anos de idade, foi desenganado pelos médicos. Os pais então o levaram a uma cruz erguida em praça pública, prometendo consagrá-lo a Deus em caso de cura, que aconteceu. Por isso foi levado para a abadia beneditina de Waldheim com seis anos, aos cuidados do abade Eghald, onde completou os estudos.

Decidiu tornar-se também monge, mas antes de completar os votos perpétuos saiu do mosteiro em 720, para acompanhar o pai e o irmão Vunibaldo numa peregrinação a Jerusalém, começando por Roma. Em 722 o pai faleceu na cidade de Luca, na Itália, antes de chegarem a Roma, onde Vunibaldo decidiu ficar. Vilibaldo seguiu para a Palestina com outros senhores ingleses.

O grupo foi preso pelos mouros em Edessa, na ilha de Chipre, acusados de espionagem. A intercessão de um espanhol bem relacionado com o emir garantiu a sua liberdade. Chegando à Terra Santa, ainda dominada pelos árabes mas com liberdade de movimentação, por cinco visitaram os locais onde Jesus esteve. Várias vezes Vilibaldo correu perigo de prisão, mas seus modos pacíficos e afáveis acalmava os árabes, que o deixavam livre. Assim ele pôde também confortar os cristãos que ali viviam sob o jugo dos mouros.

Em 729 os peregrinos voltaram a Roma, e o Papa Gregório II o enviou para o mosteiro beneditino de Monte Cassino, reconstruído do saque dos invasores lombardos (por volta de 570) e necessitado de monges. Ali começou a trabalhar como simples porteiro, cargo que São Bento recomendava ser dado a um “prudente ancião”, até chegar a abade. Então Vilibaldo recebeu o livro original das Regras de São Bento que havia sido preservado em Roma, e por dez anos formou uma nova comunidade no mesmo espírito da Regra do fundador, restaurando o vigor deste famosíssimo mosteiro.

Acompanhando a Roma um sacerdote espanhol em 740, Vilibaldo encontrou seu tio, São Bonifácio, o qual pediu ao Papa, agora Gregório III, que dispensasse o sobrinho de Monte Cassino para acompanhá-lo na missão de evangelizar a Germânia (Alemanha). Só então Vilibaldo recebeu as ordens sacerdotais (os monges não precisam necessariamente ser presbíteros). Mais tarde São Bonifácio o sagrou bispo de Eichestadt, onde Vilibaldo construiu uma catedral e um mosteiro da Ordem Beneditina.

Por orientação do tio, também passou a controlar os outros mosteiros, garantindo a sua correta espiritualidade. Em seguida, dedicou-se a visitar a imensa área da sua diocese, aos poucos evangelizando o povo como missionário itinerante, obtendo inúmeras conversões.

São Vilibaldo faleceu em 7 de julho de 787 ,no mosteiro que fundara em Eichestadt, já com fama de santidade.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

São Vilibaldo nos dá o exemplo de santidade em atividades por assim dizer tanto dinâmicas quanto estáticas. Foi peregrino e missionário, mas também restaurador de um mosteiro, e mosteiro beneditino, cuja Ordem exige um voto de estabilidade, isto é, o monge deve permanecer no mesmo mosteiro por toda a vida. A base comum do sucesso em tão díspares funções é a oração, através da qual a alma permanece tranquila e repousada em Deus, quaisquer que sejam as circunstâncias. Enquanto em viagens, Vilibaldo atuou com ação em oração; no mosteiro, a oração é sempre a principal ação. De comportamento pacífico e afável, que de modo algum implicam em apatia ou falta de firmeza, cumpriu o que lhe foi pedido, e exemplarmente, de forma serena e sólida. Todas estas qualidades apontam para uma admirável constância de espírito, capaz de se adaptar às diferentes circunstâncias da vida, sem nunca se desviar do essencial. É a expressão da permanência em Cristo, que torna a alma forte. Uma força que vem de se estar na Verdade. Que também a nós ninguém possa acusar de ficar presos numa ilha de falsidade durante a jornada desta vida.

Oração:

Deus de amor imutável e eterno, concedei-nos pelo exemplo e intercessão de São Vilibaldo a disponibilidade de permanecermos imperturbáveis no Vosso serviço aonde quer que nos chameis, restaurando o que for necessário à vida da alma, de modo a podermos participar da família dos Vossos santos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

sábado, 6 de julho de 2024

Sobre a ira e autocontrole

Autocontrole (Crédito: Vida Simples)

SOBRE A IRA E AUTOCONTROLE

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

Segundo a doutrina cristã, a ira é um dos sete pecados capitais. Ela é pecaminosa quando, sob seu efeito, não controlamos as emoções irracionais e agimos de forma desordenada perante situações que poderíamos administrá-las com equilíbrio e moderação. Quem age possuído pela ira perde sua condição de sujeito, sofre uma espécie de transtorno de personalidade e, em estado de surto, comete absurdos e causa danos irreversíveis ao outro.  

Diante de situações extremamente desagradáveis, a espiritualidade cristã nos convoca a imitar Deus, que “é misericordioso e clemente, lento para a ira, paciente e generoso em seu amor” (Sl 102, 8). Quem age movido pela ira, excede-se, comete violência e, geralmente, agride e fere as pessoas mais próximas de sua convivência humana.  

Aristóteles, na “Ética a Nicômaco”, nos ensina que “é fácil irar-se. Todos são capazes disso, mas não é absolutamente fácil, e, sobretudo, nem todos são capazes de irar-se com a pessoa certa, na medida certa, no modo certo, no momento certo e por uma causa justa.” 

De acordo com o Papa Francisco, a ira é um vício destrutivo que afeta profundamente as relações humanas. Ele afirma que a ira é facilmente identificável através das mudanças físicas e comportamentais, como agressividade, respiração ofegante e um olhar sombrio. A ira muitas vezes nasce de uma injustiça percebida e pode ser descarregada de forma desproporcional contra aqueles que não são os culpados reais. O Papa também enfatiza que a ira destrói a capacidade de aceitar o outro em sua singularidade, levando ao ressentimento e à perda de lucidez (PP. FRANCISCO. “Audiência Geral”, 31/01/2024). 

As causas da ira podem variar, incluindo frustrações, injustiças e situações que desafiam o ego. A ira pode levar a consequências devastadoras, como perda de controle, violência e até homicídio. Na perspectiva cristã, a ira é vista como um sentimento que contamina o coração e deve ser controlada para evitar que leve a ações irracionais e destrutivas. 

Santo Tomás de Aquino, na “Suma Teológica” (Secunda Secundae. Tratado sobre a Temperança. Questão 158: Da Iracúndia), explora a natureza da ira e discute se ela é sempre pecaminosa. Ele conclui que a ira pode ser justificada em certas circunstâncias, por exemplo, quando dirigida contra uma verdadeira injustiça. A ira justa é proporcional e dirigida de maneira apropriada. No entanto, ela se torna pecaminosa quando é direcionada incorretamente, quando excede os limites da razão e da justiça, levando a comportamentos descontrolados e violentos.  

A ira pode ser lícita quando é motivada por uma justa indignação contra o mal. Por isso, Santo Tomás considera que nem toda ira é considerada pecado mortal. A gravidade do pecado da ira depende da intensidade e das consequências das ações que ela provoca. Uma ira moderada e justificada pode não ser mortal, enquanto uma ira descontrolada que leva à violência extrema pode ser. Santo Tomás argumenta que, embora a ira seja um pecado sério, não é necessariamente o mais grave. A gravidade do pecado é avaliada com base nas suas consequências e na intenção por trás dele. 

Tomás de Aquino concorda com Aristóteles em grande parte, afirmando que a ira pode ser classificada de acordo com a sua origem e a sua manifestação. Ele reconhece a complexidade da ira e a necessidade de uma análise detalhada para entender suas diferentes formas. A ira é definitivamente contada entre os vícios capitais, pois é uma das paixões que mais facilmente leva a outros pecados, como a violência e o ódio.  

Santo Tomás identifica seis filhas da ira: rixa, entumescência de coração, contumélia, vociferação, indignação e blasfêmia. Estas são manifestações específicas da ira que levam a outros comportamentos pecaminosos. A ausência completa de ira, em situações em que ela seria justa, pode também ser um vício, indicando uma falta de zelo pela justiça, por isso o equilíbrio é fundamental. 

A ira é uma emoção complexa que pode ser justificada em certas circunstâncias, mas frequentemente leva a comportamentos pecaminosos e destrutivos. Tanto a doutrina cristã quanto as filosofias antigas enfatizam a importância do autocontrole e da paciência para lidar com a ira de maneira adequada. Controlar a ira é essencial para manter a paz interior e evitar ações que possam causar danos irreparáveis a si mesmo e aos outros. 

Em determinados contextos, é preciso agir com vigor e não com ira. Agir com vigor é um modo de restabelecer o equilíbrio da justiça, impedindo que o mal prevaleça. É necessário controlar a ira para agir com racionalidade e firmeza onde for necessário, mas jamais com ódio, rancor ou vingança. Quando alguém está prestes a agir movido pela vingança, é melhor interromper a ação, pois a vingança contamina a intenção do agente. Mesmo que a causa a ser defendida seja justa, a vingança a corrompe e potencializa o mal, tornando-o ainda mais letal.

 Fonte: https://www.cnbb.org.br/

“A perseguição religiosa está mudando", diz novo direitor da Ajuda à Igreja que Sofre Itália

Imagem de um dos últimos relatórios da ACS | Vatican News

O novo diretor da Seção Italiana da Fundação de direito pontifício Ajuda à Igreja que Sofre, Massimiliano Tubani, analisa a evolução da perseguição religiosa que se regista em mais de 60 países do mundo. “Formas de discriminação mais insidiosas devem ser indicadas aos nossos benfeitores para intervir de forma mais direcionada”.

Marco Guerra – Cidade do Vaticano

Massimiliano Tubani foi nomeado diretor da ACN Italia, a seção italiana da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, depois de ali ter adquirido oito anos de experiência, mais recentemente na função de coordenador. Tubani sucede a Alessandro Monteduro, diretor da  ACN Italia de 2015 a maio de 2024.

Os desafios da ACN

São muitos os desafios para esta organização, fundada em 1947, que apoia os fiéis cristãos onde quer que sejam perseguidos, oprimidos ou necessitados e que defende o direito à liberdade religiosa para todas as minorias.

Além de se empenhar também em nível jurídico e financiar projetos concretos de apoio e reconstrução de comunidades cristãs que sofreram perseguições, a Ajuda à Igreja que Sofre publica periodicamente um relatório sobre a liberdade religiosa no mundo que, em 2023, teve a sua XVI edição.

De acordo com os últimos dados contidos no relatório, são registadas formas de perseguição ou discriminação com base religiosa em mais de 60 países em todo o mundo e na maior parte destes Estados a situação em 2022 piorou em comparação com o ano anterior. Estima-se que um total de 325 milhões de cristãos sejam perseguidos.

Tubani: mudança na forma de perseguição

Entrevistado pela Rádio Vaticana – Vatican News, Tubani também destacou a existência de mudanças na perseguição religiosa: “Há alguns anos, vivíamos a fase crucial do ataque do Estado Islâmico contra as minorias religiosas, portanto a perseguição ficava muito evidente. Hoje a perseguição é mais insidiosa, devemos ser capazes de apontá-la aos benfeitores que nos apoiam e intervir de forma mais direcionada”. Entre as ações positivas empreendidas pela ACN (sigla em inglês), deve certamente ser mencionado o que foi feito em termos de reconstrução dos vilarejos cristãos da Planície de Nínive, no Iraque.

Tubani recorda ainda a situação na Nigéria, Burkina Faso, Mali e Níger, onde as comunidades continuam a ser atacadas por grupos extremistas islâmicos.

Perseguição com “luvas brancas”

O diretor da AIS Italia também se concentra nas perseguições e restrições implementadas por governos e Estados. Na América Latina, por exemplo, é preocupante a situação na Nicarágua, onde dom Rolando Alvarez foi libertado da prisão em janeiro passado, mas “três dioceses permanecem guiadas por bispos forçados ao exílio”.

A situação na Ásia não é menos complicada: no Paquistão a lei da blasfêmia continua a causar vítimas inocentes e na Índia a violência contra as minorias religiosas está aumentando, apesar de a Constituição garantir a liberdade religiosa.

Por fim, Tubani fala daquela perseguição definida pelo Papa Francisco como “com luvas brancas e que ocorre no Ocidente”: nos países democráticos o “relativismo absoluto” ameaça a presença do ativismo católico na sociedade pública, “uma perseguição cultural que não se apresenta com a violência, mas que é muito insidiosa e enfraquece as comunidades cristãs".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF