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sábado, 8 de fevereiro de 2025

Designer brasileiro reconstrói o rosto de São Nicolau, o verdadeiro Papai Noel

Cortesia / Cícero Moraes
Reconstrução digital de São Nicolau de Mira realizada por especialistas.

Isabella H. de Carvalho - publicado em 05/12/24

Um designer brasileiro, junto a outros especialistas, reconstruíram a imagem de São Nicolau de Mira, um bispo do século IV que inspirou a figura do Papai Noel.

O designer brasileiro Cícero Moraes já criou imagens digitais de várias figuras religiosas, como São Vicente de Paulo, Santa Catarina de Gênova e Santo Antônio de Pádua. Desta vez, com a equipe dele, ele decidiu dar vida a São Nicolau de Mira, um bispo que viveu no século IV, na Ásia Menor (atualmente Turquia) e que inspirou a figura do Papai Noel.

“Nós temos uma tradição de aproximar faces de santos há mais de 10 anos,” explicou Cícero Moraes a Aleteia. Em dezembro 2024 ele decidiu pedir ao seu colega de equipe, Dr. José Luis Lira, especialista na vida dos santos católicos, que tentassem recriar o rosto de São Nicolau de Mira. Com a ajuda do dentista Dr. Thiago Beaini, eles começaram o trabalho a partir de dados e medidas sobre a estrutura óssea do santo, fornecidos pelo Centro Studi Nicolaiani. Essas informações haviam sido coletadas por pesquisadores na década de 1950, durante a renovação da cripta da Basílica de São Nicolau, em Bari (Itália), onde os restos de São Nicolau estavam guardados.

Cortesia / Cícero Moraes

A equipe reconstruiu a imagem 3D do santo usando uma reconstrução facial forense (RFF) ou aproximação facial forense (AFF), que é “uma técnica auxiliar de reconhecimento que reconstrói/aproxima a face de uma pessoa a partir do seu crânio,” conforme explicado em um artigo científico escrito pela equipe e publicado pela Ortog Online, que detalha o processo.

“Aproximar a face dos santos, permite dar as relíquias um rosto humanizado, que gera mais identificação e empatia. Além disso, é uma oportunidade de examinar os restos mortais e descobrir um pouco mais sobre a vida da figura religiosa,” explicou Cícero Moraes. “Em relação à veneração, dar uma face pode criar uma identificação única, mas certamente isso pouco influencia na fé, que é muito mais ligada ao que o santo representa, do que como ele era.” 

A história de São Nicolau

São Nicolau de Mira, também conhecido como São Nicolau de Bari, nasceu entre 250 e 270 em Patara, na atual Turquia, no Império Romano. Embora não existam muitas informações históricas sobre sua vida, sabe-se que ele foi nomeado Bispo de Mira, também na Ásia Menor, e depois foi exilado e preso durante a perseguição aos cristãos sob o império de Diocleciano. Após sua libertação, em 325, participou do Concílio de Nicéia e faleceu em Mira, em 343.

A tradição diz que, em uma de suas ações de generosidade, São Nicolau jogou, pela chaminé, um pouco de dinheiro na casa de um vizinho que tinha três filhas, mas não tinha dinheiro suficiente para pagar o dote para elas se casarem. Sem a ajuda, as jovens corriam o risco de serem forçadas à prostituição. Graças a esse presente, a filha mais velha do vizinho conseguiu se casar.

Foi a partir dessa história que surgiu a tradição de dar presentes para crianças na festa de São Nicolau, cuja figura, ao longo do tempo, evoluiu para o Papai Noel de bochechas rosadas que conhecemos hoje.

Fontehttps://pt.aleteia.org/2024/12/05/designer-brasileiro-reconstroi-o-rosto-de-sao-nicolau-o-verdadeiro-papai-noel

S. Josefina Bakhita, virgem

Bakhita (Vatican News)

SANTA JOSEFINA BAKHITA, VIRGEM

08 fevereiro

Aquela menininha nunca pusera um vestido desde o dia em que os dois homens surgiram do nada nos campos, tapando o caminho e apontando-lhe um facalhão ao lado, para em seguida a levarem consigo, como se rouba uma galinha de um galinheiro. Naquele dia, em que a sua vida é sugada num pesadelo, aquela menina de 9 anos por medo esquece tudo, até mesmo o próprio nome e o nome da mãe e papá com quem morava serena.

Escrava

E assim pensam os mercantes árabes de escravos não em vesti-la, mas rebatizá-la. "Bakhita", eles a chamam, "afortunada". Uma ironia atroz para aquela menina nascida em 1869 numa aldeia de Darfur, no Sudão do Sul, e que agora se torna mercadoria humana que passa de mão em mão nos mercados de El Obeid e Cartum. Um dia, enquanto estava ao serviço de um general turco, lhe é gravada com faca uma "tatuagem" no corpo, 114 cortes e as feridas cobertas de sal para permanecerem evidentes …

A luz

Bakhita sobrevive a tudo e um dia um raio de luz atinge o inferno. O agente consular que a compra dos traficantes de Cartum chama-se Callisto Legnami e naquele dia Bakhita-Afortunada veste pela primeira vez um vestido, entra numa casa, a porta é fechada e 10 anos de brutalidades indescritíveis ficam para trás. O oásis dura dois anos, quando o oficial italiano, que a trata com carinho, é forçado a repatriar sob a pressão da revolução mahdista. Bakhita se recordará daquele momento: "ousei pedir-lhe que me levasse a Itália com ele". Callisto Legnami aceita e, em 1884, Bakhita desembarca na península, onde para a pequena ex-escrava um destino inimaginável espera por ela. Ela se torna a menina de Alice, a filha dos esposos Michieli, amigos de Legnami, que moram em Zianigo, uma aldeia de Mirano Veneto.

Irmã Moreta

Em 1888, o casal que a hospeda deve sair para a África e durante 9 meses Bakhita e Alice são confiadas às Irmãs Canossianas de Veneza. Depois do corpo, Bakhita começa a revestir também a alma. Ela conhece Jesus, aprende o catecismo e, em 9 de janeiro de 1890, Bakhita recebe o Batismo, a Confirmação e a Primeira Comunhão do Patriarca de Veneza, com o nome de Giuseppina, Margherita, Fortunata. Em 1893, entra no noviciado das Canossianas, três anos depois emite os votos e, durante 45 anos, será cozinheira, sacristã e, acima de tudo, uma porteira do convento de Schio, onde aprenderá a conhecer as pessoas e a gente aprenderá a apreciar o sorriso dócil, a bondade e a fé daquela "morèta", "mourinha", e as crianças querendo provar a "irmã de chocolate”.

Beijo as mãos aos negreiros

Para todo o convento de Schio é um dia de luto quando Giuseppina Bakhita morre aos 8 de fevereiro de 1947 por pneumonia. Foi realmente ‘afortunada’ a sua vida e o dirá ela mesma: "Se encontrasse aqueles negreiros que me sequestraram e mesmo aqueles que me torturaram, eu me colocaria de joelhos para beijar as suas mãos, porque se tudo isso não tivesse acontecido, eu não seria agora cristã e religiosa”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Educar em amizade

 Educar em amizade

"O ideal dos pais concretiza-se, sobretudo, em conseguir ser amigos dos filhos", dizia S. Josemaria. Só assim se cria a confiança que torna possível a sua educação.

10/12/2011

O mais importante da educação não consiste em transmitir conhecimentos ou aptidões: é, em primeiro lugar, ajudar o outro a crescer como pessoa, a desenvolver todas as suas potencialidades, que são um dom que recebeu de Deus.

Logicamente, também é necessário instruir, comunicar conteúdos, mas sem nunca perder de vista que educar tem um sentido que vai além de ensinar capacidades manuais ou intelectuais. Implica pôr em jogo a liberdade do educando e, com ela, a sua responsabilidade.

Daí que, em questões de educação, é preciso propor metas, objetivos adequados que, dependendo de cada idade, possam ser entendidos como algo sensato que dá significado e valor à tarefa empreendida.

EDUCAR COM A AMIZADE

Simultaneamente, não se pode esquecer que, especialmente nas primeiras fases do crescimento, a educação tem uma importante carga afetiva. A vontade e a inteligência não se desenvolvem a margem dos sentimentos e das emoções. Mais: o equilíbrio afetivo é requisito necessário para que a inteligência e a vontade se desenvolvam; se não, é fácil que se produzam alterações na dinâmica da aprendizagem e talvez, mais adiante, desequilíbrios na personalidade.

Mas, como conseguir essa ordem e medida nos afetos da criança e depois nos do adolescente e do jovem? Talvez nos encontremos diante de uma das perguntas mais árduas para a tarefa pedagógica, entre outras razões porque se trata de um assunto prático que incumbe a cada família. De qualquer forma, pode-se avançar uma primeira resposta: é vital gerar confiança.

Pais: não vos excedais ao repreender os vossos filhos, não suceda que se tornem pusilânimes [1], recomenda o Apóstolo. Quer dizer, os nossos filhos tornar-se-iam tímidos, sem audácia, com medo de assumir responsabilidades. Pussillus animus: um espírito pequeno, mesquinho.

GERAR CONFIANÇA TEM A VER COM AMIZADE, QUE É O AMBIENTE QUE PROPORCIONA O SURGIMENTO DE UMA AÇÃO VERDADEIRAMENTE EDUCATIVA

Gerar confiança tem a ver com amizade, que é o ambiente que proporciona o surgimento de uma ação verdadeiramente educativa: os pais devem procurar fazer-se amigos dos filhos. Assim o aconselhava São Josemaria reiteradamente: "Não é caminho acertado para a educação a imposição autoritária e violenta. O ideal dos pais concretiza-se antes em chegarem a ser amigos dos filhos: amigos a quem se confiam as inquietações, a quem se consultam os problemas, de quem se espera uma ajuda eficaz e amável" [2].

À primeira vista não é fácil entender o que pode significar “fazer-se amigo dos filhos”. A amizade supõe-se entre pares, entre iguais, e essa igualdade contrasta com a assimetria natural da relação paterno-filial.

É sempre muito mais o que os filhos recebem dos pais do que o que eventualmente podem chegar a dar-lhes. Nunca será possível saldar a dívida que têm para com eles. Os pais não costumam pensar que se sacrificam pelos filhos quando de fato o fazem; não veem como privação o que para os seus filhos é oferta. Reparam pouco nas suas próprias necessidades ou, melhor, convertem em próprias as necessidades dos filhos. Chegariam a dar a vida por eles e, de fato, habitualmente a estão dando sem perceber isso. É muito difícil encontrar uma gratuidade maior entre pessoas.

No entanto, é também verdade que os pais se enriquecem com os filhos; a paternidade é sempre uma experiência inovadora, como o é a própria pessoa. Os pais recebem algo muito importante dos filhos: em primeiro lugar, carinho, algo que nenhuma outra pessoa lhes poderá dar por eles, pois cada pessoa é única; e, além disso, a oportunidade de sair de si próprios, de se “despojar” na entrega ao outro – o marido à mulher, a mulher ao marido, e ambos aos filhos – e assim crescer como pessoas.

A pessoa só pode encontrar a sua plenitude no amor. Como ensina o Concílio Vaticano II, “o homem, única criatura terrena a quem Deus amou por si mesmo, não pode encontrar a sua própria plenitude se não for na entrega sincera de si mesmo aos outros” [3]. Dar e receber amor é a única coisa que consegue encher a vida humana de conteúdo e “peso”: “amor meus, pondus meum”, diz Santo Agostinho [4]. Mas o amor é mais vivo em quem é capaz de sofrer pela pessoa que ama, do que quem só é capaz de se passar bons momentos com ela.

O amor implica sempre sacrifício e é lógico que gerar essa atmosfera de confiança e amizade com os filhos também o requer. O ambiente de uma família não é algo que já nasce feito, deve ser construído. Isto não implica que se trate de um projeto difícil, ou que necessite uma especial preparação: supõe estar atento aos pequenos detalhes, saber manifestar em ações o amor que se leva dentro.

O ambiente familiar relaciona-se em primeiro lugar com o carinho que os esposos têm e demonstram; poderia dizer-se que o carinho que os filhos recebem é a superabundância do que os pais se demonstram mutuamente. As crianças vivem desse ambiente, ainda que talvez o captem sem ter consciência da sua existência.

Logicamente, essa harmonia torna-se ainda mais importante quando se trata de ações que afetam diretamente os filhos. No campo da educação, é fundamental que os pais caminhem em uníssono; por exemplo, uma medida tomada por um deles, deve ser secundada pelo outro; se a contraria, educa-se mal.

Os pais devem educar-se também entre si e educar-se para educar. Um pai e uma mãe mal-educados dificilmente serão bons educadores. Devem crescer cuidando do seu vínculo matrimonial, melhorando as suas virtudes. Procurando juntos reforços positivos para os filhos.

EDUCAR PARA A AMIZADE

A confiança é o “caldo de cultura” da amizade. E a amizade, por seu lado, cria um ambiente amável e confiante, seguro, sereno; gera um clima que não só torna possível uma adequada comunicação entre os cônjuges, mas que também facilita o intercâmbio com os filhos e entre os filhos.

Neste sentido, os conflitos entre os cônjuges são diferentes dos que se verificam entre os irmãos. É frequente, e até normal, que haja lutas entre estes; todos, de um modo ou de outro, competimos pelos recursos, mais ainda se são limitados; cada irmão quereria ir sempre pela mão da mãe, ou no assento dianteiro do automóvel, ou ser o preferido do pai, ou ser o primeiro a desembrulhar um brinquedo novo. Mas essas lutas podem tornar-se também muito educativas e ajudar na socialização. Dão oportunidade aos pais para ensinar a querer o bem do outro, a perdoar, a saber ceder ou a manter a posição, se for necessário. As relações com os outros irmãos, bem orientadas, fazem com que o carinho natural à própria família reforce a educação em virtudes, e forje uma amizade que durará toda a vida.

Mas na família também se deve pensar na forma de reforçar a amizade entre os cônjuges. Com frequência, as discussões no seio do casal costumam ter origem em problemas de comunicação. As causas podem ser muito variadas; uma diferente forma de ver as coisas, ter permitido que a rotina se apodere do dia a dia, deixar que irrompa um momento de mau humor… Em qualquer caso, perde-se o diálogo.

É preciso examinar-se, pedir desculpa e perdoar. "Se tivesse que dar um conselho aos pais, dir-lhes-ia sobretudo o seguinte: que os vossos filhos vejam – não alimenteis ilusões, eles percebem tudo desde crianças e tudo julgam – que procurais viver de acordo com a vossa fé, que Deus não está apenas nos vossos lábios, que está nas vossas obras, que vos esforçais por ser sinceros e leais, que vos quereis e os quereis de verdade" [5].

O que os filhos esperam dos pais, não é que sejam muito inteligentes ou especialmente simpáticos, ou que lhes deem conselhos acertadíssimos; nem sequer que sejam grandes trabalhadores ou os encham de brinquedos, ou lhes possibilitem férias ótimas.

O que os filhos desejam verdadeiramente é ver que os pais se amam e se respeitam e que os amam e os respeitam; que lhes deem um testemunho do valor e do sentido da vida encarnado numa existência concreta, confirmado nas diversas circunstâncias e situações que se sucedem ao longo dos anos [6].

Certamente, como São Josemaria dizia, a família é o primeiro e o mais fecundo negócio dos pais, se é levado com critério. Implica um empenho constante por crescer na virtude e um esforço ininterrupto para não baixar a guarda. A dificuldade está em como o conseguir: Como dar um testemunho válido do sentido da vida? Como manter em cada momento uma conduta coerente? Em última instância, como educar para a amizade ou, dito de outro modo, para o amor, para a felicidade?

Já se referiu que o amor que os cônjuges manifestam entre si e sabem dar aos filhos responde em parte a estas perguntas. Além disso, há dois aspectos da educação especialmente significativos com vista ao crescimento da pessoa e à sua capacidade de socialização e, portanto, referidos diretamente à sua felicidade. Motivos heterogêneos, mas cada um deles relevante à sua maneira.

O primeiro, que em certas ocasiões não se valoriza suficientemente, é saber brincar. Ensinar o filho brincar exige muitas vezes sacrifício e dedicação de tempo, um bem escasso que todos queremos esticar, também para descansar.

O TEMPO DOS PAIS É UM DOS MAIORES DONS QUE O FILHO PODERÁ RECEBER

No entanto, o tempo dos pais é um dos maiores dons que o filho poderá receber; é a demonstração de proximidade, um modo concreto de amar. Só por isso, brincar juntos já contribui para gerar um ambiente de confiança que desenvolve a amizade entre pais e filhos. Mas, além disso, a brincadeira cria atitudes fundamentais que estão na base das virtudes necessárias para enfrentar a existência.

O segundo campo é o da própria personalidade; o modo de ser do pai e da mãe, na sua diversidade, tempera o caráter e a identidade do menino ou da menina. Se os pais estão presentes e intervêm positivamente na educação dos filhos – sorrindo, perguntando, corrigindo, sem desânimos – ensinar-lhes-ão, quase por osmose, um modelo de ser pessoa, de como se comportar e enfrentar a vida.

Ao lutar para ser melhores, ouvir, serem alegres e amáveis, dão aos filhos uma resposta gráfica à pergunta de como levar uma existência feliz, com os limites terrenos.

Esta influência chega ao mais profundo do ser, e a sua importância e implicações só se apreciam à medida que o tempo passa. Nos modelos que o pai e a mãe oferecem, o filho descobre a contribuição de ser homem ou mulher na configuração de um verdadeiro lar; descobre também que a felicidade e a alegria são possíveis graças ao amor mútuo; aprecia que o amor é uma realidade nobre e elevada, compatível com o sacrifício.

Em resumo, de modo natural e espontâneo, o ambiente familiar faz com que o filho ponha na sua vida os pontos firmes que o ajudarão a orientar-se para sempre, apesar dos desvios que possam imperar na sociedade. A família é o lugar privilegiado para experimentar a grandeza do ser humano.

Tudo o que foi dito constitui um aspecto peculiar desse amor sacrificado dos pais. Por um lado, experimentaram a alegria de se perpetuar e por outro, constatam o crescimento de quem pouco a pouco vai deixando de ser parte deles para ser, cada vez mais, ele mesmo.

Os pais também amadurecem como pais na medida em que veem com alegria o crescimento dos filhos, que começam a depender menos deles. A partir de determinadas raízes vitais – que permanecerão sempre – vai-se operando natural e paulatinamente o desabrochar de uma nova biografia, inédita, que pode não corresponder às expectativas alimentadas, mesmo antes do nascimento.

A educação dos filhos, o seu crescimento, o seu amadurecimento, até a sua independência, enfrentar-se-á com mais facilidade se o casal fomenta também um ambiente de amizade com Deus. Quando a família se sabe uma igreja doméstica [7], a criança assimila com simplicidade algumas práticas de piedade, poucas e breves, aprende a colocar o Senhor na linha dos primeiros afetos fundamentais, aprende a tratar a Deus como Pai e a Virgem Maria como Mãe, aprende a rezar seguindo o exemplo dos pais [8].

J.M. Barrio e J.M. Martín


1. Cl 3, 21.

2. São Josemaria, É Cristo que passa, n. 27.

3. Conc. Vaticano II, Const. past. Gaudium et spes, n. 24.

4. Santo Agostinho, Confissões, XIII, 10.

5. São Josemaria, É Cristo que passa, n. 28.

6. Ibid.

7. Cfr. 1 Co 16, 19.

8. São Josemaria, Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, n. 103.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/educar-em-amizade/

Campanha da Fraternidade 2025: conheça o tema, a identidade visual e a oração

Campanha da Fraternidade 2025: conheça o tema, a identidade visual e a oração

  • 06/08/2024

A cada ano, os bispos do Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), acolhendo as sugestões vindas dos regionais, dos organismos do Povo de Deus, das ordens e congregações religiosas e dos fiéis leigos e leigas, escolhem um tema e um lema para a Campanha da Fraternidade, com o objetivo de chamar a atenção sobre uma situação que, na sociedade, necessita de conversão, em vista do bem de todos.

Em 2025, motivados pelos 800 anos da composição do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis; pelos 10 anos de publicação da Carta Encíclica Laudato Si’; pela recente publicação da Exortação Apostólica Laudate Deum; pelos 10 anos de criação da Rede Eclesial PanAmazônica (REPAM) e pela realização da COP 30, em Belém (PA), a primeira na Amazônia, acolhendo a sugestão da Comissão Episcopal Especial para a Mineração e a Ecologia Integral, foi escolhido o tema: Fraternidade e Ecologia Integral e o lema: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).

A Ecologia é a questão mais tratada pelas CF’s ao longo destes 61 anos de existência. Foram 8 as CF’s que de alguma forma abordaram essa temática:

na CF 1979, Por um mundo mais humano: Preserve o que é de todos”; 

na CF 1986, Fraternidade e a Terra: Terra de Deus, terra de irmãos; 

na CF 2002, Fraternidade e povos indígenas: Por uma terra sem males; 

na CF 2004, Fraternidade e água: Água, fonte de vida; 

na CF 2007, Fraternidade e Amazônia: vida e missão neste chão; 

na CF 2011, Fraternidade e a Vida no Planeta: “A Criação geme em dores de parto” (Rm 8,22); 

na CF 2016, Casa comum, nossa responsabilidade: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,17) e 

na CF 2017, Fraternidade: Biomas Brasileiros e defesa da vida: “Cultivar e guardar a Criação” (Gn 2,15). 

Portanto, neste ano, a Campanha da Fraternidade aborda outra vez a temática ambiental, com o objetivo de “promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da Terra” (Objetivo Geral da CF 2025). 

“Estamos no decênio decisivo para o planeta! Ou mudamos, convertemo-nos, ou provocaremos com nossas atitudes individuais e coletivas um colapso planetário. Já estamos experimentando seu prenúncio nas grandes catástrofes que assolam o nosso país. E não existe planeta reserva! Só temos este! E, embora ele viva sem nós, nós não vivemos sem ele. Ainda há tempo, mas o tempo é agora! É preciso urgente conversão ecológica: passar da lógica extrativista, que contempla a Terra como um reservatório sem fim de recursos, donde podemos retirar tudo aquilo que quisermos, como quisermos e quanto quisermos, para uma lógica do cuidado”.

A Ecologia reaparece no conjunto das CF’s de uma forma nova, como Ecologia Integral, conceito tão caro ao Papa Francisco e que é tão importante no seu projeto de um Novo Humanismo Integral e Solidário, para o qual são bases a Amizade Social, tratada na CF 2024, a Educação, tratada na CF 2022 e no Pacto Educativo Global, o Diálogo, tratado na CF 2021 e a misericórdia ou Compaixão, tratada na CF 2020.

“Para nós, a Ecologia Integral é também espiritual. Professamos com alegria e gratidão que Deus criou tudo com seu olhar amoroso. Todos os elementos materiais são bons, se orientados para a salvação dos seres humanos e de todas as criaturas. Assim, “Deus viu que tudo era muito bom!” (Gn 1,31)”.

Os elementos da identidade visual 

A identidade visual da Campanha da Fraternidade 2025 é de autoria do Paulo Augusto Cruz, da Assessoria de Comunicação da CNBB. Nela estão representados os seguintes elementos:

CNBB

São Francisco de Assis

Em destaque no cartaz, São Francisco de Assis representa o homem novo que viveu uma experiência com o amor de Deus, em Jesus crucificado, e reconciliou–se com Deus, com os irmãos e irmãs e com toda a criação. Esta reconciliação universal ganha sua maior expressão no Cântico das Criaturas, composto por São Francisco há precisos 800 anos. O recorte é da obra do período barroco “Êxtase de São Francisco de Assis”, de Jusepe De Ribera. 

A cruz

No centro, a Cruz é um elemento importante na espiritualidade quaresmal e franciscana. No cartaz, ela recorda a experiência do Irmão de Assis com o crucifixo da Igreja de São Damião, em Assis, na Itália, onde Francisco ouviu o próprio Cristo que falava com ele e o enviava para reconstruir a sua Igreja. No início, Francisco entendeu que era a pequena Igreja de São Damião. Mais tarde, compreendeu que se tratava de algo bem maior, a Igreja mesma de Deus. A Quaresma é este tempo de reconstrução de cada cristão, cada comunidade, a sociedade e toda a Criação, porque somos chamados à conversão. 

A natureza

araucária, o ipê amarelo, o igarapé, o mandacaru, a onça pintada e as araras canindés, representam a fauna e a flora brasileiras em toda a sua exuberância, que ao invés de serem exploradas de forma predatória, precisam ser cuidadas e integradas pelo ser humano, chamado por Deus a ser o guarda e o cuidador de toda a Criação. 

As cidades

Os prédios e as favelas refletem o Brasil a cada dia mais urbano, onde se aglomeram verdadeiras multidões num estilo de vida distante da natureza e altamente prejudicial à vida. Cada um de nós, seres humanos, o campo, a cidade, os animais, a vegetação e as águas fomos criados para ser, com a nossa vida, um verdadeiro “louvor das criaturas” ao bom Deus. 

A colagem

O uso do estilo de colagem é uma escolha artística e simbólica. A técnica possibilita a união de elementos diferentes em uma única composição, refletindo a diversidade e a interligação entre tudo o que existe, entre toda a Criação. A escolha do estilo também faz referência à Ecologia Integral, onde todos os aspectos da vida – espiritual, social, ambiental e cultural – são considerados e valorizados. Cada pedaço na colagem, apesar de único, contribui para a totalidade da imagem, assim como cada pessoa e cada parte do meio ambiente tem um papel crucial na criação de um mundo sustentável e harmonioso. 

Oração da CF 2025

A Oração é um resumo orante e suplicante a Deus daquilo que desejamos com a CF 2025. Junto ao cartaz é o subsídio mais popular, que alcança maior público durante a sua realização. São muitas as pessoas e comunidades que rezam a Oração da CF. “Desejamos que ela alcance também os céus e nos obtenha a graça do arrependimento e da conversão integral”, salienta o padre Jean Poul Hansen, secretário executivo de Campanhas da CNBB.

Confira:

Ó Deus, nosso Pai, ao contemplar o trabalho de tuas mãos, viste que tudo era muito bom! O nosso pecado, porém, feriu a beleza de tua obra, e hoje experimentamos suas consequências.

Por Jesus, teu Filho e nosso irmão, humildemente te pedimos: dá-nos, nesta Quaresma, a graça do sincero arrependimento e da conversão de nossas atitudes.

Que o teu Espírito Santo reacenda em nós a consciência da missão que de ti recebemos: cultivar e guardar a Criação, no cuidado e no respeito à vida.

Faz de nós, ó Deus, promotores da solidariedade e da justiça. Enquanto peregrinos, habitamos e construímos nossa Casa Comum, na esperança de um dia sermos acolhidos na Casa que preparaste para nósnoCéu.Amém!

Fonte: CNBB Nacional

A beleza das coisas criadas por Deus em Santo Atanásio e a Campanha da Fraternidade 2025

Campanha da Fraternidade 2025 (CNBB)

A BELEZA DAS COISAS CRIADAS POR DEUS EM SANTO ATANÁSIO E A CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2025

Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)  

Nós seguiremos em todo o País, logo mais, a Campanha da Fraternidade 2025 que colocará como lema a beleza da criação proveniente das mãos do Criador. “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31) diz respeito à nota máxima do Senhor porque tudo foi modelado em ordem dada por Ele. O ser humano foi criado dentre as criaturas por Deus, como sua imagem e semelhança (Gn 1,26). É importante ver estas noções em Santo Atanásio de Alexandria, bispo no século IV uma vez que exaltou a criação do Senhor e como este ponto é fundamental em ligação com a nossa Campanha da Fraternidade 2025, assumida pela Igreja no Brasil e pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.  

O Criador com o Verbo

Santo Atanásio afirmou que o Pai clementíssimo do Senhor Jesus, como ótimo Criador do universo, tudo governou, e fez conveniente o que pareceu justo, pela sua sabedoria e por seu Verbo, Cristo Jesus nosso Senhor e Salvador1. Ele criou as coisas de uma forma bonita, por isso a Escritura diz que Ele viu que tudo era muito bom (cf. Gn 1,31). Deus o quis assim de modo que nenhuma pessoa duvidasse da bondade do Senhor e do modo como Ele criou as coisas como dom divino para toda a humanidade. 

O mundo foi criado com razão

O bispo de Alexandria afirmou também que o mundo foi criado de uma forma racional, com razão, sabedoria, ciência e foi adornado de toda a beleza, de tal forma que a pessoa que contempla a criação chegue a afirmar que o que presidiu e organizou o universo é Deus, através do seu Verbo2. O mundo foi criado na ordem do Senhor e na sua beleza, para que os seres humanos usassem de seu poder não como dominação, mas como serviço.  

O Verbo criador

Santo Atanásio disse que o Verbo é criador, com o Pai e o Espírito Santo, superando a todas as criaturas, mesmo que pela encarnação Ele se tornasse uma criatura para nos livrar do pecado, do egoísmo e da morte. O verbo não se trataria de uma palavra no meio de outras palavras, significados, mas do próprio Verbo de Deus bom do universo, o próprio Deus vivendo e agindo, diferindo de todos os seres criados e de toda a criação. Ele é o único Verbo do Pai bom, e que organizou o universo e o aclarou pela sua providência.  

O poder de Deus

Outro elemento importante na colocação da beleza e na ordem das coisas criadas pelo Verbo do Pai bom, segundo Atanásio é que Ele é o poder de Deus e sabedoria de Deus (cf. 1 Cor 1,24), fazendo girar o céu, suspendendo a terra e sem que ela assente em alguma coisa. No entanto Ele a mantém pela sua própria vontade. Através de sua luz, o sol ilumina a terra e a lua recebe a medida de sua luz; a terra se cobre de uma forma de cabeleira verdejante com todas as espécies de árvores e de plantações.  

Tudo subsiste pelo Verbo de Deus

Santo Atanásio afirmou que é impossível duvidar da presença de Deus na criação seja quem for, animal, vegetal e humana. Tudo o que se vê, subsiste pelo Verbo e Sabedoria de Deus, e que nada do que existe continuaria a existir, se não fosse feito pelo Verbo divino5, segunda Pessoa da Santíssima Trindade. 

A natureza das coisas criadas 

A natureza das coisas criadas veio do nada, sendo mortal e no entanto elas se tornaram bonitas pelo Deus do Universo que é por natureza bom e excelente, e também criaram-se os seres humanos. O ser divino que é Deus sendo bom como diz a Palavra de Deus mostra a todos o seu amor. Tudo foi criado pelo Verbo eterno e dado o ser à criação, não o abandonando pelas suas flutuações, mas pela sua bondade, pelo seu Verbo que é Deis que também governa e mantém toda a criação.  

A manifestação em todas coisas

A ecologia integral, termo dos tempos modernos, e muito presente no magistério do Papa Francisco pelo respeito e amor à criação, coloca a importância da interligação de todas as coisas, dos seres vivos, animais e humanos com o Criador. Santo Atanásio tinha presente que o Verbo santo do Pai, absolutamente perfeito, manifesta-se em todas as coisas e ostenta em toda a parte o seu poder, que ilumina as coisas visíveis e invisíveis, que as contém, e as reúne nele; guarda as coisas e por toda parte, cada uma de uma forma isolada e em todo o universo de uma forma conjunta. O Senhor mantém a harmonia das coisas, fazendo com que os seres não lutem contra eles mesmos mas se reúnem como amigos, amigas, irmãos e irmãs. 

O Verbo estava junto de Deus

Esta harmonia integral, de beleza das criaturas e dos seres humanos fundamentava-se segundo o bispo de Alexandria, na palavra do evangelista João que disse: “No começo era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. Tudo foi feito por Ele, e sem Ele nada foi feito” (Jo 1,1-3). Santo Atanásio viu uma harmonia no universo, como se fosse uma melodia, pela Sabedoria de Deus aproximando os seres que estão no ar dos que estão sobre a terra, e dos que estão nos céus dos que estão no ar, conduzindo tudo pela sua vontade, ao produzir na beleza e harmonia um mundo único e uma só ordem do mundo pelo Verbo do Pai segundo o que lhe agrada. Todos os seres segundo a sua natureza, obtém do Verbo de Deus a vida, a substância e Ele realiza uma harmonia admirável e divina.  

O Senhor Deus fez todas as coisas de modo que tudo foi feito bem pelas mãos de Deus Pai Criador, pelo seu Filho, o Verbo do Pai e pelo Espírito Santo, Deus Uno e Trino. A Campanha da Fraternidade 2025 traz um tema bonito, que deve ser assumido por toda a Igreja: Fraternidade e Ecologia Integral. Ela visa nos tempos da Quaresma a conversão integral, tendo presente o grito dos pobres e da terra, por vida, paz e amor. Santo Atanásio nos colocou a beleza e cuidado com a criação pelo Verbo de Deus.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

750 anos após seu falecimento é revelada a face de Santo Tomás de Aquino

Uma das fases da reconstrução facial de São Tomás | Vatican News

O trabalho tem como autor principal o pesquisador Dr. Cícero Moraes (Sinop, Mato Grosso, Brasil), o Prof. Dr. José Luís Lira, da Universidade Estadual Vale do Acaraú (em Sobral, Ceará, Brasil), coautor e o especialista em odontologia forense da Universidade Federal de Uberlândia, em Minas Gerais, no Brasil, Prof. Dr. Thiago Leite Beaini.

Vatican News

Neste 5 de fevereiro de 2025, mais um trabalho científico liderado pelo cientista brasileiro Cícero Moraes foi apresentado ao mundo pela Pen News, agência de notícias independente, sediada em Londres, Inglaterra. Trata-se da reconstrução facial de Santo Tomás de Aquino, doutor da Igreja.

Cícero Moraes afirma que "inicialmente, reconstruímos o crânio a partir de dados fotográficos e estruturais, uma vez que o crânio estava completo. Para tanto, usamos várias técnicas para aproximar o rosto."

Moraes diz: "No final, combinamos todos esses dados para criar o busto básico e também gerar uma versão colorida, baseada na iconografia do santo".

Dois crânios foram atribuídos a Tomás de Aquino, um mantido em Toulouse, França, e outro em Priverno, Itália.

Em estudo publicado na revista World Neurosurgery, os médicos Gabriel LeBeau, Abdul-Rahman Alkiswani e Paul Camarata, e o teólogo Daniel Mauro, examinaram fotos deste último e acharam "inconclusivo".

Moraes baseou a reconstrução no primeiro.

"Optamos por aproximar a face da França, porque encontramos mais dados históricos e estruturais sobre ela do que a da Itália", disse ele.

Uma das fases da reconstrução facial de São Tomás | Vatican News

José Luís Lira, fundador da Academia Brasileira de Hagiologia e professor universitário e coautor, traça um perfil rápido do Santo:

“Tomás de Aquino (Italiano, nasceu em Roccasecca, em 1225 – Faleceu em Fossanova, 7 de março de 1274) faz parte daquele grupo de santos intelectuais, doutores da Igreja, definido Doutor da Igreja, pelo Papa Pio V, em 1568, se constitui um dos poucos cristãos que possui três variáveis de doutor na Igreja: ‘Doctor Angelicus’, ‘Doctor Communis’ e ‘Doctor Universalis’ e até poderíamos dizer que teria um quarto, pois, o Papa São João Paulo II o definiu, sem as formalidades e prerrogativas de um doutorado efetivo na Igreja de ‘Doctor Humanitatis’. 

A santidade católica é variadíssima e bela, pois nela temos místicos que nem sequer uma palavra sabiam escrever, temos gente simples, crianças, jovens, idosos, intelectuais, acadêmicos, cientistas, enfim, um retrato do mundo em qualquer época. 

Santo Tomás de Aquino é admirado por filósofos, teólogos, juristas, intelectuais, mas, também as pessoas simples que mesmo não saibam quem ele foi, rezam com ele, pois, a letra de um dos cânticos eucarísticos mais populares no cristianismo em todo o mundo é dele, o ‘Tantum ergo Sacramentum’, ou, ‘Tão sublime Sacramento’. Este hino foi escrito por São Tomás de Aquino, parte de um texto maior, o ‘Pange lingua’ e foi encomendado pelo Papa Urbano IV, em torno do ano 1264, para a celebração do ‘Corpus Christi’ e ainda hoje é cantado em todo o mundo, em variadíssimos idiomas. É a devoção divulgada não só pelos atos, mas, pelos escritos. Algo belo alcançado pelo grande santo-doutor”.

O trabalho tem como autor principal o pesquisador Dr. Cícero Moraes (Sinop, Mato Grosso, Brasil), o Prof. Dr. José Luís Lira, da Universidade Estadual Vale do Acaraú (em Sobral, Ceará, Brasil), coautor e o especialista em odontologia forense da Universidade Federal de Uberlândia, em Minas Gerais, no Brasil, Prof. Dr. Thiago Leite Beaini.

Após 750 anos do falecimento de Santo Tomás de Aquino, doutor da Igreja e grande filósofo, podemos, com a luz da ciência, contemplar sua face:

A face de São Tomás de Aquino após o trabalhos de reconstrução facial | Vatican News
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Ricardo de Toscana

São Ricardo de Toscana (A12)
07 de fevereiro
Localização: Inglaterra
São Ricardo de Toscana

No século V, a rainha da Inglaterra meridional era Sexburga, que mais tarde se tornou abadessa e uma santa da Igreja Católica. Ela teve três filhos e duas filhas.

O filho do meio, Ricardo, se tornou provisoriamente o rei da Inglaterra por causa da morte prematura do irmão mais velho. Neste cargo reinou alguns anos.

Quando o sobrinho alcançou a idade de assumir o trono, Ricardo deixou o palácio e foi morar num mosteiro junto com dois filhos ainda adolescentes. No ano de 720, ele e os filhos empreenderam uma romaria até a cidade eterna, Roma.

Atravessaram toda a França, mas quando chegaram na cidade de Luca, a viagem teve de ser interrompida, porque Ricardo ficou doente e acabou falecendo. Os milagres foram acontecendo em seu túmulo e o local se tornou uma rota de devoção para os cristãos, que o chamavam de "rei santo".

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:

A dedicação de alguns homens pela construção de uma sociedade mais fraterna gerou vidas santas na Igreja. Ricardo é exemplo de um homem nobre, que abdicou de suas regalias para servir a Deus e aos mais humildes. Que ele nos inspire ao serviço dos excluídos.

Oração:

Deus de misericórdia derramai sobre nós a graça santificante que nos permite contemplar sua face, e concedei-nos, pelos méritos de são Ricardo, o ânimo para evangelizar os mais sofredores. Por Cristo nosso Senhor. Amém!

Fonte: https://www.a12.com/

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Santa Josefina Bakhita: um exemplo de esperança

Marcin Mazur | cbcew.org.uk | Catholic Church England and Wales | Flickr CC BY-NC-ND 2.0

Philip Kosloski - publicado em 08/02/21 - atualizado em 30/01/25

Santa Josefina Bakhita, uma escrava africana do século 19, experimentou grande escuridão, mas foi capaz de manter a esperança de Cristo viva em seu coração.

Santa Josefina Bakhita, uma escrava africana do século 19, experimentou os horrores da humanidade. Quando jovem, foi sequestrada, escravizada e espancada até sangrar.

Ela teve uma vida difícil, mas, quando encontrou o Cristianismo, foi capaz de ter um profundo sentimento de esperança que superou qualquer sofrimento.

O Papa Bento XVI destacou o exemplo dela em sua encíclica sobre a esperança, Spe salvi, e narrou como ela foi apresentada à esperança encontrada em Jesus.

"Depois de «patrões» tão terríveis que a tiveram como sua propriedade até agora, Bakhita acabou por conhecer um «patrão» totalmente diferente – no dialeto veneziano que agora tinha aprendido, chamava «paron» ao Deus vivo, ao Deus de Jesus Cristo. Até então só tinha conhecido patrões que a desprezavam e maltratavam ou, na melhor das hipóteses, a consideravam uma escrava útil. Mas agora ouvia dizer que existe um «paron» acima de todos os patrões, o Senhor de todos os senhores, e que este Senhor é bom, a bondade em pessoa. Soube que este Senhor também a conhecia, tinha-a criado; mais ainda, amava-a. Também ela era amada, e precisamente pelo «Paron» supremo, diante do qual todos os outros patrões não passam de miseráveis servos. Ela era conhecida, amada e esperada; mais ainda, este Patrão tinha enfrentado pessoalmente o destino de ser flagelado e agora estava à espera dela «à direita de Deus Pai»".

A esperança de Santa Bakhita

Foi esse amor de Deus que deu a ela um novo propósito na vida e uma esperança que nada poderia alcançar. Diz a encíclica:

"Agora ela tinha «esperança»; já não aquela pequena esperança de achar patrões menos cruéis, mas a grande esperança: eu sou definitivamente amada e aconteça o que acontecer, eu sou esperada por este Amor. Assim a minha vida é boa. Mediante o conhecimento desta esperança, ela estava «redimida», já não se sentia escrava, mas uma livre filha de Deus. Entendia aquilo que Paulo queria dizer quando lembrava aos Efésios que, antes, estavam sem esperança e sem Deus no mundo: sem esperança porque sem Deus. Por isso, quando quiseram levá-la de novo para o Sudão, Bakhita negou-se; não estava disposta a deixar-se separar novamente do seu «Paron»".

Testemunho da esperança

Sua recém-descoberta esperança em Deus alimentou cada parte de seu ser e ela espalhou esse sentimento para todos que encontrava:

"Em várias viagens pela Itália procurou sobretudo incitar à missão: a libertação recebida através do encontro com o Deus de Jesus Cristo, sentia que devia estendê-la, tinha de ser dada também a outros, ao maior número possível de pessoas. A esperança, que nascera para ela e a «redimira», não podia guardá-la para si; esta esperança devia chegar a muitos, chegar a todos."

Portanto, quando a vida ficar difícil, olhe para a vida de Santa Josefina Bakhita e peça-lhe que instale em você uma esperança sobrenatural que pode suportar qualquer prova.

Fonte: https://pt.aleteia.org/2021/02/08/santa-josefina-bakhita-um-modelo-de-esperanca

A celebração do Ano Santo nas Paróquias

Paróquia Imaculada Conceição - Sobradinho (DF) | Comunidade Um.

A CELEBRAÇÃO DO ANO SANTO NAS PARÓQUIAS

Dom Antonio de Assis Ribeiro
Bispo eleito de Macapá (AP)

A significatividade da Paróquia

A celebração do Ano Santo é uma ocasião muito significativa para a renovação da paróquia. É no território paroquial que acontecem as mais variadas iniciativas evangelizadoras e catequéticas. É no âmbito paroquial que os fiéis crescem, participam das comunidades, assumem responsabilidades, vivem a experiência da caridade fraterna, se comprometem em múltiplas formas de engajamento eclesial.
O Documento de Aparecida ressaltou a importância da paróquia: comunidade de comunidades, células viva da Igreja, lugar privilegiado da experiência de Cristo e da comunhão eclesial, chamada a ser casa e escola de comunhão, espaço da iniciação à vida cristã, de carismas, serviços e ministérios (cf. CELAM, Doc. Aparecida, 170). Para o Papa Francisco a paróquia é uma estrutura viva, de grande plasticidade, criatividade missionária, capaz de adaptar-se constantemente; é presença eclesial no território, e santuário onde os sedentos vão beber para continuarem a caminhar e centro de constante envio missionário (cf. Papa Francisco, EG, 28).

Para que a celebração do Ano Santo, em nível paroquial, seja bem vivenciada, é importante estarmos atentos a alguns possíveis riscos. O primeiro grande risco é aquele de não concebermos o Ano Santo como grande oportunidade de evangelização e catequese, pois o ano jubilar é um grande movimento de estímulo à conversão de toda a Igreja. Outro risco possível é aquele de reduzi-lo puramente à atividades litúrgicas, mas o Ano Santo tem muitas dimensões. Para que a liturgia provoque bons efeitos existenciais, deve estar profundamente vinculada à vida (cf. Is 1,10-17).

A celebração do Ano Santo em nível paroquial também pode correr o risco de ser reduzida à dimensão pessoal; sem dúvida, o processo de conversão tem uma dimensão íntima (do coração e da consciência), mas a dimensão comunitária não pode ser esquecida. É na vida comunitária que se revela o teor das nossas relações humanas, a profundidade dos afetos, a qualidade das relações interpessoais, a experiência da acolhida, cuidado, perdão, compaixão, respeito; é no nível comunitário, de convivência concreta, que emergem os impactos destrutivos dos nossos pecados capitais (soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja, preguiça). Por isso, pedagogicamente, é muito importante apresentar aos fiéis pistas de ação e estimulá-los a fazer em bons propósitos, sobretudo, em momento celebrativos extraordinários, como celebrações da palavra, celebrações penitenciais, retiros etc.

Algumas pistas de ação

Muitas ações podem ser programadas em nível paroquial para a celebração do Ano Santo, tomando em consideração a diversidade de sujeitos, vocações, carismas, ministérios, situações existenciais e também o contexto sociocultural e geográfico das pessoas (na Amazônia há paróquias com centenas de quilômetros e, às vezes, com povos, línguas e culturas diferentes). Vejamos alguns exemplos de possíveis atividades:

  • Organizar uma agenda de atividades pastorais, em sintonia com aquela diocesana;
  • Preparar celebrações específicas para os agentes de pastorais, grupos e movimentos;
  • Organizar uma peregrinação à catedral diocesana para a renovação dos bons propósitos de comunhão eclesial com uma programação específica;
  • Preparar e convocar todos os coordenadores de pastorais, grupos, movimentos e serviços para a renovação de compromissos pastorais e missionários;
  • Promover, ao longo do ano, experiências de visitas missionárias no território paroquial, sobretudo, naquelas áreas menos atendidas ordinariamente;
  • Organizar na sede da paróquia (ou nas comunidades) uma agenda com horários específicos para o atendimento das confissões dos fiéis e, onde for possível, que se convoque outros sacerdotes para ajudar; os mutirões de confissões em geral são positivos;
  • Relançar a atenção para com os mais necessitados: idosos, pobres, sofredores, doentes, moradores de rua, encarcerados, viciados, deficientes, migrantes;
  • Dar atenção particular, a todas as categorias de pessoas: crianças, adolescentes, jovens, casais, idosos… organizando celebrações específicas;
  • Onde for possível, tentar a promoção de uma celebração ecumênica ou forma de reflexão sobre a fraternidade universal (Fratelli Tutti) ou alguma forma de ação filantrópica conjunta em benefício do bem comum;
  • Estimular na paróquia a leitura orante da Palavra de Deus, promovendo a experiência com grupos específicos;
  • Promover a experiências de retiros com grupos, refletindo sobre o sentido do ano Santo e o seu tema “Peregrinos da Esperança”;
  • Organizar pequenas celebrações e romarias no território paroquial estimulando a participação das famílias mais acomodadas;
  • Estimular voluntariado de profissionais como advogados, psicólogos, médicos, assistentes sociais etc. e de instituições para que possam acolher as demandas de quem precisa de ajuda; pode ser um ação conjunta, um mutirão de serviços gratuitos;
  • Refletir ao longo do ano sobre o tema do Jubileu “Peregrino da Esperança” na festividade dos padroeiros das Comunidades;
  • Adaptar uma proposta de celebração da Palavra com o tema do Jubileu para as escolas, universidades, instituições filantrópicas, empresas e onde for possível deixando uma mensagem de reconciliação e de esperança.

O jubileu na Política

O jubileu na Política

Na Bula de proclamação do Ano Santo, o Papa Francisco estimula a Igreja a ir além das estruturas eclesiais para a celebração do Ano Jubilar convidando a pensar na sua dimensão civil com possíveis propostas provocantes em nível político no número 10 da da Bula Spes non confundit.

“No Ano Jubilar, seremos chamados a ser sinais palpáveis de esperança para muitos irmãos e irmãs que vivem em condições de dificuldade. Penso nos presos que, privados de liberdade, além da dureza da reclusão, experimentam dia a dia o vazio afetivo, as restrições impostas e, em não poucos casos, a falta de respeito”. Isso significa um estímulo para o relançamento da Pastoral Carcerária.

“Proponho aos Governos que, no Ano Jubilar, tomem iniciativas que lhes restituam esperança: formas de amnistia ou de perdão da pena, que ajudem as pessoas a recuperar a confiança em si mesmas e na sociedade; percursos de reinserção na comunidade, aos quais corresponda um compromisso concreto de cumprir as leis”. Dessa preocupação uma possível atividade poderia ser a promoção de uma sessão especial solene nas Câmaras municipais, nas Assembleias legislativas estaduais, na Câmara dos deputados federais e Senado. Essa atividade poderia também se estender aos mais variados órgãos públicos. A Esperança cristã promove o espírito ético e a transparência.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa ao Dia Mundial das Missões: “mensageiros e construtores da esperança”

Papa Francisco durante Viagem Apostolica  (ANSA)

Na mensagem para o Dia Mundial das Missões de 2025, Francisco recorda aspectos da identidade missionária cristã e a necessidade de seguir as “pegadas de Cristo, nossa esperança”. Pontífice convida “os cristãos, portadores e construtores da esperança entre os povos”, a “renovar a missão da esperança”.

Victor Hugo Barros - Cidade do Vaticano

“Missionários da esperança entre os povos”. Este é o tema da mensagem do Papa Francisco para o 99° Dia Mundial das Missões, que será celebrado no próximo dia 19 de outubro.

O texto, assinado pelo Pontífice no último dia 25 de janeiro e divulgado na manhã desta quinta-feira (06/02) pela Sala de Imprensa da Santa Sé, está em sintonia com o “Ano Jubilar 2025, cuja mensagem central é a esperança”. Por este motivo, afirma o Papa, o lema escolhido “recorda a cada um dos cristãos e a toda a Igreja, comunidade dos batizados, a vocação fundamental de ser mensageiros e construtores da esperança nas pegadas de Cristo”.

Jesus, modelo de missionário da esperança

Em sua mensagem, o Santo Padre evoca a centralidade de Jesus, “enviado do Pai, com a unção do Espírito Santo, a fim de levar a Boa Nova do Reino de Deus e inaugurar «um ano favorável da parte do Senhor» para toda a humanidade”. Ele, prossegue o pontífice, “é o cumprimento da salvação para todos, especialmente para aqueles cuja única esperança é Deus”, o “modelo supremo de todos aqueles que, ao longo dos séculos, dão seguimento à missão recebida de Deus, mesmo no meio de provações extremas”. 

A mensagem convida a Igreja a seguir o exemplo do Senhor, e “a avançar, unida a Ele, neste caminho missionário e a escutar, como Ele e com Ele, o grito da humanidade, ou melhor, o gemido de toda a criatura que espera a redenção definitiva”.

O Santo Padre recorda ainda a vocação missionária de cada batizado, chamando os cristãos a se tornarem “com Ele e n’Ele, sinais e mensageiros de esperança para todos, em qualquer lugar e circunstância que Deus nos concede viver”. “Que cada um dos batizados, discípulos-missionários de Cristo, faça brilhar a Sua esperança em todos os cantos da terra!”, clama Francisco.

Construtores de esperança

Recordando o Concílio Vaticano II, o pontífice lembra que “no seguimento de Cristo Senhor, os cristãos são chamados a transmitir a Boa Nova, partilhando as condições concretas de vida daqueles que encontram e tornando-se assim portadores e construtores de esperança”. Esta missão, segundo o Papa, é especialmente necessária em locais que apresentam, nos dizeres do Santo Padre, “graves sintomas de crise do humano: sensação generalizada de desorientação, solidão e abandono dos idosos, dificuldade em encontrar disponibilidade para ajudar quem vive ao nosso lado”. A mensagem recorda que, diante destes desafios, “o Evangelho, vivido em comunidade, pode devolver-nos uma humanidade íntegra, saudável e redimida”.

Renovando o convite para a concretização das ações indicadas na Bula Spes non confundit, de proclamação do Jubileu de 2025, o Papa pediu “especial atenção aos mais pobres e fracos, aos doentes, aos idosos, aos excluídos da sociedade materialista e consumista”. Francisco anima a “fazê-lo com o estilo de Deus, ou seja, com proximidade, compaixão e ternura, cuidando da relação pessoal com os irmãos e irmãs na situação concreta em que se encontram. Então, serão eles a ensinar-nos muitas vezes a viver com esperança”, garante.

Uma urgência renovada

Diante destes cenários, o Papa afirma ser urgente a missão da esperança. Nela, “os discípulos de Cristo são os primeiros convocados a formar-se para serem “artesãos” de esperança e restauradores de uma humanidade, frequentemente, distraída e infeliz”.

Para Francisco, a renovação da esperança passa pela renovação da espiritualidade pascal, “que vivemos em cada celebração eucarística e especialmente no Tríduo Pascal, centro e cume do ano litúrgico”. Neste mistério, prossegue o pontífice, “tiramos continuamente a força do Espírito Santo, com o zelo, a determinação e a paciência para trabalhar no vasto campo da evangelização do mundo”.

Missionários da esperança: “homens e mulheres de oração”

Rememorando a figura do Venerável Cardeal Van Thuan - vietnamita detido por 13 anos nas prisões do regime comunista - o Santo Padre afirma “que a oração é a primeira ação missionária e, ao mesmo tempo, «a primeira força da esperança»”.

Em seu texto, o Papa convida a renovar “a missão da esperança a partir da oração, sobretudo daquela que se faz com a Palavra de Deus e, de modo particular, com os Salmos, que são uma grande sinfonia de oração cujo compositor é o Espírito Santo”. “Rezando, mantemos viva em nós a centelha da esperança, que foi acesa por Deus para que se torne um grande fogo, iluminando e aquecendo todos os que nos rodeiam, também através de ações e gestos concretos inspirados pela mesma oração”, recomenda o pontífice.

Sinodalidade missionária

Finalizando sua mensagem, o Santo Padre afirma que “a evangelização é sempre um processo comunitário, como o caráter da esperança cristã”. Reforça ainda a necessidade da “construção de comunidades cristãs através do acompanhamento de cada batizado a caminho nas vias do Evangelho”.

Insistindo na “sinodalidade missionária da Igreja” e na “responsabilidade missionária dos batizados”, o Papa convidou todos os fiéis “crianças, jovens, adultos, idosos – a participar ativamente na comum missão evangelizadora com o testemunho da vossa vida e oração, com os vossos sacrifícios e a vossa generosidade”, conclui.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF