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sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Francisco aos jornalistas: "desarmar" a comunicação através da esperança

Papa em coletiva de imprensa durante viagem à Bélgica (Vatican News)

Na mensagem por ocasião do 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que será celebrado em 1o de junho, Francisco recorda que “a comunicação dos cristãos – e eu diria até a comunicação em geral – deve ser feita com mansidão, com proximidade: eis o estilo dos companheiros de viagem, na pegada do maior Comunicador de todos os tempos, Jesus de Nazaré”.

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

Ser comunicadores de esperança: este é o convite feito pelo Papa Francisco aos jornalistas de todo o mundo na mensagem para o LIX Dia Mundial das Comunicações Sociais.

O texto é divulgado tradicionalmente no dia 24 de janeiro, festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, e este ano véspera do Jubileu dos Comunicadores, programado para este final de semana no Vaticano.

“Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações” é o tema da Mensagem, inspirada em dois versículos da Primeira Carta de São Pedro (cf. 3, 15-16): “No íntimo do vosso coração, confessai Cristo como Senhor, sempre dispostos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la peça; com mansidão e respeito”.

Mas antes de desenvolver sua reflexão, Francisco faz uma análise da comunicação atual, marcada “pela desinformação e pela polarização, em que alguns centros de poder controlam uma grande massa de dados e de informações sem precedentes”.

Mas diante das conquistas da técnica, o Santo Padre pede que se cuide do coração.

“No centro da comunicação deve estar a responsabilidade pessoal e coletiva para com o próximo.”

Com frequência, a comunicação não gera esperança, mas sim medo, preconceitos e rancores, fanatismo e até ódio. Como em outras ocasiões, o Pontífice insiste na necessidade de “desarmar” a comunicação. “Nunca dá bom resultado reduzir a realidade a slogans”, escreve. Desde os talk shows televisivos até às guerras verbais nas redes sociais, há o risco de prevalecer o paradigma da competição, de fazer do outro um “inimigo”.

Eis então que o Apóstolo oferece uma síntese “admirável” da comunicação cristã, ou seja: dar com mansidão a razão da nossa esperança.

“A esperança dos cristãos tem um rosto: o rosto do Senhor ressuscitado”, recorda o Pontífice. Os cristãos não são, antes de mais, aqueles que “falam” de Deus, mas aqueles que fazem ressoar a beleza do seu amor, uma maneira nova de viver cada pequena coisa. 

“A comunicação dos cristãos – e eu diria até a comunicação em geral – deve ser feita com mansidão, com proximidade: eis o estilo dos companheiros de viagem, na pegada do maior Comunicador de todos os tempos, Jesus de Nazaré.”

Francisco então expõe seus “sonhos” na comunicação: uma comunicação que saiba fazer de nós companheiros de viagem; capaz de falar ao coração; de gerar empatia, interesse pelos outros; que não venda ilusões ou medos, mas seja capaz de dar razões para ter esperança. 

Para isso, acrescenta, precisamos de nos curar da “doença” do protagonismo e da autorreferencialidade, pois o bom comunicador faz com que quem ouve, lê ou vê se torne participante. Comunicar deste modo ajuda a nos tornar “peregrinos de esperança”, como diz o lema do Jubileu. 

A esperança é sempre um projeto comunitário e o Jubileu tem implicações sociais, escreve por fim o Santo Padre, concluindo com algumas exortações para tornar o mundo menos indiferente e um pouco menos fechado:

“Encorajo-os a descobrir e a contar tantas histórias de bem escondidas por detrás das notícias”; encontrar as centelhas de bem que nos permitem ter esperança; ser mansos e nunca esquecer o rosto do outro; praticar uma comunicação que saiba curar as feridas da humanidade; ser testemunhas e promotores de uma comunicação não hostil, que difunda uma cultura do cuidado e construa pontes.

“Tudo isto podem e podemos fazê-lo com a graça de Deus, que o Jubileu nos ajuda a receber em abundância. Por isto, rezo por cada um de vocês e pelo seu trabalho, e os abençoo.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Chamei-vos amigos (3): dentro de um grande mapa de relações (III)

Chamei-vos amigos (Foto/Crédito: Opus Dei)

Chamei-vos amigos (3): dentro de um grande mapa de relações

Deixar-nos ser amados pelos outros é uma maneira de abrir espaço a Deus na nossa vida. Jesus fez isso até os Seus últimos momentos na terra.

22/07/2020

Os apóstolos correm aterrorizados quando os soldados prendem Jesus. Têm medo e recusam-se a testemunhar o aparente fracasso do homem em quem depositaram toda a confiança. As correntes fazem ruído quando se arrastam, o frio envolve a noite e o julgamento é claramente injusto. As palavras são usadas de maneira enganosa e o castigo é desproporcional. Todos os olhos estão postos no corpo chagado de Cristo, pedindo a Sua morte. Um caminho tortuoso, o peso da cruz, a multidão hostil que espera ouvir o bater do martelo ... até que finalmente levantam o corpo do Senhor. Do Seu patíbulo solitário, Jesus observa com compaixão os que não quiseram acolher Deus feito homem: “Será que existe alguma dor igual à minha dor” (Lm 1:12).

Tanto física como espiritualmente, durante a Paixão as “dores foram máximas em Cristo, entre as dores da vida presente”[1]; sabe que nenhum sofrimento Lhe será poupado. No entanto, é surpreendente que Deus Pai não tenha querido privar o Seu Filho, nem mesmo naqueles momentos, do consolo da amizade. Ali, ao pé da cruz, João olha com os mesmos olhos que testemunharam tantos momentos felizes com o Mestre; oferece ao amigo a mesma presença que os uniu por tantos caminhos. João voltou e procurou Maria; ele, que ouvira o bater do coração de Jesus na Última Ceia, não quer deixar de oferecer a Jesus a sua amizade fiel, um simples estar ali. E Nosso Senhor encontra alívio ao olhar para Maria e o “discípulo que ele amava” (Jo 19:26). No Calvário, perante a maior demonstração do amor de Deus pelos homens, Jesus, por Sua vez, recebe esse sinal do amor humano. Talvez na Sua alma ressoem as palavras que pronunciara horas antes: “Eu vos chamo amigos” (Jo 15, 15).

Afeto nos dois sentidos

Muitas páginas do Evangelho nos falam dos amigos de Jesus. Embora geralmente não tenhamos os detalhes do processo que deve ter criado essas profundas relações, as reações que conhecemos deixam claro que ali havia um verdadeiro afeto mútuo. Percorrendo esses textos, descobrimos que o Senhor desfrutou de amigos; o Seu coração humano não quis prescindir da reciprocidade do amor humano: “O Evangelho de Jesus Cristo revela-nos que Deus não consegue estar sem nós: Ele nunca será um Deus sem o homem”[2]. Por exemplo, sabemos que Jesus sempre Se sentiu acolhido e amado na casa dos Seus amigos de Betânia. Quando Lázaro morre, as duas irmãs vão ter com o Senhor com total confiança, mesmo com palavras duras que mostram o íntimo relacionamento que unia Jesus à família: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido” (Jo 11:32). O amigo comove-Se com a dor dessas mulheres e não consegue conter as lágrimas (cf. Jo 11,35). Naquela casa, Jesus podia descansar, estava à vontade, falava francamente: “que conversas foram essas da casa de Betânia, com Lázaro, com Marta, com Maria!”[3].

MESMO AOS PÉS DA CRUZ, DEUS PAI NÃO QUIS PRIVAR O SEU FILHO DO CONSOLO DA AMIZADE

Assim como muitos encontraram em Jesus um verdadeiro amigo, Ele também desfrutou do que os outros Lhe ofereciam. Sentir-Se-ia, por exemplo, apoiado e consolado pelas palavras impetuosas de Pedro – que nunca tinha problemas em manifestar os seus sonhos em voz alta – quando viu que o jovem rico fechou a sua alma ao amor: “Nós deixamos tudo e te seguimos” (Mt 19,27). O grande carinho que Pedro sentia pelo Senhor levou-o a querer defender o amigo com vivacidade, mudando também alguns aspectos da sua vida quando o Senhor, com a força que somente a confiança permite, o corrigiu (cf. Mt, 16, 21-23; Jo 13,9). Assim como Jesus pôde descansar na força de Pedro, também encontrou descanso na ternura corajosa de João. Quantas conversas teria tido com aquele discípulo adolescente! No contexto da Última Ceia, somos testemunhas de como acolhe sem vergonha o seu gesto cheio de ternura, quando se recosta sobre o Seu peito com a confiança de alguém que conhece o coração do amigo. Embora João, durante a agonia de Jesus no Jardim das Oliveiras, não tenha conseguido manter-se acordado e tenha fugido quando prenderam o Senhor, mais tarde soube arrepender-se e voltar. João experimentou que a amizade cresce muito com o perdão.

“Normalmente, olhamos para Deus como a fonte e o conteúdo da nossa paz: consideração verdadeira, mas não exaustiva. Não costumamos pensar, por exemplo, que também "podemos" consolar e oferecer descanso a Deus”[4]. A verdadeira amizade ocorre sempre nos dois sentidos. Portanto, perante a experiência pessoal de quanto Deus nos ama, a resposta lógica é querer devolver esse afeto; abrir as portas da nossa inteligência e tirar os segredos dos nossos corações. Somente assim podemos dar a Jesus todo o consolo e amor de que somos capazes para encontrar em nós o que encontrou em Pedro, em João ou nos Seus amigos de Betânia.

A amizade enriquece o nosso olhar

Se Jesus teve muitos amigos e Deus se deleita com os filhos de Adão (cf. Pv 8,31), é bom que também sintamos essa necessidade totalmente humana. Podemos imaginar o vasto mapa das conexões humanas, em todos os tempos e lugares; milhões de homens e mulheres unidos por laços que surgem de frequentar a mesma escola, morar no mesmo bairro, ter outras pessoas em comum, etc. As circunstâncias da nossa vida fizeram-nos conhecer os nossos amigos e desenvolver esse relacionamento íntimo com eles. Pensando no início de cada uma das nossas amizades, podemos encontrar toda uma série de aparentes coincidências que nos uniram. Não podemos deixar de agradecer a Deus o grande tesouro de ter desejado que, no nosso caminho, não falte a companhia e o amor dos homens.

JESUS DEIXA-SE QUERER POR SEUS AMIGOS: MARTA, MARIA, PEDRO, JOÃO... CADA UM A SEU MODO

E no meio desse grande mapa de laços e relacionamentos, de todas as pessoas com quem nos cruzamos no decurso das nossas vidas, Deus escolheu alguns para estarem mais próximos de nós. Deus se vale dos nossos amigos para nos abrir panoramas, para nos ensinar coisas novas ou para descobrirmos o amor verdadeiro: “Os nossos amigos nos ajudam a compreender maneiras de ver a vida que são diferentes da nossa, enriquecem o nosso mundo interior e, quando a amizade é profunda, permitem-nos experimentar as coisas de um modo diferente do nosso”[5]. O escritor britânico C. S. Lewis – que teve profundas amizades – afirmou, com o seu sentido de humor peculiar, que a amizade não é um prêmio pelo bom gosto, mas o meio pelo qual Deus nos revela as belezas dos outros e conhecemos diferentes visões a respeito do mundo.

“Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20), disse-nos Jesus, e uma maneira de fazê-lo é através das pessoas que nos amam: “Os amigos fiéis, que permanecem ao nosso lado nos momentos difíceis, são um reflexo do carinho do Senhor, da sua consolação e da sua amorosa presença. Ter amigos ensina-nos a abrir-nos, a compreender, a cuidar dos outros, a sair da nossa comodidade e isolamento, a partilhar a vida. Por isso, "Ao amigo fiel não há nada que se compare, pois nada equivale ao bem que ele é" (Sir 6, 15)”[6]. Olhar a amizade nessa perspectiva leva-nos a amar cada vez mais os nossos amigos, a vê-los como Jesus os vê. E a esse esforço há de unir-se também uma luta para nos deixarmos chamar amigos, pois não há amizade verdadeira, onde não há essa reciprocidade de amor[7].

Um dom para um e para o outro

A amizade é um dom imerecido, uma relação cheia de desinteresse, e é por isso que às vezes podemos cair na armadilha de pensar que não é tão necessária. Não faltaram aqueles que, por um mal-entendido desejo de agradar “somente a Deus”, viram com receio e desconfiança o consolo da amizade. O cristão, no entanto, sabe que tem um único coração para amar ao mesmo tempo a Deus, aos homens, e para receber o amor dos outros. Numa homilia pregada durante a festa do Sagrado Coração de Jesus, São Josemaria destacava: “Deus não nos declara que, em lugar do coração, nos dará uma vontade de puro espírito. Não. Dá-nos um coração, e um coração de carne, como o de Cristo. Eu não disponho de um coração para amar a Deus, e de outro para amar as pessoas da terra. Com o mesmo coração com que amei os meus pais e estimo os meus amigos, com esse mesmo coração amo a Cristo, e o Pai, e o Espírito Santo, e Santa Maria. Não me cansarei de repeti-lo: temos que ser muito humanos; porque, de outro modo, também não poderemos ser divinos”[8].

O NOSSO CAMINHO PARA O CÉU É UM CAMINHO QUE COMPARTILHAMOS COM OS NOSSOS AMIGOS

Não escolhemos os nossos amigos por motivos de utilidade ou pragmatismo, pensando que este relacionamento vai produzir algum efeito; simplesmente amamo-los por si mesmos, por quem eles são. “A verdadeira amizade – assim como a caridade, que eleva sobrenaturalmente a sua dimensão humana – é em si mesma um valor: não é um meio ou instrumento”[9]. Saber que a amizade é um dom nos impede de cair em um “complexo de super-heróis”: de quem pensa que deve ajudar a todos, sem perceber que também precisa dos outros. O nosso caminho para o céu não é uma lista de objetivos a serem alcançados, mas um caminho que compartilhamos com os nossos amigos, no qual uma parte importante será aprender a acolher esse carinho que nos dão. Portanto, a amizade requer uma boa dose de humildade para nos reconhecermos vulneráveis e necessitados de afeto humano e divino. O amigo não se perturba nem se envergonha, não se desculpa nem incomoda. O amigo ama e deixa-se amar. Foi o que Jesus fez e foi o que os apóstolos fizeram.

Os que são mais introvertidos terão um pouco de dificuldade em abrir o coração ao outro, porque não sentem necessidade de fazê-lo ou porque temem não ser compreendidos. Os que são mais extrovertidos talvez compartilhem muitas experiências, mas podem ter mais dificuldades em enriquecer o seu próprio mundo com as experiências dos outros. Nos dois casos, todos precisamos de uma atitude de abertura e simplicidade para permitir que o amigo entre na sua própria vida e interioridade. Abrir-nos ao dom da amizade, mesmo que custe um pouco, pode fazer-nos mais felizes.

***

Todos poderíamos fazer uma lista das grandes lições que aprendemos dos nossos amigos. Com cada um temos um tratamento particular, que pode iluminar os diferentes recantos da nossa alma. Ao grande consolo de saber que somos amados e acompanhados, une-se esse desejo de fazer o mesmo pelo outro. A amizade, disse São João Paulo II, “indica amor sincero, um amor mútuo que deseja todo o bem para a outra pessoa — um amor que gera união e felicidade”[10]. Saber-se chamado amigo não pode levar-nos ao orgulho, mas à gratidão por esse dom e ao desejo de acompanhar o outro no seu caminho para a felicidade: “Não existe algo que mais atraia o amor do que a pessoa amada entender quanto o amante aspira por seu amor”[11]. Quando Jesus nos chama amigos, também o faz com esse caráter recíproco. “Jesus é teu amigo. – O Amigo. – Com coração de carne como o teu. – Com olhos de olhar amabilíssimo, que choraram por Lázaro... – E, tanto como a Lázaro, te ama a ti”[12], lembra-nos São Josemaria. E cada amizade é uma ocasião para redescobrir o reflexo dessa amizade que Cristo nos oferece.

Maria del Rincón Yohn

Foto de Robert Nickson no Unsplash


[1] São Tomás de Aquino, Summa Theologica, III, q. 46, a. 6

[2] Francisco, audiência 7/06/2017.

[3] São Josemaria, carta 24/10/1965.

[4] Javier Echevarría, Eucaristia e vida cristã

[5] Fernando Ocáriz, Carta pastoral 1/11/2019, 8.

[6] Francisco, Christus Vivit, 151.

[7] Cf. São Tomás de Aquino, Summa Theologica, II-II, q.23, a.1.

[8] São Josemaria, É Cristo que passa, 166.

[9] Fernando Ocáriz, Carta Pastoral 1/11/2019, 18.

[10] João Paulo II, Discurso 18/02/1981.

[11] São João Crisóstomo, 14ª Homilia sobre a Segunda Epístola aos Coríntios.

[12] São Josemaria, Caminho, n. 422.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/chamei-vos-amigos-3-dentro-de-um-grande-mapa-de-re/

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

CRISTANDADE: «Francisco, pequeno e insignificante»

Francisco reza diante do Crucifixo de São Damião , Giotto na Basílica Superior de Assis | 30Giorni

Arquivo 30Giorni nº. 01 - 2010

«Francisco, pequeno e insignificante»

Trechos da catequese do Papa Bento XVI,
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010.

Catequese do Papa Bento XVI

Um pequeno e insignificante religioso.

«Este acontecimento [a mensagem do Crucifixo na pequena igreja de São Damião: «Vai, Francisco, e repara a minha Igreja em ruínas»], que ocorreu provavelmente em 1205, sugere outro acontecimento semelhante ocorrido em 1207: o sonho do Papa Inocêncio III. Ele vê em sonho que a Basílica de San Giovanni in Laterano, a igreja mãe de todas as igrejas, está desmoronando e um pequeno e insignificante religioso sustenta a igreja com os ombros para que ela não caia. 

É interessante notar, por um lado, que não é o Papa quem ajuda para que a Igreja não desmorone, mas um pequeno e insignificante religioso, que o Papa reconhece em Francisco que o visita. Inocêncio III foi um Papa poderoso, de grande cultura teológica, mas também de grande poder político, porém não é ele quem renova a Igreja, mas os pequenos e insignificantes religiosos: é São Francisco, chamado por Deus. , porém, é importante notar que São Francisco não renova a Igreja sem ou contra o Papa, mas apenas em comunhão com ele”. 

O caminho do diálogo.

«Em 1219, Francisco obteve permissão para ir falar ao Egito com o sultão muçulmano Melek-el-Kâmel, para pregar também ali o Evangelho de Jesus. Gostaria de sublinhar este episódio da vida de São Francisco. muito atual. Numa época em que havia um conflito contínuo entre o Cristianismo e o Islão, Francisco, deliberadamente armado apenas com a sua fé e a sua mansidão pessoal, seguiu eficazmente o caminho do diálogo. 

As crónicas falam-nos de uma recepção benevolente e cordial recebida pelo sultão muçulmano. É um modelo no qual também hoje devem inspirar-se as relações entre cristãos e muçulmanos: promovendo o diálogo na verdade, no respeito mútuo e na compreensão mútua (cf. Nostra aetate , n. 3)”. 

Uma recomendação aos sacerdotes «Em Francisco, o amor a Cristo exprimia-se de modo especial na adoração do Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Nas Fontes Franciscanas lemos expressões comoventes, como esta: “Que toda a humanidade tema, todo o universo trema e o céu se alegre, quando no altar, na mão do sacerdote, está Cristo, o Filho do Deus vivo. Ó estupendo favor! Ó humilde sublimidade, que o Senhor do universo, Deus e Filho de Deus, se humilhe a tal ponto que se esconda para a nossa salvação, sob uma modesta forma de pão" (Francisco de Assis, Scritti , Editrici Francescane, Pádua 2002, p. 401). 

Neste ano sacerdotal, gosto também de recordar uma recomendação dirigida por Francisco aos sacerdotes: «Quando quiserem celebrar a missa, de forma pura, façam com reverência o verdadeiro sacrifício do Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor. Jesus Cristo" (Francisco de Assis, Escritos, pág. 399)". 

Santa Virgem Maria, rogai por nós «Que a Virgem, ternamente amada por Francisco, nos obtenha este dom. A Ela confiamos com as próprias palavras do Pobrezinho de Assis: “Santa Virgem Maria, não há ninguém como tu nascida no mundo entre as mulheres, filha e serva do Rei Altíssimo e Pai celeste, Mãe dos nossos mais santo Senhor Jesus Cristo, esposa do Espírito Santo: rogai por nós... ao vosso santíssimo Filho, Senhor e Mestre” (Francisco de Assis, Escritos , p. 163)”.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Carlo Acutis, Pier Giorgio Frassati… Os santos de 2025!

Antoine Mekary | ALETEIA

Anna Ashkova - publicado em 22/01/25

Em 2025, serão realizadas 2 canonizações e 4 beatificações. Algumas delas, como a de Carlo Acutis, são especialmente aguardadas pelos fiéis católicos.

Em 2024, 21 pessoas foram canonizadas e 18 beatificadas pela Igreja Católica. Em 2025, outras 6 pessoas se juntarão aos santos e beatos da Igreja. A seguir, um panorama desses leigos, padres, religiosos e religiosas cujas datas de canonização e beatificação já foram anunciadas.

Duas canonizações muito esperadas

27 de abril - Carlo Acutis

John Touhey | Aleteia

Carlo Acutis (1991-2006), um jovem italiano, usou seu talento de informático a serviço da evangelização, gerenciando, por exemplo, o site de sua paróquia em Milão e lançando outras iniciativas digitais. Alimentado por uma vida intensa de oração e missa diária, o adolescente faleceu de leucemia fulminante aos 15 anos. Seu testemunho se espalhou rapidamente por toda a Itália e, depois, pelo mundo, com a ajuda de sua mãe, Antonia Salzano.

Em 2018, ele foi proclamado venerável. O reconhecimento da cura milagrosa de um homem brasileiro fez Carlo Acutis ser beatificado em 2020. Desde 1º de junho de 2022, seu corpo está exposto em Assis. Seu túmulo foi visitado por 900.000 pessoas em 2024. Um segundo milagre, atribuído à sua intercessão, foi reconhecido em 23 de maio de 2024.

Ele será canonizado em 27 de abril, durante o Jubileu dos Adolescentes, que reunirá em Roma dezenas de milhares de jovens.

3 de agosto - Pier Giorgio Frassati

Nascido em Turim, em uma família rica da alta burguesia italiana, Pier Giorgio Frassati (1901-1925) dedicou sua vida ao serviço dos pobres antes de morrer aos 24 anos, vítima de uma poliomielite fulminante. Apaixonado por montanhismo, Pier Giorgio Frassati é uma figura inspiradora para a juventude católica. Engajado em diversos grupos católicos, comungava diariamente e visitava os pobres. Além de sua fé pessoal, ele participava ativamente da vida política de seu tempo, opondo-se aos partidários de Mussolini após sua ascensão ao poder. Também foi membro leigo da Ordem Terceira Dominicana, adotando o nome de Frei Jerônimo, para estar engajado sem perder o vínculo com o mundo.

Foi beatificado por João Paulo II em 1990. Roma aguardava um segundo milagre para anunciar sua canonização. Isso aconteceu em novembro de 2024, quando o padre Juan Gutierrez, um jovem mexicano que era seminarista em Los Angeles, foi milagrosamente curado de uma lesão no tornozelo. A canonização do bem-aventurado Pier Giorgio Frassati está marcada para 3 de agosto, em Roma, durante o Jubileu dos Jovens.

E quatro beatificações

12 de janeiro - Padre Giovanni Merlini

O padre Giovanni Merlini (1795-1873) foi ordenado sacerdote em 1818. Nascido na Úmbria, uma região da Itália central, entrou para os missionários do Precioso Sangue após conhecer seu fundador, São Gaspar del Bufalo. Foi o responsável pela fundação de uma ramificação feminina de sua ordem, as Adoradoras do Sangue de Cristo, por Santa Maria de Mattias, a quem ele era diretor espiritual. Ardente apóstolo das "missões populares" na Itália, foi próximo de Pio IX, a quem acompanhou no exílio em Gaeta em 1848. Giovanni Merlini tornou-se moderador geral de sua ordem.

Morreu em 12 de janeiro de 1873 e foi proclamado venerável um século depois, por Paulo VI. Em 2024, o Papa Francisco assinou um decreto reconhecendo o primeiro milagre atribuído ao venerável. Sua beatificação foi no dia 12 de janeiro de 2025.

26 de abril - Mária Magdolna Bódi

Mária Magdolna Bódi.

Esta leiga húngara, nascida de uma união ilegítima, tinha um pai violento e alcoólatra. Mária Magdolna Bódi (1921-1945) se voltou para uma paróquia latina de sua cidade, se dedicando com fervor e projetando tornar-se religiosa. No entanto, nenhuma congregação a aceitou devido ao seu status social. Trabalhando em uma fábrica, decidiu consagrar sua castidade a Deus e se juntou a um grupo de apoio aos pobres e doentes, reunindo ao seu redor muitas outras mulheres e causando várias conversões. Durante a Segunda Guerra Mundial, ela cuidou dos feridos e ajudou mães de família. Foi assassinada por um soldado soviético em 1945, que tentou estuprá-la. Ela reagiu, disparando um tiro contra ele antes de tentar fugir, mas o homem ferido conseguiu matá-la com vários tiros. Quando recebeu o primeiro tiro nas costas, ela abriu os braços para o céu, exclamando: "Meu Senhor, meu Rei!" Dentre os seis tiros disparados, um atingiu diretamente o coração. Ela caiu e morreu segurando o rosário nas mãos. Mária Magdolna Bódi será beatificada em 26 de abril. Ela será a segunda mártir do comunismo.

17 de maio - Camille Costa de Beauregard

Camille Costa de Beauregard
Église catholique en Savoie / Collage Canva Aleteia

Camille Costa de Beauregard (1841-1910) nasceu em Chambéry em uma família da aristocracia de Sabóia, uma região na França. Foi o quinto de onze filhos. Seus pais eram piedosos e dedicados ao serviço dos pobres e doentes. Na adolescência, Camille se afastou da fé, mas voltou a Deus aos 22 anos, durante uma bela conversão na catedral de Chambéry. Em 1863, entrou para o Seminário Francês de Roma, onde foi ordenado sacerdote em 26 de maio de 1866. 

Decidiu dedicar-se aos trabalhadores da Sabóia. Durante a epidemia de cólera que atingiu sua cidade natal, cuidou dos órfãos, o que lhe rendeu o apelido de "pai dos órfãos". O orfanato se tornou uma verdadeira instituição, confiada às Filhas da Caridade, no espírito da obra dos Salesianos de Dom Bosco, com os quais o abade Costa se encontrou em Turim em 1879. Doente e cansado por uma longa vida de trabalho, o abade Costa morreu em 25 de março de 1910.

Sua causa de beatificação foi apresentada a Roma quinze anos depois. Foi proclamado venerável por João Paulo II em 1991, e um milagre obtido por sua intercessão foi oficialmente reconhecido pelo Papa Francisco, abrindo caminho para sua beatificação, que ocorrerá em 17 de maio, na catedral de Chambéry.

31 de março - Krzysztofa-Marta Klomfass e suas companheiras

© Dicastero delle Cause dei Santi

A irmã Krzysztofa-Marta Klomfass e suas 14 companheiras da Congregação das Irmãs de Santa Catarina Virgem e Mártir, foram mortas entre 22 de janeiro e 25 de novembro de 1945 pelo regime comunista soviético. Estupradas e torturadas pelos soldados soviéticos ou mortas por privações, maus-tratos ou doenças nos campos de concentração na Rússia, às 15 religiosas de origem alemã viviam na Prússia Oriental durante a invasão do Exército Vermelho. Embora tivessem a oportunidade de fugir, como outras religiosas da mesma congregação, elas decidiram permanecer em seu lugar, fiéis à sua vocação, aceitando o risco para ficarem perto dos doentes, crianças e órfãos, fazendo tudo o que podiam pelo bem dos outros. Elas serão beatificadas em 31 de março.

Em 2024, o Papa Francisco publicou decretos reconhecendo as virtudes heróicas de 24 pessoas, entre elas os leigos Ismael Molinero Novillo e Enrico Medi, o padre italiano Guglielmo Gattiani e o padre polonês Stanislas Kostka Streich, além do fundador da comunidade de Emmanuel, Pierre Goursat. Todos aguardam o reconhecimento de um milagre para serem beatificados e, posteriormente, canonizados após o segundo milagre.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2025/01/22/carlo-acutis-pier-giorgio-frassati-os-santos-de-2025

Missão

Anunciar o Reino de Deus (Catequizar)

MISSÃO

Dom Geraldo dos Reis Maia
Bispo de Araçuaí (MG)

A missão é de Deus; Deus que se ama nas Pessoas Divinas. Esta é a primeira missão da Trindade: o amor. Este amor é assim tão grande que transborda no mundo criado. Santo Ireneu de Lyon já dizia que Deus criou através de suas duas mãos, o Filho e o Espírito (cf. Adv Haer. V, 28,4). Assim, a criação é entendida como missão de Deus. Para levar a primeira criação à sua destinação, Deus envia o Filho e o Espírito.

O Pai envia ao mundo o Filho para anunciar a Boa Notícia do Reino, fortalecido pela unção do Espírito Santo: “O Espírito do Senhor está sobre mim porque ele me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4,18). No Jordão, Jesus recebe a força do alto (Mc 1,8-11) e é impelido ao deserto onde se prepara para iniciar sua missão (Mc 1,12-15).

Uma senhora bastante simples, numa ação missionária na cidade de Berilo (MG), foi capaz de ressoar palavras formuladas por grandes teólogos: “Deus teve um único Filho e fez dele um missionário”. Para realizar a sua missão, Jesus tinha os olhos e os ouvidos atentos ao Pai para ser obediente à sua vontade, e tinha os pés firmes na realidade em que ele se inseriu na História. Assim, ele foi capaz de realizar a sua missão, na potência do Espírito Santo.

O Missionário do Pai andou por prados e campinas, planícies e colinas, lagos e praias, sempre anunciando a Boa Notícia do Reino. Com sinais e palavras, gestos e testemunho, ele foi transmitindo a mensagem do Reinado de Deus. Serviu-se de encontros pessoais, inúmeras parábolas, refeições, curas e tantas outras ações concretas para demonstrar: “O Reino de Deus está no meio de vós” (Lc 17,21b). Por esse anúncio de salvação, Jesus deu a sua vida e derramou o seu sangue pela humanidade.

No início de seu ministério, Jesus foi unindo pessoas do povo à sua missão. Chamou “aqueles que ele mesmo quis”, nos diz o Evangelho de Marcos (cf. Mc 3,13). Constituiu os Doze Apóstolos “para estarem com ele e enviá-los a anunciar” (Mc 3,14). Enviou depois outros 72 discípulos: “Ide! Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos… dizei-lhes: “O Reino de Deus está próximo de vós” (Lc 10,3.9b). Por fim, enviou toda a Igreja, nova comunidade de salvação: “Ide, pois, e fazei discípulos todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-os a observar tudo o que vos mandei. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,19-20).

Terminada a sua missão aqui na terra, Jesus Cristo não nos deixou órfãos. Ele enviou, da parte do Pai, o Defensor, o Inspirador, o Espírito Santo. Disse ele, como última orientação à comunidade nascente: “recebereis a força do Espírito Santo que virá sobre vós e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e na Samaria, até os confins da terra” (At 1,8). E assim aconteceu. Fortalecida pelo Espírito Santo, a Igreja saiu para fora, nascia missionária. Assim, compreendemos que a Missão é de Deus. Somos cooperadores da Missão de Deus no mundo.

A primeira forma de cooperar com a missão é estar pessoalmente unidos a Jesus Cristo: só se estivermos unidos a ele, como o ramo à videira (cf. Jo 15,5), é possível dar bons frutos (cf. RMI, 77). Isso exige uma capacidade de esvaziamento espiritual, pois o protagonista da missão é o Espírito Santo. O missionário, a missionária são apenas instrumentos nas mãos de Deus. Trata-se de ser presença amiga, amorosa, profética e crítica, capaz de manifestar o amor e a misericórdia de Deus nas suas ações, palavras e testemunho de vida.

A cooperação na missão de Deus é complexa e necessita de diversos protagonistas. Todos são necessários e cada um pode integrar na própria vida concreta, em diferentes medidas, três maneiras de cooperar com a missão. A primeira delas é estar unido a Jesus Cristo, rezando pelas atividades missionárias que acontecem mundo afora. A segunda forma é partilhando um pouco do muito que se tem para ajudar nas obras missionárias. E a terceira é saindo em missão para as periferias geográficas e existenciais, levando a Boa Notícia do Reino de Deus, a alegria de ser discípulo-missionário e a esperança que não decepciona (Rm 5,5).

O Papa Francisco não se cansa de fortalecer a Igreja na sua missão. Até nós, hoje, ressoam as palavras que ele dirigiu aos membros da Conferência dos Institutos Missionários da Itália: “Encorajo-vos a seguir em frente com coragem, para que a força do Espirito encontre sempre na Igreja e no mundo mentes e corações desejosos de semear a Palavra e de levar a alegria do Senhor Ressuscitado a todos, derrubando barreiras e favorecendo a construção de uma sociedade fundada nos princípios evangélicos da caridade, da justiça e da paz” (Discurso, 11/05/2023).

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa: aprendamos com Maria a confiar e acolher a Palavra de Deus

Audiência Geral, 22 de janeiro de 2025 - Papa Francisco (Vatican News)

Na Audiência Geral desta quarta-feira (22/01), o Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses jubilares sobre “Jesus Cristo, nossa esperança”. A reflexão de hoje foi inspirada no Evangelho da Anunciação. “Maria não busca respostas fora, mas dentro de si. E ali, no profundo de seu coração aberto e sensível, ela sente o convite para confiar em Deus”, afirmou o Santo Padre.

https://youtu.be/k14S4qJ4WIM

Thulio Fonseca - Vatican News

Na manhã desta quarta-feira, 22 de janeiro, na Sala Paulo VI, o Papa Francisco retomou as catequeses sobre Jesus Cristo, nossa esperança, com a segunda reflexão do ciclo jubilar dedicada à infância de Jesus, sob o tema: “A Anunciação a Maria: a escuta e a disponibilidade”. Francisco sublinhou a força transformadora da Palavra de Deus, que chega até o coração humano e gera mudanças profundas, como na experiência da Virgem Maria.

O anúncio em Nazaré

Ao abordar a narrativa da Anunciação, o Papa recordou que o Evangelho de Lucas destaca o envio do anjo Gabriel a Nazaré, uma pequena aldeia da Galileia, situada nas periferias de Israel e considerada irrelevante no contexto bíblico da época. Ali, Gabriel anuncia a Maria uma mensagem inédita e repleta de significado:

“A saudação do anjo é incomum: em vez do clássico ‘a paz esteja contigo’, Gabriel proclama ‘alegra-te!’, convite que ecoa os anúncios proféticos da vinda do Messias. É o chamado à alegria que marca o fim do exílio e a presença ativa de Deus no meio do povo.”

Além disso, Deus chama Maria por um título singular: kecharitoméne, ou “cheia de graça divina”. “Este nome indica que o amor de Deus habita no coração de Maria há muito tempo, tornando-a uma obra-prima da graça divina”, afirmou o Papa.

Papa Francisco durante a Audiência Geral (Vatican News)

Não temer a vontade de Deus

O Santo Padre destacou que, diante do anúncio do anjo, Maria experimenta perturbação, mas também confiança. Gabriel a tranquiliza com as palavras “Não temas!”, e completou:

"Deus diz isso também a nós: 'Não temas, siga em frente; não temas!' 'Padre, eu tenho medo disso'; 'E o que você faz, quando…'; “Me desculpe, padre, vou lhe dizer a verdade: eu vou à vidente…'; 'Você vai à vidente!'; 'Ah, sim, faço leitura de mãos.' Por favor, não temas! Não temas! Não temas! Isso é bonito. Eu sou o teu companheiro de caminhada: e é isso que Ele diz a Maria."

A missão da Mãe de Deus

Francisco também explicou a missão anunciada a Maria: ser a mãe do Messias, que será rei não de forma humana, mas divina. O nome do menino, “Jesus”, significa “Deus salva”, recordando que a salvação vem exclusivamente de Deus. “Maria foi chamada a confiar totalmente no Senhor, permitindo que Ele realizasse em sua vida uma obra única e extraordinária”.

"Esta maternidade abala Maria profundamente. E, como a mulher inteligente que é, capaz de interpretar os acontecimentos, ela busca compreender, discernir o que está acontecendo com ela. Maria não busca respostas fora, mas dentro de si. E ali, no profundo de seu coração aberto e sensível, ela sente o convite para confiar em Deus."

Fiéis e peregrinos reunidos na Sala Paulo VI (Vatican News)

O exemplo de Maria para os cristãos

Ao concluir a catequese, Francisco destacou a confiança luminosa de Maria, uma verdadeira “lâmpada de muitas luzes”. Maria acolheu o Verbo na sua carne e lançou-se na maior missão já confiada a uma mulher, a uma criatura humana. “Ela se colocou ao serviço: plena de tudo”, enfatizou o Papa, que, por fim, exortou os fiéis a se inspirarem na Mãe do Salvador e nossa Mãe:

“Irmãs e irmãos, aprendamos de Maria a permitir que a Palavra divina abra os nossos ouvidos, que a acolhamos e a guardemos, para que transforme os nossos corações em tabernáculos da sua presença, em casas hospitaleiras onde a esperança possa crescer.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Papa Francisco aos seminaristas espanhóis: os 3 sinais que marcam o itinerário

O Papa Francisco Quis Começar O Ano Acolhendo Os Estudantes De Mais Um Novo Seminário Espanhol. Foto: Diocese De Córdoba

Papa Francisco aos seminaristas espanhóis: os 3 sinais que marcam o itinerário

Além dos alunos e formadores dos seminários San Pelayo e Redemptoris Mater, participou da audiência o bispo local, Dom Demetrios Fernández.

18 DE JANEIRO DE 2025

(ZENIT Notícias / Cidade do Vaticano, 18/01/2025).- Na manhã de sexta-feira, 17 de janeiro, o Papa Francisco recebeu em audiência os seminaristas de outro seminário espanhol, neste caso agora andaluz: o de Córdoba. Embora não se saiba o motivo destes encontros exclusivos para seminaristas de dioceses espanholas, o Papa Francisco quis começar o ano recebendo os alunos de mais um seminário espanhol.

Encontro do Papa Francisco com seminaristas espanhois (Foto: Diocese De Córdoba) | ZENIT

Além dos alunos e formadores dos seminários San Pelayo e Redemptoris Mater, participou da audiência o bispo local, Dom Demetrios Fernández. Oferecemos a seguir a transcrição das palavras do Papa, que foram seguidas, como nos encontros com os seminaristas de Madrid, Valência, Barcelona, ​​Sevilha, Toledo, San Sebastián, etc., com oportunidade para perguntas e respostas espontâneas.

***

Querido irmão,

queridos seminaristas e formadores:

É para mim uma grande alegria receber-vos nesta casa, onde viestes como peregrinos de esperança neste Ano Jubilar. No caminho da vida, poderíamos identificar a esperança como  os sinais  que marcam o nosso itinerário.

Missa - Encontro do Papa Francisco com seminaristas espanhois (Foto: Diocese De Córdoba) | ZENIT

A primeira é  a direção: rumo ao céu, ao encontro definitivo com Jesus. Nem para as primeiras posições, nem para os lugares mais confortáveis, são becos sem saída, e se tivermos a infelicidade de chegar a eles devemos recuar com trabalho e vergonha .

O segundo sinalos perigos na estrada.Você vem de um lindo lugar que leva o nome de São Pelágio e ocupa o antigo local do Campo dos Mártires. Como fez então aquele santo menino, no meio da dor de uma guerra, da mais indigna crueldade do ser humano, armado com o capacete da esperança,  pode-se dar testemunho, pode-se perseverar no caminho do Senhor, convencido que Jesus sempre os sustentará e também nos dará forças para sermos semeadores de esperança .

Encontro do Papa Francisco com seminaristas espanhois (Foto: Diocese De Córdoba) | ZENIT

O terceiro sinalas áreas de abastecimento.  Neste caminho, que agora vos trouxe a Roma, para atravessar a Porta Santa e visitar os túmulos dos apóstolos,  precisamos de ser apoiados, de sentir a presença daquele que é a nossa única esperança, Jesus. Apresenta-se-nos como Mestre, como Senhor, dá-se-nos como alimento na sua palavra e na Eucaristia, repara-nos quando furamos um pneu no meio da estrada e acolhe-nos quando o cansaço nos vence e devemos parar para fazer uma pausa. Sem essa esperança, partir seria uma loucura, mas confiando Nele não temos dúvidas de que chegaremos ao porto desejado .

Porém,  nunca pense que semear esperança significa dizer palavras de cortesia ou optar pela doce bondade. Este caminho é o caminho de Jesus, que conduz à Jerusalém celeste, passando pela terrena, abraçando a cruz, e sustentada por inúmeros Cirineus. Um caminho no qual não podemos avançar sozinhos, mas em comunidade, orientando, defendendo, auxiliando e abençoando aqueles que o Senhor nos deixou como tarefa . Em tudo isto, Jesus vos sustente e a Virgem de Fuensanta cuide de vós.

Encontro do Papa Francisco com seminaristas espanhois (Foto: Diocese De Córdoba) | ZENIT
Fonte: https://es.zenit.org/2025/01/18/papa-francisco-a-seminaristas-espanoles-las-3-senales-que-marcan-el-itinerario/

Dia de Combate à Intolerância Religiosa

Dia de Combate à Intolerância Religiosa (CNBB)

NESTE DIA DE COMBATE À INTOLERÂNCIA RELIGIOSA, DOM TEODORO APONTA O DIÁLOGO E RESPEITO PARA SUPERAÇÃO DA INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

21/01/2025

No Brasil, o dia 21 de janeiro, marca a comemoração do “Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa”. A data foi instituída pela Lei Federal nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, com o objetivo de mobilizar a sociedade para combater a intolerância religiosa ou atitudes ofensivas contra as pessoas por causa das suas crenças, rituais e práticas religiosas.

O bispo de Ponta de Pedras (PA) e presidente da Comissão Episcopal para o Ecumenismo e o Diálogo-religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Teodoro Mendes Tavares, pondera que  apesar dessa legislação, infelizmente ainda hoje acontecem atos de intolerância religiosa no Brasil e no Mundo.

“A Comissão Episcopal para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso se solidariza com as vítimas da intolerância religiosa; repudia qualquer forma de violência e intolerância religiosa e se une aos que defendem a justiça e a liberdade religiosa; e, ao mesmo tempo, incentiva e promove a cultura da paz, a boa convivência, o diálogo e o respeito entre as diferentes religiões e manifestações de fé”, disse.

Testemunhar o mandamento do amor

A representante do Grupo de Reflexão para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso da CNBB (Gredire), Edoarda Sopelsa Scherer, chama a atenção para o fato de que a data propõe uma reflexão sobre “como podemos testemunhar o mandamento do amor através do respeito e atitudes de solidariedade”.

Outra questão que ela pontua é o número de pessoas que não podem praticar a sua fé em virtude da intolerância de que são vítimas. “Assim, percebemos que nossa ação pode ser transformadora quando assumimos a possibilidade e o exercício contínuo do diálogo inter-religioso”, reforçou.

Ela disse que a Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da CNBB vem buscando, ao longo de sua trajetória, realizar encontros, formações e atos que promovam a paz, por meio do diálogo.

Por Willian Bonfim

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Como a vida de Santa Inês pode nos ensinar a levar as crianças a sério

Shutterstock | ESB Professional

Michael Rennier - publicado em 20/01/20

Como adultos, há lições a aprender, mesmo com crianças muito pequenas. 

Minha filha de cinco anos, como costumam fazer as crianças, recentemente me deu uma obra de arte que ela havia criado. Eram as palavras “Oração do Senhor” em letras chiques – ou pelo menos eram chiques na imaginação de uma criança de cinco anos.

Quando as crianças nos dão obras de arte, nós sempre ficamos felizes. Essas pequenas lembranças da infância são especiais para nós, não pela qualidade artística, mas pelo que o trabalho envolve.

O desenho de uma criança é um verdadeiro presente, um ato generoso simplesmente porque elas te amam e pensam que o presente te deixará feliz. A motivação subjacente ao presente é séria.

Quando minha filha me deu a “Oração do Senhor”, foi especialmente emocionante porque mostrou que ela está pensando em seu relacionamento com Deus de uma maneira profunda e significativa. Não importa como as palavras estão escritas, o ponto é que ela passou um tempo em contemplação silenciosa, elaborando em espírito de oração uma bela expressão visual de sua fé.

Meus meninos têm uma versão infantil dos itens usados ​​durante uma missa. Eles também têm roupas de padre do tamanho de crianças. Ocasionalmente, eles pegam o kit de brinquedos, vestem-se e lideram uma grande procissão pela sala de jantar antes de se estabelecerem para cantar suas aleluias e começar a missa.

Eles confundem a maior parte, obviamente. Durante muito tempo, pensei que essa missa fingida era apenas uma brincadeira, mas quanto mais pensava nisso, mais comecei a vê-la como outra forma de algo como o desenho da minha filha. Os meninos brincam disso porque levam a sério a missa.

Eu estive pensando sobre tudo isso ao recordar Santa Inês (Agnes). Minha esposa e eu amamos tanto santa Inês que nomeamos uma de nossas filhas em homenagem a ela, então seu dia de festa é especial para nossa família.

O que as pessoas podem não saber sobre Inês é como ela era jovem quando morreu. Por volta do ano 304, uma curiosa multidão se reuniu na corte de um poderoso prefeito romano. Diante dele, estava Inês, com 12 anos. Pelos padrões de hoje, apenas uma criança.

Naquele dia, as meninas dessa idade se comprometeriam em casamento com homens mais velhos, e quando um nobre romano pedisse que ela se casasse com ele, não considerava a recusa.

Mas Inês recusou, porque ela queria dedicar sua vida a Deus. Sua determinação foi feroz – não era brincadeira de criança. De fato, ela continuou a recusar o casamento, mesmo depois que o homem mais velho a denunciou às autoridades pelo crime de ser cristã. Ela continuou mantendo sua fé, enquanto a multidão observava o prefeito a questionar. Ela continuou a confiar em Deus, mesmo quando um carrasco a levou a ser queimada em uma estaca.

As crianças podem ser pequenas, mas têm grandes corações. Elas brincam e parecem se envolver em atividades frívolas, mas todos os seus jogos e pensamentos, mesmo que mostrem um ser ainda em processo de amadurecimento, são bastante sérios.

Elas não conseguem ficar quietas no banco durante a missa, mas sua fé pode ser mais forte do que qualquer outra pessoa ao redor. Eu já vi isso várias vezes com meus próprios filhos, e também notei isso nas histórias de santos muito jovens como Inês.

As crianças, estou bastante confiante, devem ser levadas a sério, não apenas por elas mesmas, mas também por nós. Quando adultos, há lições a serem aprendidas com nossos filhos pequenos.

Onde um adulto pode ser capaz de se justificar, as crianças se apegam à verdade com sinceridade e tenacidade. Uma criança nunca aceita uma meia-verdade, e tem respostas sinceras e honestas para o que acredita. Isso resulta em grande força de caráter.

Em sua dependência do sobrenatural, Inês conseguiu reivindicar sua liberdade para fazer suas próprias escolhas e teve a coragem de sustentá-las. Suas motivações eram puras e suas convicções, intransigentes. Ela era como uma criança oferecendo a seu pai sua melhor obra de arte – um presente muito sério.

Inês (Agnes), a santa padroeira da inocência e pureza, é uma epifania. Ela é uma revelação de que, como qualquer criança sabe, Deus merece ser amado com cada pedacinho do nosso coração.

É hora dos adultos ultrapassarem seus hábitos egocêntricos e reconhecerem as verdades que simples que nunca deveriam esquecer: aqueles que amam veem com mais clareza, e a inocência anda de mãos dadas com a sabedoria.

Foi isso que meus filhos e Santa Inês me ensinaram. E isso é muito sério.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2020/01/20/como-a-vida-de-santa-ines-pode-nos-ensinar-a-levar-as-criancas-a-serio

Os cordeiros de Santa Inês, uma das tradições mais antigas da Igreja de Roma

Os cordeiros - foto de atquivo (Vatican News)

De acordo com uma tradição secular, no dia da comemoração litúrgica de Santa Inês, mártir romana, na basílica que leva seu nome na Via Nomentana, são abençoados dois cordeiros, cuja lã será usada para preparar o pálio para os novos arcebispos. Ininterruptamente desde a segunda metade do século XIX, um papel importante em todo o ritual é desempenhado pelas freiras polonesas, as Irmãs de Nazaré, que hospedam e decoram as ovelhas no dia anterior à bênção.

Dorota Abdelmoula-Viet – Vatican News

A primeira menção ao costume de abençoar cordeiros no túmulo de Santa Inês, uma jovem mártir romana do início do século IV, vem do século VI. Por um lado, ela se refere à antiga tradição de Santa Inês, que após sua morte apareceu para seus pais reunidos em oração em seu túmulo, cercada por um coro de virgens e segurando um cordeiro puro em seus braços. As fontes também indicam que, no passado, exatamente dois cordeiros eram a “renda” que os monges da Basílica de Santa Inês atrás dos Muros ofereciam à Basílica de São João de Latrão e que os membros do capítulo de Latrão apresentavam ao Papa para abençoá-los.

Também no arquivo da Basílica de São Pedro in Vincoli há uma descrição de 1550 sobre a bênção dos cordeiros, juntamente com uma explicação da gênese desse costume. “A origem desses cordeiros como uma homenagem a São João vem de Santa Constança, filha do imperador Constantino, que dotou a Igreja (mas alguns dizem que foi o rei Carlos I), mandando construir a igreja e o mosteiro de Santa Inês e o dotou de muitas faculdades. Como esse mosteiro era um feudo da primeira igreja do mundo, ele pagava dois cordeiros aos cônegos todos os anos em reconhecimento. Depois da comunhão durante a missa solene, os cordeiros eram abençoados e depois entregues aos cônegos (...) O notário redigia o documento confirmando a transferência. Quem entregava os cordeiros ao Papa recebia um par de “scudi” de ouro como compensação”, diz a crônica.

Lã para o pálio dos arcebispos

Durante séculos, os cordeiros da fazenda de criação trapista da Abadia das Três Fontes foram transportados da Basílica de Santa Inês diretamente para o Santo Padre, que os recebia em uma procissão solene e os abençoava. Em seguida, o Papa os confiou aos cuidados das freiras beneditinas da Basílica de Santa Cecília, em Trastevere, que os rasparam depois de alguns meses para usar sua lã para tecer o pálio para os novos arcebispos.

Nos últimos anos, essa tradição passou por algumas mudanças: os Trapistas têm lugares de criação. O Santo Padre não abençoa mais os cordeiros no Vaticano. A tradição de levá-los aos beneditinos, que os tosquiavam durante a Semana Santa para tecer sua lã no pálio, permaneceu inalterada. Mas primeiro, a preparação dos animais para a bênção solene é uma tarefa que as Irmãs de Nazaré da Via Machiavelli mantêm há mais de 140 anos. Este ano, esses preparativos tiveram um contexto ainda mais especial: não só fazem parte do atual Ano Jubilar, mas também do 150º aniversário da fundação da Congregação.

Cuidar de cordeiros, como a vida oculta em Nazaré

Na década de 1880, foi solicitado à recém-fundada congregação das Irmãs de Nazaré que assumisse o cuidado dos cordeiros, substituindo as irmãs que anteriormente cuidavam deles.

“Nossa Madre Fundadora, a Bem-aventurada Maria Franciszka Siedliska, leu na ajuda a preparar cordeiros para a memória de Santa Inês, uma expressão de nosso serviço à Igreja”, disse Santa Dorota Podwalska CSFN, superiora provincial das Irmãs de Nazaré em Roma. Ainda hoje, nossa participação nessa tradição é uma expressão de amor e fidelidade à Igreja”.

A preparação dos cordeiros tem sido semelhante há anos: na véspera da comemoração de Santa Inês, eles são levados para a casa de Nazaré na Via Machiavelli, onde as irmãs os preparam, lavam, alimentam e cuidam deles durante a noite. No dia seguinte, elas as colocam em duas cestas. Uma delas é decorada com rosas vermelhas, símbolo do martírio, e a inscrição S.A.M. (Santa Inês Mártir), enquanto a outra é decorada com rosas brancas, símbolo da virgindade, e a inscrição S.A.V. (Santa Inês Virgem).

Ao amanhecer, da Basílica de São João de Latrão, um carro vai até a casa das freiras. Com a ajuda de dois mordomos de Latrão, os cordeiros são levados para a missa solene na Basílica de Santa Inês Fora dos Muros. Ela geralmente é celebrada pelo Abade Geral do Canonicato Regular Lateranense. De lá, os animais são levados para os beneditinos de Trastevere.

“Outro elemento de nossa espiritualidade está ligado à tradição dos cordeiros”, disse a superiora provincial das freiras de Nazaré. Nosso relacionamento com eles e sua preparação para a bênção é simples e oculto, como oculta e comum era a vida da Sagrada Família em Nazaré”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF