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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Esta é a igreja mais misteriosa do mundo

Esta é a igreja mais misteriosa do mundo (e ninguém sabe como foi construída) — Foto: Getty Images/Claude LeTien

Esta é a igreja mais misteriosa do mundo (e ninguém sabe como foi construída)

Proibida ao público, foi construída no século V sobre uma rocha de 40 metros e é a igreja mais misteriosa do mundo.

Por  Annabelle Dufraigne*

27/11/2024 06h01  Atualizado 27/11/2024

Uma curiosa igreja construída a 40 metros do solo é a igreja mais misteriosa do mundo. “Dirigir pelas belas e sinuosas estradas rurais da remota região de Imereti, no oeste da Geórgia, é uma experiência de viagem muito agradável, mas não imediatamente associada a experiências religiosas. Até você passar por um beco escondido marcado com a placa de uma igreja”, diz a CNN Travel. Dirigindo 200 quilômetros a oeste de Tbilisi, capital georgiana, você é surpreendido por um pico rochoso coroado por uma estranha igreja. No meio deste vale verdejante, o Pilar Katskhi, apelidado de “Pilar da Vida” pelos habitantes da província, surge como uma curiosidade geológica, mas também histórica. Como é que foi construída tão alta e como é que se chega lá? A CNN a chama de “a igreja mais sagrada e isolada do mundo”. Mas qual é a sua história? Envolto de mistério, o santuário ortodoxo só foi descoberto pelos investigadores em 1944, e só foi realmente estudado a partir de 1999, antes de ser finalmente restaurado pelo Estado georgiano em 2009.

A Coluna Katskhi está localizada no vale de um rio no oeste da Geórgia — Foto: Getty Images/Ozbalci

edifício pode parecer pequeno visto de longe, mas na verdade abriga 150 m² de espaço de culto, incluindo uma igreja, uma cripta, celas de eremitério e uma adega. Em 1946, os historiadores conseguiram datar as ruínas de um primeiro recinto religioso antigo, construído no século V (do qual ainda resta uma cruz como testemunho), seguido de uma igreja construída no século XI, no início da Idade Média. Nessa época, os monges viviam no topo do rochedo e veneravam Saint-Maxime com a maior ascese, segundo pesquisas realizadas por historiadores, que descobriram condições de vida muito rudimentares.

Até 2015, o padre georgiano Maxime Qavtaradze morou lá e mandou construir uma nova estrutura. De acordo com o Times of India, o monge refugiou-se aqui na solidão em 1993, depois de ter sido preso por crimes relacionados com drogas. “Ele percebeu que a melhor maneira de se arrepender do seu crime e entrar em contato com Deus era meditar em uma cela solitária no topo do pilar Katskhi”, afirma a mídia indiana. O monge só sai de seu poleiro duas vezes por semana para rezar embaixo com seus discípulos, os mesmos seguidores que todos os dias elevam sua comida até o topo do pilar usando uma roldana.

Só os monges podem subir ao pilar através de uma escada de metal — Foto: Getty Images/Paul Biris

Atualmente, os monges vivem em um mosteiro sob o pilar Katskhi e realizam a sua difícil subida todos os dias, subindo uma escada estreita, durante cerca de 20 minutos. “Diz-se que a peregrinação diária para rezar no topo os aproxima de Deus”, afirma a CNN, que os entrevistou. Até a data, são as únicas pessoas no mundo que podem fazer até, mas as obras de renovação iniciadas em 2009 preveem tornar o local acessível ao público. Ao pé do cume, uma placa indica que é estritamente proibido violar a rocha. Até a nova ordem, as mulheres não estão autorizadas a escalar a rocha; teoricamente, nunca nenhuma mulher pôs os pés no local de culto do cume.

Para os mais curiosos, porém, já é possível chegar ao primeiro nível da rocha, onde se pode meditar em um espaço esculpido na pedra, ou optar pela capela ao pé do pilar, decorada com um teto em arco.

O nome é em homenagem ao São Simeão, um monge que passou 37 anos de sua vida em um pilar semelhante em Aleppo, na Síria. Quanto ao mistério de como a igreja mais alta foi construída e como o pilar foi escalado na Idade Média, continua a ser um mistério, e a investigação continua. Em 2021, o New York Post intitulava: “Ninguém sabe como esta igreja foi construída”. E o mistério permanece intacto.

A igreja de Saint-Siméon abaixo do pilar — Foto: Getty Images/Feng Wei

*Matéria originalmente publicada na AD França

Fonte: https://casavogue.globo.com/arquitetura/edificios/noticia/2024/11/esta-e-a-igreja-mais-misteriosa-do-mundo-e-ninguem-sabe-como-foi-construida.ghtml

Uma breve história do cristianismo: MONGES E EREMITAS (I)

São Martinho, Eremita (Aleteia)

Uma breve história do cristianismo

MONGES E EREMITAS

Por Geoffrey Blainey

    Os primeiros cristãos, em sua maioria, viviam em companhia da família e trabalhavam seis dias por semana. Seu cotidiano  era absolutamente comum. Em 320, porém, um número crescente de cristãos eremitas habitava regiões isoladas da Síria ou vilarejos abandonados perto do rio Nilo.

    Muitos viviam sós, em cavernas ou cabanas simples. Nos domingos, eles se reuniam a outros eremitas para rezar. Em seguida, retornavam a suas moradias com chão de terra batida. Alguns, porém, não suportavam o isolamento; além de se ressentirem da falta de atividade, eram vítimas de ladrões e assassinos. Estes eremitas, então, procuravam comunidades chamadas mosteiros, onde passavam a viver para sempre como monges.

    A disciplina fazia parte do dia a dia dos monges. Vivendo sozinhos ou em grupo, seguiam fielmente regras rígidas e numerosas. Um mosteiro de uma dúzia de homens, por exemplo, sem regras, seria caótico, impraticável. Uma decisão importantíssima era quanto à admissão de novos membros, já que em tempos de carência de alimentos ou agitação popular – ou, ainda, de fervor evangélico – muita gente devia bater às portas dos mosteiros. O ingresso no mosteiro implicava renunciar ao mundo exterior e a todos os seus prazeres, e esquecer o passado.

A VIDA NO MOSTEIRO

    O candidato à admissão devia saber de cor a oração do Pai-Nosso e alguns salmos, além de convencer o superior do mosteiro de que não era um criminoso nem estava fugindo de um antigo trabalho, para começar vida nova. As atitudes e a personalidade do candidato eram cuidadosamente analisadas, para que o espírito do mosteiro não fosse prejudicado pela admissão de monges que levassem para lá o egoísmo do mundo exterior.

O CANDIDATO À ADMISSÃO DEVIA [...] CONVENCER O SUPERIOR DO MOSTEIRO DE QUE NÃO ERA CRIMINOSO.

    
    Umas das primeiras listas de regras foi elaborada por um monge egípcio chamado Pacômio, fundador de um mosteiro em um vilarejo quase deserto, próximo ao rio Nilo, em 323. A regra de número 60, conforme aprovado por Pacômio, instruía os monges a não discutirem questões da vida mundana. As roupas eram lavadas aos domingos, mas sempre em silêncio. Os encarregados de preparar o pão diariamente não podiam conversar durante a tarefa; em vez disso, deviam recitar trechos da Bíblia. Presume-se que outras tarefas diárias, como preparar fibras para a fabricação de cordas ou folhas de palmeira para a fabricação de cestas trançadas, também fossem executadas em silêncio.

     Os peregrinos ou os monges de outros mosteiros que estivessem em viagem eram tratados com generosa hospitalidade. Pacômio considerava as mulheres capazes de perturbar a paz do mosteiro. No entanto, se delas chegasse ao anoitecer, “seria crueldade manda-la embora”. Assim, acomodava-se a viajante em um aposento para hóspedes, separado por um muro ou uma cerca.

     As palavras “convento”, “mosteiro” e “claustro” já tiveram o mesmo significado. “Convento” era sinônimo de mosteiro, mas passou a ser usado para instituições femininas. Atualmente, “claustro” corresponde às arcadas e aleias internas da construção, mas na era medieval designava o prédio inteiro. Na peça Medida por Medida, de Shakespeare, um dos personagens diz: “Hoje minha irmã vai entrar para o claustro.”

     Em épocas de fome e pobreza, o monastério oferecia uma segurança incomum. Era fornecido até um uniforme, em duas versões: de gala e de uso diário. Os 3 mil homens que ocupavam os cerca de nove monastérios administrados por Pacômio usavam uma túnica de linho ou pele de cabra, cinto, lenço no pescoço e um capuz com a insígnia do mosteiro e, às vezes, da seção em que viviam.

    Alguns cristãos concluíram que tanto era possível viver como eremita em uma cabana do deserto quanto junto a uma estrada movimentada. Simeão Estilista, nascido em Cilícia por volta de 390, perto do atual território da Síria, deixou o mosteiro e resolveu construir uma coluna – “stylos” é pilar em grego – e viver sobre ela. A coluna, várias vezes aumentada, chegou a uma altura equivalente a um prédio de seis andares. Alimento, água e mensagens eram enviados a ele, lá de cima. Ano após ano, verão e inverno, ele viveu sobre a coluna, cercado por uma grade de madeira, para evitar uma queda. Pregador cativante e gentil, transmitia uma mensagem duas vezes por dia, quando incentivava os ouvintes a olharem para o céu e “imaginar o reino esperado”, depois que a famosa coluna não estivesse mais habitada.

O CORPO PRECISAVA SER DOMADO, PARA PERMITIR QUE O ESPÍRITO E A ALMA TRIUNFASSEM.

     Simeão Estilista refletia uma tendência à meditação e à mortificação encontrada no cristianismo. Acreditava-se que os apetites do ser humano representassem um perigo. O Corpo precisava ser domado, para permitir que o espírito e a alma triunfassem. Era essa a mensagem transmitida por eles aos que se reuniam à coluna para ouvi-lo.

     Enquanto homens vivendo no alto de colunas atraíram multidões, os monges e os eremitas ficavam ocultos. De início, viviam apenas no Oriente – as palavras “eremita” e “monge” vêm do grego. No ano 400, novos mosteiros foram projetados ou construídos, da Arábia e da Abissínia à França e ao sudeste da Escócia.

     O primeiro mosteiro da Europa só foi fundado em 361, perto de Poitiers, no atual território francês. Martinho, o fundador, era um ex-soldado, e o sucesso foi tal, que ele veio a ser bispo de Tours, em 375. Mais de mil e cem anos depois, em homenagem a ele, uma criança recebeu o nome de “Martinho”. Era Martinho Lutero, que seria o primeiro protestante.

Fonte: Livro "Uma breve história do cristianismo", de Geoffrey Blainey, Editora Fundamento Educacional, págs 77/86, Ano 2012.

São Virgílio

São Virgílio (Templário de Maria)
27 de novembro
Localização: Irlanda/Áustria
São Virgílio

(século VIII)

Foi um dos grandes missionários irlandeses do período medieval e um dos maiores viajantes da importante ilha católica, ao lado dos santos Columbano, Quiliano e Gallo.

Nasceu na primeira década do século VIII e foi batizado com o nome de Fergal, depois traduzido para o latim como Virgilio. Católico, na juventude voltou-se para a vida religiosa, tornou-se monge e, a seguir, abade do Mosteiro de Aghaboe, na Irlanda. Deixou a ilha em peregrinação evangelizadora em 743 e não mais voltou.

Morou algum tempo no reino dos francos, quando o rei era Pepino, o Breve, que lhe pedira para organizar um centro cultural. Mas problemas políticos surgiram na região da Baviera, agregada aos seus domínios. Lá, o duque era Odilon, que pediu a Pepino para enviar Virgilio para a Abadia de São Pedro de Salzburg, atual Áustria. E logo depois Odilon nomeou Virgilio como bispo daquela diocese.

Ocorre que, na época, são Bonifácio, o chamado apóstolo da Alemanha, atuava como representante do papa na região, e caberia a ele essa indicação e não a Odilon. O que o desagradou não foi a escolha de Virgilio, mas o fato de ter sido feita por Odilon. Ambos nutriam entre si uma profunda divergência no campo doutrinal e Virgilio participava do mesmo entendimento de Odilon. Essa situação perdurou até a morte de são Bonifácio, quando, e só então, ele pôde ser consagrado bispo de Salzsburg.

Mas Virgílio era homem de fé fortalecida e de vasta cultura, dominava como poucos as ciências matemáticas, ganhando, mesmo, o apelido de ‘o Geômetra’ em seu tempo. Viveu oito séculos antes de Galileu e Copérnico e já sabia que a Terra era redonda, o que na ocasião e em princípio era uma heresia cristã. Foi para Roma para se justificar com o papa, deixou a ciência de lado e abraçou integralmente o seu apostolado a serviço do Reino de Deus como poucos bispos consagrados o fizeram. Revolucionou a diocese de Salzburg com o seu testemunho e converteu aquele rebanho para a redenção de Cristo, aproveitando-se do interesse político do rei.

Em 755, um ano após a morte de são Bonifácio, Virgílio foi consagrado bispo de Salzburg. Continuou evangelizando a Áustria de norte a sul, inclusive uma parte do norte da Hungria. Fundou e restaurou mosteiros e igrejas, com isso construiu o primeiro catálogo e crônica dos mosteiros beneditinos.

Morreu e foi sepultado na Abadia de Salzburg, Áustria, em 27 de novembro de 784, em meio à forte comoção dos fieis, que transformaram essa data a de sua tradicional festa. Séculos depois, suas relíquias foram trasladadas para a bela Catedral de Salzburg. Em 1233, foi canonizado, e o dia de sua festa mantido. São Virgílio foi proclamado padroeiro de Salzburg.

Texto: Paulinas Internet

Fonte: https://templariodemaria.com/santo-do-dia-27-de-novembro-sao-virgilio/

“Viver o Jubileu”: livro de Pe. Enzo Fortunato para descobrir a Basílica de São Pedro

Praça São Pedro (Vatican News)

Por ocasião do Ano Jubilar, o diretor do setor de Comunicação da Basílica Vaticana, Padre Enzo Fortunato, lançou um novo livro, para levar o leitor, desde a Via della Conciliazione ao túmulo do apóstolo Pedro, à descoberta do lugar onde o cristianismo nasceu e se estruturou como Igreja.

Vatican News

Padre Enzo Fortunato, coordenador da Jornada Mundial da Criança e diretor do setor de Comunicação da Basílica Papal de São Pedro, apresenta-nos, por ocasião do Ano Santo, sua última obra, já nas livrarias com o título “Viver o Jubileu: um itinerário espiritual na Basílica de São Pedro” (Edições São Paulo, 2024), como ele mesmo explica: “O Jubileu convida-nos a redescobrir o valor da interrogação, como instrumento de conversão e renovação, bem, como os lugares santos, com a sua beleza e sacralidade, que nos recordam que somos peregrinos nesta terra. Façam das suas interrogações, uma ponte para o divino, e dos lugares santos, uma etapa preciosa da sua peregrinação espiritual”.

Trata-se de uma viagem à descoberta do lugar, onde o Cristianismo se estruturou como Igreja e onde cada etapa corresponde a um capítulo do livro: a avenida da Conciliação, que leva à Praça São Pedro e à colunata de Bernini, símbolo de acolhimento e abraço; a passagem pela Porta Santa, lugar de decisão, limiar e alegoria da conversão, que, uma vez atravessada, purifica e muda integralmente quem a atravessa. No entanto, nada seria possível sem a Graça, ali representada pela estátua de Nossa Senhora, que segura Cristo morto nos braços: a Pietà (‘Piedade’) de Michelangelo. Por fim, a estátua do apóstolo São Pedro e seu túmulo são lugares que representam um caminho e celebração. Pedro também foi a Roma de longe, depois de uma longa e árdua viagem. Quem visita seu túmulo se reconhece nele e no seu caminho. A basílica, a maior igreja do mundo, foi construída sobre o túmulo do apóstolo Pedro, sinal da celebração da glória de Deus e da sua Palavra.

Não poderíamos deixar de fazer uma referência à Bula, que proclama o Jubileu, “Spes non confundit”, como explica o Padre Fortunato: “Ela é um convite a redescobrir e abraçar a virtude teologal fundamental: a esperança, descrita como força regeneradora do espírito humano e guia seguro no caminho da vida".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 26 de novembro de 2024

VIRTUDES CARDEAIS: A prudência é a verdadeira razão prática (I)

Alegoria de três das quatro virtudes cardeais: fortaleza, prudência e temperança (falta justiça), Rafael, Stanza della Segnatura, Vaticano | 30Giorni

VIRTUDES CARDEAIS

Arquivo 30Giorni nº. 11 - 2000

A prudência é a verdadeira razão prática

Para Aristóteles, a prudência era a maior virtude do político, a capacidade de ver coisas boas para si e para os outros homens. Para São Tomás, guiou as outras virtudes para o meio-termo dourado. Em vez disso, Kant relegou-o para fora da esfera moral.

por Giovanni Franchi

A cultura moderna habituou-nos agora a numerosos paradoxos: um dos mais marcantes é certamente o “ético”: apesar de ter se tornado o fulcro do universo desde o Renascimento e a revolução científica, o homem esqueceu-se de saber se ele próprio e os modos de com que ele se relaciona com o mundo e com seus pares. Perante os crescentes desafios da “globalização” (culturais, económicos, tecnológicos, etc.) e os riscos que tal processo acarreta (políticos, ambientais, biológicos, etc.), ele é literalmente incapaz de agir. Esta condição é o resultado final de uma concepção filosófica e, num sentido mais geral, cultural, que visava alcançar o bem do homem e da comunidade através do instrumento das ciências naturais: segundo tal doutrina, de facto, o " desenvolvimento” e “progresso” só são alcançáveis ​​através do conhecimento empírico da relação causa-efeito entre os objetos, da extrapolação de certas regularidades a partir dela, da formulação de leis e do uso destas para projetos de transformação econômico-social em que a esfera da ação individual perde-se ou, quando muito, torna-se marginal. Deste modo, no nosso século chegámos ao fenómeno macabro dos regimes “totalitários” em que alguns homens, em nome de uma suposta verdade científica, conseguiram planear o extermínio sistemático de outros homens, julgando necessário alcançar um bem futuro.

Nos últimos cinquenta anos, a civilização do capitalismo mundial esteve, no entanto, longe de estar livre de tais perigos: a ideia de que o bem, a salvação, vem do conhecimento rigoroso, domina de uma forma cada vez mais convencida. As novas descobertas científicas e tecnológicas alimentam imediatamente o potencial de um sistema económico em que o homem está na maior parte do tempo destinado a desempenhar o papel de simples intermediário das solicitações mercantis que o comprometem mecanicamente e apenas nas esferas menos conscientes e elevadas do seu ser. . As grandes conquistas da ciência não garantem por si mesmas a plena dignidade do homem porque não têm em conta a dimensão mais específica das suas ações, ou seja, a moral, que implica a capacidade de bem deliberar, ou seja, de fazer tão pessoalmente, com responsabilidade. Este é o reino da prudência.

As origens: phrónesis em Aristóteles

A necessidade de um tratamento autónomo do tema da boa deliberação, ou seja, da prudência, faz-se sentir desde os tempos da filosofia grega clássica. Em controvérsia com o seu professor Platão (427-347 a.C.), Aristóteles (384-322 a.C.) foi o primeiro dos pensadores ocidentais a distinguir explicitamente a ciência da moralidade (1) . Na Ética a Nicômaco, o Estagirita afirma que o objetivo do homem é a felicidade; ele afirma que existem duas fontes diferentes de felicidade: aquela dada pela contemplação e aquela que, ao contrário, é típica da vida em comum com outros homens. A conquista da felicidade consiste na realização do pressuposto ontológico específico inerente à alma humana: a boa ação, isto é, a virtude, consiste nesta “conclusão”. Existem, portanto, dois tipos distintos de virtudes: as "dianoéticas", que dizem respeito às verdades incontestáveis ​​da razão (os "universais"), e as "éticas", que, pelo contrário, têm a ver com a realidade humana, com o que é bom . ou direito para isso e, portanto, não conseguem alcançar o rigor do primeiro. Entre as virtudes dianoéticas, Aristóteles coloca o intelecto que consiste na intuição dos primeiros e indemonstráveis ​​princípios da razão, a ciência que diz respeito ao procedimento lógico da razão e da sabedoria, a união harmoniosa dos dois primeiros; entre as virtudes éticas, porém, encontramos justiça, coragem, liberalidade, etc. Aristóteles acredita que para adquirir virtudes éticas não é necessário ser sábio: o importante é ser educado, ao longo do tempo, no bom comportamento, ou seja, na busca do “meio certo” entre o excesso e o defeito. Neste contexto fica evidente como a convivência, a comunicação e a tradição se mostram necessárias para a formação do homem virtuoso. Mas qual é a relação entre virtudes dianoéticas e éticas? O Estagirita dá implicitamente uma resposta a tal questão através do conceito de phrónesis (2): esta é, de facto, a virtude que faz a mediação entre o nível da teoria e o da prática e, portanto, desempenha um papel central na sua antropologia e na sua doutrina moral. Segundo o pai da escola peripatética, frónhsiw é uma virtude dianoética, isto é, teórica, mas dotada de uma natureza muito particular: embora ligada aos “universais”, dirige-se igualmente à realidade contingente, aos “particulares”, que podem ou não existir, e sobre o qual só é possível decidir. A prudência é, portanto, uma virtude intelectual que tem a ver com deliberação: “prudente”, afirma Aristóteles, é “ser capaz de deliberar bem sobre coisas boas e vantajosas” (3) . Mas o que significa deliberação? Na Ética a Nicómaco há um silogismo “prático” que nos pode ajudar: a lei universal que constitui a premissa maior: «As carnes leves são saudáveis ​​para o homem», deve ser seguida pela premissa menor: «As carnes de aves são leves», para então poder tirar a conclusão: «A carne de aves é saudável para os humanos». Ora, Aristóteles observa que aqueles que conhecem a lei universal (a natureza saudável das carnes leves), mas são desprovidos de conhecimento do particular (a identificação das carnes de aves como carnes leves) não chegarão a nenhuma conclusão sobre o que concretamente é saudação; aqueles que, pelo contrário, ignoram a lei universal e conhecem apenas a particular (a natureza leve e, portanto, saudável da carne de aves) ainda estão em vantagem (4) .

Outro ponto da análise aristotélica, ainda hoje muito importante para nós, é a comparação entre frónhsiw, por um lado, e política e produção técnica, por outro. Para o Estagirita, a política e a frónhsiw, embora diferentes em essência, visam ambas a esfera das coisas humanas: por esta razão ele rejeita o ideal platônico do rei-filósofo - que pressupõe a identificação da sabedoria e da política - e tece, em vez disso, o elogios a uma figura histórica, Péricles, e a todos aqueles frónimoi que são " capazes de ver as coisas que são boas para eles e as que são boas para os homens... tais são os homens que governam casas e cidades ” (5) . Por fim, destaca-se a diferença entre a produção frónhsiw e a produção técnico-artística. Enquanto a ação que caracteriza a primeira tende apenas para si mesma (a virtude não reside, de fato, num fim para além dos meios, mas, precisamente na forma como esse fim é alcançado), o “fazer” técnico, por outro lado, visa a criação de um objeto independente, destinado a separar-se de quem o cria. 

Prudência da antiguidade à filosofia de Tomás de Aquino 

Foi com Marco Túlio Cícero (106-43 a.C.) que o conceito de frónhsiw foi traduzido pela primeira vez para o latim como prudentia (6) . No tratado Dos Deveres, a prudência distingue-se da sabedoria, mas juntamente com esta última é incluída, com a justiça, a fortaleza e a temperança, entre as quatro virtudes principais, fontes de todos os deveres, segundo um modelo já presente em Platão (7) . Na antiguidade tardia, os Padres da Igreja deram a estas quatro virtudes o nome de “cardeais” (Santo Ambrósio), ao lado de outras três virtudes, chamadas “teológicas” (fé, esperança, caridade), que representam um dom da graça divina. Um novo interesse pela virtude da prudência coincide com o renascimento do estudo de Aristóteles no Ocidente, no século XIII: Santo Alberto Magno (1205-1280) trata disso, mas não conhece o VI livro do Nicômaco A Ética (8) , e sobretudo São Tomás de Aquino (1225ca.-1274), que dedicou um tratado ao tema na Summa theologiae , e alguns considerações importantes em seu comentário à Ética a Nicômaco (9) . Com Tomás podemos afirmar que a definição “clássica” de prudência encontra plena acomodação. Para compreender o papel central que a prudência desempenha na ética de Tomás, devemos levar em consideração a concepção que ele tem da escolha e, portanto, da liberdade humana. Para Tomás de Aquino, assim como para Aristóteles, o homem possui duas faculdades espirituais que é capaz de direcionar para o bem: o intelecto (para o bem teórico) e a vontade (para o bem prático): a terceira, representada pelos sentidos, porém, permanece fora do escopo de “ética”. A escolha, afirma Tomás, é própria da vontade que - como já vimos - em si já está orientada para o bem. Mas para escolher corretamente, a vontade necessita do intelecto que deve “iluminá-la”, julgando o que deve ser feito e o que, em vez disso, deve ser evitado: tal “iluminação moral” que Tomás chama de sinderese (10) . A escolha é, portanto, um todo de intelecto e vontade. Esta união passa pelo “juízo prático”, isto é, por aquela atividade da razão que é capaz de mediar entre a regra geral e o conhecimento do caso particular e que é, precisamente, a prudência (11) . Definida, portanto, como a “razão certa para agir” ( recta ratio agibilium), a prudência também é considerada o “cocheiro das virtudes” porque, embora não tenha fim próprio, tem a tarefa fundamental de direcionar todas as demais virtudes para o “meio certo” (12) . 

(...)

Notas: 

1 Na Politeia Platão identifica prudência com sabedoria: cf. Platão, Politeia , IV, 427 d- 429 a. 

2 A origem do termo frÄnhsiw nos levaria longe: basta lembrar que, ainda nos poemas homéricos, o substantivo plural frÄnew indica uma parte do corpo, o diafragma, na qual o homem é atingido por "impressões vivas". Progressivamente, o novo adquire uma conotação ética, aproximando-se da ideia de uma percepção imediata do que é sensato fazer. Veja B. Snell , O caminho do pensamento e da verdade. Estudos sobre a língua grega das origens , editado por G. Calboli, Ferrara 1991, p. 63 e seguintes; ver também Id., Cultura Grega e as Origens do Pensamento Europeu , Torino 1963, p. 226 e segs. e M. Detienne-J.-P. Vernant, A astúcia da inteligência na Grécia antiga , Bari 1999. No panteão grego é Atenas quem encarna a phrónesis. Assim Walter F. Otto: «A verdadeira Atenas não é um ser impulsivo nem um ser contemplativo. Ele está igualmente distante de ambas as naturezas... seu espírito claro não é razão pura. Representa o mundo da ação, mas não da ação impensada e primitiva, embora da reflexão, etc. » (WF Otto, Os deuses da Grécia. A imagem do divino refletida pelo espírito grego , Milão 1968, pp. 76-77). On frónhsiw em Aristóteles, cf. P. Aubenque, La prudence chez Aristote , Paris 1963. Em geral, sobre a ética na filosofia antiga, cf. O. Gigon, Problemas fundamentais da filosofia antiga , Nápoles 1983. 

3 Aristóteles, Ética a Nicômaco , VI, 1140 a, 25. 

Ibid. , VI, 8, 15-20. Para Aristóteles, portanto, a frónhsiw «dirige a ação; consequentemente, ele deve possuir ambos os conhecimentos, ou de preferência aqueles relativos aos detalhes." Os "particulares" que o frónhsiw percebe não são apenas dados sensíveis (ainda permanece uma forma de razão), mas semelhantes ao que é definido como "sensíveis comuns": como a percepção deste triângulo específico com respeito à ideia em si de triângulo. Veja o comentário de M. Zanatta sobre Ética a Nicômaco , Milão 1996, vol. II, pág. 919. Sobre o silogismo prático, cf. também Aristóteles, op. cit ., VII,1147 a., e o comentário de Zanatta ed. cit ., pp. 947-948.
5 Aristóteles, op. cit. , VI, 1140 b, 5-10. Em geral, sobre o pensamento político de Aristóteles cf. L. Strauss-J., História da filosofia política , Gênova 1993, vol. Eu, pág. 219 e seguintes; E. Voegelin, Ordem e História - A filosofia política de Aristóteles , editado por GF Lami, Roma 1999.
Prudentia é uma forma contratada de providentia , ou seja, a capacidade de ver antecipadamente. Ver P. Pellegrin, Prudence , em Dictionnaire d'éthique et de philosophie morale , Paris 1996, p. 1201 e segs. 

7 Cícero, Sobre deveres , Livro I, V, VI, XLIII. 

8 Ver Alberto Magno, Il bene , editado por A. Trabocchia Canavero, Milão 1987, tratado IV, La prudenza , p. 473 e segs. 

9 Sobre o pensamento de Tomás de Aquino cf. B. Mondin, O sistema filosófico de Tomás de Aquino , Milão 1992; S. Vanni Rovighi, Introdução a Tomás de Aquino , Bari 1996; A. Campodonico, Integritas - metafísica e ética em St. Thomas , Fiesole 1996; C. Fabro, Introdução a São Tomás. Metafísica tomista e pensamento moderno , Milão 1997. Para uma leitura da prudência à luz do pensamento de Tomás, cf. o ensaio agora "clássico" de Josef Pieper (1936): J. Pieper, La prudenza , Brescia-Milano 1999. 

10 Uma diferença importante entre Aristóteles e Tomás reside precisamente nisto: enquanto para o pai da escola peripatética os fins da ação pertencem ao mundo das opiniões, em Tomás eles estão necessariamente ligados ao conhecimento absoluto. Isto pode ser visto na crítica de Thomas à distinção aristotélica entre um intelecto “possível” que conhece coisas necessárias e outro que conhece coisas contingentes. Em vez disso, Tomás de Aquino afirma que o intelecto é um e que a verdade necessária e a verdade contingente "têm uma relação entre elas que é a do perfeito para o imperfeito no gênero da verdade". São Tomás de Aquino, Comentário à Ética a Nicômaco de Aristóteles , Bolonha 1998, vol. 2, pág. 16.
11 Sobre tudo isso cf. S. Pinckaers, As fontes da moralidade cristã. Método, conteúdo, história , Milão 1992, p. 444 e segs.
12 São Tomás de Aquino, A soma teológica , Bolonha 1984, vol. XVI, Prudência , questão 47, artigos. 6-7, pp. 232-236.

Fonte: https://www.30giorni.it/

São Leonardo de Porto Maurício

São Leonardo de Porto Maurício (A12)
26 de novembro
Localização: Itália (Porto Maurício)
São Leonardo de Porto Maurício

Nascido em 1676, em Porto Maurício, na Itália, estudou no Colégio Romano, e entrou para a Ordem Franciscana, onde foi ordenado sacerdote. Frei Leonardo passou muitos anos como superior de conventos franciscanos em Florença e Roma, a partir de onde organizou, em 40 anos, mais de 340 missões populares, em 85 dioceses.

Como pregador popular, foi um dos maiores oradores sacros do século XVII: os Papas Clemente XII e Bento XIV assistiram várias vezes às suas pregações, declarando não terem conhecido orador mais eloquente e zeloso, e Santo Afonso Maria de Ligório, seu contemporâneo, dizia que ele era o maior missionário daquele século. Uma característica da sua pregação era levar os fiéis a uma grande devoção à Paixão e Morte de Cristo, por meio do exercício da Via-Sacra.

Realizou a primeira cerimônia penitencial com a Via-Sacra no interior do Coliseu, no Ano Santo de 1750, gesto que evitou que este monumento fosse destruído, já que a atividade tornou-se uma tradição; até hoje os Papas ali fazem a Via-Sacra na Sexta-Feira da Paixão. O Coliseu antipaticamente lembrava a morte e perseguição dos cristãos, mas Frei Leonardo dizia que o seu martírio havia santificado o local.

Outra devoção que propagava era a do Sagrado Coração de Jesus, por meio de horas de Adoração Eucarística. E, durante as missões, para obter a conversão dos pecadores, oferecia vários sacrifícios, como dormir no chão, jejuar e mortificar duramente o corpo. Ainda permanecia o dia todo no confessionário, sem se alimentar ou descansar.

 Faleceu aos 26 de novembro de 1751, com 75 anos de idade, em Roma, tendo sido visitado em seu leito de morte pelo Papa Bento XIV, que muito o admirava.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Revisão e acréscimos: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

O zelo por levar o Evangelho a todos é parte integrante da dimensão apostólica de todo batizado, e São Leonardo de Porto Maurício cumpriu exemplarmente esta tarefa através, principalmente, das suas missões populares. Mas nem todos têm esta sua mesma vocação específica, por isso o anúncio da Boa Nova também pode e deve ser feito em qualquer circunstância da vida normal, através da coerência e exemplo de obediência aos Mandamentos. Maria, por exemplo, realizou o maior de todos os apostolados, sendo simples dona de casa.

Oração:

Ó Sagrado Coração de Jesus, que arde de infinito amor por nós e por nossa salvação, dai-nos a graça de, por intercessão do Vosso incansável missionário São Leonardo de Porto Maurício, sempre zelar fervorosamente pelas nossas obrigações apostólicas, nas ações e palavras do cotidiano, e em qualquer circunstância da vida. Por intercessão de Vossa Mãe Santíssima. Amém.

Fonte: 
https://www.a12.com/

Dia de Ação de Graças

franciscanas.org

DIA DE AÇÃO DE GRAÇAS 

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)]

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom (Sl 105) 

Celebra-se na quinta-feira dia 28 de novembro o Dia Nacional de Ação de Graças. O Dia de Ação de Graças é mais comemorado nos Estados Unidos e em alguns países europeus, a data é tão importante para os Americanos que abre os festejos natalinos, os moradores enfeitam as casas com as luzinhas e, à semelhança do Natal, se reúnem para cear juntos e agradecer a Deus por mais um ano que vai se findando e renovando os votos para o próximo.  

A data é tão importante para os Norte-Americanos que é feriado, para possibilitar que todos arrumem as suas casas ao longo do dia e possam reunir todos os familiares com mais tranquilidade a noite. O Dia de Ação de Graças é praticamente um mês antes da ceia de Natal, por isso, as famílias já estão no espírito natalino. É uma ótima oportunidade para fazer as pazes, para voltar a falar com quem estava sem falar, dar e receber o perdão. Tudo é possível no Dia de Ação de Graças, para que depois nas festas natalinas todos estejam em grande harmonia.  

Conforme dissemos o Dia de Ação de Graças é mais celebrado nos Estados Unidos e em alguns países Europeus, mas nada impede que também celebremos por aqui e que possamos tornar essa data importante. Faltando um mês para o Natal e praticamente para o fim de mais um ano é uma oportunidade de agradecermos a Deus por tudo que aconteceu em nossa vida ao longo desse ano. Reunir a família, se não puder reunir os demais parentes, mas pelo menos Pai, Mãe e filhos. Se possível ainda, participar da celebração eucarística agradecendo a Deus por esse ano e já pedindo pelo próximo.  

Se não for possível reunir a família, aproveite esse dia de Ação de Graças para rezar um Pai-Nosso e uma Ave-Maria agradecendo a Deus e a Nossa Senhora por mais um ano de vida e eleve preces pedindo pelo próximo. Muitas vezes nós pedimos muito à Deus, mas esquecemos de agradecer, esse Dia de Ação de Graças é importante para nos lembrar que sempre temos que ser gratos ao Senhor, e em nossas orações saber pedir, mas também saber agradecer. 

Sejamos gratos ao longo da nossa vida, pois agradecer é um sinal de humildade e Deus se alegra com os humildes. Temos que ser gratos também com aqueles que estendem as mãos para nós e nos ajudam ao longo da nossa vida, ser gratos com nossos pais, nossos amigos, e até mesmo com aqueles que nos deram uma oportunidade de trabalho.  

O Dia de Ação de Graças acontece próximo ao dia de Nossa Senhora das Graças, que é no dia 27 de novembro. Agradeçamos a Mãe de Jesus, a medianeira de todas as graças, por ter caminhado conosco durante esse ano e confiemos a ela os nossos pedidos para que ela interceda por nós junto ao seu Filho Jesus. Nossa Senhora é a mediadora de todas as graças e intercede por cada um de nós, caminha a nossa frente. Peçamos que ela abra os caminhos e os nossos projetos se realizem, mas não esqueçamos nunca de agradecer.  

No Dia de Ação de Graças também pode haver troca de presentes, do mesmo modo que fazemos na ceia de Natal. A troca de presentes é um gesto de agradecimento a presença daquela pessoa na sua vida ao longo do ano.  

No início, a data era celebrada após o período da colheita, justamente para agradecer pela fartura da produção agrícola. Essa data não está associada a nenhuma religião diretamente, apesar de algumas religiões trazerem para si essa comemoração e incentivar os fiéis a serem gratos a Deus. Essa comemoração se popularizou ao longo dos anos sendo comemorada por todos, independentemente do credo ao qual professa.  

Nos Estados Unidos as famílias viajam para se reunirem no Dia de Ação de Graças, a semelhança do Natal. Deslocam-se para outros munícipios para se confraternizarem em família, realizar a ceia a semelhança do Natal, troca de presentes, e uma oportunidade de todos agradecerem a presença do familiar em suas vidas. E ainda, como dissemos as famílias enfeitam as casas para a celebração do Natal. Por causa disso que é feriado. Porque muitas famílias deslocam da capital para outros povoados.  

O Dia de Ação de Graças foi instituído como dia festivo nos Estados Unidos pelo então presidente Abraham Lincoln, em 1863, mas apenas em 1941 a data passou a ser feriado nacional. O Dia de Ação de Graças atualmente é celebrado com festas, orações e desfiles. Uma loja dos EUA faz a maior parada já vista no mundo em referência ao dia de Ação de Graças, acontece em Nova Yorque desde 1924.  

Aqui no Brasil somente as famílias de origem Norte Americana ou canadense celebram o Dia de Ação de Graças. Nas escolas, sobretudo as de língua Inglesa, aproveitam a data para divulgar a comemoração. Do mesmo modo que nos Estados Unidos aqui no Brasil a data é comemorada na quarta quinta-feira do mês de novembro. Somente no Canadá a data é comemorada em dia diferente, na 2ª. Segunda-Feira do mês de outubro, em decorrência da época das colheitas.  

A data foi instituída no Brasil através da lei Nº 781, em 1949. A comemoração foi sugerida por Joaquim Nabuco, quando ele era embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Diferentemente do país Norte Americano aqui no Brasil não é feriado nacional e a data não tomou uma proporção grande como nos Estados Unidos, tanto que muitas vezes a data não é lembrada.  

Celebremos com alegria o Dia de Ação de Graças na Quinta-Feira dia 28, sendo sobretudo gratos a Deus pelo dom da vida e por ter a nossa família ao nosso lado. Temos que ser gratos todos os dias, independentemente dessa data. 

Na medida do possível esteja junto com sua família nesse dia, mesmo que sejam somente os que moram na sua casa, esposo, esposa, filho ou filha, entregue alguma lembrancinha para eles ou para alguém que lhe estendeu a mão ao longo desse ano, se possível participe da Santa Missa. E ainda, que essa data nos prepare para em menos de um mês celebrarmos o Natal do Senhor.  

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom! (Sl 105) 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa: o Documento Final do Sínodo deve ser acolhido como magistério pontifício

Palavras finais do Papa no encerramento do Sínodo sobre a sinodalidade  (Vatican Media)

Francisco reafirma isso na Nota de acompanhamento do texto votado em 26 de outubro pela Assembleia do Sínodo sobre a Sinodalidade e por ele aprovado. Ressalta que “não é estritamente normativo” e que “sua aplicação exigirá diversas mediações”. No entanto, compromete “desde já as Igrejas a fazer escolhas coerentes com o que nele está indicado”. Isso porque o caminho do Sínodo, hoje, “prossegue nas Igrejas locais”.

Alessandro Di Bussolo – Cidade do Vaticano

O Documento Final da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, aprovado pelo Papa Francisco em 26 de outubro passado, “participa do Magistério ordinário do Sucessor de Pedro e, como tal, peço que seja acolhido”. O Papa, na Nota de acompanhamento do Documento, assinada no domingo, 24 de novembro, Solenidade de Cristo Rei do Universo, e divulgada na segunda-feira (25/11), reafirma, como disse na ocasião da aprovação, que o documento “não é estritamente normativo” e que “sua aplicação exigirá diversas mediações”. Porém, “isso não significa que não comprometa desde já as Igrejas a fazer escolhas coerentes com o que nele está indicado”. De fato, o documento em si “representa uma forma de exercício do ensinamento autêntico do Bispo de Roma, que traz traços de novidade”, mas corresponde ao que foi afirmado por Francisco em outubro de 2015 sobre a sinodalidade, que é “o quadro interpretativo adequado para compreender o ministério hierárquico”.

Comunhão, participação e missão

O Pontífice confirma que o caminho do Sínodo, iniciado por ele em outubro de 2021, no qual a Igreja, ouvindo o Espírito Santo, foi chamada a “ler sua própria experiência e identificar os passos a serem dados para viver a comunhão, realizar a participação e promover a missão que Jesus Cristo lhe confiou”, prossegue nas Igrejas locais, aproveitando-se precisamente do Documento Final. Um texto que foi “votado e aprovado pela Assembleia em todas as suas partes”, e que também o Papa Francisco aprovou e, ao assiná-lo, ordenou sua publicação, “unindo-me ao ‘nós’ da Assembleia”.

Os temas confiados aos dez grupos de estudo

Recordando o que foi declarado em 26 de outubro, o Papa reitera que “é necessário tempo para chegar a escolhas que envolvam toda a Igreja”, e que “isso vale especialmente para os temas confiados aos dez grupos de estudo, aos quais outros poderão ser acrescentados, tendo em vista as decisões necessárias”. E enfatiza novamente, citando o que escreveu na Exortação pós-sinodal Amoris laetitia, que “nem todas as discussões doutrinárias, morais ou pastorais precisam ser resolvidas com intervenções do magistério”. Assim como “em cada país ou região, podem ser buscadas soluções mais inculturadas, atentas às tradições e aos desafios locais”.

As indicações que já podem ser acolhidas nas Igrejas locais

Francisco acrescenta que o Documento Final contém indicações que “já podem ser acolhidas agora nas Igrejas locais e nos agrupamentos de Igrejas, levando em conta os diferentes contextos, o que já foi feito e o que ainda resta a fazer para aprender e desenvolver cada vez melhor o estilo próprio da Igreja sinodal missionária”. A partir de agora, escreve o Pontífice, “na relação prevista para a visita ad limina, cada bispo cuidará de relatar quais escolhas foram feitas na Igreja local a ele confiada em relação ao que é indicado no Documento Final, quais dificuldades foram encontradas, e quais foram os frutos”.

As palavras compartilhadas devem ser acompanhadas por ações

A tarefa de acompanhar esta “fase de implementação” do caminho sinodal, conclui o Papa Francisco, é confiada à Secretaria Geral do Sínodo junto com os Dicastérios da Cúria Romana. E ele reafirma ainda, como disse em 26 de outubro, que o caminho sinodal da Igreja Católica “precisa que as palavras compartilhadas sejam acompanhadas por ações”. O Espírito Santo, dom do Ressuscitado, é sua oração final: “sustente e oriente toda a Igreja neste caminho”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Vaticano concede o “Nobel” de teologia: missa nas criptas papais e audiência com o Papa Francisco primeiro

Com A Edição De 2024, São Ao Todo 30 Personalidades Galardoadas Com O Prémio Ratzinger. Foto De : Fondazione Vaticana Joseph Ratzinger

Vaticano concede o “Nobel” de teologia: missa nas criptas papais e audiência com o Papa Francisco primeiro

O dia 22 de novembro começou com uma missa em memória de Bento XVI celebrada nas Grutas do Vaticano, perto do seu túmulo, presidida por Dom Georg Gänswein, núncio apostólico na Lituânia, Estônia e Letônia.

24 DE NOVEMBRO DE 2024

(ZENIT Notícias / Cidade do Vaticano, 24/11/2024).- “Hoje, diante da iminente abertura do Jubileu, que o Papa Francisco colocou sob o sinal da esperança, gostaria de recordar que a voz de Bento XVI é uma das fortes vozes da esperança que nos deve acompanhar. (…) Nos tempos sombrios que atravessamos, Bento XVI é um professor que, apesar de conhecer a presença do mal e as tragédias dos acontecimentos históricos, ajuda-nos a elevar o olhar e a encontrar bases sólidas para continuar a olhar para a frente, para a unidade, para a verdade. , beleza, amor. É o trecho central do discurso proferido pelo Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin na tarde de sexta-feira, 22 de novembro, na Sala Régia do Palácio Apostólico, no Vaticano, por ocasião da cerimônia de entrega do Prêmio Ratzinger a Prof. Cyril O'Regan, professor de Teologia na Universidade de Notre Dame (EUA), e Mestre Etsurō Sotoo, escultor (Japão/Espanha).

Ao apresentar a cerimônia, o Padre Federico Lombardi, presidente da Fundação Vaticano Joseph Ratzinger-Bento XVI, destacou que o prof. O'Regan e Maestro Sotoo “nasceram respectivamente na Irlanda e no Japão: com eles, as origens dos vencedores estendem-se por 18 países diferentes, espalhados pelos cinco continentes”. O Padre Lombardi acrescentou que “a agradável presença hoje de um bom número de vencedores das edições anteriores (professores Beré, Blanco Sarto, Chrostowski, Rowland, Schaller e Schlosser) mostra que, em certo sentido, constituem uma ‘comunidade’. Uma comunidade global do ponto de vista geográfico e ecumênica do ponto de vista religioso, que é reconhecida nos grandes ideais de Ratzinger-Benedetto: cultivar uma "razão aberta", uma inteligência na pesquisa e no diálogo, abrangendo disciplinas e artes, tornando-nos ‘cooperadores da verdade’, para que ela possa alimentar a mente, o coração e a vida”.

Monsenhor Rino Fisichella e o Cardeal Gianfranco Ravasi, membros do Comitê Científico da Fundação, apresentaram a seguir os perfis dos dois vencedores da edição de 2024, Prof. Cyril O'Regan e Mestre Etsurō Sotoo, que tiveram a oportunidade de proferir um discurso aos presentes.

Depois de rever as diversas atividades que a Fundação promove, também em colaboração com diversas universidades do mundo, o Padre Lombardi recordou como “com o passar do tempo não sentimos realmente que a nossa missão está a chegar ao fim, mas sim que vai longe." confirmou. De diferentes países e continentes recebemos muitas vezes notícias de novas iniciativas culturais e académicas, institutos, cátedras, projetos de investigação, etc., que fazem referência a Joseph Ratzinger-Bento XVI, ao seu pensamento e à sua obra, e que surgem e se desenvolvem através sua própria vitalidade, mas desejam e procuram estabelecer relações entre si para enriquecer e apoiar-se mutuamente, na convicção da relevância e da fecundidade da inspiração deste grande Papa, olhando não tanto para o passado, mas para o futuro de a missão da Igreja e as questões da humanidade.

No discurso não lido proferido aos presentes, o Cardeal Parolin destaca que “podemos reconhecer na já longa série de figuras dos vencedores uma unidade e uma coerência que não são superficiais. Num certo sentido, poderíamos falar de “consonância” com o pensamento, a sensibilidade e o testemunho humano e cristão de Joseph Ratzinger-Bento XVI. Podemos e devemos também ler esta ‘consonância’ na atribuição deste prémio.” “A reflexão e o ensinamento de Ratzinger-Benedict – continua o Cardeal Parolin – cobriram uma gama muito ampla de problemas e temas teológicos e culturais, e podemos dizer também sociais e políticos, mas ele nunca perdeu a capacidade de vê-los e realçar a sua relacionamento com Deus através da busca da verdade. Nisto demonstrou a sua ideia de que a razão humana deve permanecer sempre “aberta”, que cada disciplina não deve ser encerrada num positivismo estéril, que as questões sobre o sentido da vida, da história, do mundo, permanecem sempre atuais, necessárias, ser fecunda, necessária para pessoas de todos os tempos, culturas e situações. E mesmo se estais convencidos de que a resposta última a estas questões se encontra na verdade revelada em Cristo, a busca desta verdade e a sua compreensão mais profunda permanece sempre uma tarefa aberta e surpreendente, sem a qual a dignidade da pessoa e do "humano" a natureza se degrada e perde o rumo."

Centrando-nos nos perfis dos dois vencedores, o Cardeal Secretário de Estado salienta que “tal como o prof. O'Regan em vários dos seus perfis profundos de Joseph Ratzinger-Bento XVI, a sua voz sempre foi caracterizada por uma profunda humildade, por um desejo claro de ser a voz não de si mesmo, mas da tradição da Igreja, ao serviço de a voz do Senhor Jesus; “A sua visão sempre esteve centrada em Deus, que se revela dando-nos todas as coisas boas em Jesus Cristo”.

A respeito do Maestro Sotoo, o cardeal destaca que “todas as vozes da criação e da história, naturalmente em particular as vozes da história da salvação, são aquelas que a arte também nos ajuda a ouvir e a ver. A verdadeira arte torna a matéria transparente ao espírito. Vivenciámo-lo de forma fascinante na imensa tarefa de construir a Sagrada Família em todos os seus detalhes, incluindo as obras do mestre Sotoo. Ouvimos falar de seu significado e inspiração de seus próprios lábios. A pedra, aparentemente dura e inerte, graças ao trabalho criativo do arquiteto e do escultor, ao esforço do artesão e do trabalhador, torna-se voz viva da criação de Deus e manifestação da sua beleza e amor, um espaço onde a assembleia de a Igreja, ela própria composta de pedras vivas construídas sobre a pedra que é Cristo, encontra Deus na oração e na celebração dos sacramentos.

O cardeal Parolin recordou então o lema escolhido pelo bispo e pelo Papa Bento XVI: “Cooperatores Veritatis”. “Este continua a ser o lema de quem dedica a vida a fazer resplandecer a verdade em todas as suas formas, com a inteligência, a investigação e o ensino, com o génio e o esforço da expressão artística, com o testemunho do seu serviço humano e eclesial. Este é, portanto, o lema que caracteriza também a vida e a obra dos vencedores, e que hoje lhes confiamos para que continuem a ser testemunhas eficazes.

Finalmente, recordando “a sua inesquecível encíclica Spe salvi”, que “é inteiramente dedicada à esperança, às esperanças humanas e à esperança cristã”, o cardeal observou que Bento XVI “com coragem e paixão, consegue falar-nos do mistério da julgamento do mundo e da história à luz da justiça e da misericórdia, encorajando-nos a suportar com fé e esperança o peso terrível do ódio furioso e do mal, que oprimem o nosso tempo e esmagam inúmeras vidas humanas que nos rodeiam todos os dias. A visão já evocada de Cristo Pantocrator, que ele contemplou na reflexão e na oração até aos últimos dias da sua vida e na qual se confiou, é uma visão de grande esperança, para todos e cada um. Quando o glorioso Cristo abre a boca, ele diz: “Não tema! Eu sou o Primeiro, o Último e o Vivo. Eu estava morto, mas agora vivo para sempre e tenho poder sobre a morte e o inferno” (Ap 1, 17-18).

“O Papa Bento – conclui o cardeal – continua a acompanhar-nos para que também nós possamos participar, em sintonia com ele, na sua visão de fé, caridade e esperança”.

Missa na Cripta (ZENIT)

Missa no cemitério papal e audiência privada com o Papa

O dia 22 de novembro começou com uma missa em memória de Bento XVI celebrada nas Grutas do Vaticano, perto do seu túmulo, presidida por Dom Georg Gänswein, núncio apostólico na Lituânia, Estônia e Letônia. Um momento vivido “em profunda união espiritual com Bento XVI – observou o Padre Lombardi – para que ele possa continuar a acompanhar-nos e a inspirar-nos no nosso caminho de fé e de compromisso cristão”.

Posteriormente, os dois vencedores foram recebidos em audiência pelo Papa Francisco, "para receber - como explicou o Padre Lombardi, que os acompanhou - a sua bênção e para lhe testemunhar mais uma vez a proximidade e a vontade da nossa Fundação e de todos nós de inserir-se plenamente no caminho da Igreja por ele guiada e contribuir segundo a nossa vocação e capacidade.

Além dos membros do Comitê Científico da Fundação, estiveram presentes na cerimônia os Cardeais Kurt Koch, Luis Francisco Ladaria e Gianfranco Ravasi e o Arcebispo Rino Fisichella, entre outros, o Decano do Colégio Cardinalício Giovanni Battista Re, Cardeais Baldisseri , Fernández Artime, Marchetto, Müller, Roche, Vegliò e Bispo Stagliano.

A cerimónia foi animada por alguns interlúdios musicais do Falconieri Ensemble (Música Antiga).

Com a edição de 2024, são ao todo 30 personalidades galardoadas com o Prémio Ratzinger.

Trata-se sobretudo de personalidades eminentes nos estudos da teologia dogmática ou fundamental, da Sagrada Escritura, da Patrologia, da Filosofia, do Direito, da Sociologia, ou na atividade artística, na música, na arquitetura e agora também na escultura.

Confirmando o horizonte cultural global do Prémio, as personalidades premiadas vêm de 18 países diferentes, em cinco continentes: Alemanha (7), França (4), Espanha (3), Itália (2), Austrália, Brasil, Burkina Faso , Canadá. , Estónia, Japão, Grã-Bretanha, Grécia, Irlanda, Líbano, Polónia, Estados Unidos, África do Sul, Suíça.

Os vencedores não são apenas católicos, mas também membros de outras denominações cristãs (uma anglicana, uma luterana, duas ortodoxas) e uma da religião judaica.

A tecnologia que está salvando a herança cristã em todo o mundo

Antoine Mekary | ALETEIA

Hugues Lefèvre - Isabella H. de Carvalho - publicado em 22/11/24

Fundada em 2013, a Iconem é especializada na digitalização 3D de sítios históricos na França e em todo o mundo. Seu último projeto é a digitalização da Basílica de São Pedro em Roma, “um dos monumentos mais complexos que digitalizamos”, diz Yves Ubelmann, diretor geral da Iconem.

A quase 40 metros de altura, no sótão da Basílica de São Pedro, em Roma, os visitantes poderão em breve mergulhar numa fascinante exposição que traça a história e o significado da basílica construída sobre o túmulo do Apóstolo Pedro. Este prodigioso passeio, à sombra da cúpula desenhada por Michelangelo, foi possível graças ao trabalho de uma pequena empresa francesa aliada à gigante americana Microsoft.

Fundada em 2013, a Iconem é especializada na digitalização 3D de locais excepcionais. Da cidade de Palmyra, na Síria, às pirâmides do Egito e a um templo de Angkor, no Camboja, a start-up francesa voou os seus drones em África, na Ásia, na Europa e nas Américas para preservar e partilhar um património notável. “Trabalhamos muito em zonas de conflito, no Afeganistão, na Síria, no Iraque e na Líbia, onde o património está ameaçado”, explica Yves Ubelmann, presidente e fundador da Iconem, à Aleteia.

Mas se olharmos para a lista de projetos empreendidos por esta empresa de cerca de dez funcionários, a herança cristã figura com destaque.

Na França, por exemplo, a duplicata digital do Mont-Saint-Michel foi feita pela Iconem, assim como a Catedral de Reims, a Basílica do Sacré-Coeur e a Igreja Saint-Germain-des-Prés, em Paris. Na Arménia, vários mosteiros foram preservados digitalmente, como o de Gherart, perto de Yerevan.

https://youtu.be/eajawgk3Fd8

Os milhões de dados recolhidos permitem aos cientistas estudar os locais, compreender melhor a sua história e protegê-los de forma mais eficaz. A digitalização da abadia troglodita de Saint-Roman, em França, por exemplo, pretendia apoiar os trabalhos de estabilização e melhoria do local.

https://youtu.be/BALYb8gUuW8

“Examinamos muitos locais cristãos na Europa, no Oriente Médio e nos Estados Unidos. Você tem uma ideia da diversidade da arquitetura cristã”, diz Yves Ubelmann.

“Na Arménia, por exemplo, existem mosteiros fortificados que serviam para proteger toda a comunidade e os seus tesouros. O mosteiro servia como local de culto, como castelo defensivo e também como banco”, explica.

400 mil fotos para San Pedro

Na Basílica de São Pedro, em Roma, foram tiradas 400 mil fotos para capturar cada canto do edifício. Drones entraram e saíram da basílica para coletar imagens de alta resolução. Os especialistas também utilizaram lasers para reproduzir perfeitamente o monumento em três dimensões.

“É um dos monumentos mais complexos que escaneamos. Dentro da própria basílica existe uma rede labiríntica de salas escondidas dos visitantes, corredores e escadas”, explica o arquiteto formado. A representação 3D mostra como o edifício foi construído – e reconstruído – ao longo dos séculos.

“É uma verdadeira lição descobrir a criatividade de arquitetos que responderam a questões espirituais e muito pragmáticas”, afirma Yves Ubelmann.

Para mostrar a engenhosidade dos construtores da época, Iconem ajudou a projetar a exposição imersiva que em breve será aberta ao público em geral sob o teto da Basílica de São Pedro.

https://youtu.be/5dQI_TXYJbU

O choque do incêndio em Notre-Dame

A digitalização deste património excecional tem um papel de salvaguarda cada vez mais evidente para o responsável pela start-up.

“Visitei a Notre-Dame de Paris alguns meses antes do incêndio com o objetivo de digitalizá-la”, confessa. Mas operações de digitalização mais urgentes adiaram o projeto de Paris. "Foi um choque. Percebi que as prioridades nem sempre são o que se pensa e que é preciso digitalizar rapidamente quando se tem acesso a um local", explica.

Com a sua equipa, Yves Ubelmann gostaria de poder trabalhar noutras catedrais em França, edifícios excepcionais que não recebem a mesma publicidade que a de Paris, mas que também contêm muitos tesouros.

Fonte: https://es.aleteia.org/2024/11/22/la-tecnologia-que-esta-salvando-el-patrimonio-cristiano-en-todo-el-mundo

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF