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domingo, 20 de outubro de 2024

Papa na Missa com canonizações: “Vence não quem domina, mas quem serve por amor"

Santa Missa com Canonização e Angelus -20/10/2024 (Vatican Media)

Em Missa presidida pelo Papa Francisco na Praça São Pedro neste 20 de outubro, foram elevados à honra dos altares os franciscanos Manuel Ruiz López e sete companheiros e os leigos Francisco, Mooti e Raffaele Massabkis, conhecidos como "Mártires de Damasco"; Pe. José Allamano, fundador dos Missionários e Missionárias da Consolata; Ir. Elena Guerra, conhecida como "Apóstola do Espírito Santo" e a canadense Ir. Marie-Léonie Paradis, fundadora das Pequenas Irmãs da Sagrada Família de Sherbrooke.

https://youtu.be/SmNMjmguHvo

Santa Missa e Canonização
HOMILIA DO SANTO PADRE
Praça de São Pedro
XXIX Domingo do Tempo Comum, 20 de outubro de 2024

Jesus pergunta a Tiago e a João: «Que quereis que vos faça?» (Mc 10, 36). E logo a seguir, desafia-os: «Podeis beber o cálice que Eu bebo e receber o batismo com que Eu sou batizado?» (Mc 10, 38). Jesus faz perguntas e, deste modo, ajuda-nos a discernir, porque as perguntas fazem-nos descobrir o que está dentro de nós, iluminam o que trazemos no coração. e que tantas vezes não sabemos.

Deixemo-nos interpelar pela Palavra do Senhor. Imaginemos que ele nos pergunta a cada um de nós: «O que queres que faça por ti?»; e a segunda pergunta «podes beber o meu cálice?»

Com estas perguntas, Jesus traz ao de cima o vínculo e as expectativas que os discípulos nutrem para com ele, com as luzes e sombras próprias de qualquer relação. Com efeito, Tiago e João estão ligados a Jesus, mas têm pretensões. Manifestam o desejo de estar perto dele, mas apenas para ocupar um lugar de honra, para desempenhar um papel importante, para “na sua glória, se sentarem um à sua direita e outro à sua esquerda” (cf. Mc 10, 37). Torna-se evidente que pensam em Jesus como Messias, um Messias vitorioso, glorioso e esperam que Ele partilhe a sua glória com eles. Veem em Jesus o Messias, mas pensam nele segundo a lógica do poder.

Jesus não se detém nas palavras dos discípulos, mas vai mais fundo, escuta e lê o coração de cada um deles e também de cada um de nós. E durante o diálogo, por meio de duas perguntas, procura trazer à tona o desejo que existe dentro daqueles pedidos.

Primeiro, pergunta: «Que quereis que vos faça?»; e esta interrogação revela os pensamentos dos seus corações, traz à luz as expectativas escondidas e os sonhos de glória que os discípulos cultivam secretamente. É como se Jesus perguntasse: “Quem queres que eu seja para ti?” E, assim, desmascara o que eles realmente desejam: um Messias poderoso e , um Messias vitorioso que lhes dê um lugar de honra. E tantas vezes na Igreja ocorre esse pensamento: a honra, o poder...

Depois, com a segunda pergunta, Jesus desmente esta imagem de Messias e ajuda-os, deste modo, a mudar de olhar, isto é, a converterem-se: «Podeis beber o cálice que Eu bebo e receber o batismo com que Eu sou batizado?». Revela-lhes, desta maneira, que não é o Messias que eles pensam que é; é o Deus de amor, que se abaixa para chegar aos que estão em baixo; que se faz fraco para levantar os fracos; que trabalha pela paz e não pela guerra; que veio para servir e não para ser servido. O cálice que o Senhor vai beber é a oferta da sua vida, e a sua vida que nos foi dada por amor, até à morte e morte de cruz.

E, portanto, à sua direita e à sua esquerda estarão dois ladrões, suspensos na cruz como Ele e não instalados confortavelmente em lugares de poder; dois ladrões pregados com Cristo na dor e não sentados na glória. O rei crucificado, o justo condenado torna-se escravo de todos: este é verdadeiramente o Filho de Deus! (cf. Mc 15, 39). Vence não quem domina, mas quem serve por amor. Repitamos: vence não quem domina, mas quem serve por amor. É o que nos recorda também a Carta aos Hebreus: «não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, pois Ele foi provado em tudo como nós» (Hb 4, 15).

Neste momento, Jesus pode ajudar os discípulos a converterem-se, a mudarem de mentalidade: «Sabeis como aqueles que são considerados governantes das nações fazem sentir a sua autoridade sobre elas, e como os grandes exercem o seu poder» (Mc 10, 42). Mas não deve ser assim para aqueles que seguem um Deus que se fez servo a fim de chegar a todos com o seu amor. Quem segue Cristo, se quiser ser grande deve servir, aprendendo d’Ele.

Santa Missa com Canonização e Angelus -20/10/2024 (Vatican Media)

Irmãos e irmãs, Jesus revela os pensamentos,  Jesus revela os pensamentos, revela os desejos e as projeções no nosso coração, desmascarando por vezes as nossas expectativas de glória, domínio, de poder, de vaidade. Ele ajuda-nos a pensar já não segundo os critérios do mundo, mas segundo o estilo de Deus, que se faz último para que os últimos sejam erguidos e se tornem os primeiros. Faz-se último para que os últimos sejam reerguidos e se tornem os primeiros. Muitas vezes, estas perguntas de Jesus, com o seu ensinamento sobre o serviço, são tão incompreensíveis, incompreensíveis para nós como o eram para os discípulos. Porém, seguindo-O, percorrendo os Seus passos e acolhendo o dom do Seu amor que transforma a nossa maneira de pensar, também nós podemos aprender o estilo de Deus o estilo de Deus: o serviço. Não esqueçamos as três palavras que mostram o estilo de Deus para servir: proximidade, compaixão e ternura. Deus se faz próximo para servir; se faz compassivo para servir; se faz terno para servir. Proximidade, compaixão e ternura…

É a isto que devemos aspirar: não ao poder, mas ao serviço. O serviço é o estilo de vida cristão. Não se trata de uma lista de coisas a fazer, como se, uma vez realizadas, pudéssemos considerar terminado o nosso turno. Quem serve com amor não diz: “agora toca a outro”. Este é um pensamento de empregados, não de testemunhas. O serviço nasce do amor e o amor não conhece fronteiras, não faz cálculos, mas gasta-se e dá-se. O amor não se limita a produzir para ter resultados, nem é uma prestação ocasional; é sim algo que nasce do coração, um coração renovado pelo amor e no amor.

Santa Missa com Canonização e Angelus -20/10/2024 (Vatican Media)

Quando aprendemos a servir, cada gesto de atenção e cuidado, cada expressão de ternura, cada obra de misericórdia torna-se um reflexo do amor de Deus. E assim todos nós - e cada um de nós - continuamos a obra de Jesus no mundo.

Nesta luz podemos recordar os discípulos do Evangelho, que hoje são canonizados. Ao longo da história conturbada da humanidade, foram servos fiéis, homens e mulheres que serviram no martírio e na alegria, como o Irmão Manuel Ruiz Lopez e seus companheiros. Trata-se de sacerdotes e consagradas fervorosos, e fervorosos de paixão, da paixão missionária, como o Padre Giuseppe Allamano, a Irmã Paradis Marie Leonie e a Irmã Elena Guerra. Estes novos santos viveram o estilo de Jesus: o serviço. A fé e o apostolado que realizaram não alimentaram neles desejos mundanos e avidez de poder; pelo contrário, eles fizeram-se servidores dos seus irmãos, criativos em fazer o bem, firmes nas dificuldades, generosos até ao fim.

Supliquemos com confiança a sua intercessão, para que também nós possamos seguir Cristo, segui-lo no serviço, e tornarmo-nos testemunhas de esperança para o mundo.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

dom Pedro Cipollini fala da necessidade de três conversões: espiritual, pastoral e de estruturas

Em coletiva do Sínodo, dom Pedro Cipollini fala da necessidade de três conversões: espiritual, pastoral e de estruturas.

O bispo de Santo André (SP), dom Pedro Carlos Cipollini, participou na quinta-feira, 17 de outubro, da Coletiva de Imprensa da segunda e última sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade começou dia 2 de outubro, em Roma, e segue até o próximo dia 27. A Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade está prestes a concluir as reflexões sobre o terceiro Módulo do Instrumentum Laboris, que fala de lugares.

Além de dom Pedro, participaram da coletiva, a secretária da Comissão de Comunicação, Sheila Pires, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, a superiora geral das irmãs de Nossa Senhora das Dores, irmã Samuela Maria Rígon, o arcebispo de Rangoon (Mianmar), cardeal Charles Bo e o arcebispo de Quebec (Canadá), cardeal Gérard Lacroix.

O bispo de Santo André (SP), um dos 5 dos cinco delegados eleitos pelos bispos do Brasil, destacou a questão das mudanças como tema transversal, insistindo em que no processo sinodal alguma coisa deve mudar. Mudanças que na linguagem bíblica são chamadas de conversão. Por isso ele sublinhou que o Sínodo está exigindo mudança, conversão.

O bispo de Santo André falou sobre três conversões: pastoral, que tem a ver com o modo de exercer a missão, também na mídia, alargar os lugares de evangelização; conversão estrutural, mais desafiadora, tendo como horizonte o Reino de Deus; conversão espiritual, a partir do encontro com a pessoa de Jesus, que é a referência, ponto de partida e de chegada, insistindo na importância da Palavra de Deus e do testemunho pessoal de vida.

“As palavras podem convencer, mas é o testemunho que arrasta”, enfatizou dom Pedro Cipollini. Ele defendeu a necessidade de uma mudança racional e emocional, e para isso se faz necessário “aprender a dar adeus a coisas antigas que já cumpriram sua missão e acolher o novo que está chegando neste Sínodo”.

Temas abordados

Durante a coletiva foi falado sobre as dificuldades e o drama dos migrantes, a criação de uma Assembleia Eclesial Mediterrânea, uma região onde as igrejas têm criado estruturas de redes. Foi abordada a questão de novas propostas para o atendimento aos jovens, a reconfiguração das paróquias em redes de pequenas comunidades, como caminho para agilizar a sinodalidade. O trabalho da Rede Talitha Kum, com os migrantes e vítimas do tráfico de pessoas, o acompanhamento sem paternalismos das pessoas com necessidades especiais, a necessidade de abalar as consciências dos católicos com relação aos pobres, a presença da Igreja onde o Espírito sopra, nas encruzilhadas, lugares de sinodalidade e não se fechar em lugares seguros.

Por sua vez, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, destacou o serviço da Vida Religiosa, a importância da relação entre sinodalidade e primazia, com a contribuição das igrejas orientais, as contribuições dos fóruns teológicos, o papel das conferências episcopais, como responder às perguntas da cultura e do contexto. Junto com isso, o valor das igrejas locais, o papel dos bispos, a necessidade de não ter medo da sinodalidade, o status das conferências episcopais, a importância da escuta do Papa aos fiéis e a centralidade da Eucaristia, entre outras questões. Finalmente, Ruffini lembrou que nesta sexta-feira haverá um encontro dos membros da Assembleia Sinodal com mais de 150 jovens na Sala Sinodal.

Por Willian Bonfim, com informações do VaticanNews

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Reflexão para o XXIX Domingo do Tempo Comum (B)

Evangelho do domingo (Vatican News)

Jesus propõe: “... entre vós não deve ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos.”

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

A liturgia nos convida, especialmente hoje, a um exame de consciência em relação ao nosso modo de nos relacionarmos com nossos irmãos. Deus é o único Pai, o único Mestre, o único Senhor e, para nos ensinar como queria que fôssemos, como deverá ser a nova sociedade, se fez servo, servo de todos. Assim, seremos mais cristãos, mais semelhantes a Jesus Cristo, à medida em que tomarmos posição de servos e nossa vida for um serviço, através de nossas ações e de nosso modo de ser, isto é, do modo de tratar as pessoas, de nos vestir, de nos postar.

No Evangelho Jesus diz aos seus discípulos que eles não devem seguir os exemplos dos líderes que gostam de serem tratados como senhores, ao contrário, os discípulos, quanto mais alta a função, deverão vivê-la na atitude de servo, não apenas nas ações, mas em todos os sentidos.

Desejar ocupar os primeiros lugares, receber cumprimentos cerimoniosos, usar roupas luxuosas, ser chamado por títulos honoríficos, tudo isso deverá estar longe do coração e da vida do autêntico discípulo. Jesus propõe: “... entre vós não deve ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos.”

O servo está sempre disponível, acessível ao seu senhor, de prontidão. Jesus condena a atitude dos mestres que permitem ou até exigem que seus discípulos lhes lavem os pés, ao contrário será ele a lavar os pés dos discípulos. Inclusive irá vivenciar isso de modo excepcional na cruz, quando nos lavará a todos do pecado.

Como poderei ser servo? Se sou casado, não me considerar superior ao meu cônjuge; se desempenho uma profissão de prestígio, não por isso considerar-me superior aos outros; se sou comerciante, não visar só meu lucro, mas apresentar boa mercadoria e com preço justo; se sou um religioso, ser acessível, disponível, simples e misericordioso no trato com os fiéis; enfim, o cristão segue em tudo a pessoa do Mestre.

Devo aprender com o episódio dos filhos de Zebedeu. O Batismo me introduziu em uma nova sociedade. É necessário permitir ao Espírito Santo que construa em minha vida um novo homem, uma nova mulher. Minha alegria deverá estar não em posicionamentos de honra segundo este mundo caduco, mas com o mundo dos ressuscitados no batismo. Aceitar beber o cálice de Jesus, receber o seu batismo significa aceitar sofrer por causa da justiça, da verdade, pela construção de uma nova humanidade.

Conforta-nos as palavras do autor da Carta aos Hebreus, em um trecho anterior ao proposto hoje à nossa reflexão, quando escreve: “...embora fosse Filho de Deus, aprendeu, com o seu sofrimento, como é difícil para o homem obedecer e aceitar a vontade de Deus”. Isso nos conforta ao reconhecermos como nos é difícil sermos servos e também faz sermos compreensivos com tantas pessoas, especialmente com aquelas que são religiosas.

Por outro lado, sirva-nos de exemplo e elevação a Deus, para glorificá-lo, o que foi relatado por uma agente da saúde, de Kampala, Uganda, na época do Sínodo para a África, em 2009: um grupo de doentes de AIDS, gente muito pobre, que sobrevive vendendo pedras para construtores, quando soube das devastações causadas pelo furacão Kathrina, nos EUA, e do recente terremoto na região do Abruzzo, fez uma coleta de dinheiro e enviou às cidades italianas e americanas atingidas. Por quê? “Porque o coração do homem é internacional, não tem raça e nem cor”, disse Rose.

“Vi um povo nascer e mudar na fé” – disse. “Estas pessoas quebram pedras e comem uma vez por dia. Quando pedimos para rezarem pelas vítimas destas tragédias, responderam que sabiam muito bem o que significa viver sem casa e sem comida. “Se pertencem a Deus, pertencem a nós também”... Assim, organizaram-se em grupos, quebraram mais pedras, e no final, haviam recolhido dois mil dólares, que enviaram à embaixada americana”. Concluamos nossa reflexão com a palavra de Jesus: “Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos.” (Mt 11,25).

Fonte: https://www.vaticannews.va/p

sábado, 19 de outubro de 2024

Terra pode já ter ultrapassado 7 dos seus 9 limites planetários; entenda o que são

Representação visual dos limites planetários. — Foto: Potsdam Institute for Climate Impact Research (PIK)

Constatação é de um novo estudo, feito por pesquisadores do Instituto Potsdam para Pesquisa sobre o Impacto Climático (PIK), que analisaram os processos essenciais para a manutenção do equilíbrio ambiental na Terra.

Por Roberto Peixoto, g1

19/10/2024 05h00  Atualizado há 10 horas

O mundo pode ter ultrapassado sete de nove limites planetários que podem desencadear catástrofes ambientais irreversíveis. E o aquecimento global tem grande responsabilidade nisso, alertaram cientistas.

Ou seja, se não controlarmos o aumento global da temperatura, eventos como o colapso de ecossistemas e desastres climáticos extremos se tornarão cada vez mais frequentes (entenda mais abaixo).

A constatação é de um novo estudo, feito por pesquisadores do Instituto Potsdam para Pesquisa sobre o Impacto Climático (PIK), que analisaram os processos essenciais para a manutenção do equilíbrio ambiental na Terra.

No estudo, foram identificados sete processos que já ultrapassaram níveis considerados seguros ou estão próximos de ultrapassar, relacionados aos seguintes tópicos:

  1. Mudanças no uso da terra do planeta: tem a ver com o desmatamento e a conversão de ecossistemas naturais em áreas agrícolas ou urbanas, que estão destruindo habitats e afetando a regulação climática. Seus níveis seguros já foram ULTRAPASSADOS e atingiram uma zona de ALTO risco. 🔴
  2. Mudanças climáticas: algo diretamente ligado ao aumento da temperatura devido à poluição por gases do efeito estufa, que têm consequências graves para o planeta. Seus níveis seguros já foram ULTRAPASSADOS e atingiram uma zona de ALTO risco. 🔴
  3. Biodiversidade: tem relação com a extinção de várias espécies, causada pela degradação dos habitats naturais e pela exploração excessiva dos recursos. Seus níveis seguros já foram ULTRAPASSADOS e atingiram uma zona de ALTO risco. 🔴
  4. Ciclo do nitrogênio e fósforo: está relacionado ao uso excessivo de fertilizantes, que prejudica a qualidade da água e afeta os ecossistemas aquáticos. Seus níveis seguros já foram ULTRAPASSADOS e atingiram uma zona de ALTO risco. 🔴
  5. Uso de água doce: tem a ver com a demanda crescente por água em várias regiões, que está se aproximando de níveis críticos. Seus níveis seguros já foram ULTRAPASSADOS. 🟠
  6. Poluição química por compostos como microplásticos: diz respeito ao acúmulo de produtos químicos tóxicos no ambiente, que representa uma ameaça crescente à saúde humana e à biodiversidade. Seus níveis seguros já foram ULTRAPASSADOS. 🟠
  7. Acidificação dos oceanos: tem a ver com o aumento de CO₂ na atmosfera, que torna os oceanos mais ácidos, prejudicando a vida marinha e os recifes de corais. Seus níveis seguros ainda não foram ultrapassados, mas estão muito próximos. 🟢

Já os dois processos que ainda NÃO estão próximos de serem ultrapassados são os seguintes:

  1. Aerossóis na atmosfera: ou seja, o aumento de partículas suspensas no ar (como fuligem e poeira), que vem alterando os padrões climáticos regionais e afetando a saúde humana. 🟢
  2. Camada de ozônio: a degradação dessa região da estratosfera já estava em andamento, mas ações internacionais ajudaram a protegê-la. 🟢

Esses limites planetários foram propostos em 2009 por Johan Rockström, que é o diretor do PIK. Desde então, pesquisadores têm trabalhado para identificar quantificar esses processos, numa forma de chamar atenção para o a emergência climática.

"A avaliação geral é que o paciente, o Planeta Terra, está em estado crítico. Seis dos nove 'Limites Planetários' foram ultrapassados, e sete processos apresentam tendência de aumento da pressão. Em breve, a maioria dos parâmetros da 'Verificação da Saúde Planetária' estará na zona de alto risco", diz Rockström.

Abaixo, entenda ponto a ponto por que a preocupação com esses 7 sistemas:

1. Mudanças no uso da terra 🔴

A transformação de paisagens naturais é um processo que acontece principalmente através do desmatamento e da urbanização, e que tem um efeito profundo nas funções ecológicas essenciais para a saúde do nosso planeta.

No estudo, os pesquisadores ressaltam que essas mudanças não apenas diminuem as áreas verdes, mas também comprometem funções vitais que mantêm o equilíbrio ecológico.

Para exemplificar, atualmente, a cobertura florestal global está em torno de 59% do que poderia ser, indicando que estamos abaixo dos níveis considerados seguros, segundo dados do observatório europeu Copernicus.

Em termos práticos, uma cobertura florestal segura é definida perto de 75% da extensão original, sendo que 85% é a taxa ideal para florestas tropicais (como a Amazônia) e boreais, enquanto florestas temperadas precisam de pelo menos 50%.

Entre 2000 e 2018, quase 90% da desflorestação direta se deveu à expansão de terras agrícolas, com 52,3% dessa perda relacionada ao cultivo de alimentos e 37,5% à criação de gado.

Gado pasta em uma área desmatada do município de Assis (AC), na Amazônia. Imagem é de 1º de novembro de 2007. — Foto: AP Photo/Silvia Izquierdo

2. Mudanças climáticas 🔴

Esse limite da mudança climática refere-se ao processo que altera o equilíbrio energético da Terra: o acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera, o que afeta tanto as temperaturas globais quanto os padrões climáticos.

E em 2024, a quantidade de CO2 da atmosfera está em torno de 422 ppm, bem acima do limite de 350 ppm estabelicido pelo estudo, que leva em conta as metas do Acordo de Paris (veja gráfico abaixo).

Já a chamada força do aquecimento causado pela atividade humana no topo da atmosfera vem superando 2,79 W/m², valor que também já está muito acima do que é considerado seguro para o clima do nosso planeta.

Esse último conceito inclui todas as atividades humanas que afetam o equilíbrio energético da Terra, não se limitando apenas às emissões de CO₂. Outras emissões de gases de efeito estufa, como metano e óxido nitroso, além de aerossóis e mudanças no uso da terra, também estão incluídas na conta.

O limite planetário para essa força foi estabelecido em +1,0 W/m² (em relação aos níveis pré-industriais). Com o seu aumento, mais energia é retida no planeta, elevando as temperaturas na atmosfera, nos oceanos e na terra. Com isso, os impactos do aquecimento resultam em eventos climáticos extremos, como chuvas torrenciais, inundações, ondas de calor e secas.

"Os dados mostram que o planeta está sob enorme pressão. Se não tomarmos medidas imediatas, estaremos acelerando ainda mais a crise climática e a perda de biodiversidade", diz Renata Piazzon, diretora-geral do Instituto Arapyaú, que fez parte de um conselho ligado ao estudo dos limites planetários contribuindo diretamente para o relatório "Planetary Health Check".

3. Biodiversidade 🔴

O termo técnico que os cientistas utilizaram para isso é a chamada "mudança na integridade da biosfera", ou seja, as alterações na saúde e no funcionamento dos ecossistemas do planeta.

Em um relatório que foi publicado em setembro, eles indicam que a maioria das violações desses limites acontece em regiões onde a terra é utilizada intensivamente, como em zonas agrícolas.

Em contraste, áreas como a Amazônia e a Bacia do Congo, que permanecem naturais ou seminaturais, não apresentam essas violações de forma tão clara, ainda segundo o estudo.

Quanto à diversidade genética, ou seja, a diversidade de variações genéticas entre os indivíduos de uma mesma espécie, as taxas de extinção são preocupantes. O relatório aponta que pelo menos 73 grupos de vertebrados desapareceram nos últimos 500 anos.

Gorila das planícies do oeste 'Malui' caminhando por entre uma nuvem de borboletas que ela perturbou em um bai. Bai Hokou, Reserva Florestal Especial Densa de Dzanga Sangha, República Centro-Africana. — Foto: Anup Shah / TNC Photo Contest 2021

4. Ciclo do nitrogênio e fósforo 🔴

Essas são mudanças que podem resultar em zonas mortas em ambientes de água doce e no mar. Os chamados fluxos biogeoquímicos movimentam elementos essenciais para a vida, como nitrogênio e fósforo, que circulam pelo meio ambiente.

Em 2024, porém, dados mostram que os fluxos de fósforo para os oceanos chegaram a 22,6 Tg P por ano, enquanto a fixação de nitrogênio feita pela indústria está em torno de 190 Tg N por ano, números que ultrapassaram limites considerados seguros para esses ciclos de nutrientes.

O limite planetário para o fluxo de fósforo foi estabelecido no estudo em 11 Tg P por ano, para evitar a eutrofização generalizada (crescimento descontrolado de algas) e a redução de oxigênio nos ambientes aquáticos. Já o nitrogênio teve um limite definido de 62 Tg N anualmente.

Tivemos o mês de agosto mais quente do registro instrumental, mas sabemos também que estamos vivendo o período mais quente em cerca de 125 mil anos por causa do aquecimento global antropogênico. Com isso, estamos alterando os padrões do sistema climático e entre as consequências temos aumento de frequência e intensidade de eventos extremos.

— Karina Lima, climatologista e divulgadora científica.

5. Uso de água doce 🟠

Os dados mais recentes também mostram que as atividades humanas estão causando sérios problemas nos fluxos de água de rioslagos e reservatórios como lençóis freáticos. Esses problemas também já ultrapassaram os limites seguros estabelecidos no estudo.

Segundo o PIK, cerca de 18% da superfície da Terra está passando por mudanças significativas na água desses corpos, e cerca de 16% está enfrentando níveis de umidade no solo que não são considerados adequados.

"Ultrapassar os limites da mudança de água doce tem impactos significativos no funcionamento do sistema terrestre e nas sociedades humanas. A interrupção do ciclo da água ameaça a sobrevivência de ecossistemas inteiros, como a Amazônia, comprometendo a integridade da biosfera e os serviços ecossistêmicos", diz um trecho do estudo.

Imagem mostra antes e depois da seca ao redor do mundo em 2022. Da esquerda para a direita, de cima para baixo: Território francês, Rio Reno, Alemanha, Lago Mead e Lago Powell, ambos nos EUA. — Foto: Copernicus/ESA/Nasa

6. Poluição química por compostos como microplásticos 🟠

Esse processo diz respeito ao aumento da circulação de substâncias químicas sintéticas, como microplásticos e materiais radioativos.

Entre 2000 e 2017, a produção de produtos químicos do tipo vem aumentando continuamente, ainda segundo dados do estudo.

E essas substâncias contribuem não só para a poluição, como também para o acúmulo biológico e a resistência a antibióticos, além de causarem problemas de saúde, como o câncer.

Um estudo recente inclusive encontrou microplásticos no cérebro humano. Segundo a pesquisa brasileira, essa é a primeira vez que o resíduo é encontrado no órgão e, segundo os especialistas, um sinal de alerta máximo para o risco do uso de plástico na rotina humana.

7. Acidificação dos oceanos 🟢

A acidificação dos oceanos é um fenômeno que se refere ao aumento da acidez das águas do mar, causado pela absorção de CO2 presente na atmosfera. Isso tem impactos diretos nos organismos marinhos que formam estruturas calcárias, como corais e moluscos, e, consequentemente, afeta todo o ecossistema marinho.

Segundo dados de 2024, o nível de saturação em aragonita global, uma taxa que mede a acidez das águas, está em 2,80. Esse valor se encontra dentro da margem segura para o fenômeno (2,75), mas é bastante próximo do limite.

E superar o limite da acidificação dos oceanos traz consequências sérias para o planeta. Por exemplo, os corais enfrentariam dificuldades na construção de seus esqueletos, algo que compromete a estrutura de recifes. Além disso, moluscos e outros organismos com conchas teriam dificuldades para formar suas estruturas, algo que afetaria sua sobrevivência e crescimento.

O problema é que isso também já uma realidade para algumas espécies, como os pterópodes de altas latitudes, moluscos que apresentam danos em suas conchas por causa da acidificação dos oceanos.

Um estudo de 2020 inclusive, publicado pela Rede Global de Monitoramento de Recifes de Coral (GCRMN), revelou que o mundo perdeu cerca de 14% de seus recifes de coral desde 2009. Este relatório, pioneiro em sua categoria, baseou-se em dados coletados em mais de 12.000 locais de coleta em 73 países ao longo de um período de mais de 40 anos (1978-2019).

Fonte: https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2024/10/19/terra-pode-ja-ter-ultrapassado-7-dos-seus-9-limites-planetarios-entenda-o-que-sao.ghtml

Da Constituição Pastoral Gaudium et spes sobre a Igreja no mundo de hoje, do Concílio Vaticano II

O Alfa e o Ômega (redenção)

Da Constituição Pastoral Gaudium et spes sobre a Igreja no mundo de hoje, do Concílio Vaticano II

(Nn.40.45)                    (Séc. XX)

Eu sou o alfa e o ômega, o primeiro e o último

A compenetração da cidade terrestre e da celeste, apenas a fé a pode perceber; e não só, permanece o mistério da história humana, perturbada pelo pecado, até à plena revelação da glória dos filhos de Deus.  

A Igreja, na verdade, está em busca de seu fim próprio, a salvação. E não apenas comunica ao homem a vida divina, mas irradia sua luz que, de certo modo, se reflete no mundo inteiro: principalmente por sanar e elevar a dignidade da pessoa humana, tornar mais sólida a coesão da sociedade e conferir uma significação mais profunda à cotidiana atividade dos homens. Desse modo, a Igreja, mediante cada membro seu e a comunidade toda inteira, julga poder contribuir muito para tornar a família dos homens e sua história mais humanas.  

Ao mesmo tempo que ajuda o mundo e dele muito recebe, a Igreja tem em mira uma só coisa, a vinda do reino de Deus e a salvação de todo o gênero humano. Porquanto todo bem, que o Povo de Deus em sua peregrinação terrestre pode prestar à humanidade, decorre do fato de ser a Igreja o sacramento da salvação universal, manifestando e realizando ao mesmo tempo o mistério do amor de Deus para com os homens.  

O Verbo de Deus, por quem tudo foi feito, fez-se carne, a fim de, homem perfeito, salvar a todos e tudo recapitular. O Senhor é o fim da história humana. O ponto para o qual convergem as aspirações da história e da civilização, o centro do gênero humano, júbilo de todos os corações e plenitude de seus desejos. Foi ele que o Pai ressuscitou dos mortos, exaltou e colocou à sua direita, constituindo-o juiz dos vivos e dos mortos. Vivificados e unidos no seu Espírito, peregrinamos em direção à consumação da história humana que coincidirá perfeitamente com o desígnio de seu amor: Reunir em Cristo tudo o que existe nos céus e na terra (Ef 1,10).  

O mesmo Senhor disse: Eis que venho logo e comigo a recompensa, para dar a cada um segundo suas obras. Eu sou o alfa e o ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim (Ap 22,12-13).

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

São Pedro de Alcântara

São Pedro de Alcântara (A12)
19 de outubro
País: Espanha (Alcântara) (1499-1562)
São Pedro de Alcântara

Hoje celebramos a memória de São Pedro de Alcântara, sacerdote espanhol da Ordem Franciscana que se destacou por uma vida dedicada à penitência, à oração contemplativa e ao dom do conselho na direção espiritual das almas.

São Pedro de Alcântara viveu uma espiritualidade marcada pelo amor a Jesus Crucificado, com frequência o encontravam prostrado ante o crucifixo, derramando copiosas lágrimas. Este amor o levou a ser promotor incansavelmente da devoção à Santa Cruz.

Fundou o ramo franciscano de “estrita observância”, também chamados de alcantarinos, pois desejava que os religiosos abraçassem uma vida de maior mortificação, dedicando mais tempo à oração e meditação. Esta empresa foi motivo de muitas perseguições e ataques, mas com a graça de Deus floresceu notavelmente.

Santa Teresa de Ávila foi contemporânea a ele e, conhecendo sua vida santa e seus dotes para a direção de almas, o escolheu como conselheiro espiritual. Este vínculo espiritual foi fundamental para a reforma da Ordem Carmelita.

Também foi conselheiro de D. João III e santo de devoção da família real portuguesa, fato que levou D. Pedro I a pedir que fosse reconhecido como padroeiro do Brasil.

Colaboração: Yara Fonseca

Reflexão:

O vínculo de São Pedro de Alcântara com a história do Brasil transcende até os dias de hoje. Nosso padroeiro é fonte de inspiração para muitos, nos deixou um legado de vida cristã humilde e coerente. Seu amor pela cruz de Cristo é fonte de inspiração para aqueles que buscam seguir o caminho da fé com radicalidade.

Oração:

Padroeiro amado desta Terra de Santa Cruz, cuida da nossa nação e intercede por nós perante Deus Pai, para que sejamos povo de Deus em caminho à pátria definitiva do Céu. Já que nesta vida foste tão bom conselheiro, iluminai as mentes e corações dos nossos líderes e governantes para que cada dia escolham guiar-nos com justiça e caridade. São Pedro de Alcântara, rogai a por nós!

Fonte: https://www.a12.com/

A vaidade e suas armadilhas

Vaidade de vaidades (jamaisdesista)

A VAIDADE E SUAS ARMADILHAS 

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

A palavra “vaidade” tem origem no latim “vanitas”, que significa “vazio” ou “oco”, remetendo à ideia de algo ilusório e sem substância. No contexto filosófico e moral, está associada à busca por reconhecimento e elogios, refletindo um desejo fútil de autoexaltação. A vaidade é uma inclinação natural do ser humano por aprovação e reconhecimento social. Até boas obras podem ser realizadas com a intenção de obter elogios. No entanto, quando se torna a principal motivação de nossas ações, a vaidade nos desvia de valores mais autênticos e profundos. 

Jesus nos adverte contra essa tendência de fazer o bem visando a aprovação social. As boas ações não devem ser praticadas e publicizadas com o intuito de receber elogios, mas sim realizadas de maneira discreta, com sinceridade, com o coração voltado para Deus, que recompensa todo bem, pois quem age para ser elogiado já recebeu sua recompensa (Cf. Mt 6,2-4).  

A vaidade também nos ilude, levando-nos a acreditar que encontraremos felicidade em glórias e bens transitórios. O Livro de Eclesiastes aborda esse aspecto de forma profunda e filosófica: “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade” (Ecle 1,2). E questiona: “Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol?” (Ecle 1,3). A visão do Coélet destaca a futilidade de dedicar a vida à busca de bens materiais e reconhecimento, pois, no final, a morte tornará inútil tudo o que acumulamos. Esse entendimento nos faz refletir sobre a fragilidade das metas humanas. O desejo incessante por riqueza ou fama não traz realização plena e nos distância do que realmente importa: Deus e a vida eterna. 

Santo Agostinho, nas Confissões, trata a vaidade como um pecado que pode levar à autodestruição moral. Ele recorda que, na juventude, não apenas cometia erros por prazer, mas também por vaidade. Sentia-se envergonhado de não ser tão torpe quanto seus companheiros e, para se igualar a eles, muitas vezes fingia pecados que não havia cometido. “Eu não o sabia, e me precipitava com tanta cegueira, que me envergonhava entre os companheiros de minha idade, de ser menos torpe do que eles… para que não parecesse mais abjeto quanto mais inocente” (Confissões, Livro II, Cap. III). Nesse caso, a vaidade torna-se destrutiva, pois o indivíduo busca a aceitação dos outros à custa de sua integridade moral. 

Agostinho nos alerta que a vaidade leva ao vazio e à separação de Deus. A busca por prestígio, por meios dos bens transitórios, apenas aumenta o sentimento de insatisfação e nos afasta da verdadeira felicidade, que só pode ser encontrada em Deus. O apego às glórias mundanas cria um desvio que impede a alma de atingir seu fim último: o repouso em Deus. “Não seja vã, ó minha alma, nem ensurdeças o ouvido do coração com o tumulto de tua vaidade. Ouve também: o próprio Verbo clama que voltes, porque só acharás repouso imperturbável lá onde o amor não é abandonado, se ele não nos abandona antes” (Confissões, Livro IV, Cap. CX). 

Blaise Pascal, em Pensées, também reflete sobre a vaidade, considerando-a uma expressão da fraqueza e da miséria humana. Todos os homens, independentemente de sua condição, buscam ser admirados. “A vaidade está tão enraizada no coração do homem, que um soldado, um servente, um cozinheiro, um carregador se vangloriam e querem ter seus admiradores; e até mesmo os filósofos os querem” (Pensées, n. 150). Ele critica essa tendência universal de buscar aprovação em coisas fúteis e temporárias, que nos afasta da nossa essência humana e da graça divina. Essa busca por reconhecimento e aprovação em coisas mundanas é um ciclo sem fim e nos leva apenas à frustração e ao vazio. A única solução para sair desse ciclo é redirecionar nosso foco para Deus, fonte de toda sabedoria e verdadeiro propósito. 

A vaidade, sob suas diferentes formas, é um desafio constante. O desejo de ser amado, valorizado e reconhecido é inerente à nossa condição humana, mas, quando exacerbado, desvia-nos de nós mesmos. Para lidar saudavelmente com a vaidade e evitar cair em suas armadilhas, é essencial cultivar a humildade e buscar a aprovação de Deus, praticando o bem sem esperar elogios humanos. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Estatísticas da Igreja Católica 2024

Vista da Praça São Pedro durante o Angelus (Foto EPA/Vatican Media)  (ANSA)

Em vista do próximo Jubileu 2025, com o intuito de ajudar a compreender a tendência das alterações dos dados numéricos sobre a presença e missão da Igreja Católica no mundo, a Agência Fides, além do habitual dossiê anual, publica esta vez também um apêndice, que resume os dados das alterações, durante os últimos vinte e cinco anos (1998-2022). Tais dados referem-se à população católica, número de sacerdotes, religiosos e religiosas, e o número de batizados administrados em nível planetário.

Por ocasião do 98º Dia Mundial das Missões, que se celebra neste domingo, 20 de outubro, a Agência Fides apresenta, como de costume, algumas estatísticas para oferecer um panorama da Igreja Católica no mundo.

Os dados e tabelas são extraídos do último «Anuário Estatístico da Igreja» - publicado (atualizado em 31 de dezembro de 2022) - e se referem aos membros da Igreja, estruturas pastorais, atividades nos setores da saúde, assistência social e educacional. Enfim, apresenta uma visão geral das circunscrições eclesiásticas, confiadas ao Dicastério para a Evangelização – Seção para a primeira evangelização e as novas Igrejas particulares.

Igreja Católica no mundo: síntese dos dados

Em 31 de dezembro de 2022, a população mundial contava 7.838.944.000 pessoas, um aumento de 53.175.000, em comparação ao ano anterior. Confirma-se uma tendência positiva em todos os continentes, exceto na Europa.

Em 31 de dezembro de 2022, o número de católicos era 1.389.573.000 pessoas, um aumento global de 13.721.000 católicos, em comparação ao ano anterior. Neste caso também o aumento dos católicos diz respeito a quatro dos cinco continentes. Na Europa, registra-se uma diminuição do número de católicos de 474.000. Como nos anos anteriores, o aumento dos católicos é mais acentuado na África (+7.271.000) e na América (+5.912.000), seguido pela Ásia (+889 mil) e Oceania (+123 mil). A percentagem de católicos, na população mundial, teve um leve aumento (+0,03); em relação ao ano anterior, permaneceu igual a 17,7%. Em relação a cada continente, as variações desses dados são mínimas.

O número total de Bispos no mundo aumentou (+13), em comparação com a pesquisa do ano anterior, chegando a 5.353. O número de Bispos diocesanos aumentou (+19), mas o número de Bispos religiosos diminuiu (-6). Os Bispos diocesanos são 2.682, enquanto os Bispos religiosos são 2.671.

O número total de sacerdotes no mundo diminuiu: 407.730 (-142 no ano passado). A Europa, mais uma vez, registrou uma diminuição significativa (-2745), seguida pela América (-164). Como no ano passado, houve aumentos significativos na África (+1.676) e na Ásia (+1.160). A Oceania, depois do aumento do ano passado, voltou a ter resultado negativo (-69). O número de sacerdotes diocesanos no mundo diminuiu (-439), de modo geral, atingindo o número de 279.171. Os sacerdotes religiosos aumentaram (+297), chegando a um total de 128.559.

Em relação à última pesquisa anual, o número de diáconos permanentes no mundo continua a aumentar (+974), chegando a 50.159. O aumento deu-se na África (+1), Ásia (+15) e Europa (+267), mas diminuiu na América (-308) e na Oceania (-1).

Os religiosos não-sacerdotes diminuíram (-360), em comparação ao ano anterior, atingindo um número total de 49.414. As diminuições registraram-se na África (-229), Europa (-382) e Oceania (-27), enquanto aumentos ocorreram na América (+27) e na Ásia (+251). Segundo as pesquisas mais atualizadas, confirma-se a tendência global da diminuição de religiosas, que se verifica já há algum tempo: são 599.228 (-9.730). Os aumentos ocorrem, mais uma vez, na África (+1.358) e na Ásia (+74), enquanto o número continua a diminuir na Europa (-7.012), América (-1.358) e Oceania (-225).

O número de seminaristas maiores, diocesanos e religiosos, também diminui, segundo as últimas pesquisas anuais: em todo o planeta contam 108.481 (no ano anterior eram 109.895). Os aumentos registraram-se apenas na África (+726) e na Oceania (+12), enquanto o número diminuiu na América (-921), Ásia (-375) e Europa (-859). O número total de seminaristas menores, diocesanos e religiosos, também diminuiu no mundo, atingindo 95.161 (-553). Em particular, o aumento ocorreu apenas na África (+1.065), enquanto as diminuições foram registradas nos demais continentes: Ásia (-978), América (-475), Europa (-153) Oceania (-12).

No âmbito do ensino e educação, a Igreja presta assistência, no mundo inteiro, a 74.322 escolas maternas, que contam 7.622.480 alunos; 102.189 escolas primárias, com 35.729.911 alunos; 50.851 escolas de ensino fundamental e médio, que contam 20.566.902 alunos. Além disso, 2.460.993 alunos estudam em institutos superiores, enquanto 3.925.393 são estudantes universitários.

Os Institutos de saúde, beneficência e assistência, dirigidas pela Igreja no mundo, são um total de 102.409 e compreendem: 5.420 hospitais, 14.205 dispensários, 525 leprosários, 15.476 casas para idosos, enfermos crônicos e com deficiência, 10.589 creches, 10.500 consultórios matrimoniais, 3.141 centros de educação ou reeducação sociais, 33.677 outros tipos de instituições.

As Circunscrições Eclesiásticas, - sedes Metropolitanas, Arquidioceses, Dioceses, Abadias Territoriais, Vicariatos Apostólicos, Prefeituras Apostólicas, Missões ‘sui iuris’, Prelazias Territoriais, Administrações Apostólicas e Ordinariados Militares - que dependem do Dicastério para a Evangelização, são 1.123 no total e (+2), segundo a última alteração. A maior parte das Circunscrições Eclesiásticas, confiadas ao Dicastério, com sede em Roma, encontra-se na África (525) e Ásia (481), seguida pela América (71) e Oceania (46).

Apêndice: alterações durante 25 anos (1998-2022)

Em vista do próximo Jubileu 2025, com o intuito de ajudar a compreender a tendência das alterações dos dados numéricos sobre a presença e missão da Igreja Católica no mundo, a Agência Fides, além do habitual dossiê anual, publica esta vez também um apêndice, que resume os dados das alterações, durante os últimos vinte e cinco anos (1998-2022). Tais dados referem-se à população católica, número de sacerdotes, religiosos e religiosas, e o número de batizados administrados em nível planetário.

Este apêndice reúne e elabora também dados e tabelas, extraídos dos vários “Anuários Estatísticos da Igreja”, desde 1998 a 2022. Contrariamente ao dossiê clássico, os dados levados em consideração no Apêndice não entram em detalhes sobre os vários Continentes, mas apenas delineiam o quadro geral dos números, em nível planetário.

Em consequência, o que se pode deduzir dos dados coletados no período 1998-2022 é o seguinte: o número de católicos presentes no planeta, ao longo de vinte e cinco anos, sempre teve um constante aumento. Os dados numéricos dos católicos, em percentagem, são significativos: em 1998, 17,4% da população mundial era católica. Na última variação disponível chega a 17,7%, uma percentagem que permaneceu inalterada, desde 2015, após um pequeno pique em 2014 (17,8%).

Outro dado significativo diz respeito ao número de sacerdotes. Em nível mundial, nesses vinte e cinco anos, o número total de sacerdotes passou de 404.628 para 407.730, enquanto o número de religiosos não-sacerdotes e o de religiosas registrou uma diminuição. Com base nos dados, os religiosos não-sacerdotes, em vinte e cinco anos, nunca ultrapassaram os 60 mil. A mesma curva descendente refere-se também às religiosas, cujo número, em vinte e cinco anos, passou de 814.779 para 559.228.

Enquanto a população católica aumenta no mundo, a administração do sacramento do Batismo diminui, passando de 17.932.891 batizados, em 1998, para 13.327.037, em 2022.

*Agência Fides

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

População católica diminui na Europa, mas aumenta em todos os outros lugares

Fiéis se reúnem no santuário de Namugongo, Uganda, para a Peregrinação do Dia dos Mártires em 3 de junho de 2024. | ACI África

População católica diminui na Europa, mas aumenta em todos os outros lugares, dizem estatísticas da Santa Sé

Por Tyler Arnold*

18 de out de 2024

A população católica na Europa caiu em quase meio milhão de pessoas em 2022, mas continuou a aumentar em todas as outras partes do mundo, segundo dados divulgados pela Santa Sé esta semana.

Segundo números da Santa Sé, divulgados pela agência Fides, serviço noticioso das Pontifícias Obras Missionárias, a população católica na Europa era de pouco menos de 285,6 milhões de pessoas no final de 2022. Isso é cerca de 474 mil católicos a menos do que o registrado em 2021.

O declínio da população católica coincide com uma redução populacional total no continente, que registrou uma perda líquida de 517 mil pessoas que vivem na Europa ao longo do ano.

Os católicos ainda compunham cerca de 39,5% da população da Europa em 2022, o que é um declínio de 0,08%, segundo a Santa Sé. O declínio da população católica na Europa tem sido um fenômeno consistente por vários anos.

Apesar da redução na Europa, a população católica global ainda está em ascensão. No final de 2022, a população católica atingiu quase 1,39 bilhão de pessoas, graças a um aumento de mais de 13,7 milhões de católicos.

Os dados mostraram que cerca de 17,7% da população mundial era católica, o que representa um aumento de 0,03%.

A população católica na África ultrapassou 272,4 milhões de pessoas em 2022 depois de um aumento de mais de 7,3 milhões de pessoas — o maior aumento registrado em qualquer continente. Cerca de 19,7% da África era católica em 2022, o que foi um aumento de 0,32% em relação ao ano anterior — o maior aumento na representação católica como uma porcentagem da população.

As Américas do Norte e do Sul tinham mais de 666,2 milhões de católicos registrados em 2022, depois de um aumento de mais de 5,9 milhões de católicos. O número de católicos na Ásia ultrapassou 154, 24 milhões, o que foi um aumento de cerca de 889 mil. Havia quase 11,11 milhões de católicos na Oceania depois de um aumento de cerca de 123 mil.

Além da Europa, a Ásia foi a única região a registrar um declínio no número de católicos como porcentagem da população total, com uma redução de 0,02%.

A escassez de padres piora globalmente, o número de freiras diminui, o de diáconos aumenta

O número total de padres no mundo caiu pelo quinto ano consecutivo, mas algumas regiões registram um aumento.

No final de 2022, havia cerca de 407.730 padres na Igreja, o que foi um declínio líquido de cerca de 142 padres. Globalmente, isso significa que há um padre para cada 15.682 católicos.

A pior redução de padres foi na Europa, que caiu em 2.745. Houve também uma diminuição de 164 padres nas Américas e uma perda de 69 padres na Oceania.

No entanto, um aumento de 1.676 padres na África e 1.160 padres na Ásia ajudou a suavizar o impacto do declínio geral de padres.

O número de seminaristas maiores caiu em mais de 1,4 mil de 2021 para 2022. Isso inclui uma redução de 921 nas Américas, 859 na Europa e 375 na Ásia.

A África registrou 726 seminaristas a mais e a Oceania teve um pequeno aumento de 12 seminaristas.

O número de seminaristas menores caiu em 553.

O número de religiosas caiu ligeiramente abaixo de 600 mil em 2022, com um declínio total de 9.730. Isso foi liderado principalmente por uma diminuição de mais de 7 mil na Europa e mais de 1.350 nas Américas.

Houve também um declínio de cerca de 225 religiosas na Oceania. No entanto, o número de religiosas aumentou em mais de 1.350 na África e em cerca de 74 na Ásia.

O número de diáconos permanentes aumentou globalmente em 974. Isso inclui um aumento de 267 na Europa, 15 na Ásia e um na África. O número caiu em 308 nas Américas e em um na Oceania.

O número de diáconos diocesanos permanentes aumentou em 960, com um aumento de 697 nas Américas, 255 na Europa e nove na Ásia, com um a menos na Oceania. O número total de diáconos permanentes religiosos aumentou globalmente de 14 para 615.

*Tyler Arnold é repórter do National Catholic Register. Já trabalhou no site de notícias The Center Square e suas matérias foram publicadas em vários veículos, incluindo The Associated Press, National Review, The American Conservative e The Federalist.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/59685/populacao-catolica-diminui-na-europa-mas-aumenta-em-todos-os-outros-lugares-dizem-estatisticas-da-santa-se

A vocação ao matrimônio

A vocação ao matrimônio (Opus Dei)

A vocação ao matrimônio

Chegar juntos ao Céu: esse é o desejo que pode impulsionar cada casamento. Oferecemos um novo editorial sobre o amor humano.

11/11/2015

Umas palavras do Papa Francisco, no encontro com as famílias em Manila, deram a volta ao mundo: “Não é possível uma família sem o sonho. Numa família, quando se perde a capacidade de sonhar, os filhos não crescem, o amor não cresce; a vida debilita-se e apaga-se. Por isso, recomendo-vos que à noite, ao fazer o exame de consciência, vos ponhais também esta pergunta: Hoje sonhei com o futuro dos meus filhos? Hoje sonhei com o amor do meu esposo, da minha esposa? Hoje sonhei com os meus pais, os meus avós que fizeram a vida avançar até mim?” [1].

Sonhar

Esta capacidade de sonhar está relacionada com o entusiasmo que colocamos nos nossos horizontes e esperanças, especialmente em relação às pessoas. Em outras palavras: os bens ou as realizações que desejamos para elas; as esperanças que cultivamos em relação a elas. A capacidade de sonhar equivale à capacidade de pôr o sentido de nossa vida naqueles que amamos. Por isso é algo característico de cada família.

Desde o início, São Josemaria contribuiu para lembrar, seguindo os ensinamentos da Igreja, que o matrimônio – semente da família – é, no sentido mais pleno da palavra, uma chamada específica à santidade dentro da comum vocação cristã: um caminho vocacional, diferente, mas complementar ao do celibato – seja sacerdotal ou laical – ou à vida religiosa. “O amor que conduz ao matrimônio e à família pode ser também um caminho divino, vocacional, maravilhoso, por onde corra, como um rio em seu leito, uma completa dedicação ao nosso Deus” [2].

Por outro lado, esta chamada de Deus no casamento não significa diminuir as exigências para seguir a Jesus. Pois, como “todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus” [3], os esposos cristãos encontram na vida matrimonial e familiar a matéria da sua santificação pessoal, ou seja, da sua identificação com Jesus Cristo: sacrifícios e alegrias, prazeres e renúncias, o trabalho no lar e fora dele, são elementos com os quais, sob a luz da fé, é construído o edifício da Igreja.

Sonhar, para um cristão, com a esposa ou com o esposo, é olhar para ele com os olhos de Deus. É contemplar a realização do projeto que o Senhor pensou e quer para cada um, e para os dois na sua relação matrimonial. É desejar que esses planos divinos se tornem realidade na família, nos filhos – se Deus os enviar –, nos avós, e nos amigos que a providência coloca ao nosso lado para nos acompanhar na viagem da vida. É, em resumo, a possibilidade de que cada um veja o outro como seu caminho pessoal para o céu.

A vocação ao matrimônio (Opus Dei)

O segredo da família

Cristo fez do casamento um caminho divino de santidade, para encontrar a Deus no meio das ocupações diárias, da família e do trabalho, para elevar a amizade, as alegrias e as penas – porque não há cristianismo sem dor –, e as mil pequenas coisas da casa ao nível eterno do amor. Aí está o segredo do casamento e da família. Assim se antecipa a contemplação e a alegria do céu, onde encontraremos a felicidade completa e definitiva.

No contexto desse “caminho divino” de amor matrimonial, São Josemaria falava do significado cristão, profundo e belo, da relação conjugal: “nos outros sacramentos a matéria é o pão, o vinho, a água... Aqui são os corpos. (...) Eu vejo o leito conjugal como um altar; ali está a matéria do sacramento” [4]. A expressão altar é surpreendente, e ao mesmo tempo é consequência lógica de uma leitura profunda do matrimônio, cujo núcleo é a una caro[5]: a união completa dos corpos humanos, criados à imagem e semelhança de Deus.

A partir desta perspectiva entendemos o fato de os esposos cristãos expressarem a característica do sacramento do matrimônio através da linguagem da corporeidade: com sua entrega mútua, louvam e glorificam a Deus, anunciam e realizam o amor entre Cristo e a Igreja, reforçando a obra do Espírito Santo nos corações. E daí vem, para os esposos, para a sua família e para o mundo, uma corrente de graça, de força e de vida divina que renova tudo.

Isto requer uma preparação e uma formação contínua, uma luta positiva e constante. “Os símbolos fortes do corpo – observa o Papa Francisco – possuem as chaves da alma: não podemos tratar os vínculos da carne com superficialidade, sem causar ao espírito alguma ferida perene” [6].

O vínculo que surge a partir do consentimento matrimonial fica impresso e se enriquece pelas relações íntimas entre os esposos. A graça de Deus que receberam no batismo encontra um novo conduto que não se justapõe ao amor humano, mas o assume. O sacramento do matrimônio não supõe um acréscimo externo ao casamento natural; a graça sacramental específica transforma os cônjuges por dentro, e ajuda-os a viver a sua relação com exclusividade, fidelidade e fecundidade: “É importante que os esposos adquiram o sentido claro da dignidade de sua vocação, sabendo que foram chamados por Deus para atingir também o amor divino através do amor humano: que foram escolhidos, desde a eternidade, para cooperar com o poder criador de Deus, pela procriação e depois pela educação dos filhos; que o Senhor lhes pede que façam, do seu lar e da vida familiar inteira, um testemunho de todas as virtudes cristãs” [7].

Os filhos são sempre o melhor “investimento”, e a família a “empresa” mais sólida, a maior e a mais fascinante das aventuras. Cada um desempenha o seu papel, e assim todos contribuem, porém o romance final é muito mais interessante do que a soma de cada história, porque Deus age e faz maravilhas.

Daí a importância de saber compreender – os esposos entre si e aos filhos –, de aprender a pedir desculpas, de amar – como ensinava São Josemaria – também os defeitos do outro, desde que não ofendam a Deus[8]. “Na vida dos cônjuges, quantas dificuldades se resolvem, se conservarmos um espaço para o sonho, se nos detivermos a pensar no cônjuge e sonharmos com a bondade, com as coisas boas que tem. Por isso, é muito importante recuperar o amor através do sonho de cada dia. Nunca deixeis de ser namorados!” [9].

Parafraseando o Papa, poderíamos acrescentar: que os esposos nunca deixem de sentar-se para compartilhar e recordar os momentos bonitos e as dificuldades que atravessaram juntos, para considerar as circunstâncias que trouxeram sucessos ou fracassos, para recuperar um pouco de entusiasmo, ou para pensarem juntos na educação dos filhos.

A base do futuro da humanidade

A vida conjugal e familiar não consiste em instalar-se numa existência confortável e segura, mas dedicar-se um ao outro e dedicar tempo com generosidade aos outros membros da família, começando pela educação dos filhos – que inclui promover o aprendizado das virtudes, e a iniciação na vida cristã –, para abrir-se continuamente aos amigos, a outras famílias, e especialmente aos mais necessitados. Deste modo, pela coerência da fé vivida em família, comunica-se a boa noticia – o Evangelho – de que Cristo continua presente e convida-nos a segui-lo.

Para os filhos, Jesus se revela através do pai e da mãe; pois para os dois, cada filho é, em primeiro lugar, um filho de Deus, único e irrepetível, com quem Deus foi o primeiro a sonhar. Por isso, João Paulo II podia afirmar que “O futuro da humanidade passa pela família” [10].

As famílias que não puderam ter filhos

E que sentido poderiam dar ao seu casamento os casais cristãos que não têm filhos? A esta pergunta, São Josemaria respondia que, antes de tudo deveriam pedir a Deus que os abençoasse com filhos, se essa fosse a sua Vontade, como abençoou os Patriarcas do Antigo Testamento; e depois que procurassem um bom médico. “Se apesar de tudo, o Senhor não lhes dá filhos, não tem de ver nisso uma nenhuma frustração: tem de estar contentes, descobrindo nesse mesmo fato a Vontade de Deus para eles. Muitas vezes o Senhor não dá filhos porque pede mais. Pede que tenham o mesmo esforço e a mesma entrega delicada, ajudando aos próximos, sem a grande alegria humana de ter tido filhos: não há, pois, motivo para sentirem-se fracassados nem para dar lugar à tristeza”.

E acrescentava: “Se os esposos têm vida interior, compreenderão que Deus os insta, impelindo-os a fazer de sua vida um generoso serviço cristão, um apostolado diferente do que realizariam com seus filhos, mas igualmente maravilhoso. Se olham à sua volta, descobrirão imediatamente pessoas que necessitam de ajuda, de caridade e de carinho. Há, além disso, ocupações apostólicas em que podem trabalhar. E, se souberem pôr o coração nessa tarefa, se souberem dar-se generosamente aos outros, esquecendo-se de si próprios, terão uma fecundidade esplêndida, uma paternidade espiritual que encherá a sua alma de verdadeira paz” [11].

São Josemaria gostava de se referir às famílias dos primeiros cristãos: “Famílias que viveram de Cristo e que deram a conhecer Cristo. Pequenas comunidades cristãs, que atuaram como centros de irradiação da mensagem evangélica. Lares iguais aos outros lares daqueles tempos, mas animados de um espírito novo, que contagiava os que os conheciam e com eles se relacionavam. Assim foram os primeiros cristãos e assim havemos de ser nós, os cristãos de hoje: semeadores de paz e de alegria, da paz e da alegria que Jesus nos trouxe” [12].

Ramiro Pellitero


[1] Papa Francisco, Discurso no Encontro com as famílias, Manila, Filipinas, 16-01-2015.

[2] Cf. São Josemaria, Homilia “Amar o mundo apaixonadamente”, em Questões atuais do Cristianismo, n. 121; cf. “O matrimônio, vocação cristã”, em É Cristo que passa.

[3] Rm 8, 28.

[4] São Josemaria, Anotações tomadas de uma reunião familiar (1967), citado no Dicionário de São Josemaria, Burgos 2013, p. 490.

[5] Cf. Gn 2, 24; Mc 10, 8.

[6] Papa Francisco, Audiência geral, 27-05-2015.

[7] São Josemaria, Questões atuais do cristianismo, n. 93.

[8] Cf. São Josemaria, Anotações de uma reunião familiar, 7-07-1974.

[9] Papa Francisco, Discurso no Encontro com as famílias, Manila, Filipinas, 16-01-2015.

[10] São João Paulo II, Familiaris consortio, n. 86.

[11] São Josemaria, Questões atuais do cristianismo, n. 96.

[12] São Josemaria, É Cristo que passa, n. 30.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/a-vocacao-ao-matrimonio/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF